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Aula 08 Caros(as) alunos(as), Esta é a nossa última aula. O conteúdo dessa aula será Pré-modernismo e modernismo. Continuaremos assim nosso passeio pela história da literatura. Da mesma forma, conheceremos novas obras literárias. Boa viagem!!! O PRÉ-MODERNISMO E O MODERNISMO Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • conhecer ainda mais acerca da história literária; • realizar atividades e planejamentos acerca do período literário para serem aplicados em sala de aula; • aprimorar os conhecimentos e progredir no que diz respeito ao conhecimento teórico da história da literatura. Seções de estudo Seção 1 - Pré-Modernismo Seção 2 - O Modernismo Seção 3 - Modernismo no Brasil Literaturas de Língua Portuguesa II - Rute de Souza Josgrilberg - UNIGRAN 69 Vamos iniciar então nossa última aula. Bons estudos! Seção 1 - Pré-Modernismo Chegamos à nossa última aula e espero que vocês tenham adquirido muitos conhecimentos ao longo dessa disciplina. Estudamos três períodos literários principais até aqui: romantismo, realismo e simbolismo. A última aula tem como base ampliar esses conhecimentos e mergulhar em um período literário riquíssimo: o modernismo, antecedido pelo pré-modernismo. Desse modo, nessa seção, discutiremos sobre o pré-modernismo e o que irá possibilitar a entrada no período que o segue: o modernismo. É importante ressaltar que o pré-modernismo não é exatamente uma escola literária. Não há características bem definidas, visto que, desse momento, participaram escritores de variadas tendências estéticas. Essa fase foi marcada, então, pela variedade de estilos. Não houve muitas produções literárias no Brasil, no entanto, essa época marcou um momento em que alguns autores buscaram transferir para a literatura aspectos da realidade brasileira, como foco na sociedade e na política da época. Mas como se caracterizou historicamente esse momento? Naquela época, havia um grande número de antigos escravos que, devido à falta de oportunidades, acabaram se marginalizando. Também havia enorme imigração por parte de europeus que visavam o trabalho em lavouras e as novas indústrias. Essa época foi, também, o momento em que grandes bandos de cangaceiros tomavam conta do Nordeste. Nesse sentido, a sociedade brasileira enfrentava inúmeras dificuldades que, obviamente, não poderiam passar despercebidas pelos escritores literários. E se os escritores do parnasianismo ainda estavam interessados somente em frequentar círculos sociais de altas esferas, começa a surgir um grupo, de início pequeno, de escritores que querem inserir na literatura todas essas mazelas sociais. Tudo isso entre os anos de 1902 e 1922, sendo que neste último, 1922, ocorreu a publicação da obra Canaã, de Graça Aranha e Os Sertões, de Euclides da Cunha. Em 1922, ocorreu a semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro. Foram esses dois escritores, além de Lima Barreto e Monteiro Lobato, os precursores da fase que marcou a literatura brasileira; o modernismo. Vamos conhecer um pouco de Monteiro Lobato e seu famoso personagem, o Jeca Tatu? Literaturas de Língua Portuguesa II - Rute de Souza Josgrilberg - UNIGRAN 70 Jeca Tatu Monteiro Lobato Jeca Tatu era um pobre caboclo que morava no mato, numa casinha de sapé. Vivia na maior pobreza, em companhia da mulher, muito magra e feia e de vários fi lhinhos pálidos e tristes. Jeca Tatu passava os dias de cócoras, pitando enormes cigarrões de palha, sem ânimo de fazer coisa nenhuma. Ia ao mato caçar, tirar palmitos, cortar cachos de brejaúva, mas não tinha idéia de plantar um pé de couve atras da casa. Perto um ribeirão, onde ele pescava de vez em quando uns lambaris e um ou outro bagre. E assim ia vivendo. Dava pena ver a miséria do casebre. Nem móveis nem roupas, nem nada que signifi casse comodidade. Um banquinho de três pernas, umas peneiras furadas, a espingardinha de carregar pela boca, muito ordinária, e só. Todos que passavam por ali murmuravam: Que grandíssimo preguiçoso! Jeca Tatu era tão fraco que quando ia lenhar vinha com um feixinho que parecia brincadeira. E vinha arcado, como se estivesse carregando um enorme peso. Por que não traz de uma vez um feixe grande? Perguntaram-lhe um dia. Jeca Tatu coçou a barbicha rala e respondeu: Não paga a pena. Tudo para ele não pagava a pena. Não pagava a pena consertar a casa, nem fazer uma horta, nem plantar arvores de fruta, nem remendar a roupa. Só pagava a pena beber pinga. Por que você bebe, Jeca? Diziam-lhe. Bebo para esquecer. Esquecer o quê? Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Monteiro_Lobato> Figura 6 - Monteiro Lobato Literaturas de Língua Portuguesa II - Rute de Souza Josgrilberg - UNIGRAN 71 Esquecer as desgraças da vida. E os passantes murmuravam: Além de vadio, bêbado... Jeca possuía muitos alqueires de terra, mas não sabia aproveitá- la. Plantava todos os anos uma rocinha de milho, outra de feijão, uns pés de abóbora e mais nada. Criava em redor da casa um ou outro porquinho e meia dúzia de galinhas. Mas o porco e as aves que cavassem a vida, porque Jeca não lhes dava o que comer. Por esse motivo o porquinho nunca engordava, e as galinhas punham poucos ovos. Jeca possuía ainda um cachorro, o Brinquinho, magro e sarnento, mas bom companheiro e leal amigo. Brinquinho vivia cheio de bernes no lombo e muito sofria com isso. Pois apesar dos ganidos do cachorro, Jeca não se lembrava de lhe tirar os bernes. Por que? Desânimo, preguiça... (LOBATO, Monteiro. Urupês. São Paulo, Brasiliense, 1948). Nota-se facilmente que o objetivo era o de representar as sociedades menos favorecidas. Jeca Tatu representa um caipira cansado, que não sabe utilizar a terra. É importante perceber que a obra representou, inicialmente, uma crítica ao homem do tipo de Jeca Tatu, mas, posteriormente, Lobato verificou que isso era consequência dos da situação em que a sociedade se encontrava na época e dos problemas que enfrentava, principalmente, devido à valorização da economia. Seção 2 - O Modernismo O modernismo se inicia em meio a uma situação de desenvolvimento científico e também no campo da tecnologia. Alguns dos inventos dessa época foram o telégrafo, a eletricidade, o cinema, o telefone, o avião e o automóvel. Além disso, no campo psicanalítico, destaca-se Freud, com a teoria psicanalítica sobre o inconsciente. Era a chamada belle époque. No que diz respeito ao mundo em geral, no entanto, era uma época de instabilidade devido à competição política e econômica entre os grandes países, o que desencadeou na corrida armamentista. Como sabemos, isso fez com que surgisse a Primeira Guerra Mundial no ano de 1914. Uma guerra que assombrou a humanidade devido às proporções nunca vistas antes. A partir disso, a humanidade de modo geral passou a desacreditar no ser e surgiram alguns movimentos na Europa, nos quais muito se espelhou o Modernismo no Brasil. Vejamos: Futurismo: movimento iniciado pelo poeta Marinetti, no ano de 1909, que tinha como objetivo propor a “destruição do passado, a exaltação da vida moderna, o culto da máquina e da velocidade, pregando uma arte voltada para o futuro, agressiva e violenta, enaltecendo a guerra, o militarismo e o patriotismo” (MAIA, 2000, p. 308). Literaturas de Língua Portuguesa II - Rute de Souza Josgrilberg - UNIGRAN 72 O Cubismo: movimento que realizava na pintura um recorte de vários objetos retirados do cotidiano, para serem vistos por diversos ângulos. Já na produção poética, o foco era o subjetivo, a ausência de lógica, o caos e o humor. O Dadaísmo: movimento iniciado em Zurique, que tem como foco representar o pessimismo geral advindo da Primeira Guerra Mundial. O caos e a ausência de lógica também era objetivo deste movimento, que também buscava propor destruição de toda a produção cultural das sociedades que guerreavam. O Surrealismo: movimento inicialmente francês, tinha como objetivo valorizar o passadoe a liberdade humana. O grande influenciador desse movimento foi Freud e suas teorias psicanalíticas. O inconsciente, portanto, era um fator importante para esse movimento. Esses movimentos acabaram que, associados a já caótica situação econômico-social brasileira, que enfrentava o golpe que levou Getúlio Vargas ao poder e havia acontecido a Semana da Arte Moderna, fato que marcou a distinção entre o pré-modernismo e o modernismo. Fonte: <http://www.lendomais.com.br/arte- moderna-fotos-de-quadros/> Figura 7 - Pintura modernista Lúcia Helena, citada em texto disponível no link: <h p://www.ple.uem. br/3celli_anais/trabalhos/estudos_literarios/pdf_literario/083.pdf>: Diz que vanguarda: “...vem do francês avant-garde e signifi ca o movimento ar s co que “marcha na frente”, anunciando a criação de um novo po de arte. Esta denominação tem também uma signifi cação militar( a tropa que marcha na dianteira para atacar primeiro), que bem demonstra o caráter comba vo das “vanguardas”, dispostas a lutar agressivamente em prol da abertura de novos caminhos ar s cos”( 1993, p. 08). ? VOCÊ SABIA Literaturas de Língua Portuguesa II - Rute de Souza Josgrilberg - UNIGRAN 73 Esse período durou, então, de 1922 a 1930 e a poesia de maior destaque desta época é Os Sapos, de Manuel Bandeira: Os Sapos Manuel Bandeira Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: - "Meu pai foi à guerra!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: - "Meu cancioneiro É bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos. O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio. Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma. Clame a saparia Em críticas céticas: Literaturas de Língua Portuguesa II - Rute de Souza Josgrilberg - UNIGRAN 74 Não há mais poesia, Mas há artes poéticas..." Urra o sapo-boi: - "Meu pai foi rei!"- "Foi!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: - A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo". Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas, - "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!". Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa; Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio... (BANDEIRA, Manuel. Os sapos. In: poesia completa e prosa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1983). Literaturas de Língua Portuguesa II - Rute de Souza Josgrilberg - UNIGRAN 75 Seção 3 - Modernismo no Brasil O movimento que encerra o pré-modernismo e inicia o Modernismo foi a Semana de Arte Moderna, no qual as ideias advindas das correntes europeias deram oportunidade para os intelectuais brasileiros iniciarem seu próprio caminho em direção à construção do modernismo. As correntes modernistas que surgiram a partir daí foram: movimento Pau-Brasil: movimento que buscava valorizar a cultura nacional. movimento Verde-Amarelo: movimento que tinha como líder Plínio Salgado entre outros. Permeado por nacionalismo, buscava impedir a penetração de outras culturas na Brasileira. movimento antropofágico: este movimento se opunha ao Verde- Amarelo e buscava introduzir outras culturas, mas de forma crítica. movimento espiritualista: buscava o relacionamento do passado com o futuro e era influenciado ainda pelo simbolismo. Em artigo intitulado “As vanguardas europeias e o modernismo brasileiro e as correspondências entre Mário de Andrade e Manuel bandeira”, Paula Cristina Guidelli do SANTOS e Adalberto de Oliveira sintetizam muito do que foi apresentado aqui (artigo disponível no link: <http://www.ple.uem. br/3celli_anais/trabalhos/estudos_literarios/pdf_literario/083.pdf> Algumas obras fundamentais devem ser destacadas, como Macunaíma, de Mário de Andrade, com a representação indígena; “Canto de regresso à pátria” de Oswald de Andrade, que traz uma releitura do conhecido texto, “Canção do exílio”. Resumindo!!!! O desenvolvimento da literatura brasileira no século XX é muito importante para os estudos literários. Ocorreram muitas mudanças na arte, no chamado modernismo brasileiro. Por isso inves gar a contribuição que as vanguardas europeias trouxeram para as nossas letras é descobrir inovações preponderantes para o nosso aprendizado literário, é um enriquecimento para a nossa pesquisa sobre o modernismo. O futurismo, o expressionismo, o dadaísmo, o cubismo e o surrealismo foram vanguardas revolucionárias que inovaram a literatura não somente na Europa, mas contribuíram para uma inovação na obra de arte brasileira. No livro Correspondência Mário de Andrade e Manuel Bandeira, os missivistas comentam as estratégias de divulgação do modernismo, discutem poemas, assumem posições crí cas e expõem suas a tudes, que para a época foram inéditas. A tudes essas radicais, para um público que estava acostumado com uma arte sempre “igual”, “cer nha”, aos moldes tradicionais. Portanto, essas novas posições assumidas pelos poetas do modernismo, foram essenciais para que ocorresse uma mudança posi va na arte. Literaturas de Língua Portuguesa II - Rute de Souza Josgrilberg - UNIGRAN 76 Espero que seus estudos referentes à aula 08 tenham sido proveitosos. Chegamos, assim, ao final de nossa disciplina. Por meio das aulas, você conheceu as literaturas de língua portuguesa um pouco mais e entrou em contato com um importante aporte teórico. Espero com isso, que tenha se motivado ainda mais para a literatura, e para o aprendizado que ela nos proporciona. Até a próxima!!! Retomando a conversa inicial Diante do exposto, podemos perceber que Mário de Andrade, apesar de não assumir com todas as letras a palavra infl uência, com relação às vanguardas do século XX, o mesmo admite ser “tocado” por elas. De certa maneira, constatamos através de suas obras essa infl uência, que o poeta afi rma ter apenas, pontos de contatos com as vanguardas históricas. Vamos retomar ao assunto e relembrar o que estudamos na aula 08: Seção 1 - Pré-Modernismo O Pré-Modernismo foi uma fase marcada pela variedade de estilos. Lima Barreto e Monteiro Lobato, foram os dois escritores precursores da fase que marcou a literatura brasileira. Seção 2 - O Modernismo Alguns dos movimentos do Modernismo na Europa, nos quais muito se espelhou o Modernismo no Brasil foram: o Futurismo, Cubismo, Dadaísmo e Surrealismo. Seção 3 - Modernismo No Brasil O movimento que encerra o pré-modernismo e inicia o Modernismo foi a Semana de Arte Moderna. As correntes modernistas que surgiram a partir daí foram os Movimentos: Pau-Brasil, Verde-Amarelo, antropofágico e espiritualista. Sugestões de leituras, sites e fi lmes Leituras Correspondência, de Mário de Andrade, obra fundamental do Modernismo. Literaturas de Língua Portuguesa II - Rute de Souza Josgrilberg - UNIGRAN 77 Sites BLOG: discute a temática de uma maneira informal: http://letteraliteratus. blogspot.com.br/2011/06/perturbacoes-do-seculo-xix-realismo.html www.brasilescola.com/literatura/o-romantismo-portugal.htm Filmes Vídeo acerca da Semana de Arte Moderna: http://www.youtube.com/watch?v=6 ZM9j5RskTo&feature=fvwrel Literaturas de Língua Portuguesa II - Rute de Souza Josgrilberg - UNIGRAN 78
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