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Procedimentos na execução - Obrigação de fazer_não fazer

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Direito Processual Civil II
Procedimento das diversas espécies de execução
● Execução das obrigações de fazer e não fazer, fundada em título judicial ou
extrajudicial: as regras são encontradas no Livro II (principal) e no Capítulo IV do
Livro I
Em ambos os casos, devem ter um prazo para que o executado cumpra
voluntariamente a obrigação e subsistindo a omissão, segue-se a satisfação coativa
do credor por meio da transformação, com a realização do ato ou seu desfazimento
à custa do executado.
○ Obrigação de fazer.
■ Execução em cumprimento de sentença: Em conformidade com o
art. 536 do CPC, cumprimento de sentença (título judicial oriundo de
processo sincrético) que reconhece obrigação de fazer ou não fazer,
para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à
satisfação do exequente, é o princípio da efetividade da jurisdição.
Estabelecerá prazo para que o executado cumpra voluntariamente a
obrigação.
Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao
credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja
executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos (caso o
credor não aceite a execução da obrigação de fazer); caso em que ela
se converte em indenização. Entretanto, deve ser considerado o
princípio da primazia da tutela específica. O valor das perdas e danos
será apurado em liquidação, seguindo-se a execução para cobrança
de quantia certa.
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Poderá determinar medidas coercitivas, a depender da prestação ser
fungível ou infungível, como multas, busca e apreensão e medidas
alternativas, à remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras
e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário,
requisitar o auxílio de força policial. Ou medidas de sub-rogação
(através da expropriação, desapropriação e transformação), onde o
juízo tomará para si a responsabilidade, às custas do executado.
O critério legal é no sentido de que a multa há de ser suficiente e
compatível com a obrigação e sua incidência deve ser precedida do
estabelecimento de um prazo razoável para o cumprimento do
preceito pelo devedor (art. 537, caput). Podendo o juiz modificar o
valor ou excluir a multa se se tornou insuficiente ou excessiva, ou o
obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da
obrigação ou justa causa para o descumprimento. (art. 537, § 1º). Em
decorrência disso, se a prestação é impossível, material ou
juridicamente, o cumprimento da obrigação principal na forma
específica, a multa não incidirá, ficando o devedor exonerado.
■ Execução de título extrajudicial:
● Fase postulatória: Em conformidade com o art. 319 referente
a petição inicial, acompanhada do art. 798, o processo de
execução fundado em título executivo extrajudicial se iniciará
através de petição regular, juntamente com o documento do
título (termo ou condição), mas não demanda demonstrativo
de débitos, pois este é característico de pagamento de quantia.
○ Despacho liminar: fixa os honorários da execução
(10%), prazo para cumprimento e multa pelo atraso,
podendo reduzi-la se excessiva (CPC, Art. 827, § 1º,e Art.
814, caput e p. único).
■ Sanção premial: caso a obrigação seja cumprida
no prazo, cabe redução pela metade dos
honorários.
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■ Prazo: Não há prazo legal previsto, o executado
será citado para realizar a imposição de fazer no
prazo que o juiz lhe assinar, se outro não estiver
determinado no título (art. 814, CPC). O prazo
precisa ser adequado à obrigação, o juiz fixa de
acordo com o caso, por isso, não há um prazo
legal pré-definido. Ex.: o prazo para cavar um
buraco é diferente do de construir uma casa.
Trata-se de prazo material (ato da parte),
portanto, ocorre em dias corridos.
■ Multa: Pode o juiz impor multa coercitiva para
constranger o devedor à realização da prestação
(art. 814, CPC). Poderá fazê-lo de ofício ou a
requerimento da parte (arts. 5.0 ,XXX:V, CF, 537 e
771 parágrafo único, CPC). A fixação de
astreintes pode ocorrer em qualquer
periodicidade (art. 814, CPC), podendo ainda ser
única ou determinada de modo progressivo. Ex.:
multa diária, multa semanal, etc. Se já existia
previsão da multa no título (contrato, por
exemplo), o juiz pode aplicá-la ou reduzi-la
conforme o caso de multa exorbitante (art. 814,
parágrafo único)
○ Citação para cumprir a obrigação (CPC, Art. 815). Art.
815. Quando o objeto da execução for obrigação de
fazer, o executado será citado para satisfazê-la no prazo
que o juiz lhe designar, se outro não estiver
determinado no título executivo
● Postura do executado:
○ Cumprimento voluntário da obrigação: o executado
pratica o ato dentro do prazo fixado, com redução dos
honorários devido a sanção premial, extinguindo-se a
execução no tocante à obrigação principal, mas ficam
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ressalvados créditos pecuniários remanescentes, as
dívidas acessórias decorrentes do inadimplemento
(honorários pela metade, multa, eventuais perdas e
danos, cláusula penal, custas processuais, etc).
