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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO
TERESINA-PI
FEVEREIRO DE 2021
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO
Trabalho apresentado como forma de avaliação na disciplina de Direito Tributário, do curso de Bacharelado em Direito, na Universidade Estadual do Piauí, com orientação do Professor 
TERESINA-PI
FEVEREIRO DE 2021
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa discorrer a respeito dos aspectos introdutórios do Direito Tributário. Para atingir tal desiderato, o desenvolvimento do presente trabalho é subdividido em dez tópicos para uma melhor compreensão. Assim, o primeiro item apresenta o conceito de tributo; o segundo trata da importância do tributo no contexto atual; o terceiro apresenta a relação entre o tributo e o direito; o quarto traça a conexão entre o tributo e a democracia; o quinto fala sobre a estrutura tributária decorrente do federalismo; o sexto estabelece a importância da Constituição na Organização Tributária Nacional, o sétimo trata da competência tributária dos estados, municípios e Distrito Federal; o oitavo fala sobre a interdisciplinaridade do Direito Tributário com os demais ramos do Direito; o nono discorre sobre o princípio da reserva legal em matéria tributária e o décimo busca demonstrar as tendências do Direito Tributário, baseado na observação do seu desenvolvimento histórico. 
Quanto à metodologia empregada, o tema abordado será alcançado por meio de pesquisa bibliográfica, adotando-se como métodos de pesquisas o dedutivo e o sistêmico, uma vez que busca fazer um diálogo crítico com base na designação de um tema geral.
2. DESENVOLVIMENTO
	A clássica divisão do direito entre o direito público e privado, apesar da pouca utilidade prática ocasionada pela ascensão de um paradigma constitucionalista centrado num núcleo imutável de Direitos e Garantias Fundamentais que se entrelaçam em todos os ramos da seara jurídica, ainda é eficaz do ponto de vista didático para diferenciar as áreas do Direito de acordo com sua abrangência. Desse modo, o Direito Civil configura-se em ramo do Direito de suma importância, pois trata de aspectos fulcrais da vida humana, ao passo que os direitos Tributário, Financeiro e Internacional são disciplinas que tratam de temas mais relacionados com o modo como a sociedade se organiza política e economicamente.
Destarte, pode-se dizer que, no nosso modelo tributário, a responsabilidade tributária do cidadão é muito menor que a do empresário, por essa razão, o Direito Tributário era mais comum na composição da grade do curso de Ciências Contábeis, contudo, no ano de 1996 houve uma grande alteração na grade curricular do curso de Direito, o que ocasionou a inserção dessa disciplina dentre outras como disciplinas obrigatórias.
De acordo com Alexandre Mazza (2017):
“Dá-se o nome de atividade financeira do Estado ao conjunto de ações para obtenção de receitas e realização dos gastos visando atender às necessidades públicas. Direito Financeiro é o ramo do direito público que estuda a disciplina jurídica dessa atividade financeira.”
A partir do Direito Financeiro, temos o planejamento da cobrança tributária: quanto será cobrado, quem vai cobrar, quem vai pagar tributo, onde e como o valor arrecadado será gasto. O Direito Financeiro planeja as despesas e, a partir desse planejamento, dirá se a arrecadação tributária é ou não suficiente para cobrir as despesas. Caso não seja suficiente, surgirá a necessidade da criação de novos tributos, ou de “livrar-se” de alguma(s) despesa(s). Ocorre que, nas Democracias, não se consegue “desfazer” das despesas, ao contrário, sempre se está a agregar mais e mais despesas.
2.1 Do Conceito de Tributo
Conforme o disposto no art. 3º do CTN: 
“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”
É prestação pecuniária, logo é representado pelo pagamento em dinheiro, é compulsório, pois se os cidadãos fossem consultados sobre a sua vontade, jamais iriam querer pagá-los. Os tributos foram alguns dos principais motivos das revoluções no período moderno, como a Revolução Francesa, a Revolução Gloriosa, alguns movimentos na Alemanha e América tiveram como ponto forte a questão tributária.
