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Pré-Modernismo e Modernismo na Literatura

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Aula
08
Caros(as) alunos(as),
Esta é a nossa última aula. 
O conteúdo dessa aula será Pré-modernismo e modernismo.
Continuaremos assim nosso passeio pela história da literatura. 
Da mesma forma, conheceremos novas obras literárias.
Boa viagem!!!
O PRÉ-MODERNISMO 
E O MODERNISMO 
Objetivos de aprendizagem 
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
• conhecer ainda mais acerca da história literária;
• realizar atividades e planejamentos acerca do período literário para 
serem aplicados em sala de aula;
• aprimorar os conhecimentos e progredir no que diz respeito ao 
conhecimento teórico da história da literatura.
Seções de estudo
 Seção 1 - Pré-Modernismo
 Seção 2 - O Modernismo
 Seção 3 - Modernismo no Brasil
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Vamos iniciar então nossa última aula. Bons estudos!
Seção 1 - Pré-Modernismo
Chegamos à nossa última aula e espero que vocês tenham adquirido 
muitos conhecimentos ao longo dessa disciplina. Estudamos três períodos 
literários principais até aqui: romantismo, realismo e simbolismo.
A última aula tem como base ampliar esses conhecimentos e mergulhar em 
um período literário riquíssimo: o modernismo, antecedido pelo pré-modernismo.
Desse modo, nessa seção, discutiremos sobre o pré-modernismo e 
o que irá possibilitar a entrada no período que o segue: o modernismo. É 
importante ressaltar que o pré-modernismo não é exatamente uma escola 
literária. Não há características bem definidas, visto que, desse momento, 
participaram escritores de variadas tendências estéticas. Essa fase foi marcada, 
então, pela variedade de estilos. Não houve muitas produções literárias no 
Brasil, no entanto, essa época marcou um momento em que alguns autores 
buscaram transferir para a literatura aspectos da realidade brasileira, como 
foco na sociedade e na política da época.
Mas como se caracterizou historicamente esse momento?
Naquela época, havia um grande número de antigos escravos que, devido 
à falta de oportunidades, acabaram se marginalizando. Também havia enorme 
imigração por parte de europeus que visavam o trabalho em lavouras e as novas 
indústrias. Essa época foi, também, o momento em que grandes bandos de 
cangaceiros tomavam conta do Nordeste.
Nesse sentido, a sociedade brasileira enfrentava inúmeras dificuldades 
que, obviamente, não poderiam passar despercebidas pelos escritores literários. 
E se os escritores do parnasianismo ainda estavam interessados somente em 
frequentar círculos sociais de altas esferas, começa a surgir um grupo, de início 
pequeno, de escritores que querem inserir na literatura todas essas mazelas sociais.
Tudo isso entre os anos de 1902 e 1922, sendo que neste último, 1922, 
ocorreu a publicação da obra Canaã, de Graça Aranha e Os Sertões, de Euclides 
da Cunha. Em 1922, ocorreu a semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de 
São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro.
Foram esses dois escritores, além de Lima Barreto e Monteiro Lobato, os 
precursores da fase que marcou a literatura brasileira; o modernismo. 
Vamos conhecer um pouco de Monteiro Lobato e seu famoso personagem, 
o Jeca Tatu?
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Jeca Tatu
Monteiro Lobato
Jeca Tatu era um pobre caboclo que morava no mato, numa 
casinha de sapé. Vivia na maior pobreza, em companhia da 
mulher, muito magra e feia e de vários fi lhinhos pálidos e tristes.
Jeca Tatu passava os dias de cócoras, pitando enormes cigarrões 
de palha, sem ânimo de fazer coisa nenhuma. Ia ao mato caçar, 
tirar palmitos, cortar cachos de brejaúva, mas não tinha idéia de 
plantar um pé de couve atras da casa. Perto um ribeirão, onde ele 
pescava de vez em quando uns lambaris e um ou outro bagre. E 
assim ia vivendo.
Dava pena ver a miséria do casebre. Nem móveis nem roupas, 
nem nada que signifi casse comodidade. Um banquinho de três 
pernas, umas peneiras furadas, a espingardinha de carregar pela 
boca, muito ordinária, e só.