○ Embargos à execução (defesa): Citado, pode o
executado opor-se à execução por embargos (art. 914).
O prazo para embargar é de 15 dias úteis, a contar da
juntada do mandado de citação cumprido e independe
de caução (Art. 915), a menos que se pretenda obter
efeito suspensivo. Em regra, os embargos não têm
efeito suspensivo (para suspender a execução), mas é
possível requerer esse efeito ao juízo. No cumprimento
de sentença, a defesa é alegada como incidente, pela
impugnação do Art. 525. No caso de execução de título
extrajudicial, os embargos são autônomos.
○ Inércia do executado: Nesse caso, prossegue a
execução para a próxima etapa, com adição de meios
de sub-rogação ou de coerção, dependendo se a
prestação de fazer é fungível ou infungível.
● Fase instrutória em prestações fungíveis: Obrigações de
fazer fungíveis são aquelas que, embora assumidas pelo
devedor, podem ser cumpridas por qualquer pessoa, pois não
levam em conta qualidades pessoais dele. Somente nesses
casos podem valer-se de meios de sub-rogação: só elas
autorizam a prestação por um terceiro, às expensas do
devedor, a requerimento do exequente, que também pode
converter em perdas e danos (art. 816 CPC). Prescindem da
participação do devedor.
○ Conversão do procedimento: Nesse caso a obrigação
converte-se em indenização, instaurando-se incidente
de liquidação. Não sendo possível a obtenção da tutela
específica da obrigação, pode o exequente optar pela
obtenção da tutela pelo equivalente monetário,
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postulando indenização por perdas e danos em face do
inadimplemento (arts. 816, CPC, e 247-248, CC). Sempre
que a obrigação de fazer é frustrada, ela é convertida
em obrigação de pagamento de quantia (obrigação
específica). A decisão que converte a execução de fazer
em execução por quantia certa constitui decisão
interlocutória. O valor das perdas e danos será apurado
em liquidação (art. 509 e ss., CPC). Liquidada a
obrigação, segue-se o procedimento da execução por
quantia certa (art. 824 e ss., CPC). A liquidação e ulterior
execução correm nos mesmos autos em que postulada
originariamente a realização da obrigação de fazer.
○ Transformação: Execução por terceiro ou pelo credor,
quando a obrigação for fungível (CPC, Art. 817 e ss., CC,
Art. 249). Não realizada a prestação no prazo assinado
no título ou pelo juiz (art. 815, CPC), e sendo a obrigação
fungível, pode o exequente requerer que ela seja
realizada à custa do executado por terceiro (arts. 816,
CPC, e 249, CC), pelo próprio exequente ou sob sua
direção e vigilância (art. 820, CPC).A realização da
prestação à custa do executado não exclui o direito do
exequente à indenização por perdas e danos.
■ Escolha do terceiro: O Código não esclarece o
procedimento da escolha. Soluções: (|) cadastro
no juizo, (ii) sugestão do exequente, (Iii)
publicação para licitação. O exequente, ao
requerer a realização por terceiro à custa do
executado, pode desdelogo apresentar ao juízo
propostas de terceiros aptos a concretizar a
prestação. Normalmente, quem apresenta a
proposta é o terceiro. Mas pode o juiz ainda
determinar a apresentação de proposta por
terceiro de sua confiança. Nada obsta, ainda,
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que o juiz determine que ambas as partes
apresentem nos autos propostas de terceiros
interessados e capazes de realizar a prestação
exequenda.
■ Apresentação da proposta e manifestação das
partes: Apresentada a proposta o juiz ouve as
partes para, em seguida, aprová-la (CPC, Art, 817,
parágrafo único). Rejeitada a proposta,
renova-se o processo de escolha, se o terceiro
não se adequar à proposta. Após a aprovação da
proposta formalizada, ficando terceiro obrigado,
poderá o exequente exercer seu direito de
preferência, observado o prazo legal de até 05
dias: ele próprio pode executar a obrigação ou
mandar executar, sob sua direção e vigilância, a
realização da prestação, contanto que o faça nas
mesmas condições estabelecidas na proposta do
terceiro que foi aprovada pelo juiz.