O termo a que se chegou é que pode ser criado o tributo, mas desde que seja criada uma lei que antecede o tributo. Além disso, o novo tributo não poderá ser cobrado no mesmo ano: cria-se o tributo neste ano para ser cobrado a partir do ano seguinte, que consiste no princípio da anterioridade.
Dessa forma, de acordo com a definição de tributo extraída do art. 3º, o tributo não pode ser pago em alimentos, bens, mas sim em moeda, dinheiro, ou cujo valor nela possa se exprimir, como um título da dívida pública, por exemplo. Entretanto, se o Estado detiver um crédito tributário que não seja pago pelo cidadão, poderá executar judicialmente os seus bens.
Importante ressaltar que não se deve confundir tributo com taxas ou multas, porque a multa é uma penalidade pelo fato de o indivíduo não ter cumprido a obrigação tributária, ou não ter cumprido a obrigação principal. 
2.2 A Importância do Tributo no Contexto Atual
Até o Séc. XIX, os Estados sequer possuíam exércitos permanentes, ou seja, não havia um custo com as forças armadas, seus insumos, armamentos, etc. Até a Idade Média, quem financiava as guerras eram os senhores feudais. Quem não tinha arma, não ia pra guerra, assim, as pessoas pobres e sem recursos não guerreavam. Era mesmo inimaginável que um pobre fizesse parte do Exército, quem começou a criar um pelotão de pessoas mais simples no exército foi Júlio César e Napoleão Bonaparte, que começou a criar os exércitos nacionalistas, com a Revolução Francesa.
 Após a 2ª Guerra Mundial, passamos a ter um custo alto com a manutenção do Exército, porque se percebeu que uma das formas de se manter a paz era preparar o homem para a guerra, com uma alta tecnologia. Logo, tínhamos que ter aviões potentes, homens extremamente preparados. Veio também a corrida armamentista, o que trouxe a necessidade da criação de novos tributos, para cobrir tais despesas.
O Direito Tributário é o ramo do direito capaz de operacionalizar a captação de recursos dos cidadãos ao Estado, atuando na criação das condições necessárias para a manutenção das finanças, por meio dos tributos, enquanto que o Direito Financeiro permite que o Estado faça o seu planejamento orçamentário, no qual a principal fonte de receita também advém dos tributos.
A tributação consiste na retirada de parte do patrimônio do indivíduo pelo Estado, de maneira compulsória. Parte da produção será direcionada para o Estado proporcionar o custeio das necessidades públicas. Sem tributos, não há recursos públicos, assim os serviços públicos não poderão ser disponibilizados. Os serviços públicos obrigam o Estado a ter uma carga tributária, a qual fica cada vez mais alta. No Brasil, essa carga tributária gira em torno de 35,17% (de acordo com estudos dos economistas José Roberto Afonso e Kléber Pacheco de Castro, referente ao ano de 2019), atualmente, pois o aumento da oferta de serviços públicos suscitou o aumento proporcional da carga tributária, posto que não pode haver despesa sem que haja uma fonte de receita.
Ademais, o regime democrático somente subsiste mediante a incidência de altas cargas tributárias, pois ele exige um maior aporte de políticas públicas por parte do Estado buscando um ideal de justiça social e equivalência entre os indivíduos. Nos países pobres, a capacidade tributária é menor, logo, a oferta dos serviços públicos será menos eficiente. 
Dessa forma, é evidente que o Estado moderno é uma forma de “Estado tributário”, ou seja, um Estado que subsiste da percepção de parte das rendas de seus cidadãos, realocando os recursos consoante as determinações constitucionais quanto àforma e a destinação. Assim, na obtenção de receitas derivadas, o Estado retira do particular parte de sua renda para que pratique determinados atos ou se ponha em certas situações, independentemente da sua vontade.
