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Eduarda Michelin – ATM2024.2 IST’S Prof. Leandro Assmann História: Antigamente nomeadas como doenças venéreas. Penicilina: marco no tratamento das DST’s. Epidemiologia: No mundo, há 340 milhões de novos casos de ISTs curáveis – 80% dos casos ocorrem em países em desenvolvimento -. Casos novos no Brasil por ano: Sífilis: 937 mil Gono – 1.541.800 Clamídia – 1967.200 Herpes Genital – 640.900 Condilomas – 685.400 Transmissão: extremamente variável! A transmissibilidade depende do tipo de coito (mais ou menos traumática), da presença de lesões prévias (úlceras vaginais ou anais, fissuras), carga viral ou bacteriana, tipo de DST. o Relações vaginais transmitem mais do que as orais; relações anais transmitem mais do que as vaginais. DST’s coexistentes → sempre que se tem uma DST, outras devem ser investigadas. Recorrência. Informação. Multiplicidade de parceiros. Custos de prevenção e tratamento → algumas DST’s são facilmente diagnosticadas (através da consulta médica e exame físico) e com tratamentos extremamente baratos; todavia, quando não tratadas, essas doenças podem trazer complicações tanto financeiramente em relação ao tratamento, quanto ao prognóstico dessas mulheres. Educação, informação e saúde sexual! eduar Nota Dor pélvica - pareunia/dor na relação, sangramento na relação. Eduarda Michelin – ATM2024.2 Prevenção: Diminuir parceiros. Abstinência sexual. Vacinação (HPV, hepatites A e B). Uso de preservativos. Educação e aconselhamento. Tratamento as doenças. Identificar os infectados → cuidar os assintomáticos. A prevenção combinada é hoje o principal mecanismo, o mais eficaz, para se diminuir a transmissibilidade de ISTs. Sinais e Sintomas - Focais: Leucorréia. Verrucosidades. Nodulações. Vesículas. Linfonodos inguinais palpáveis. Alteração nos pelos. Ulcerações. Prurido. Ardência vulvar. Hiperemia (aumento do fluxo sanguíneo para a região). Sinais e Sintomas – Sistêmicos: Dor pélvica aguda e crônica – principalmente relacionada à clamídia e a gonorreia, que podem também causar a DIP. Febre. Sinais cutâneos: modularidades, manchas e vesículas. Sinais neurológicos. Sinais cardiovasculares. Eduarda Michelin – ATM2024.2 Consequências: DIP (doença inflamatória pélvica) → processo inflamatório na porção superior do trato genital, ou seja, acima do orifício cervical, podendo comprometer tubas uterinas e ovários. Infertilidade – 25%. Doenças sistêmicas → neurológicas, cardiovasculares e ósseas. Cicatrizes. Cirurgias com ablação de órgãos. Complicações obstétricas → podem provocar transmissão vertical, malformações, perdas gestacionais, aborto, trabalho de parto prematuro, baixo peso ao nascer, etc. Sociais. Óbito → apesar de não ser muito comum, pode ocorrer. Abordagens das ISTs Abordagem Etiológica: se identifica determinada patologia baseada no sintoma específico daquela doença, se faz um diagnóstico específico para aquela doença e, a partir do diagnóstico definitivo, se institui o tratamento. Abordagem Sindrômica: maneira mais simples e que determina uma ausência de necessidade de avaliação secundária e/ou terciária – pode ser feita a nível de ambulatório e UBS, sem necessidade de especialização, encaminhamentos e, na maioria das vezes, sem exames complementares -. Assim, através da abordagem sindrômica o tratamento fica mais rápido e ainda assim completo. Nessa abordagem sindrômica, se avaliam as síndromes específicas – patologias são “categorizadas” -. A identificação dessas categorias auxilia na abordagem do tratamento. O diagnóstico fidedigno demora para sair, por isso é muito melhor efetuar a abordagem sindrômica, pois esta ampara uma gama de DST’s que podem ser manejadas de maneiras semelhantes, sem o risco de a paciente ficar em espera de diagnóstico para efetuar o tratamento. Úlceras Genitais = herpes genital, sífilis, cancro mole, linfogranuloma venéreo, donovanose. Corrimento Uretral = clamídia, gonorreia. Eduarda Michelin – ATM2024.2 HERPES GENITAL Pode ser dividida em duas fases: PRIMO-INFECÇÃO: primeira infecção! Quadro um pouco mais exacerbado e severo quando comparado com as recorrências. Há um comprometimento um pouco maior da clínica de a paciente, com mais dor, mais desconforto, úlceras maiores e presença maior de vesículas. Exulcerações dolorosas, que se tornam vesiculares, coalescem e, ao romperem-se (muito rápido - horas a alguns dias), dão origem a úlceras, com posterior formação de crostas e cicatrização. Normalmente associada a adenopatia inguinal dolorosa – na maioria das vezes, bilateral. Repercussão sistêmica (astenia, mialgia e febre) → não é comum, mas pode ocorrer. Incubação