Todos que passavam por ali murmuravam:
Que grandíssimo preguiçoso!
Jeca Tatu era tão fraco que quando ia lenhar vinha com um 
feixinho que parecia
brincadeira. E vinha arcado, como se estivesse carregando um 
enorme peso.
Por que não traz de uma vez um feixe grande? Perguntaram-lhe 
um dia. 
Jeca Tatu coçou a barbicha rala e respondeu:
Não paga a pena. 
Tudo para ele não pagava a pena. Não pagava a pena consertar 
a casa, nem fazer uma horta, nem plantar arvores de fruta, nem 
remendar a roupa.
Só pagava a pena beber pinga.
Por que você bebe, Jeca? Diziam-lhe. 
Bebo para esquecer. 
Esquecer o quê? 
Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Monteiro_Lobato>
Figura 6 - Monteiro Lobato
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Esquecer as desgraças da vida. 
E os passantes murmuravam:
Além de vadio, bêbado...
Jeca possuía muitos alqueires de terra, mas não sabia aproveitá-
la. Plantava todos os anos uma rocinha de milho, outra de feijão, 
uns pés de abóbora e mais nada. Criava em redor da casa um ou 
outro porquinho e meia dúzia de galinhas. Mas o porco e as aves 
que cavassem a vida, porque Jeca não lhes dava o que comer. 
Por esse motivo o porquinho nunca engordava, e as galinhas 
punham poucos ovos.
Jeca possuía ainda um cachorro, o Brinquinho, magro e sarnento, 
mas bom companheiro e leal amigo.
Brinquinho vivia cheio de bernes no lombo e muito sofria com 
isso. Pois apesar dos ganidos do cachorro, Jeca não se lembrava 
de lhe tirar os bernes. Por que? Desânimo, preguiça... (LOBATO, 
Monteiro. Urupês. São Paulo, Brasiliense, 1948).
Nota-se facilmente que o objetivo era o de representar as sociedades 
menos favorecidas. Jeca Tatu representa um caipira cansado, que não sabe utilizar 
a terra. É importante perceber que a obra representou, inicialmente, uma crítica ao 
homem do tipo de Jeca Tatu, mas, posteriormente, Lobato verificou que isso era 
consequência dos da situação em que a sociedade se encontrava na época e dos 
problemas que enfrentava, principalmente, devido à valorização da economia.
Seção 2 - O Modernismo
O modernismo se inicia em meio a uma situação de desenvolvimento 
científico e também no campo da tecnologia. Alguns dos inventos dessa época 
foram o telégrafo, a eletricidade, o cinema, o telefone, o avião e o automóvel. 
Além disso, no campo psicanalítico, destaca-se Freud, com a teoria psicanalítica 
sobre o inconsciente. Era a chamada belle époque.
No que diz respeito ao mundo em geral, no entanto, era uma época de 
instabilidade devido à competição política e econômica entre os grandes países, 
o que desencadeou na corrida armamentista. Como sabemos, isso fez com que 
surgisse a Primeira Guerra Mundial no ano de 1914. Uma guerra que assombrou 
a humanidade devido às proporções nunca vistas antes.
A partir disso, a humanidade de modo geral passou a desacreditar no 
ser e surgiram alguns movimentos na Europa, nos quais muito se espelhou o 
Modernismo no Brasil. Vejamos:
 Futurismo: movimento iniciado pelo poeta Marinetti, no ano de 1909, que 
tinha como objetivo propor a “destruição do passado, a exaltação da vida moderna, o 
culto da máquina e da velocidade, pregando uma arte voltada para o futuro, agressiva 
e violenta, enaltecendo a guerra, o militarismo e o patriotismo” (MAIA, 2000, p. 308).
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 O Cubismo: movimento que realizava na pintura um recorte de vários 
objetos retirados do cotidiano, para serem vistos por diversos ângulos. Já na 
produção poética, o foco era o subjetivo, a ausência de lógica, o caos e o humor.
 O Dadaísmo: movimento iniciado em Zurique, que tem como foco 
representar o pessimismo geral advindo da Primeira Guerra Mundial. O caos e a 
ausência de lógica também era objetivo deste movimento, que também buscava 
propor destruição de toda a produção cultural das sociedades que guerreavam.