■ Adiantamento do preço: O ônus de adiantar as
despesas cabe ao exequente, para sua
comodidade e urgência (CPC, Art. 817, parágrafo
único). Escolhido o terceiro para prestação do
fato, o exequente adiantará as quantias
previstas na proposta vencedora. Não se aplica
para o cumprimento de títulos judiciais, já que
nada justificaria impor ao credor, já reconhecido
por título judicial, o ônus de antecipar as
despesas, enquanto o devedor usufrui de sua
inércia. Para os títulos judiciais, é o devedor que
deve antecipar as despesas necessárias ao fazer
a prestação por terceiro, neste caso, o devedor
(executado) pode ser obrigado a adiantar as
despesas, pois a responsabilidade de custear a
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transformação é do executado. Somente se for
conveniente ao exequente ele pode adiantar por
si mesmo e cobrar no processo o ressarcimento
■ Verificação do cumprimento: É realizada vistoria
para, se for o caso, avaliar o custo das despesas
necessárias ao acabamento e à correção da
obra, condenando o contratante a pagá-lo. O
exequente tem 10 dias para reclamar o
descumprimento ou cumprimento defeituoso ou
incompleto do terceiro contratado (Art. 818).
Caso haja impugnação, abre-se um incidente
processual para o juiz decidir (Art. 818, parágrafo
único). A impugnação (da reclamação) de
qualquer das partes, pode se dar por mero
requerimento nos autos no prazo de 15 dias (art.
819). A parte impugnante tem o ônus de indicar
precisamente o motivo de sua irresignação. O
contratante (aquele que realizou a prestação)
pode impugnar a reclamação; admiti-la; ou ficar
inerte. Caso o exequente tenha pago pelos
custos do serviço do terceiro, concluído o serviço
de forma satisfatória, prossegue a execução e
ele pode pleitear que o executado o pague de
volta (art. 819, parágrafo único).
● Fase instrutória em prestações infungíveis: Obrigações de
fazer infungíveis. São aquelas que só o devedor pode cumprir.
Nestes casos não se admite a sub-rogação, só poderão valer-se
dos meios de coerção, e se eles se revelarem ineficazes, só
restará a conversão em perdas e danos. Exigem colaboração
do devedor.
○ Inércia ou recusa do executado: A omissão ou recusa
do executado torna a execução específica inviável, pois
ninguém pode ser obrigado a fazer algo (nemo potest
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cogit ad factum), princípio da intangibilidade do
executado.
○ Conversão em perdas e danos: Abstraindo-se os meios
de coerção, nada resta senão converter-se a obrigação
em perdas e danos (Art. 821, parágrafo único). Há uma
liquidação da sentença e transformação em execução
de pagar quantia.
○ Obrigação de não fazer. Se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção
estava obrigado pela lei ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que lhe
assine prazo para desfazê-lo. Havendo recusa ou inadimplemento do
devedor, o credor requererá ao juiz que mande desfazer o ato à sua custa,
respondendo o devedor por perdas e danos. Não sendo possível desfazer-se
o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos.
A distinção entre prestação instantânea ou permanente é importante para
determinar as consequências do inadimplemento. A prestação instantânea
não pode ser desfeita, impondo-se nesse caso a reparação pecuniária (Art.
823, parágrafo único). A prestação instantânea inadimplida é impossível de
ser desfeita, logo, converte-se em perdas e danos.
Não sendo instantânea, sendo permanente, segue-se para o procedimento.
■ Procedimento:
● Citação: O executado é citado para abster-se de praticar ato,
mas se já o praticou pode ser citado para desfazê-lo caso seja
possível (Art. 822).
● Posturas do executados:
○ Desfazimento do ato: Execução de custeamento (CPC,
Art. 823), não se trata mais da obrigação originária de
não fazer, mas uma obrigação derivada, que tem como
prestação um fazer contrário (desfazer). Sendo
impossível o desfazimento em prestação permanente,
assim como nas instantâneas, a obrigação resolve-se
em perdas e danos
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○ Resistência ao desfazimento: Não desfazendo, poderá
o exequente requerer ao juiz que determine o
desfazimento por conta do executado. O desfazimento
pode ser feito por terceiro, pelo próprio exequente ou
sob sua direção e vigilância. O desfazimento às custas
do executado não exclui o direito do exequente de
postular perdas e danos por eventuais prejuízos
causados pela conduta indevida do executado.
○ ou a Inércia (não desfazer): Frustrado o meio
executivo, resolve-se a obrigação descumprida em
perdas e danos. O valor das perdas e danos será
apurado com instauração de incidente de liquidação
(CPC, Art. 823, p. único). Liquidado o dano, a execução
segue o rito da execução por quantia certa.
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