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Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 1 Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 2 SUMÁRIO Siglas utilizadas 5 1. Missão e estrutura da controladoria e o papel do controller 6 1.1. O controller e suas funções 7 1.2. A controladoria na organização 7 1.3. Missão da controladoria 7 1.4. Estrutura da controladoria 7 2. Controles internos 8 2.1. Aspectos gerais do controle interno 9 2.2. Tipos de controles internos 10 3. Forma de atuação do controller 10 3.1. Funções dos gerentes/administradores 11 4. Sistema de informação de controladoria 11 5. Controladoria no planejamento operacional 12 5.1. Determinação da estrutura do ativo 13 5.1.1. Decisão de investimento e determinação da estrutura do ativo 13 5.1.2. Investimentos e atividades 14 5.1.3. Ativos fixos e capital de giro 14 5.2. Determinação da estrutura do passivo 14 5.2.1. Estrutura de passivo ou estrutura de capital 15 5.2.2. Capital próprio e capital de terceiros 15 5.2.3. Alavancagem financeira 15 6. Planejamento e controle orçamentário 16 6.1. Objetivos do orçamento 16 6.2. Organização do orçamento 18 6.3. Estrutura do plano orçamentário 18 6.4. Orçamento operacional 19 6.5. Orçamento de investimentos e financiamentos 19 6.6. Projeção dos demonstrativos contábeis 20 6.7. Orçamento de produção 20 6.8. Orçamento de materiais e estoques 21 6.8.1. Aspectos gerais do orçamento de materiais 21 6.8.2. Tipos de materiais 22 6.9. Controle orçamentário 23 6.9.1. Responsabilidade pelo controle orçamentário 23 7. Conceito de controle 24 8. Aspectos práticos de controle interno 24 8.1. Controle interno dos pagamentos nos diversos setores 24 8.1.1. Estoques 24 8.1.2. Inventários 25 8.1.3. Estoques - compras 25 Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 3 SUMÁRIO 8.2. Contas a pagar 26 8.2.1. Fornecedores 26 8.2.2. Controles internos sobre pagamentos – tesouraria 26 8.2.3. Bancos 26 8.2.4. Contas a receber 27 8.2.5. Controles internos de recebimento 27 8.3. Controles internos da produção 28 8.3.1. Programação de produção 28 8.3.2. Ordem de produção 28 8.3.3. Requisições de materiais 28 8.3.4. Controle de perdas 28 8.3.5. Estoques de produtos acabados 29 8.3.6. Objetivos a ser alcançados com controles internos da produção 29 8.4. Procedimentos a ser observados quanto a controle interno da produção e despesas 29 8.4.1. Compras 29 8.4.2. Recebimento de mercadorias 30 8.4.3. Sistema de custos 31 8.4.4. Despesas de marketing 31 9. Outros procedimentos gerais de controle 32 9.1. Contabilidade 32 9.2. Segurança 33 9.3. Seguros 34 9.4. Serviços administrativos 35 9.5. Sistemas 35 10. Controles e segurança da informação 36 10.1. Controles internos relacionados com a segurança de sistemas 36 10.1.1. Controles gerais – controles organizacionais 36 10.2. Planejamento, desenvolvimento, utilização e manutenção de sistemas 38 10.3. Controle de padrões de documentação 39 10.3.1. Documentação organizacional 39 10.3.2. Documentação de sistemas e programas 39 10.3.3. Documentação operacional 39 10.4. Controles operacionais 40 10.4.1. Geração, aprovação e conversão de dados 40 10.4.2. Validade de dados 40 11. Controles de segurança física e de dados do sistema de informação 41 11.1. Ameaças ao sistema de informação 41 11.1.1. Ameaças físicas 41 11.1.2. Ameaças sociais/pessoais 41 11.1.3. Ameaças tecnológicas 41 11.1.4. Vírus 41 11.1.5. Código hostil 42 11.2. Como reduzir riscos 44 Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 4 SUMÁRIO 11.3. Controles de autenticação, de acesso e segurança ao sistema de informação 45 11.3.1. Autenticação 45 11.3.2. Senhas 45 11.3.3. Cookies 46 11.3.4. Smartcard 46 11.3.5. Criptografia 46 11.3.6. Autenticação biométrica 47 11.3.7. Certificação digital 47 11.4. Segurança de informação 47 11.4.1. Segurança de redes 47 11.4.2. Segurança na web 48 11.4.3. Segurança de e-mail 49 11.5. Pesquisas sobre segurança e ameaça do sistema de informação 50 11.5.1. 77% das empresas no Brasil tiveram sistema de TI atacado em 2003 50 11.5.2. 60% das empresas brasileiras vão aumentar gastos em segurança 51 12. Gestão de tributos 51 12.1. Gestão de tributos x planejamento tributário 52 12.2. Comitê de assuntos tributários 52 12.3. Sistema de informação de gestão de tributos 53 12.4. Objetivos do subsistema de gestão de tributos 53 12.5. Atributos e funções 53 12.6. Operacionalidades do sistema 54 12.7. Informações e relatórios gerados 54 12.8. Controles internos na área tributária 54 12.8.1. DCTF - Declaração de Débitos e Créditos Tributários 54 12.8.2. DIPJ - Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica 55 12.9. Conciliação contábil e composição de saldos 56 12.10. Outros procedimentos 58 12.11. Lalur 59 12.12. Retenções de tributos 61 12.12.1. Pagamentos a pessoas físicas 61 12.12.2. Pagamentos a pessoas jurídicas 61 12.13. Impostos indiretos 63 12.13.1. Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI 63 12.13.2. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços - ICMS 64 12.13.3. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS 65 12.13.4. Alíquotas do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros - IOF 65 12.14. Impostos diretos 67 12.14.1. Imposto de Renda 67 12.14.2. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR 67 12.14.3. Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis por Ato Oneroso Inter Vivos - ITBI 68 12.14.4. Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU 68 12.14.5. Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA 68 13. Referências 69 Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 5 SIGLAS UTILIZADAS CLT: Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452/43) Cofins: Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Lei Complementar nº 70/91) CPMF: Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (Lei nº 9.311/96) CSL ou CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (Lei nº 7.689/88) ICMS: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (Lei Complementar nº 87/96) GPS: Guia da Previdência Social ICMS: Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação IN: Instrução Normativa INSS: Instituto Nacional de Seguridade Social IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados IR: Imposto de Renda IRF: Imposto de Renda na Fonte IRPF: Imposto de Renda – Pessoa Física IRPJ: Imposto de Renda – Pessoa Jurídica ISS: Imposto sobre Serviços Lalur: Livro de Apuração do Lucro Real LC: Lei Complementar OS: ordem de serviço PIS: Programa de Integração Social (Lei Complementar nº 7/70) Ripi: Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados RIR/99: Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/99) SRF: Secretaria da Receita Federal Tipi: Tabela de Incidência do IPI TJLP: Taxa de Juros a Longo Prazo DCFT: Declaração de Débitos e Créditos Tributários DIPJ: Declaração integrada de informações Econômico-Fiscais IRRF: Imposto de Renda Retido na Fonte Figura 1. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 6 1. MISSÃO E ESTRUTURA DA CONTROLADORIA E O PAPEL DO CONTROLLER Controladoria é a unidade administrativa dentro da empresa que, por intermédio da ciência contábil e do sistema de informação, é responsável pela coordenação da gestão econômica do sistema empresa. A visão de controladoria segundo Heckert e Wilson (1963) parece-nos extremamente esclarecedora. Segundo esses autores, a ela não compete o comando do navio, pois essa tarefa é do primeiro executivo; representa, entretanto, o navegador, que cuida dos mapas de navegação. É sua finalidade manter informado o comandante quanto à distância percorrida, ao local em que se encontra, à velocidade da embarcação, à resistência encontrada, aos desvios da rota, aos recifesperigosos e aos caminhos traçados nos mapas, para que o navio chegue ao destino. Dessa forma podemos explicitar a missão da controladoria: dar suporte à gestão de negócios da empresa, de modo a assegurar que esta atinja seus objetivos, cumprindo assim sua missão. O objetivo é controlar, informar e influenciar para assegurar a eficácia empresarial. Nunca é uma posição passiva, mas ativa, sabendo da responsabilidade que tem a controladoria de fazer acontecer o planejado. Figura 2. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 7 1.1. O controller e suas funções A essência da função de controller é uma visão proativa, permanentemente voltada para o futuro. Essencial para a compreensão apropriada da função de controladoria é uma atitude mental que energiza e vitaliza os dados financeiros por aplicá-los ao futuro das atividades da companhia. E um conceito de olhar para a frente um enfoque analiticamente treinado, que traz balanço entre o planejamento administrativo e o sistema de controle (HECKERT; WILSON, 1963). As funções do controller são: a) planejamento e controle; b) relatórios internos; c) avaliação e consultoria; d) relatórios externos; e) proteção dos ativos; f) avaliação econômica. 