 O Surrealismo: movimento inicialmente francês, tinha como 
objetivo valorizar o passadoe a liberdade humana. O grande influenciador desse 
movimento foi Freud e suas teorias psicanalíticas. O inconsciente, portanto, era 
um fator importante para esse movimento.
Esses movimentos acabaram que, associados a já caótica situação 
econômico-social brasileira, que enfrentava o golpe que levou Getúlio Vargas ao 
poder e havia acontecido a Semana da Arte Moderna, fato que marcou a distinção 
entre o pré-modernismo e o modernismo. 
Fonte: <http://www.lendomais.com.br/arte-
moderna-fotos-de-quadros/>
Figura 7 - Pintura modernista
Lúcia Helena, citada em texto disponível no link: <h p://www.ple.uem.
br/3celli_anais/trabalhos/estudos_literarios/pdf_literario/083.pdf>:
Diz que vanguarda:
 “...vem do francês avant-garde e signifi ca o movimento ar s co 
que “marcha na frente”, anunciando a criação de um novo po 
de arte. Esta denominação tem também uma signifi cação militar( 
a tropa que marcha na dianteira para atacar primeiro), que bem 
demonstra o caráter comba vo das “vanguardas”, dispostas a 
lutar agressivamente em prol da abertura de novos caminhos 
ar s cos”( 1993, p. 08).
?
VOCÊ 
SABIA
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Esse período durou, então, de 1922 a 1930 e a poesia de maior destaque 
desta época é Os Sapos, de Manuel Bandeira:
Os Sapos
Manuel Bandeira
Enfunando os papos, 
Saem da penumbra, 
Aos pulos, os sapos. 
A luz os deslumbra. 
Em ronco que aterra, 
Berra o sapo-boi: 
- "Meu pai foi à guerra!" 
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". 
O sapo-tanoeiro, 
Parnasiano aguado, 
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado. 
Vede como primo 
Em comer os hiatos! 
Que arte! E nunca rimo 
Os termos cognatos. 
O meu verso é bom 
Frumento sem joio. 
Faço rimas com 
Consoantes de apoio. 
Vai por cinquenta anos 
Que lhes dei a norma: 
Reduzi sem danos 
A fôrmas a forma. 
Clame a saparia 
Em críticas céticas:
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Não há mais poesia, 
Mas há artes poéticas..." 
Urra o sapo-boi: 
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!" 
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". 
Brada em um assomo 
O sapo-tanoeiro: 
- A grande arte é como 
Lavor de joalheiro. 
Ou bem de estatuário. 
Tudo quanto é belo, 
Tudo quanto é vário, 
Canta no martelo". 
Outros, sapos-pipas 
(Um mal em si cabe), 
Falam pelas tripas, 
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!". 
Longe dessa grita, 
Lá onde mais densa 
A noite infinita 
Veste a sombra imensa; 
Lá, fugido ao mundo, 
Sem glória, sem fé, 
No perau profundo 
E solitário, é 
Que soluças tu, 
Transido de frio, 
Sapo-cururu 
Da beira do rio...
(BANDEIRA, Manuel. Os sapos. 
In: poesia completa e prosa. 
Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1983).
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Seção 3 - Modernismo no Brasil
O movimento que encerra o pré-modernismo e inicia o Modernismo foi 
a Semana de Arte Moderna, no qual as ideias advindas das correntes europeias 
deram oportunidade para os intelectuais brasileiros iniciarem seu próprio caminho 
em direção à construção do modernismo. 
As correntes modernistas que surgiram a partir daí foram:
 movimento Pau-Brasil: movimento que buscava valorizar a cultura nacional.
 movimento Verde-Amarelo: movimento que tinha como líder Plínio 
Salgado entre outros. Permeado por nacionalismo, buscava impedir a penetração 
de outras culturas na Brasileira.
 movimento antropofágico: este movimento se opunha ao Verde-
Amarelo e buscava introduzir outras culturas, mas de forma crítica.
 movimento espiritualista: buscava o relacionamento do passado com 
o futuro e era influenciado ainda pelo simbolismo.