	
2.3 O Direito e o Tributo
	No atual sistema, há uma relação intrínseca entre a carga tributária, a abrangência do Estado e as prestações ofertadas por este, na qual quanto mais tributos são gerados, mais serviços são prestados e direitos concedidos aos cidadãos. Aquele que possui bens é que paga tributos, os quais incidem sobre patrimônios, inclusive sobre o salário e é nisso que consiste a capacidade tributária. O próprio empregador recolhe tais tributos, devendo repassá-los ao Estado, que o transformará em meio de manter a oferta de serviços públicos.
	O Direito custa muito caro, por isso a vida é mais barata para o Estado nas nações absolutistas, tais como Rússia, China, Coréia do Norte, etc., posto que nesses países os cidadãos não têm direitos. Já na Europa Ocidental, a carga tributária é muito alta, chegando a quase 50% do PIB, em alguns países. Quanto maiores os direitos coletivos, maior a carga tributária e mais forte é o Estado. No Brasil, a carga tributária pode ser considerada mediana, girando em torno dos 37%.
Tomando como exemplo os EUA, que têm um grande orçamento na questão das relações internacionais, configura-se em um país quase imbatível no mundo atual, com grandes investimentos na área de segurança pública, entretanto, mesmo assim, passaram pelo vexame do atentado de 11/09, com a queda das torres gêmeas, que simbolizavam toda a vida mercadológica dos EUA, não obstante toda a segurança que tem aquele país.
Quanto maior a vida pública, maior será a carga tributária e maior será o poder econômico do Estado. O Direito tem um alto custo para que suas garantias sejam providas no âmbito da propriedade, da segurança pública, da educação, da saúde, etc.
Nesse aspecto, cumpre salientar, que todo o elemento procedimental estabelecido pela lei, acaba por encarecer o processo de tributação, tornando mais oneroso ao contribuinte, porém, igualmente, tornando mais seguro o processo de captação de recursos, sua aplicação e a fiscalização.
Ao contrário do que dizem alguns, não vivemos em uma sociedade capitalista, mas sim em uma sociedade tributária. A questão central não se trata de capitalismo, mas da tributação, da política financeira, da política fiscal. Boa parte da população se lança sobre os concursos públicos porque hoje grande parte dos recursos sociais está nas mãos do Estado: municípios, estados federados ou União. Todo e qualquer órgão público somente poderá ser criado se houver um orçamento para ele existir, com dinheiro, investimento, pessoal, cargos e privilégios. Cria-se toda uma estrutura para suprir essa organização. Esse contexto fez com que o mundo contemporâneo se tornasse o mundo dos tributos, pois sem tributos não há serviços públicos, que nascem dos direitos sociais, conquanto cada direito está associado a um custo, o qual é coberto pelos tributos.
2.4 O Tributo e a Democracia
		
Tributo e Democracia são dois conceitos intimamente ligados, tendo em vista que a Democracia é um Regime Político que se baseia em uma oferta grande de serviços, o que, consequentemente, gera a necessidade de aumento da carga tributária, desse modo, é possível afirmar que o sistema tributário, às vistas de manter o modelo democrático, acaba por se sobrepor até mesmo à ordem econômica capitalista, pois é o tributo, sua arrecadação e implementação que acaba por servir de regulador social. 
Na Alemanha, por exemplo, atualmente, quase 50% do PIB é recolhido em tributos. Dessa maneira, cria-se um Estado muito forte. Nunca na história da humanidade o homem criou um Estado tão forte quanto nos dias atuais. Atualmente, o Estado tem muito dinheiro, forças armadas, poderio bélico, etc. A manutenção de tudo isso fortalece o Estado, ao passo que faz aumentar a carga tributária sobre o contribuinte.
Tomando como exemplo o Brasil, até a 2ª Guerra Mundial, éramos um país eminentemente agrícola, onde boa parte das pessoas viviam na Zona Rural, portanto possuíamos uma carga tributária bem pequena, pois praticamente não havia vida coletiva, ou vida social pública.