1.2. A controladoria na organização O controller deve responder ao diretor ou ao vice-presidente administrativo e financeiro e tem suas funções diferenciadas das do responsável pela aplicação e pela captação de recursos, que se denomina tesoureiro. Fundamentalmente, concordamos com a posição do controller separada. Entendemos que a função de tesouraria ou de finanças é uma atividade de linha e operacional que, basicamente, tem como função o suprimento de recursos para as demais atividades desenvolvidas internamente na companhia e que, por sua vez, deve ser avaliada igualmente com as demais pela controladoria. 1.3. Missão da controladoria A controladoria, que tem uma missão específica e, por conseguinte, objetivos a ser alcançados, é um órgão que pode ser mais bem caracterizado como de linha, apesar de, em suas funções com relação às demais atividades internas da companhia, as características serem mais de um órgão de apoio. Cabe a ela o processo de assegurar a eficácia da empresa, por meio do controle das operações e e seus resultados planejados. Quando do planejamento das atividades empresariais, a empresa espera atingir determinados objetivos econômicos para satisfazer os acionistas do empreendimento, e esses objetivos são o ponto central de atuação da controladoria. 1.4. Estrutura da controladoria Basicamente, a controladoria é a responsável pelo sistema de informação contábil gerencial da empresa, e sua missão é assegurar o resultado desta. Para tanto, deve atuar fortemente em todas as etapas do processo de gestão da organização, sob pena de não exercer adequadamente sua função de controle e reporte na correção do planejamento. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 8 Assim, além das funções gerenciais, deve assumir as regulatórias, normalmente vinculadas aos aspectos contábeis societários e de legislação fiscal. Além disso, a estruturação da controladoria deve estar ligada aos sistemas de informações necessários à gestão. Assim, podemos, primariamente, estruturar a controladoria em duas grandes áreas: a contábil e fiscal e a de planejamento e controle. A área contábil e fiscal é responsável pelas informações societárias e fiscais e pelas funções de guarda de ativos, tais como demonstrativos a ser publicados, controle patrimonial e seguros, gestão de impostos, controle de inventários etc. Dentro dessa área, é imprescindível a existência de um setor que se responsabilize pelas informações para abastecer os responsáveis pela estratégia e para controlá-la. Utiliza-se pesadamente dos sistemas de informações de apoio às operações e gestão. É o setor que possibilita ao controller sua efetiva participação no processo de planejamento estratégico. Figura 3. 2. CONTROLES INTERNOS Vamos falar do planejamento organizacional e de todos os métodos e procedimentos adotados dentro de uma empresa a fim de salvaguardar seus ativos, verificar a adequação e o suporte dos dados contábeis, promover a eficiência operacional e encorajar a aderência às políticas definidas pela direção, com o objetivo de evitar fraudes, erros, ineficiências e crises. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 9 2.1. Aspectos gerais do controle interno O controle interno deve ser: a) útil – quando salvaguarda os ativos da empresa e promove o bom desenvolvimento dos negócios, protegendo-a e as pessoas que nela trabalham; b) prático – quando apropriado ao tamanho da empresa e ao porte das operações, com objetividade no que controlar e simples na sua aplicação; c) econômico – quando o benefício de mantê-lo é maior que o seu custo (custo/benefício). A sua importância é para: a) Salvaguarda do ativo – proteger os ativos de eventuais roubos, perdas, uso indiscriminado ou danos morais (imagem da empresa); b) Desenvolvimento do negócio – sistema de controle interno que permita à administração agir com a maior rapidez e segurança possível nas tomadas de decisões. c) Resultado das operações – fornecer à administração, em tempo hábil, informações que possibilitem aproveitamento de todas as oportunidades de bons negócios, redução de custo e aumento do nível de confiança dos clientes e funcionários da empresa. Isso objetiva que a organização cumpra seus conceitos e finalidades. Toda e qualquer empresa existe em função de, no mínimo, três grandes fins: • Cumprir com seu objetivo social – lucro, bem-estar da comunidade, formação política etc. • Atender às necessidades e às expectativas de seus clientes. • Proporcionar um ambiente rico e saudável para as pessoas que ali trabalhem, fornecendo condições para que elas possam aprimorar continuamente suas habilidades técnico-profissionais e humanas e recompensando- as pelos seus desempenhos (seja mediante elogios, prêmios ou promoções). As pessoas devem saber como são avaliadas e participar desse processo. Um ambiente propício para existir um bom controle interno inclui: • princípios éticos, retidão e integridade dos funcionários e da empresa; • estrutura organizacional adequada; • comprometimento com a competência e a eficiência; • formação de uma cultura organizacional; • estilo e atitude exemplar dos administradores; • políticas e práticas adequadas de recursos humanos; • sistemas adequados. O controle é exercido por meio de cinco atividades básicas: a) segurança e proteção dos ativos e arquivos de informação; b) documentação e registros adequados; c) segregação de funções; d) procedimentos adequados de autorizações para o processamento das transações; e) verificações independentes. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 10 2.2. Tipos de controles internos A Exposição de Normas de Auditoria nº 29 (ENA 29) estabelece que o sistema de controle interno de uma empresa se decompõe em dois grupos de controle: os de natureza contábil e os de natureza administrativa. Os controles contábeis compreendem o plano de organização e todos os sistemas, métodos e procedimentos relativos a: • salvaguarda dos bens, direitos e obrigações; • fidedignidade dos registros financeiros. Exemplos: • sistema de autorização e aprovação de transações; • princípios de segregação de tarefas; • controles físicos sobre os bens e informações; • custódia de bens e direitos. Os controles administrativos compreendem o plano de organização, os sistemas, métodos e procedimentos utilizados pela direção com a finalidade de contribuir para: • eficiência e eficácia operacional; • obediência a diretrizes, políticas, normas e instruções da administração. Exemplos: • programasde treinamento e desenvolvimento de pessoal; • métodos de programação e controle de atividades; • sistemas de avaliação e desempenho; • estudos de tempos e movimentos Os programas que uma empresa desenvolve para o treinamento e o desenvolvimento de seu pessoal têm por finalidade contribuir para que haja pessoas mais capacitadas. Estas tendem a provocar menor quantidade de erros durante a execução de suas funções, colaborando para maior qualidade do fluxo de transações da empresa. 3. FORMA DE ATUAÇÃO DO CONTROLLER O papel do controller é o de monitoramento do plano de ação da empresa, fazendo a avaliação coordenada da atuação de todos os gestores, sempre com foco no desempenho e nos resultados, global e setorial. Os gestores são responsáveis pela geração dos resultados de cada uma de suas áreas. Cabe à controladoria o monitoramento desses resultados em relação aos números planejados. A função da área é de apoio, mas não de responsabilidade final pela obtenção dos resultados setoriais. Podemos dizer, então, que a controladoria não toma decisões operacionais, exceto as necessárias para a condução de sua área de atividades. Em resumo, o papel do controller pode ser resumido em: • monitoramento dos sistemas de informações gerenciais; • apoio aos demais gestores; • influência; Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 11 • persuasão; • ausência de tomada de decisões operacionais, exceto as da sua área. 3.1. Funções dos gerentes/administradores Para o bom andamento de uma política de controles internos na empresa, é imprescindível que os gerentes e os administradores, além de estilo e atitude exemplar, cumpram suas funções: a) Estabelecer objetivos/metas: o que se deseja atingir, em quanto tempo e a que custos, quais os recursos necessários e suas estimativas de valores. b) Planejar: estabelecer diretrizes, estratégias e políticas que nortearão o desempenho de todos na empresa, responsáveis por atingir os objetivos/metas. c) Organizar: colocar o recurso certo no lugar certo e no momento certo, sempre como determinado pelo planejamento. É deixar bem claro quem faz o que, por que, onde, quando e como. d) Comandar: fazer cumprir ordens dadas. e) Coordenar: é o aspecto mais humano do conjunto de funções. É saber orientar, ensinar, avaliar, premiar e, quando necessário, punir. É a harmonização do trabalho das pessoas, uma forma de transformar um grupo em uma equipe. Um grupo de trabalho torna-se equipe quando o líder for capaz de exercer adequada coordenação. f) Controlar: verificar o andamento dos trabalhos e das realizações, comparado com aquilo que estava em vista (objetivos, metas, orçamentos etc.). As pessoas devem reportar aos seus superiores a maneira pela qual têm exercido suas responsabilidades e receber destes um feedback sobre onde são necessárias melhorias no desempenho. A organização deve ser suficientemente flexível para permitir mudanças em sua estrutura. Nada é imutável. As organizações são vivas, dinâmicas, e muitas vezes é preciso mudar para não se tornarem obsoletas. 4. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA Podemos definir sistema de informação como um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma sequência lógica para o processamento dos dados e sua tradução em informações, de modo a, com o seu produto, permitir às organizações o cumprimento de seus objetivos principais. Eles classificam-se em: sistemas de informação de apoio às operações e sistemas de informação de apoio à gestão. Os sistemas de informação de apoio às operações são aqueles que nascem da necessidade de planejamento e controle das diversas áreas operacionais da empresa. Estão ligados ao sistema físico-operacional e surgem da necessidade de desenvolver as operações fundamentais da firma. Como exemplo, podemos citar os sistemas de informações de controle de estoque, de banco de dados, de estrutura de produtos, de processo de produção, de planejamento e controle da produção, de compras, de controle patrimonial, de controle de recursos humanos, de carteira de pedidos, de planejamento das vendas, de acompanhamento de negócios etc. Os sistemas de informação de apoio à gestão são aqueles ligados à vida econômico-financeira da empresa e às necessidades de avaliação de desempenho dos administradores internos. Fundamentalmente, são utilizados pelas Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 12 áreas administrativa e financeira e pela alta administração da companhia, com o intuito de planejamento e controle financeiro e de avaliação de desempenho dos negócios. São exemplos os sistemas de informação contábil, de custos, de orçamento, de planejamento de caixa, de planejamento de resultados, de centros de lucros etc. Para que o sistema global de informações empresariais funcione adequadamente a um custo aceitável, é necessária a perfeita integração desses dois grandes grupos. Como refinamento dos sistemas de apoio à gestão, existem sistemas específicos desenhados para um auxílio direto à questão das decisões gerenciais. Eles se utilizam da base de dados dos sistemas operacionais e dos sistemas de apoio à gestão e têm como foco flexibilizar informações não estruturadas para tomada de decisão. Manuais de procedimentos detalhados, em suporte às políticas e diretrizes emitidas pela diretoria, devem ser desenvolvidos a fim de garantir consistência no processamento das transações diárias. Um adequado plano de contas deve existir, juntamente com um manual de contabilidade com procedimentos detalhados para o registro nas diversas contas. Um sistema eficiente de relatórios gerenciais deve estar disponível para fornecer dados consistentes à administração. Esses relatórios devem incluir o balancete mensal, o fluxo de caixa, além dos relatórios operacionais. A elaboração de instruções por escrito e fluxogramas para documentar processamento de pedidos, ordens de compra, pedidos de cheque, recebimentos de caixa etc. é útil para trazer à luz ineficiências no processamento e deficiências nos controles internos. Controles adequados devem ser exercidos na definição e na delegação de responsabilidades da manutenção de numerários e ativos da empresa, quando da admissão de pessoal para exercer tais funções. Qualquer ocorrência de desvios de bens da empresa ou operações fraudulentas deve ser de imediato reportada à controladoria. O departamento jurídico deve controlar, conforme as determinações da controladoria, quais relações da empresa com terceiros devem ser objeto de instrumento contratual. Os contratos, antes de formalizados, devem ser analisados pelo Departamento Jurídico. Um procedimento adequado deve existir quanto à revisão da expiração desses contratos e de sua renovação. 5. CONTROLADORIA NO PLANEJAMENTO OPERACIONAL O processo de planejamento operacional está totalmente ligado à estrutura básica do balanço patrimonial nas suas duas grandes áreas: ativo e passivo. Inicialmente, caracteriza-se pela determinação da estrutura do ativo das unidades de negócio, e, em seguida, pela da estrutura desejada, ou ideal de financiamento, dos investimentos do ativo. Assim, dentro do processo de planejamento operacional, cabe à controladoria a criação de modelos de decisão, mensuração e informação ligados à determinação das estruturas de ativos e passivos das unidades de negócio e da empresa, bem como às decisões posteriores de adaptação das estruturas determinadas. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 13 5.1. Determinação da estrutura do ativo As funções de finanças envolvem três principais decisões que a companhia tem que tomar: a de investimento, a de financiamento e a de dividendos. A decisão de investimento é a mais importante das três decisões quando no propósito de criar valor. Investimento de capital é a alocação de capital para as propostasde investimentos cujos benefícios serão realizados no futuro. Uma vez que os futuros benefícios não são conhecidos com certeza, as propostas de investimento necessariamente envolvem riscos. Consequentemente, elas devem ser avaliadas na relação de seu retorno e risco esperado, uma vez que esses fatores afetam a avaliação da empresa no mercado (VAN HORNE, 1974). Queremos ressaltar que essas três decisões, apesar de serem consideradas típicas funções do administrador financeiro, fazem parte, na realidade, do escopo da controladoria e estão sob a responsabilidade do controller, uma vez que têm por fim apoiar a empresa em todo o processo de gestão, que inclui o planejamento operacional. Figura 4. 5.1.1. Decisão de investimento e determinação da estrutura do ativo Os investimentos possíveis são apresentados dentro do conceito de fluxos de caixa, e a decisão deve ser feita à luz dos conceitos de valor do dinheiro no tempo, retorno e risco esperados. Os critérios mais utilizados são o valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR). Será escolhido o investimento, ou o conjunto de investimentos, que apresentar o melhor retorno com o menor risco. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 14 5.1.2. Investimentos e atividades Uma das características dos investimentos é que eles são um dos recursos, meios ou instrumentos utilizados pelas atividades para que estas produzam os produtos e serviços a que se destinam. Podemos definir as atividades como unidades de aglutinação de especializações do conhecimento humano, dentro da empresa, necessárias para que esta atinja seus objetivos com eficácia. Desse modo, é possível classificar as atividades da empresa, em relação aos recursos utilizados para obtenção dos produtos e serviços finais, em dois grandes tipos: • as que utilizam os recursos; • as que coordenam ou distribuem recursos. Compras, estocagem, produção e vendas são os principais exemplos de atividades que utilizam recursos. Finanças, recursos humanos, sistemas, engenharia, controladoria etc. são exemplos de atividades que têm como função monitorar ou distribuir recursos. 5.1.3. Ativos fixos e capital de giro No balanço patrimonial, o ativo representa os investimentos da empresa, que são agrupados em duas classes principais: • os que têm uma dinâmica própria e acompanham o ciclo de operações da empresa, denominados investimentos no capital de giro (estoques, contas a receber, contas a pagar); • os que se caracterizam por um forte grau de imutabilidade ou fixidez, denominados ativos fixos (imóveis, equipamentos, utensílios, intangíveis adquiridos). Para desenvolverem suas funções, as atividades requerem, além dos recursos imediatamente consumidos no processo de execução de suas atividades e da obtenção dos produtos e serviços, investimentos nas duas classes de ativos. 5.2. Determinação da estrutura do passivo Como complemento natural da determinação da estrutura do ativo, qualquer projeto de investimento requer a decisão de financiamento, ou seja, quais serão as fontes de recursos a ser buscadas que permitirão a efetivação do investimento proposto. A decisão de financiamento para um projeto específico determina sua estrutura específica de passivo. Contudo, na visão de uma operacionalidade contínua, uma empresa não deixa de ser uma sucessão de projetos de investimentos. Essa estrutura de passivo tem que ser administrada continuadamente. Apesar de ser uma atividade ligada à tesouraria, cabe também à controladoria seu monitoramento, pois a estrutura de passivo adequada gera resultados econômicos mensuráveis que causam impacto no valor da empresa e é componente fundamental do processo de planejamento orçamentário. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 15 5.2.1. Estrutura de passivo ou estrutura de capital Define-se estrutura de passivo como a participação relativa dos diversos tipos de fontes de capital remuneradas que estão sendo utilizadas para financiar os investimentos do ativo da empresa. A estrutura de passivo também é denominada de estrutura de capital. 