Em artigo intitulado “As vanguardas europeias e o modernismo 
brasileiro e as correspondências entre Mário de Andrade e Manuel bandeira”, 
Paula Cristina Guidelli do SANTOS e Adalberto de Oliveira sintetizam muito 
do que foi apresentado aqui (artigo disponível no link: <http://www.ple.uem.
br/3celli_anais/trabalhos/estudos_literarios/pdf_literario/083.pdf>
Algumas obras fundamentais devem ser destacadas, como 
Macunaíma, de Mário de Andrade, com a representação indígena; 
“Canto de regresso à pátria” de Oswald de Andrade, que traz uma 
releitura do conhecido texto, “Canção do exílio”.
Resumindo!!!!
O desenvolvimento da literatura brasileira no século XX é muito importante para os 
estudos literários. Ocorreram muitas mudanças na arte, no chamado modernismo 
brasileiro. Por isso inves gar a contribuição que as vanguardas europeias trouxeram 
para as nossas letras é descobrir inovações preponderantes para o nosso aprendizado 
literário, é um enriquecimento para a nossa pesquisa sobre o modernismo.
O futurismo, o expressionismo, o dadaísmo, o cubismo e o surrealismo foram 
vanguardas revolucionárias que inovaram a literatura não somente na Europa, mas 
contribuíram para uma inovação na obra de arte brasileira.
No livro Correspondência Mário de Andrade e Manuel Bandeira, os missivistas comentam 
as estratégias de divulgação do modernismo, discutem poemas, assumem posições 
crí cas e expõem suas a tudes, que para a época foram inéditas. A tudes essas radicais, 
para um público que estava acostumado com uma arte sempre “igual”, “cer nha”, 
aos moldes tradicionais. Portanto, essas novas posições assumidas pelos poetas do 
modernismo, foram essenciais para que ocorresse uma mudança posi va na arte.
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Espero que seus estudos referentes à aula 08 tenham sido proveitosos. 
Chegamos, assim, ao final de nossa disciplina. Por meio das aulas, você 
conheceu as literaturas de língua portuguesa um pouco mais e entrou em contato 
com um importante aporte teórico. Espero com isso, que tenha se motivado ainda 
mais para a literatura, e para o aprendizado que ela nos proporciona. 
Até a próxima!!!
Retomando a conversa inicial 
Diante do exposto, podemos perceber que Mário de Andrade, apesar de não assumir 
com todas as letras a palavra infl uência, com relação às vanguardas do século XX, 
o mesmo admite ser “tocado” por elas. De certa maneira, constatamos através de 
suas obras essa infl uência, que o poeta afi rma ter apenas, pontos de contatos com as 
vanguardas históricas.
Vamos retomar ao assunto e relembrar o que estudamos na aula 08:
 Seção 1 - Pré-Modernismo
O Pré-Modernismo foi uma fase marcada pela variedade de estilos. 
Lima Barreto e Monteiro Lobato, foram os dois escritores precursores da fase que 
marcou a literatura brasileira. 
 Seção 2 - O Modernismo
Alguns dos movimentos do Modernismo na Europa, nos quais muito se 
espelhou o Modernismo no Brasil foram: o Futurismo, Cubismo, Dadaísmo e 
Surrealismo.
 Seção 3 - Modernismo No Brasil
O movimento que encerra o pré-modernismo e inicia o Modernismo foi 
a Semana de Arte Moderna. As correntes modernistas que surgiram a partir daí 
foram os Movimentos: Pau-Brasil, Verde-Amarelo, antropofágico e espiritualista.
Sugestões de leituras, sites e fi lmes
Leituras 
Correspondência, de Mário de Andrade, obra fundamental do Modernismo. 
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Sites 
BLOG: discute a temática de uma maneira informal: http://letteraliteratus.
blogspot.com.br/2011/06/perturbacoes-do-seculo-xix-realismo.html 
www.brasilescola.com/literatura/o-romantismo-portugal.htm 
Filmes 
Vídeo acerca da Semana de Arte Moderna: http://www.youtube.com/watch?v=6
ZM9j5RskTo&feature=fvwrel
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