de 6 dias. Melhora espontaneamente entre 7 a 10 dias, mesmo que não corra tratamento. RECORRÊNCIA: quando se torna frequente! É a mais conhecida. Ocorre muitas vezes em situações em que a imunidade da paciente se encontra comprometida e/ou de maneira aguda, por uma situação específica como a infecção aguda, uso de antibióticos, e/ou em situações crônicas de diminuição da imunidade – diabetes, doenças autoimunes, tratamentos farmacológicos, tratamentos com corticoides -. Menor duração e intensidade e com frequência é precedido de pródomos (aumento da sensibilidade local, ardência ou prurido). eduar Nota Causada pelo Vírus do Herpes Simples (HSV) - é o mesmo vírus da herpes labial, porém um subtipo diferente; entretanto, um já foi encontrado no outro e vice-versa. É IST - transmite quando tem lesão! eduar Nota Tem a característica de aparecer sempre no mesmo lugar! Eduarda Michelin – ATM2024.2 Essa sensibilidade local acaba evoluindo para vesículas agrupadas sobre base eritematosa, que se rompem e evoluem para pequenas ulceras arredondadas ou policíclicas – essas úlceras são menores, mas são dolorosas igual. Nas mucosas, é incomum a visualização das vesículas, uma vez que seus tetos rompem muito facilmente. Mais raramente, a ocorrência de lesões pode ser acompanhada de sintomas gerais. As lesões têm regressão espontânea em sete a dez dias, com ou sem cicatriz (úlceras são bem superficiais), mesmo não tendo sito feito tratamento. DIAGNÓSTICO: Clínico – na maioria das vezes. o Assintomático ou lesões pequenas. o Exclusão de Sífilis e Cancro Mole. Colposcopia: exame da vagina e do colo do útero através de um colposcópio (amplia e ilumina as estruturas). Papanicolau ou Giemsa (coloração). Sorologia (IgG e IgM) Cultura de tecidos Imunofluorescência direta = anticorpos monoclonais. PCR – escolha de exame laboratorial, apesar do diagnóstico usual ser o clínico. TRATAMENTO: o objetivo principal do tratamento é tentar acelerar a “cura” e diminuir a intensidade dos sintomas, diminuindo a úlcera e a dor. Aciclovir → de 6h em 6h / 5 vezes ao dia. o 10 dias para primo-infecção. o 5 dias para recorrência (de 6 em 6 horas). Fanciclovir → vantagem: de 12 em 12h. o 10 dias para primo-infecção. o 5 dias para recorrência. → As 2 drogas podem ser utilizadas. Aciclovir tem uma posologia que pode diminuir a adesão (5 x ao dia), mas é mais barata e pode ser conseguida pelo SUS. Fanciclovir é mais fácil de utilizar ( 2 x ao dia), mas é mais cara. A taxa de efetividade é semelhante. Valaciclovir Herpes Recorrente: infecções repetidas muito mais frequentes – mais de 3 infecções/ano -. o Tratamento supressivo = doses baixas de Aciclovir, com 1cp/dia, por 4 a 6 meses. eduar Nota Coceira, dor localizada vulvar (quando o xixi pega na lesão, não quando urina - por isso vem com sintomas urinários) e prurido - aumento da secreção fisiológica para combate da herpes -> não é um corrimento com cor e cheiro característico -, leucorréia discreta ehialina. eduar Realce eduar Nota Aciclovir via oral usa-se toda vez que tem a crise, no momento em que está com a patologia! VIA ORAL = para diminuir carga viral, diminuindo a chance da recidiva. TÓPICO = diminui os dias de doença - uma vez que, se não fizermos nada, ele regride espontaneamente -. Trata, com exceção da primo-infecção (de 7 a 10 dias, e em alguns casos graves, venoso), eduar Nota Ou 2 comp./vez de 8h em 8h durante 5 dias - 400mg + pomada, 5X ao dia. Eduarda Michelin – ATM2024.2 O creme tem limitada efetividade. o Os cremes são muito utilizados para o tratamento da herpes labial, onde funcionam. Na herpes genital, a efetividade é limitada. O vírus da herpes labial é diferente do da herpes genital = doenças diferentes. SÍFILIS Também chamada de cancro duro. AGENTE ETIOLÓGICO: Treponema pallidum FASES: Fase Primária → lesão ulcerada. Cura espontânea. Fase Secundária → máculas, pápulas, eritema (roséolas), crostas e lesões ulcero- vegetantes. Podem ser confundidas com processo alérgicos – muitas pessoas usam antialérgicos -. Cura espontânea. Fase Latente → assintomática, mas com a contaminação mantida. Um dos grandes perigosos da doença. Fase Terciária → lesões gomosas. Ocorre após longo período de latência. Podem comprometer outros sistemas, como o cardiovascular, o nervoso (neuro-sífilis) e o ósteo- articular. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: PRIMÁRIA = aparecimento de uma lesão papulosa indolor no ponto de penetração do T. pallidum 2 a 3 semanas após a contaminação. Após, essa lesão indolor torna-se ulcerada, com bordas salientes e endurecidas (daí o nome cancro duro), base avermelhada não purulenta, caracterizando o protossifiloma. Essa lesão também está associada a adenopatia inguinal discreta, geralmente homolateral. As áreas de inoculação mais comuns são as áreas genitais, perineal ou anal. SECUNDÁRIA = após cerca de 14 dias, essa úlcera tem uma cura/regressão espontânea; e, em torno de 4 semanas após o aparecimento desse cancro, a gente tem o aparecimento clínico da Sífilis Secundária. A Sífilis Secundária tem um período longo de aparecimento, podendo durar de 3 a 12 semanas. Pode, também, ter uma evolução durante esse período. É caracterizada por pápulas chamadas de roséolas que são disseminadas – e podem se confluir -. Muito característico dessa doença é, também, o aparecimento dessas lesões nas palmas das mãos e planta dos pés, podendo aparecer em todo o corpo também. Eduarda Michelin – ATM2024.2 Normalmente está espalhado em tronco e membros, mas pode aparecer, inclusive, em cavidade oral. Muitas das vezes essas lesões são confundidas com processos alérgicos e/ou impetigo – por isso muitas mulheres acabam recebendo tratamento para alergia. É importante lembrar que toda erupção cutânea sem causa determinada deve ser investigada com testes para Sífilis. LATENTE: não apresenta sintomas. Aqui nessa fase, a sorologia é fundamental. Eduarda Michelin – ATM2024.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: PESQUISA DE TREPINEMA EM CAMPOS ESCUROS: Sífilis Primária e Secundária. o Na Sífilis Primária e Secundária, é possível avaliar a presença do treponema a partir de um raspado da lesão cutânea. Esse raspado, colocado em uma lâmina, permite observar a luminescência da espiroqueta. SOROLOGIA: lembrar que na Sífilis Primária o teste de sorologia pode nem sempre dar positivo, por isso que nessa fase a raspagem é o método mais importante. o Não Treponemicos: VDRL. São testes normalmente utilizados para triagem. São testes não específicos e com índice aumentado de falsos positivos. Serve muito para o controle de cura, porque como são testes quantitativos, é possível observar o recrudescimento dos valores do VDRL à medida que o paciente vai tratando. o Treponêmicos: Teste Rápido, FTA-abs (a nível de IgG ou IgM), ELISA. São testes mais específicos. FTA-abs e o IgG não negativam nunca. O IgM pode negativar. o Líquor: realizado em Sífilis Terciária, suspeita de Neuro-Sífilis, HIV+ e falha no TTO (falha no tratamento). Eduarda Michelin – ATM2024.2 Eduarda Michelin – ATM2024.2 ESQUEMA DE TRATAMENTO: O único tratamento efetivo para tratar o feto é a Penicilina. o Portanto, não se tem outra opção de tratamento para gestantes que são alérgicas a Penicilina. O que se faz nesses casos é a dessensibilização para a Penicilina → se usa pequenas doses via oral em um pequeno espaço de tempo (6 a 8 horas) → após a dessensibilização, se uma dose de Penicilina IM. Como são 3 doses, nas outras semanas se faz novamente a dessensibilização. o Tratamentos alternativos não tratam o feto em gestantes – tem que ser usado Penicilina -. Tratar parceiros. Repetir VDRL 3, 6 e 12 meses após. Sorologia deve decrescer – ocorre de modo lento -. VCRL negativa em 80% - 20% das mulheres vão continuar com o VDRL positivo -. FTA-abs não negativa – o IgG não negativa -. Eduarda Michelin – ATM2024.2 CANCRO MOLE ou CANCRÓIDE É uma doença causada pela bactéria Haemophilus ducreyi. Caracterizado por lesões múltiplas ou únicas, que são dolorosas e com aspecto purulento. Rápido período de incubação (3 a 5 dias) → fase que vai desde a inoculação da bactéria até o aparecimento da úlcera. DIAGNÓSTICO: lesões dolorosas, de bordas irregulares e contornos elevados. A base é recoberta por exsudato purulento, necrótico e de odor fétido. Podem ocorrer como lesões únicas, mas mais frequentemente aparecem de forma múltipla – lesão em espelho, ou seja, elas se auto inoculam -. As lesões podem ser acompanhadas de adenopatia inguinal dolorosa. PESQUISA MICROSCÓPIA DO H. DUCREYI: a partir do esfregaço da úlcera, se faz a coloração de Gram. O grande problema é a baixa sensibilidade (40%) → até porque a úlcera tem um grande conteúdo necrótico, o que acaba por fazer com que nem encontremos bactérias ali. CULTURA EM MEIOS ESPECÍFICOS AMPLIFICAÇÃO MOLECULAR (PCR) TRATAMENTO: Higiene local, como por meio da utilização de permanganato de potássio ou água boricada 2%. Ceftriaxona 250mg, IM, dose única. Azitromicina 1g, VO, dose única. Doxiciclina 100mg, VI, de 12h/12h, por 10 dias. Tianfenicol 5mg, VO, dose única. Trimetropima 160mg + Sulfametoxazol 800mg, VO, de 12h/12h, por 10 dias. Ciprofloxacina 500mg, VO, 12h/12h, por 3 dias. Eduarda Michelin – ATM2024.2
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