Até a década de 1950, cerca de 70% da população brasileira morava na Zona Rural, onde o cidadão morava na sua propriedade, juntamente com a sua família, com autossuficiência, não tinha vida pública, não tinha vida coletiva e sobreviviam da exploração da terra, em economia de subsistência. A partir do momento que as áreas urbanas foram crescendo, com o êxodo rural, surgiram as chamadas necessidades públicas: serviços públicos, exercício do poder de polícia e a intervenção no domínio econômico. Destes, o mais caro é a oferta dos serviços públicos.
Com o crescimento da oferta de serviços públicos e o consequente aumento na arrecadação tributária, tem-se como consequência o fortalecimento do Estado, pois este passa a retirar uma parcela muito grande do patrimônio social das pessoas para prestar os serviços públicos.
O advento das cidades favoreceu sobremaneira a implementação da cobrança de tributos e, historicamente, o Rei João-Sem-Terra, durante a guerra, foi um dos precursores da sua implementação no Estado Moderno, ao instituir tributos aos ingleses durante o período de guerra, o que ocasionou a insatisfação do povo inglês, sem, contudo, extinguir essa concepção , uma vez que a tributação passou a ser prática comum dos países que se formavam a partir de então.
Tecnicamente, o Estado é improdutivo, figurando apenas como meio, intermediador, das receitas produzidas, posto que o patrimônio público é formado através do percentual de patrimônio privado repassado ao Estado através dos tributos.A existência de serviços públicos permanentes tem como consequência direta a necessidade de haver tributos também permanentes.
2.5 Estrutura Tributária Decorrente dos Princípios Federativos
A organização tributária nacional é federativa, na qual há a instituição de competências concorrentes entre os entes da Federação. Esta estrutura federativa está estabelecida no Art. 1° e Art. 18 da Constituição Federal, o primeiro, mais amplo, refere-se ao conceito de nação, soberania e poder, enquanto o segundo, mais restrito, se refere ao estado como organização administrativa. Assim, uma vez que a União pode criar tributos nacionais que transcendem a competência legislativa dos estados, Municípios e Distrito Federal, há uma implicação explícita do modelo federativo, uma vez que esses entes renunciam de suas competências plenas em prol da instituição de um modelo de divisão centralizado no poder Federal da União. Os estados, por si só, não têm poder livre na federação, pois renunciam a ele através do pacto federativo, o Art. 1° da Constituição, como já mencionado, simboliza isso, sendo o artigo que constitui a federação, um estado nação, dada a sua importância. 
A união é indissolúvel, se funde em um só objeto, uma nação, um povo, e é formada por estados que abriram mão de sua soberania, através de uma Constituição promulgada que deu margem para que o novo Estado criasse uma nova ordem, respeitando preceitos estabelecidos em Cartas anteriores.
Ademais, como já dito, a estrutura federativa nacional, politicamente, se sintetiza no Estado Federativo, trata-se de interpretação sistemática da Constituição, na qual o modelo federativo é cláusula pétrea, é modelo de organização.Outrossim, relacionado à questão da ordem tributária, este modelo se amolda perfeitamente, pois é ele que institui a divisão da riqueza nacional, visando a proporcionalidade, consoante modelo federativo, numa união que beneficia a todos, pois ajuda a reduzir as desigualdades regionais, obrigação da União prevista expressamente na Constituição Federal.
2.6 A Importância da Constituição Federal na Organização Tributária Nacional
Acerca dos tributos, prevê a Constituição Federal:
 Art. 146. Cabe à lei complementar: 	
 	III - estabelecer normas gerais em matéria de legislaçãotributária, especialmente sobre:
 	a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
 	b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
 A Lei Complementar de que fala o supramencionado artigo trata-se do nosso Código Tributário Nacional - datado de 1966, período do regime militar - o qual foi recepcionado pela CF/88.