5.2.2. Capital próprio e capital de terceiros A visão tradicional de finanças encara as fontes vindas de fornecedores externos de capital como capital de terceiros, ou seja, seus detentores não fazem parte da gestão da firma. O valor das fontes dos acionistas, considerados fornecedores internos de capital, é denominado de capital próprio. Em nosso país, enquadram-se aí os acionistas preferenciais e ordinários. Na literatura financeira internacional, as ações preferenciais são consideradas como capital de terceiros. Basicamente, a separação entre capital próprio e capital de terceiros decorre de dois fundamentos: Aspecto jurídico: legalmente, os acionistas é que assumem os riscos e as responsabilidades finais pelo empreendimento quando de sua eventual liquidação. Tipo de remuneração: as fontes de capital de terceiros devem ser remuneradas de acordo com os termos contratuais, por meio de juros ou prêmios, independentemente de a empresa ter tido ou não lucro suficiente para tanto. São considerados como renda fixa. Já as fontes de capital próprio são remuneradas basicamente pelo lucro residual após o pagamento aos financiadores externos. No caso da inexistência de lucros residuais (prejuízo), os acionistas não terão o que ser distribuído. Os lucros pagos aos acionistas são denominados de dividendos ou lucros distribuídos. São considerados como renda variável, por serem residuais. 5.2.3. Alavancagem financeira Alavancagem financeira significa a possibilidade de os acionistas da empresa obterem maiores lucros para suas ações com o uso mais intensivo de capital de terceiros, ou seja, empréstimos. O fundamento dela é que os juros são custos fixos, e, portanto, permitem o fenômeno. Como sempre, no dilema risco x retorno, todo fenômeno de alavancagem, baseado em gastos fixos, tem a sua contrapartida negativa, que é o risco. Assim, a alavancagem financeira traz também o risco financeiro. O fato de os juros serem um custo fixo permite duas possibilidades de alavancagem financeira, que podem ser utilizadas conjuntamente. A primeira decorre de obter custos de financiamentos das fontes externas em percentual inferior à rentabilidade oferecida pelos ativos da empresa. A segunda decorre da natural possibilidade das empresas de aumentarem seu nível de atividade, com vendas e lucros operacionais maiores, alavancando rentabilidade para os acionistas por manterem fixos os valores pagos ao capital de terceiros. A alavancagem financeira decorrente do aumento do volume é similar à operacional, e, dentro de expectativas de volumes maiores esperados, pode até permitir aceitar taxas de juros maiores que aquelas admissíveis dentro de volumes menores de atividade e vendas. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 16 6. PLANEJAMENTO E CONTROLE ORÇAMENTÁRIO A base da controladoria operacional é o processo de planejamento e controle orçamentário, também denominado planejamento e controle financeiro ou planejamento e controle de resultados. O orçamento é a ferramenta de controle por excelência de todo o processo operacional da empresa, pois envolve todos os setores da companhia. Uma definição que pode ser dada é que o orçamento é a expressão quantitativa de um plano de ação e ajuda a coordenação e a implementação dele. Orçar significa processar todos os dados constantes do sistema de informação contábil de hoje, introduzindo os dados previstos e considerando as alterações já definidas para o próximo exercício. Portanto, o orçamento não deixa de ser uma pura repetição dos relatórios gerenciais atuais, só que com os dados previstos. Não há basicamente nada de especial para se fazer o orçamento: basta colocar no sistema de informação contábil, no módulo orçamentário, os dadosque deverão acontecer no futuro, dentro da melhor visão de que a empresa tem no momento de sua elaboração. Contudo, convém lembrar que ele tem outros objetivos, e estes devem ser buscados dentro de seu conjunto, sendo uma ferramenta ideal para o processo de congruência de diversos objetivos corporativos e setoriais. 6.1. Objetivos do orçamento O orçamento pode e deve reunir diversos objetivos empresariais, na busca da expressão do plano e controle de resultados. Portanto, convém ressaltar que o plano orçamentário não é apenas prever o que vai acontecer e seu posterior controle. O ponto fundamental é o processo de estabelecer e coordenar objetivos para todas as áreas da empresa, de forma que todos trabalhem sinergicamente em busca dos planos de lucros. Exemplos de propósitos gerais que devem estar contidos no plano orçamentário podem ser: • Orçamento como sistema de autorização: o orçamento aprovado não deixa de ser um meio de liberação de recursos para todos os setores da empresa, minimizando o processo de controle. • Um meio para projeções e planejamento: o conjunto das peças orçamentárias será utilizado para o processo de projeções e planejamento, permitindo, até, estudos para períodos posteriores. • Um canal de comunicação e coordenação: incorporando os dados do cenário aprovado e das premissas orçamentárias, é instrumento para comunicar e coordenar os objetivos corporativos e setoriais. • Um instrumento de motivação: na linha de que o orçamento é um sistema de autorização, ele permite um grau de liberdade de atuação dentro das linhas aprovadas, sendo instrumento importante para o processo motivacional dos gestores operacionais. • Um instrumento de avaliação e controle: considerando também os aspectos de motivação e de autorização, é óbvia a utilização do orçamento como instrumento de avaliação de desempenho dos gestores e controle dos objetivos setoriais e corporativos. • Uma fonte de informação para tomada de decisão: contendo os dados previstos e esperados, bem como os objetivos setoriais e corporativos, é uma ferramenta fundamental para decisões diárias sobre os eventos econômicos de responsabilidade dos gestores operacionais. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 17 Os objetivos da corporação, genéricos, direcionam os das diversas áreas ou funções, que são específicos. Dessa maneira, o processo de estabelecer objetivos deve ser interativo, coordenando os gerais com os específicos. Nessa linha de atuação, o processo orçamentário deve permitir a participação de toda a estrutura hierárquica com responsabilidade orçamentária, não devendo ser um processo ditatorial com uma única direção, de cima para baixo. Não há dúvida de que, em última instância e em caso de dúvidas, prevalecerão os critérios da corporação. Todos os envolvidos no processo orçamentário devem ser ouvidos. Esse envolvimento permitirá uma gestão participativa, consistente com a estrutura de delegação de responsabilidades, e permitirá o comprometimento de todos os gestores dos setores específicos. Só assim será possível a gestão adequada da etapa final do plano orçamentário, que é o controle orçamentário, com a análise das variações e do desempenho individual dos gestores. Diante dessas colocações, podemos elencar alguns princípios gerais para a estruturação do plano orçamentário: • Orientação para objetivos: o orçamento deve se direcionar para que os objetivos da empresa e dos setores específicos sejam atingidos eficiente e eficazmente. • Envolvimento dos gestores: todos os gestores responsáveis por um orçamento específico devem participar ativamente dos processos de planejamento e controle para alcançarem o seu comprometimento. • Comunicação integral: compatibilização entre o sistema de informações, o processo de tomada de decisões e a estrutura organizacional. • Expectativas realísticas: para que o sistema seja motivador, deve apresentar objetivos gerais e específicos que sejam desafiadores, dentro da melhor visão da empresa, mas passíveis de ser cumpridos. • Aplicação flexível: o sistema orçamentário não é um instrumento de dominação. O valor dele está no processo de produzir os planos, não nos planos em si. Assim, o sistema deve permitir correções, ajustes, revisões de valores e planos. • Reconhecimento dos esforços individuais e de grupos: o sistema orçamentário é um dos principais instrumentos de avaliação de desempenho etc. Figura 5. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 18 6.2. Organização do orçamento A organização do orçamento compreende um conjunto de medidas e estruturas. A seguir, apresentamos um painel para a organização do processo orçamentário e de sua implantação anual e execução, sem o objetivo de esgotar o assunto. 1. Comitê orçamentário: deve ser instalado um comitê que decidirá pela visão maior do orçamento anual. Normalmente, é composto pelas diretorias, pelo controller e pelo responsável direto pelo processo orçamentário. 2. Premissas orçamentárias: cabe ao comitê orçamentário a definição das regras maiores e gerais a vigorar para o próximo orçamento. 3. Modelo do processo orçamentário: cabe também ao comitê orçamentário a definição do modelo de condução do processo orçamentário, que deverá ser totalmente coerente com o subsistema institucional da empresa, decorrente de suas crenças e valores. 4. Estrutura contábil: cabe ao controller, considerando a missão e os objetivos da empresa, estruturar e monitorar o sistema de informação contábil para que atenda a todos os princípios orçamentários definidos pela empresa. Nesse tópico, constam as seguintes necessidades: a. definição dos critérios de contabilização das receitas e despesas; b. definição dos critérios de distribuição de gastos, se houver necessidade; c. elaboração de manuais para esses procedimentos; d. estruturação da conta contábil; e. definição das áreas de responsabilidade para incorporação à conta contábil; f. definição e criação das tabelas de unidades de negócios, centros de lucros e centros de custos e suas respectivas ligações hierárquicas; g. estruturação do plano de contas contábil. 