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Situação Problema 4 – módulo 1 A falta do conhecimento sobre medicina baseada em evidências e sua importância na prática clínica 1. Definir é MBE • A medicina baseada em evidências (MBE) é definida como o elo entre a boa pesquisa científica e a prática clínica. Em outras palavras, a MBE utiliza provas científicas existentes e disponíveis no momento, com boa validade interna e externa, para a aplicação de seus resultados na prática clínica. • o emprego consciencioso, explícito e judicioso da melhor evidência disponível na tomada de decisões sobre os cuidados de saúde de um paciente. A MBE requer a integração da melhor evidência com a competência clínica e os valores e as circunstâncias do paciente. Prática da medicina em um contexto em que a experiência clínica é integrada com a capacidade de analisar criticamente e aplicar de forma racional a informação científica de forma a melhorar a qualidade da assistência médica; método que utiliza provas científicas, estudos bem delimitados e com metodologia “robusta” para serem aplicados na prática clínica; problema ou questão clínica, pesquisar nos trabalhos científicos, atualizar, compilar as informações e aplicar na prática. 2. Descrever o objetivo e os princípios da MBE • O objetivo da medicina baseada em evidências (MBE) é aplicar de modo mais consistente evidências provenientes de pesquisas em saúde à prática médica; • Os quatro princípios fundamentais para estruturar a MBE são: a identificação da questão clínica que suscita dúvida, a realização de revisões sistemáticas de publicações científicas contemporâneas, a análise crítica das evidências encontradas nos artigos e, finalmente, a ação de implementar, na prática clínica, a decisão validada pelas revisões sistemáticas; A prática da MBE compreende cinco passos: 1. converter a necessidade da informação em uma pergunta estruturada; 2. buscar a melhor evidência para responder a essa pergunta; 3. avaliar criticamente essa evidência com relação a sua validade, importância e aplicabilidade; 4. integrar a avaliação crítica com nossa competência clínica e com os valores e as circunstâncias do paciente; 5. avaliar nossa efetividade e eficiência em executar os passos de um a quatro; Quando bem formulada, uma pergunta estruturada tem geralmente quatro componentes (PICD): 1. Paciente ou problema (P): descrição do paciente ou do problema a ser resolvido; 2. Intervenção (I): pode incluir um teste diagnóstico, um fator de prognóstico, um tratamento etc. 3. Comparação (C): pode ser com uma intervenção ou com uma exposição; 4. Desfecho (D): o(s) desfecho(s) de interesse para o paciente, relacionado(s) ou não ao tempo. Uma pergunta estruturada em Cirurgia: P: homem com dor abdominal e tomografia computadorizada compatível com o diagnóstico de apendicite; I: apendicectomia videolaparoscópica; C: apendicectomia por laparotomia; D: complicações pós-operatórias. 3. Apontar quais são os níveis de evidência • No livro Direito à Saúde – Análise à luz da judicialização são apresentados os níveis de estudos da MBE, que podem ser assim resumidos: • Nível 1 – Revisão sistemática e metanálise: é o mais alto nível de evidência (prova) de efetividade, realizada mediante a análise de artigos científicos sobre determinado tema, sintetizando cientificamente as evidências apresentadas pelos mesmos. Não trabalha com os doentes, apenas com os trabalhos científicos de qualidade. • Nível 2 – O Ensaio Clínico Randomizado Mega Trial (com elevado número de pacientes) estão no segundo nível hierárquico das evidências: estudos comparativos entre dois grupos de pacientes, distribuídos aleatoriamente, submetidos a diferentes tratamentos para a mesma moléstia. Um dos grupos, geralmente, recebe o novo tratamento, ao passo que o outro grupo recebe um tratamento convencional ou placebo. Nem os pacientes, tampouco os médicos que realizam a pesquisa sabem quais pacientes receberam o novo medicamento, quais receberam placebo ou o medicamento convencional. Por isso o teste é conhecido como duplo-cego. • Nível 3 – O Ensaio clínico randomizado com baixo número de pacientes está no terceiro nível de evidência, com pelo menos um ensaio clínico randomizado. Em nada destoa do nível anterior de evidência, mas o número reduzido de pacientes deve ser considerado para fins do grau de evidência do resultado apresentado. • Nível 4 – Estudos observacionais de Coorte é um estudo observacional de pacientes que possuem características semelhantes, os quais são divididos em grupos segundo sua maior ou menor exposição a determinados fenômenos, com acompanhamento do prolongado período. O nome coorte remonta às legiões romanas, sendo por vezes usados como sinônimo de estudo longitudinal ou de incidência. • Nível 5 – O Estudo de caso controle é um tipo de estudo observacional onde os pacientes que possuem um determinado desfecho são comparados com pacientes sem este desfecho, com o propósito de determinar fatores que possam ter causado a diferença entre os grupos. • Nível 6 – O Estudo de série de casos ou consecutivos são relatos de diversos casos envolvendo vários pacientes, com o intuito de informar um aspecto novo ou não amplamente conhecido de uma doença ou terapia. São analisados vários tratamentos realizados e os resultados obtidos. • Nível 7 – Por fim, a Opinião de especialistas, que é o mais baixo grau de evidência, porque se funda exclusivamente na avaliação de um especialista. O baixo grau de evidência decorre da humanidade do especialista, seja porque este pode errar nas suas avaliações, seja porque ele pode sofrer influências externas ou até mesmo ter interesse no encaminhamento de determinada opinião. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: LOPES, A.A. Medicina Baseada em Evidências: a arte de aplicar o conhecimento científico na prática clínica. Rev. Assoc. Med. Bras. vol.46 n.3 São Paulo July/Sept. 2000 El DIB, RP. Como praticar a medicina baseada em evidências. How to practice evidence-based Medicine. J Vasc Bras.2007. MEDEIROS LR & STEIN A. Níveis de Evidência e Graus de Recomendação da Medicina Baseada em Evidências. Revista AMRIGS, porto alegre, 46 (1,2): 43-46, jan.-jun. 2002. Cavalcante, Alexandre Biasi. Prática da medicina baseada em evidências: acessando com eficiência bases de dados eletrônicas. Einstein: Educ Contin Saúde. 2007, 5(4 Pt 2): 109-111 NETO, João Pedro Gebran e SCHULZE, Clenio Jair. Direito à Saúde. Análise à luz da judicialização. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2015.
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