Ainda na nossa Carta Magna, temos, no seu art. 24 que:
“compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
 	I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;”
Devemos observar que os municípios não foram mencionados nesse artigo , porém eles também podem criar tributos. Ainda no art. 24, do texto da Constituição, o §1º prevê que “no âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.”
É a norma geral quem diz acerca das condições da matéria, de como será instituído o imposto, não o município ou o estado. Isso se dá porque os municípios são parte do estado, não possuindo território, o qual pertence ao estado, à divisão territorial do estado sob o ponto de vista administrativo. No Brasil, foi criada uma ordem jurídica federativa muito bem elaborada, pois embora constitua uma nação relativamente pobre, detém uma ordem jurídica muito completa e complexa, o que - se confere ao Estado maior organização e possibilidade de abrangência - por outro lado, faz com que o poder judiciário tenha que se desdobrar. 
Com toda essa complexidade, além do Poder Judiciário normal, foram surgindo outros poderes judiciários, tais como o eleitoral, trabalhista, etc., os quais não existiam anteriormente. Com isso, o Estado foi crescendo, o que também contribuiu para ocasionar o crescimento das obrigações tributárias. 
 
2.7 Competência Tributária dos Estados, Municípios e Distrito Federal
 
A Constituição Federal não cria tributos, sua função é a de estabelecer o regime de competências, assim, a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios que criam tributos baseados na lei, com base no regime de competência estabelecido, um regime federativo, centrado no modelo de federação, uma ideia de divisão política. A União concentra os tributos principais, os estados poderiam ter ficado com o IPI, por outro lado os estados sem indústria ficariam prejudicados na divisão, o mesmo ocorre com o ICMS.
A organização tributária nacional é federativa, portanto os estados têm autonomia para criar os tributos, desde que esteja previsto na CF/88, pois a Constituição não cria tributos, ela estabelece competências, quem cria tributos é a União, estados, municípios e o Distrito Federal, cada um dentro das competências estabelecidas pela Constituição.
A competência está associada à autonomia, tal como na ideia de moldura kelseniana, posto que os demais entes federativos terão autonomia dentro daquilo que é instituído pela União. A competência legislativa está no estado de legislar sobre determinada matéria. A instituição dos tributos, por vezes, pode nem ser uma questão formal, pois embora exista a previsão do tributo e a lei estabeleça essa previsão, se não existir o fato gerador, não existirá a obrigação tributária. 
2.8	Direito Tributário e a sua Relação com Outros Ramos do Direito
O Direito Administrativo se relaciona com o Direito Tributário, já que ambos se preocupam com a ação e organização dos órgãos e agentes públicos. Além disso, o primeiro meio de interação do direito tributário se dá por via administrativa. Ademais, o próprio Código Tributário Nacional possui algumas normas administrativas e o tributo é cobrado pelo Estado, mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
A origem do Direito Tributário liga-se ao Direito Financeiro, posto que é através do Direito Tributário que se podem regular os recursos econômicos do Estado.
Ao Direito Penal compete definir os crimes de ordem tributária. Os crimes contra a ordem tributária são também crimes contra a ordem econômica, porque o crime praticado contra a ordem tributária tem como fatal consequência prejudicar a economia do Estado.
No Processo Civil se encontra a base do Direito Tributário, visto que o direito tributário possui diversas lacunas em seu procedimento.
Em relação ao Direito Constitucional, a Constituição condiciona as possibilidades de tributação e o modo de tributar, principalmente no que diz respeito às competências. 
A importância do direito civil na seara do direito tributário é inegável, pois este mantém com aquele estreito laço de união porque a tributação recai sempre sobre situações reveladoras de indícios de riqueza, normalmente disciplinadas pelo direito comum. Além disso, o tributo é obrigação pecuniária, e serve de referência a toda a disciplina de Obrigações. 
A lei tributária pode alterar, para fins tributários, obviamente um conceito de outro ramo do direito? Pode alterar porque é lei, e não por ser autônoma. Se ele for relativamente autônomo, só será para fins tributários. Se positiva a resposta, em que medida isso pode acontecer? Pode, porém essa alteração não pode ser feita ilimitadamente. 