5. Sistemas de apoio: cabe ao controller a definição de tecnologias de informação e sistemas de apoio para execução dos cálculos e lançamentos orçamentários no sistema de informação contábil. 6. Relatórios: cabe ao controller a definição dos relatórios orçamentários de preparação dos orçamentos, bem como dos relatórios para acompanhamento e controle. 7. Cronograma: cabe ao controller a liderança da execução do cronograma orçamentário em todas as suas etapas (previsão, reprojeção e controle). 6.3. Estrutura do plano orçamentário O plano orçamentário contempla três grandes segmentos: • o orçamento operacional; • o orçamento de investimentos e financiamentos; • a projeção dos demonstrativos contábeis (também chamados de orçamento de caixa). Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 19 6.4. Orçamento operacional É o que contém a maior parte das peças orçamentárias, pois engloba todos os orçamentos específicos que atingem a estrutura hierárquica da empresa, englobando as áreas administrativa, comercial e de produção. O orçamento operacional equivale, na demonstração de resultados da empresa, às informações que evidenciam o lucro operacional, ou seja, vendas, custo dos produtos, despesas administrativas e comerciais. O orçamento operacional compreende as seguintes peças orçamentárias: a. orçamento de vendas; b. orçamento de produção; c. orçamento de compras de materiais e estoques; d. orçamento de despesas departamentais. O orçamento de despesas departamentais, ou por centro de custo, inclui as despesas de cada setor com um responsável dentro da empresa por gastos controláveis e inclui: a. consumo de materiais indiretos pelo centro de custo; b. despesas com mão de obra direta;c. despesas com mão de obra indireta; d. gastos gerais do centro de custo; e. depreciações do centro de custo. 6.5. Orçamento de investimentos e financiamentos Esse segmento do plano orçamentário contém as seguintes peças orçamentárias: a. orçamento de investimentos (aquisições de investimentos, imobilizados e diferidos); b. orçamento de financiamentos e amortizações; c. orçamento de despesas financeiras. Normalmente, este segmento do plano orçamentário fica restrito a algumas pessoas, em geral da direção, assim como o responsável pela tesouraria e o controller. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 20 Figura 6. 6.6. Projeção dos demonstrativos contábeis É o segmento do plano orçamentário que consolida todos os orçamentos. Parte do balanço patrimonial inicial, incorpora o orçamento operacional e o orçamento de investimentos e financiamentos, projeta as demais contas e conclui com um balanço patrimonial final. Compreende as seguintes peças orçamentárias: a. projeção de outras receitas operacionais e não operacionais e de despesas não operacionais; b. projeção das receitas financeiras; c. projeção da demonstração de resultados do período orçamentário; d. projeção do balanço patrimonial ao fim do período orçamentário; e. projeção do fluxo de caixa; f. projeção da demonstração das origens e aplicações dos recursos; g. análise financeira dos demonstrativos projetados. Identicamente ao orçamento de investimentos e financiamentos, esse segmento do plano orçamentário fica restrito à cúpula diretiva e ao controller. 6.7. Orçamento de produção Esse orçamento é totalmente decorrente do orçamento de vendas. Saliente-se também que é quantitativo. Não há, em princípio, necessidade de valorizar o valor da produção para fins de orçamento. O orçamento de produção em quantidade dos produtos a ser fabricados é fundamental para a programação operacional da empresa e dele decorrem o orçamento de consumo e a compra de materiais diretos e indiretos, bem como é a base de trabalho para os orçamentos de capacidade e logística. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 21 São dois os dados necessários para o orçamento de produção: • orçamento de vendas em quantidades por produto; • política de estocagem de produtos acabados. Com esses dados, mais os das atuais quantidades em estoque de produtos acabados, conclui-se o orçamento de produção. Portanto, a diferença entre a quantidade vendida e aquela a ser produzida decorre da variação da quantidade do estoque de produtos acabados. Em uma empresa na qual há possibilidade imediata de venda de toda a produção e que, portanto, consegue evitar a necessidade de estocagem de produtos acabados, o orçamento de produção é igual ao de vendas em quantidades. Esse fato pode acontecer em organizações que produzem por encomenda ou que conseguem uma perfeita aplicação do conceito de just-in-time para o produto final. Normalmente, a política de estocagem de produtos acabados é traduzida em dias de vendas por tipo de produto. A empresa tem informações e experiência que permitem fixar qual deve ser o estoque mínimo mantido para atendimento às vendas. Além disso, deve ser incorporada a eventual mudança de política de estocagem, seja para maior ou para menor. Há a possibilidade de a empresa desejar um reabastecimento maior, ou, o oposto, uma redução da quantidade estocada. 6.8. Orçamento de materiais e estoques A próxima etapa do processo orçamentário, após a definição das informações-chave, que são as quantidades a ser vendidas e produzidas, é o orçamento dos gastos determinados pelos volumes pretendidos e aqueles necessários para operacionalizar os programas de produção e vendas. O orçamento dos gastos compreende os materiais necessários para o programa de produção e vendas, constantes das estruturas dos produtos, e as despesas em que os departamentos vão incorrer para produzir e vender as quantidades planejadas. 6.8.1. Aspectos gerais do orçamento de materiais O orçamento de materiais compreende quatro peças: a. o orçamento de consumo de materiais; b. o orçamento de estoque de materiais; c. o orçamento de compras de materiais; d. o orçamento do saldo final mensal de contas a pagar a fornecedores. O orçamento de consumo de materiais é o primeiro a ser elaborado e indica o custo dos materiais que serão consumidos pelo programa de produção. Não há, tecnicamente, consumo de materiais para produtos vendidos, pois o que se vende são produtos acabados, que saem do estoque deles. Assim sendo, o consumo de materiais é relacionado apenas com o programa de produção. O orçamento de consumo de materiais é que fará parte da demonstração de resultados do período, dentro do item custo da produção acabada. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 22 O orçamento de estoque de materiais é decorrente da política de estocagem, que pode ser uma opção da empresa ou determinada por fatores exógenos, alheios à vontade da organização. A política de estocagem normalmente é mensurada em dias de consumo. O orçamento de compras é consequência deste. As compras de materiais serão feitas para atender às necessidades de consumo mais as de estocagem. Desse modo, o orçamento de compras, em tese, nunca é igual ao de consumo de materiais. O orçamento de compras determina o orçamento do saldo final a pagar aos fornecedores, pois sabe-se o prazo de pagamento de cada compra. O mais comum é construir um indicador médio, que é o prazo médio de pagamento a eles, também em quantidade de dias. Não há necessidade de elaborar o orçamento de pagamentos, pois este é consequência do de compras mais a variação do saldo de contas a pagar a fornecedores. Para a execução dos orçamentos apresentados, três estruturas ou tipos de informações são necessários: a. o conhecimento da estrutura dos produtos, com a mensuração dos materiais que a compõem; b. o conhecimento dos lead times dos processos de produção, vendas e compras; c. o conhecimento do tipo de demanda dos materiais. Outros aspectos a ser observados são: • programa de produção por produtos ou linhas de produtos; • preços atuais dos materiais (compras ou cotações); • separação das principais famílias de materiais por produto; • separação dos materiais nacionais e importados; • preços à vista e a prazo; • aumentos previstos dos fornecedores (listas e cotações); • projeções de taxas de câmbio; • inclusão de acessórios, opcionais, subprodutos (por produtos); • impostos sobre compras específicos; • projeção de consumo de materiais indiretos; • sazonalidades de compras mensais etc. 6.8.2. Tipos de materiais De um modo geral, as empresas classificam os materiais em diretos e indiretos. Materiais diretos são os intrinsecamente ligados à estrutura do produto e são classificados como demanda dependente. Compreendem: • matérias-primas básicas dos produtos finais e complementares; • componentes agregados às matérias-primas transformadas; • materiais de embalagem. Materiais indiretos são aqueles necessários para o processo fabril e o processo comercial, bem como para atender aos departamentos de apoio, incluindo os da área administrativa. Como não estão ligados diretamente à estrutura do produto, são classificados como demanda independente. Compreendem: • materiais auxiliares, necessários aos processos produtivos e comerciais, mas que não se incorporam aos produtos finais e são consumidos durante os processos; • materiais para manutenção dos equipamentos e instalações; • materiais de expediente, necessários aos processos administrativos. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 23 Como exemplo de materiais auxiliares, podemos citar insumos para acomodação de temperaturas dos componentes em fabricação, ferramentas, dispositivos, moldes e modelos de consumo rápido (nãoativados), insumos para proteção dos estoques de componentes e produtos, combustíveis, lubrificantes etc. Os materiais para manutenção compreendem todos aqueles consumidos regularmente, não ativados, para manutenção de máquinas, equipamentos e instalações industriais, comerciais e administrativas, bem como de obras de construção civil. Como exemplo de materiais de expediente, podemos citar os materiais de escritório, informática e outros consumidos e necessários aos processos administrativos, como impressos etc. 6.9. Controle orçamentário Essa etapa é realizada após a execução das transações dos eventos econômicos previstos no plano orçamentário. Não se concebe um plano orçamentário sem o posterior acompanhamento entre os acontecimentos reais versus os planejados e a análise de suas variações. A base do controle orçamentário é o confronto dos dados orçados contra os dados reais obtidos pelo sistema de informação contábil. As variações ocorridas entre um e outro permitirão uma série de análises, identificando se as variações ocorridas foram decorrentes de plano, preços, quantidades, eficiência etc. 6.9.1. Responsabilidade pelo controle orçamentário Dentro da premissa de que os gestores são responsáveis pela geração do lucro de suas áreas de responsabilidade, o controle orçamentário é mais um dos instrumentos de gestão necessários para otimizar esse objetivo. Portanto, cada gestor deve efetuar o seu. O setor de controladoria também deve, concomitantemente, efetuar o monitoramento e o apoio aos gestores individuais sobre seus orçamentos. Além disso, cabe a ele o papel de efetuar o controle orçamentário da empresa ou da corporação como um todo, uma vez que é o responsável pelo conjunto do processo orçamentário e o acompanhamento e coordenação dos objetivos globais do empreendimento. Cabe também à controladoria propor as ações corretivas decorrentes do controle orçamentário, tanto para os gestores individualmente como para a empresa como um todo. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 24 7. CONCEITO DE CONTROLE Na linha de delegação de responsabilidade e autoridade, com orçamento participativo, o conceito de controle efetuado pela controladoria é no sentido de buscar congruência de objetivos, otimização dos resultados setoriais e corporativos, apoio aos gestores, correção de rumos, ajustes de planos etc., nunca em um conceito de controle punitivo, que enfraquece a atuação do controller. As justificativas e as explicações das variações ocorridas são no sentido de auxílio ao processo de otimização do lucro e eficácia empresarial. Obviamente, cada gestor tem a consciência de que o controle orçamentário é parte integrante do processo de avaliação de desempenho. 8. ASPECTOS PRÁTICOS DE CONTROLE INTERNO A definição das responsabilidades e das funções departamentais deve ser expressa na forma de um organograma, suportado por adequadas descrições de funções. A elaboração de instruções por escrito e fluxogramas para documentar o processamento de pedidos, ordens de compra, pedidos de cheque, recebimentos de caixa etc. é útil para trazer à luz ineficiências no processamento e deficiências nos controles internos. As práticas e os controles adotados serão mais bem mantidos se definidos por escrito. Os seguintes departamentos devem ser independentes um do outro: Contabilidade; Faturamento; Crédito e Cobrança; Compras; Recebimentos; Contas a Pagar; Caixa; Vendas; Expedição; Planejamento de Produção. Deve haver adequada segregação de funções. O encaminhamento de documentos e valores diretamente às pessoas autorizadas a recebê-los é importante para a proteção dos controles internos. Adequada segurança física deve ser exercida sobre as dependências da empresa. Registros contábeis de importância devem ser protegidos contra incêndios, inundações e deteriorações por outras causas. 8.1. Controle interno dos pagamentos nos diversos setores 8.1.1. Estoques A empresa deve estar organizada no sentido de controle e vigilância permanente de seus estoques quanto a guarda e movimentação. Os estoques mantidos pela empresa devem estar sob controle e responsabilidade de pessoal adequado. Os locais de armazenagem ou estocagem devem ser adequados quanto a: • Prevenção de roubo, fogo, perdas, extravios etc. • inacessibilidade de terceiros não autorizados. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 25 Os sistemas de controles mantidos evitam as entradas e as saídas de estoques sem documentação suficiente e aprovada. São adotados registros ou fichas para controle dos estoques, que: 1. são utilizados para indicação de máximos e mínimos de estoques; 2. registram movimentação e saldos em quantidades e valores (controle físico e financeiro); 3. registram custo unitário e em conformidade com a legislação; 4. têm sua movimentação integrada à contabilidade. As existências indicadas pelos registros ou fichas de estoques são balanceadas mensalmente com as contas da contabilidade: • as diferenças são investigadas por pessoal da contabilidade, antes de serem ajustadas, e os lançamentos dos ajustes contêm aprovação do contador; • os ajustes na contabilidade, decorrentes de ajustes nos registros ou fichas de estoque, são efetuados à vista de documentação aprovada. 8.1.2. Inventários A empresa utiliza-se do processo de inventários permanentes rotativos visando diminuir custos e paralisação das atividades durante o balanço geral. Caso contrário: • são efetuadas contagens pelo menos uma vez ao ano, por ocasião dos balanços; • seria recomendável à empresa o sistema de inventários permanentes rotativos. São emitidas instruções por escrito para a realização dos inventários. 8.1.3. Estoques - compras A empresa conta com departamento de compras organizado, no sentido de suprir em tempo hábil e a preços convenientes as necessidades de produção ou comercialização (descrever os sistemas de controles e registros das operações, indicando modelos de formulários em uso, número de vias e destinação etc.). As funções de compras estão segregadas em: • recepção e expedição; • produção e controle de estoques; • pagamentos (caixa). As compras em geral são efetuadas com base em: • requisições numeradas, controladas e devidamente autorizadas (quem controla a sequência numérica); • ordens de compra ou fornecimento numeradas tipograficamente, controladas e devidamente autorizadas (quem controla a sequência numérica e quem autoriza). Deve existir sistema de cotação de preços por escrito para toda e qualquer compra e para mais de um fornecedor para cada compra, visando selecionar a mais conveniente. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 26 8.2. Contas a pagar 8.2.1. Fornecedores A contabilidade e o setor de contas a pagar devem estar adequadamente organizados, no sentido de manter as obrigações sob permanente controle e vigilância (controles, formulários em uso, número de vias e destinação) quanto a: • posições e vencimentos dos títulos; • registros adequados, suficientes e em tempo hábil; • impedimento de pagamentos indevidos, em atraso ou em duplicidade. Deve existir um sistema adequado para registro e controle das contas a pagar em geral. 8.2.2. Controles internos sobre pagamentos – tesouraria Deve-se manter boletim ou outros livros de caixa para suportar o registro das operações do caixa. Tais documentos devem conter: • vistos do caixa responsável; • vistos de aprovação superior; • evidências de conferências de somas e apuração dos saldos; • composição dos valores constantes do caixa: vales, cheques, dinheiro etc.; • numeração. Os pagamentos efetuados devem estar suportados por documentos hábeis, que devem conter: • visto do responsável que autorizou a realização do gasto; • visto do responsável que autorizou o pagamento; • carimbo de “pago”, com o objetivo de evitarfuturas reapresentações do mesmo documento. É importante efetuar revisões internas das operações de caixa. 8.2.3. Bancos Os sistemas de pagamentos evitam que eles sejam consumados sem conferência e aprovações prévias, desde que obedecidos os esquemas de autorizações e assinaturas de cheques, tendo em vista que já foram efetuados todos os procedimentos anteriores de controle interno: requisição de compras e aprovação dela (necessidade), ordem de compra (cotações de preços) e autorização, recepção da mercadoria e encaminhamento para o Contas a Pagar. O estoque de talões de cheques e os talões em uso devem ser controlados e inspecionados, de maneira a evitar sua utilização indevida. Eles devem ser mantidos em cofre, com acesso restrito. É proibida a assinatura de cheques em branco e ao portador. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 27 Figura 7. 