Conforme disposto no art. 110/CTN, a lei tributária não pode alterar conceitos que forem utilizados pela CF, Constituições Estaduais, etc. Isso porque quando essa competência foi definida, ela foi definida já com um conceito, e não se pode redefinir essa palavra.
A linha divisória entre poder e não poder fazer essas alterações está no fato de que quando a Constituição atribui uma competência, ela não poderá ser alterada. Porém, dentro da sua competência, é possível fazer o que bem entender.
A bitributação não é proibida, o que é proibido é ter uma tributação sem a autorização constitucional. Desta forma, se tiver a autorização da Constituição, pode haver uma, duas, três tributações sobre o mesmo fato.
2.9	Do Princípio da Reserva Legal em Matéria Tributária
Nas lições do renomado autor Eduardo Sabbag, na obra Manual de Direito Tributário, no plano conceitual, o princípio da legalidade tributária se põe como um relevante balizamento ao Estado-administração no mister tributacional. O Estado de Direito tem-no como inafastável garantia individual a serviço dos cidadãos, implicando uma inexorável convergência – e, também, equivalência – de ambos: se há Estado de Direito, há, reflexamente, a legalidade no fenômeno da tributação. Em outro giro, se prevalece o arbítrio estatal, tampouco existirá o Estado de Direito.
Por outro lado, acerca do ato de instituir o tributo, calha assinalar que é imperioso que na lei tributária se estabeleçam, com clareza meridiana, todos os elementos configuradores da relação obrigacional tributária, o quanto se deve pagar; quem deverá proceder ao pagamento; por que se deve pagar; o ônus imposto para quem não pagar; entre outros indicadores. Em outras palavras, a lei que institui um tributo deve conter, na esteira do art. 97 do CTN, elementos obrigatórios.
Nesse contexto, faz-se necessário estabelecer a distinção entre o princípio da legalidade e o princípio da reserva legal, dadas as suas patentes diferenças. O Artigo 5°, inciso II, da Constituição Federal trata do princípio da reserva legal.
Nesse viés, a obrigação do indivíduo em pagar o tributo nasce com o fato gerador, que nada mais é que um estabelecimento legal, hipótese de incidência, conduta humana, bens, propriedade, patrimônio, dentre outros. O fato da criação da obrigação ainda não dá ao Estado o direito de cobrar o tributo, é preciso que exista o lançamento. Só a partir do lançamento nascerá o título de crédito. 
A maior parte dos tributos é pago sem nenhuma pressão. Uma grande fatia da receita do Estado nasce dessa necessidade de pagar e de cada um contribuir como dever cívico. Isso, por sua vez, deve-se às lutas históricas da sociedade contra o Estado, posto que os maiores movimentos revolucionários do mundo sempre tinham o tributo como elemento central do debate, especialmentea questão da reserva legal. O tributo deve ser instituído por lei e essa obrigatoriedade, que era um grande vantagem para o cidadão, acabou por se tornar um direito do Estado, constituindo uma via de mão dupla. A grande pauta dos movimentos sociais era a de que os tributos somente poderiam ser criados mediante lei. Criaram a teoria dos três poderes e o Poder Legislativo passou a criar leis constantemente que criam tributos. Assim, aquilo que parecia algo muito bom para o cidadão tornou-se em um grande revés. Dessa forma, não há na atualidade movimentos sociais que tenham como principal fundo a questão tributária, porque chegamos a um consenso: não tendo lei, não há o que pagar; tendo a lei, tem que cumprir. Destarte, em matéria tributária, isso deixou de ser uma garantia do cidadão para tornar-se um direito do Estado.
O princípio da legalidade tributária é uma via de mão dupla que, hoje, dá muito mais garantia para o Estado de cobrar do que de o cidadão se defender. Hoje ele é mais benéfico ao Estado que ao cidadão porque o Estado faz as leis e o princípio da legalidade tornou-se direito do Estado e obrigação do cidadão. Aquilo que era um direito de não cobrar sem a lei, passou a ser uma obrigação com a lei. A principal carga tributária no Brasil são os impostos, que não são vinculados a uma prestação de serviço.
Dessa forma, o princípio da legalidade, que foi o grande mote das lutas sociais como garantia contra a arbitrariedade do Estado, deixou de ser um direito do cidadão para ser um direito do Estado e uma obrigação do cidadão em pagar. Isso porque, a partir do momento que o Estado manda o projeto de lei de aumento tributário justificando a criação de um novo serviço, o Poder Executivo termina influenciando o Legislativo, que o aprova. Após aprovado, o cidadão, que tanto lutou pela lei, não pode resistir a essa obrigação, pois - de acordo com o que expressa o art. 5º, II da CF/88 - “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, o que constitui o princípio da reserva legal, que é o principal princípio do Direito Tributário, associado aos princípios da anualidade e da anterioridade.
A cobrança tributária é uma atividade administrativa, portanto entra em matéria de Direito Financeiro. O Poder Público é quem define, por meio do Direito Financeiro, como cobrar o tributo, quem deve pagar, quem é imune e quem é isento (estes dois últimos configuram condições de exclusão da obrigação tributária).
Tal atividade administrativa deve ser plenamente vinculada à lei e à obrigação e isso transforma o Direito Tributário em um direito positivo. Os ramos do Direito tipicamente positivos são: o Direito Penal, o Direito Financeiro (em menor escala) e o Direito Tributário.
2.10	Giro Histórico: Origens e Tendências do Direito Tributário
O Estado Moderno, que nós constituímos a partir dos conceitos liberais, esse Estado que, de liberal clássico, passou a ser liberal social, absorveu alguns conceitos socialistas, ou seja, nós não temos mais o liberalismo clássico. Esse liberalismo absorveu alguns aspectos das lutas sociais e ao fazer isso, absorveu principalmente a questão da educação pública, porque a educação pública não existia, o mundo não tinha educação. Por exemplo, quem criou as primeiras escolas públicas foi a Revolução Francesa, e o movimento era liberal, assim como criou também o incentivo às pequenas propriedades, aos bancos populares, que não nasceram do Socialismo, mas da ideia do liberalismo clássico, de apoiar a pequena propriedade. Contudo, nos séculos XVIII e XIX isso se misturou muito. Como consequência, a principal função do tributo clássico - que era manter a segurança das pessoas e do seu patrimônio - o cidadão pagava tributo para ter segurança pessoal e do seu patrimônio, que era a sua propriedade, o direito à segurança da propriedade deveria ser garantido, pois o cidadão não tinha mais o direito de manter a segurança da propriedade pelos próprios meios.
No entanto, essas questões foram mudando com o tempo e o direito à propriedade deixou de ser absoluto e surgiu o direito social da propriedade, já a educação passou a ser pública e ampla, irrestrita. Surgiu também uma pauta que não existia anteriormente, que é a pauta da saúde. Não existia a questão da saúde pública, assim como também não existia a questão da Previdência Social. Foram surgindo os direitos e esses direitos estão - de certa forma - ligados ao Estado. Um exemplo clássico é o da Previdência Social, surgiram também os direitos do trabalhador, que é um direito privado, de eu negociar livremente o meu contrato.
Como consequência das mudanças sofridas, o Estado Tributário passou a ter três focos principais: Educação, Saúde e Segurança. Com a recente problemática generalizada referente à pandemia no novo coronavírus, o Estado terá um revés muito grande, em relação à matéria tributária, pois o surgimento desse novo vírus assustou a Medicina, especialmente no que consiste ao controle clínico da Medicina, pois ultimamente os médicos passaram a se basear somente nos exames tecnológicos, deixando de clinicar, não entendendo mais o paciente, somente encaminhando-os para a realização de exames.