8.2.4. Contas a receber Os procedimentos incluem: • conferir se todas as notas fiscais foram integradas ao sistema de contas a receber; • conferir se foram observadas as condições constantes no pedido; • conferir efetivamente se foram observadas as normas de aprovação, crédito, carregamento e faturamento da mercadoria; • verificar o motivo da existência de pedidos pendentes de faturamento; • mediante política de cobrança da empresa, efetuar gerenciamento da cobrança e controle das duplicatas em atraso ou a receber, uma espécie de controle de estoque de duplicatas. • conferir o recebimento e se foram baixadas as duplicatas; • conferir as vendas à vista, certificando-se de que realmente entrou o dinheiro na empresa referente a vendas à vista ou recebimentos antecipados. 8.2.5. Controles internos de recebimento • Todos os pedidos devem ser imputados a um sistema de processamento. Este não deverá aceitar um deles se os campos necessários não forem preenchidos, para assegurar que todos os pedidos dos clientes são registrados com as informações completas. • Todos os pedidos de um determinado modelo e produto devem ser unificados para aproveitar a economia de escala e reduzir custos, assegurando que todos recebam classificação e controle adequados. • Deve haver controle numérico dos documentos de expedição e proibição de saída de produtos sem a adequada documentação do sistema para evitar diferenças de inventário, assegurando que todos os faturamentos embarcados sejam processados devidamente. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 28 • A empresa deve manter sistema automático de faturamento, o manual deve ser controlado numericamente e reconciliado pelo Contas a Receber para assegurar que todas as notas fiscais são lançadas no sistema. 8.3. Controles internos da produção 8.3.1. Programação de produção A diretoria de Produção, a diretoria geral e a diretoria de Vendas, por intermédio de índices confiáveis (históricos, projeções, comportamento das vendas em períodos anteriores, pedidos especiais de clientes), determinam qual será a produção do mês. Com a programação, o setor de produção informa ao estoque de matérias-primas a quantidade a ser consumida no mês ou no período. O estoque de matérias-primas por sua vez, emite a requisição de compra delas ao setor de compras. 8.3.2. Ordem de produção A ordem de produção deve ser autorizada pela administração da empresa, a menos que exista programação mensal de produção, que a substitui. Deve conter: • data; • numeração sequencial; • quantidade a ser produzida e especificações do produto; • autorização do diretor de Produção responsável pelo setor, além da autorização já citada; • relação das matérias-primas a ser consumidas, previsão de horas a ser utilizadas (mão de obra direta), entre outros; • apontamento de matérias-primas e horas efetivamente gastas na produção. 8.3.3. Requisições de materiais Aberta a ordem de produção, os funcionários farão as requisições de matérias-primas ao Almoxarifado, devendo constar o seguinte: • data; • numeração sequencial; • número da ordem de produção, pois o sistema vai baixar o custo para ela; • dados e quantidades da matéria-prima requisitada; • autorização do responsável pelo setor; • assinatura do funcionário requisitante. 8.3.4. Controle de perdas Em cada produção, a empresa deve ter conhecimento do percentual de perda de material. O acompanhamento desse índice visa buscar cada vez mais aprimorar a produção e desperdiçar menos. Com as estatísticas do setor de produção, a empresa deve procurar implementar vez por vez novos procedimentos que visem evitar desperdício. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 29 8.3.5. Estoques de produtos acabados Após a fabricação do produto, é dada entrada da ordem de produção no estoque de produtos acabados, o qual faz parte do setor de produção. As baixas são efetuadas mediante o faturamento. São aplicadas as mesmas regras de controle do almoxarifado e do estoque de matérias-primas. 8.3.6. Objetivos a ser alcançados com controles internos da produção • A quantidade e o tipo de produtos devem ser fabricados de acordo com a autorização da administração. Somente aqueles com quantidade pedida determinada entram em produção, e há um controle restritivo sobre as quantidades de produtos acabados para evitar a produção de produtos que não vendem, excesso de estoques, perdas e perecimento. • Controles de movimentação de ativos da empresa, de forma que somente poderão ser retirados com autorização da administração. • Políticas bem definidas para identificar ajustes referentes a diferenças de inventários e autorização da administração dos mesmos, para evitar valores que não expressem a real situação. • Sistema adequado de custos integrado à contabilidade par evitar riscos fiscais e erro na apuração dos custos. 8.4. Procedimentos a ser observados quanto a controle interno da produção e despesas 8.4.1. Compras A função de compras é definida como a obtenção dos recursos necessários pelo melhor preço, na melhor quantidade, no tempo certo e no lugar certo, observando-se as exigências de qualidade. Todas as compras da empresa, exceto as de pequenos itens pagos pelo fundo de caixa, devem ser efetuadas com a emissão de uma ordem de compras formal. Cada ordem de compra deve ser suportada por uma requisição de material devidamente aprovada por pessoas autorizadas. Exceções a essa regra devem ser expressamente aprovadas por escrito pela diretoria. A autoridade de assinar uma ordem de compra deve estar formalizada e obedecer a limites de valor, conforme os níveis hierárquicos e de acordo com as determinações da diretoria. Uma ordem de compra não deve nunca ser emitida após a compra já ter sido efetuada. Deve haver no mínimo três cotações de diferentes fornecedores para compras em que os valores e as quantidades envolvidas sejam substanciais. A coleta de novas cotações de preços de itens de compra contínua deve ser efetuada de acordo com a periodicidade estabelecida pela diretoria da área. Os processos de seleção de cotações devem ser documentados e arquivados de maneira adequada para eventual revisão posterior pela administração e por auditoria interna. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 30 Decisões de escolher outro fornecedor que não o mais competitivo devem ser suportadas e aprovadas devidamente. Os contatos com os fornecedores de materiais, tanto diretos como indiretos, devem ser feitos pelo pessoal de compras, nunca diretamente pelos departamentos usuários. Um adequado controle sequencial deve ser exercido no arquivamento de requisições e ordens de compra. Tais formulários devem ser pré-numerados, e um controle apropriado, exercido sobre os estoques em branco. Ajustes de preço solicitados pelos fornecedores devem ser previamente analisados e aprovados pelos níveis competentes. Relatórios mensais devem ser extraídosdo sistema mostrando as alterações do período. A gerência de compras deverá certificar-se de que foram processados somente ajustes de preço devidos e previamente aprovados. Esses relatórios devem trazer evidência de revisão (visto do gerente) e devem ser arquivados. As diferenças entre as condições efetivamente negociadas com os fornecedores e as reais das compras devem ser devidamente analisadas pelos níveis apropriados, e ação corretiva cabível deve ser tomada. A gerência de compras deverá analisar as diferenças de preço, quantidade e condições de pagamento ocorridas no recebimento de mercadorias, mediante relatórios obtidos do sistema. Tal análise deverá ser evidenciada pelo visto do gerente. Antes de pagas, as contas de fretes sobre compras devem ser analisadas adequadamente pelo departamento, a fim de verificar sua exatidão em confronto com as condições contratadas. Dentro das possibilidades, deve existir um rodízio dos compradores em suas várias áreas de compras no departamento. Toda alteração de dados das ordens de compra deve ser formalmente aprovada pelos níveis hierárquicos adequados antes de efetivada. A função de desenvolvimento de novos fornecedores deve questionar continuamente a possibilidade de fornecedores alternativos. Devoluções de materiais, ou quaisquer alterações que implicam deduções de valores a favor da empresa, devem ser devidamente informadas ao departamento de Contas a Pagar. 8.4.2. Recebimento de mercadorias As funções de recebimento de mercadorias devem fazer parte da organização responsável pelo controle de produção e materiais e estar separadas das funções de compras e contas a pagar. O pessoal do recebimento deve proceder à análise dos materiais e dos documentos, a fim de determinar se as condições deles estão de acordo com as ordens de compra. Ação corretiva adequada deve ser tomada em tempo hábil em caso de divergências. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 31 As inspeções de qualidade devem ser adequadas e suficientemente criteriosas para proteger os interesses na empresa. Os procedimentos sobre a manutenção do material rejeitado na empresa devem ser adequados a fim de preservar os direitos de ressarcimento pelo fornecedor. Quaisquer variações nos materiais recebidos devem ser evidenciadas. Cópias das ordens de compra emitidas pelo sistema devem ser enviadas ao departamento de contas a pagar, e checagens devem ser efetuadas antes do seu pagamento, ou por via de sistema, quando aplicável. 