O problema é que, mesmo aumentando os tributos, os custos e as despesas aumentam muito mais, como consequência, temos o endividamento público, onde o poder público fica com um déficit orçamentário. Isso passou a acontecer com o advento da teoria keynesiana de que o poder público - enquanto pessoa jurídica - pode se endividar, o que não ocorria anteriormente à crise de 1933, quando o poder público somente poderia gastar aquilo que efetivamente fosse arrecadado. Atualmente, as despesas do Estado são maiores que a carga tributária, o Estado tem mais despesas que receitas, pois passou a ter a possibilidade legal de fazer empréstimo, ocasionando o seu endividamento.
A Constituição prevê, em casos de calamidade pública, a possibilidade de a União criar impostos extraordinários, desde que vinculados à criação de uma Lei. Em tais situações, passa-se por cima do fato gerador, em casos de iminência de guerra, por exemplo. Entretanto, em situações de plena paz, onde há normalidade social, o Direito Tributário é tipicamente positivo, descritivo, pois todo ele se reveste do princípio da legalidade, da vinculação ao fato gerador do nascimento da obrigação, sendo vinculado à prescrição legal.
Atualmente, a oferta de serviços públicos é permanente e contínua, logo há a necessidade da manutenção da cobrança de tributos, pois onde há uma despesa, precisa haver uma receita, sob pena de crescimento da dívida pública estatal, com a consequente disparada da inflação e possibilidade real de aumento do desemprego. Tendo isso em mente, não se pode mais colocar aventureiros para gerir os destinos da nossa nação, pois um pequeno erro pode acarretar às nossas vidas graves consequências, que podem refletir a curto, médio e longo prazo nas vidas de todos os cidadãos.
Em algumas sociedades, esse modelo tem funcionado, porém os governos populistas extrapolam os gastos públicos e chega um momento em que a carga tributária já está no limite, não havendo mais como aumentar tributos, o que os leva a fazer empréstimos internacionais, vender bens do patrimônio estatal, abrir concessões, tudo a fim de manter a estrutura social. Essa movimentação também se reflete diretamente no Direito Tributário.
Na atualidade, o cenário vislumbrado demonstra que a área da saúde pública pode vir a se tornar a principal área de investimento internacional, do ponto de vista tributário. A Medicina, que já ampliou sua existência sobre a sociedade, está a par de quase tudo o que nela acontece. Pela tendência que se observa, grande parte dos tributos sociais será destinada à Saúde, à prevenção, ao combate e às pesquisas científicas permanentes. Isso significa dizer que algumas áreas terão menos investimento tributário, como é o caso da Segurança, dos serviços públicos de transporte, infraestrutura e educação.
Se já há grandes investimentos na saúde pública, no contextopós-pandemia, a tendência é que se invista ainda mais, supervalorizando mais os cursos de Medicina e os profissionais da Medicina, sejam eles enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem, biomédicos, nutricionistas, etc. Porque grande parte dos direitos que temos se devem à Medicina. Grande parte dos direitos femininos, dos idosos e das crianças nascem pela condição orgânica da Medicina nos mais diversos âmbitos da sociedade.
3. CONCLUSÃO
O presente trabalho abordou as temáticas mais importantes acerca da relação interdisciplinar empregada entre o Direito Tributário e as demais áreas do Direito. Além disso, analisou o posicionamento de alguns doutrinadores, versando conceitos e principais características. Ademais, observou-se a evolução histórica do tributo, com ênfase na sua inegável interpenetração em todos os ramos do Direito e sua inegável importância na sustentação do Estado Democrático de Direito, nas mais diversas circunstâncias da vida social na contemporaneidade.
Por fim, destaca-se a importância e complexidade do Direito Tributário nas sociedades hodiernas, tendo em vista que este faz cumprir a função de regulador das demandas sociais, e elemento catalisador de receitas que serão utilizadas para os mais diversos fins e serviços em favor da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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