8.4.3. Sistema de custos • Manter sistema de custos uniforme, consistente e padronizado na máxima extensão possível, com critérios emanados da matriz. • Preencher os requisitos exigidos pelas leis nacionais e pelos princípios de contabilidade geralmente aceitos. • Fornecer dados consistentes na determinação dos valores do inventário e dos resultados da empresa e para a elaboração de relatórios gerenciais. • Fornecer dados consistentes e ágeis para as áreas de marketing e vendas para determinação dos preços dos produtos finais. • Registrar e fornecer dados para um adequado controle dos custos e para a tomada de decisões na otimização dos recursos existentes. O sistema de custos deve estar integrado com a contabilidade da empresa. Os métodos de avaliação de custos devem ser definidos pela controladoria e seguirão as determinações da administração em conjunto com as normas da empresa e em sintonia coma legislação local. 8.4.4. Despesas de marketing O departamento de Marketing deve elaborar um planejamento estratégico de marketing em curto e em longo prazo. As relações da empresa com as agências de publicidade e propaganda devem ser definidas em instrumento contratual. Para os serviços prestados por elas, cotações de preço devem periodicamente ser obtidas, respeitadas as exigências de qualidade e considerações da diretoria. A distribuição de brindes deve ser controlada adequadamente e, quando se tratar de itens valiosos, registros de controle devem ser mantidos. A gerência deve certificar-se da existência de controles físicos adequados sobre os seus estoques. Deve existir uma interação adequada com a função de programação da produção, no sentido de otimizar a comunicação das necessidades e das alterações de mercado no tempo adequado. A existência de estoques de produtos na área de marketing deve ser evitada. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 32 9. OUTROS PROCEDIMENTOS GERAIS DE CONTROLE Figura 8. 9.1. Contabilidade Os controles internos devem atingir os seguintes objetivos: • que as transações contábeis sejam executadas de acordo com as autorizações da administração; • que as transações sejam registradas necessariamente, a fim de permitir o preparo e a elaboração dos relatórios contábeis de acordo com os princípios contábeis ou outros critérios aplicáveis e manter controle sobre os ativos da empresa; • que o acesso aos ativos da empresa seja permitido somente de acordo com a aprovação e autorização da administração; • que os registros contábeis dos ativos da empresa sejam periodicamente comparados com sua existência física e que sejam efetuados os ajustes necessários a respeito das diferenças. As operações do departamento de Contabilidade devem estar suportadas por um manual de procedimentos contábeis em que sejam especificados o uso adequado das contas e o registro das transações. Um plano de contas completo e atualizado deve ser mantido de acordo com os princípios de contabilidade. Deve haver descrição dos itens a ser lançados, a fim de promover a consistência dos registros. O nome das contas deve expressar ao máximo e claramente a sua natureza. O software de sistema integrado adotado pela empresa deve, primeiro, preencher todos os requisitos dos princípios de contabilidade e legislação locais, para depois, mediante ajustes, também preencher os requisitos dos princípios de contabilidade da empresa. Dentro dos departamentos de Contabilidade e Tesouraria, a segregação das funções de registro, lançamentos e reconciliação das transações e a custódia das propriedades da empresa são fundamentais à salvaguarda dos ativos. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 33 O acesso aos livros e aos registros contábeis deve ser limitado às pessoas cujas responsabilidades assim o requeiram. As decisões sobre cobertura de seguros devem ser de responsabilidade dos níveis gerenciais adequados, de acordo com as políticas da empresa. Os lançamentos contábeis devem ser padronizados no tocante ao seu conteúdo e à sua identificação. Eles devem ser explícitos e suportados por dados prontamente identificáveis. Todos os lançamentos devem ser revisados e aprovados de acordo com os níveis de responsabilidade preestabelecidos, obedecendo a uma adequada separação das funções. Os relatórios financeiros emitidos periodicamente devem ser suficientemente informativos e detalhados a fim de trazer à luz flutuações anormais nas áreas importantes da empresa. A comparação dos resultados periódicos aos dados previamente orçados deve ser efetuada pelos próprios departamentos. As contas com a matriz e com as coligadas devem ser reconciliadas mensalmente. Deve existir evidência sobre a análise dessa conciliação. Os lançamentos devem estar suportados por documentação original adequada. Deve haver evidência do processamento em todos os documentos (ex. carimbo “lançado”). A gerência de Contabilidade deverá dispor de uma listagem a fim de controlar o processamento de lançamentos contábeis chave a ser efetuados mensalmente. O formulário de resumo dos lançamentos deve trazer adequadamente as aprovações e os vistos necessários quando do processamento. A numeração automática de lançamentos contábeis efetuados pelo sistema deve ser objeto de controles adequados a fim de prevenir a sua duplicidade. Os livrosfiscais devem ser periodicamente reconciliados com os registros contábeis, e os ajustes devem ser efetuados dentro do período em questão. 9.2. Segurança O acesso físico às instalações da empresa deve ser permitido somente a funcionários ou pessoal autorizado. A movimentação de pessoas e veículos deve sempre ser registrada na portaria. Fora do horário de expediente, o acesso às instalações deve ser restrito. As propriedades da empresa devem ser adequadamente protegidas por um sistema de alarme, ronda e iluminação durante a noite. O relacionamento da empresa com outras empresas de segurança deve ser definido por contrato. Os guardas deverão dispor de instruções por escrito para o cumprimento de suas rotinas. As cargas dos veículos devem ser examinadas quanto ao seu conteúdo, em comparação com os documentos. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 34 Os preceitos e critérios de segurança emanados pela Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) devem ser seguidos. Um sistema adequado de detecção de incêndio deve ser mantido e periodicamente testado. Deve existir um procedimento a ser seguido em caso de ameaça de colocação de bombas ou explosivos. Ensaios de evacuação das instalações devem ser efetuados periodicamente, sem prévio aviso. 9.3. Seguros Sempre que possível, a cobertura de seguros sobre quaisquer bens ou operações do grupo deve ser colocada por intermédio de corretora previamente selecionada e autorizada. Todas as transações de importação e exportação deverão também estar cobertas por seguro adequado. Os créditos de exportação deverão também ter cobertura de seguro. A necessidade de cobertura sobre risco político ou comercial deverá se avaliada conforme as características do importador. A cobertura de seguro sobre ativos e inventários da empresa deverá ser determinada de acordo com a diretoria Financeira. A necessidade de cobertura contra sinistros deverá ser analisada, de acordo com o grau de risco de cada material. A necessidade de cobertura sobre riscos de tumulto, guerra e greve deverá ser definida e periodicamente avaliada pela direção da empresa. Aquela sobre riscos de produtos fabricados pela empresa (responsabilidade civil do produto) deverá estar em concordância com as políticas adotadas pela matriz e com normas locais. Qualquer saída de materiais da empresa deverá estar devidamente coberta por seguro de transporte. A cobertura de seguro de vida em grupo será definida pela diretoria, de acordo com as políticas da matriz. A diretoria avaliará a necessidade de cobertura sobre os seguintes itens: • responsabilidade do produto; • seguro fidelidade; • roubo e valores em trânsito; • roubo de materiais especiais; • lucros cessantes; • acidentes pessoais em viagens a serviço da empresa; • veículos e outros; • responsabilidade civil. A contratação dos seguros deve ser formalizada antes da ocorrência dos riscos a ser cobertos. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 35 9.4. Serviços administrativos O uso de selagem automática de correspondência deve limitar-se ao que é de interesse da empresa. Deve haver controle sobre os cartuchos vazios de impressoras. Eles devem ser devolvidos em troca dos cartuchos novos. A empresa deve controlá-los e negociá-los quando da compra, obtendo descontos em nota. As despesas incorridas pelos vários departamentos usuários deverão ser rateadas conforme o seu efetivo uso. A contratação de serviços de telecomunicações e outros deve ser regida por instrumento contratual sempre que aplicável. Controle adequado sobre multas incorridas pelos usuários de veículos da empresa deve ser exercido, a fim de que elas sejam pagas pelos funcionários e nunca pela empresa. Um adequado sistema de arquivo morto deve existir, devidamente protegido contra deterioração. O acesso a ele deve ser restrito e controlado. A movimentação de arquivos deve ser objeto de controle protocolado de entrega e devolução. Os detalhes das contas telefônicas devem ser fornecidos aos usuários a fim de que estes as analisem e aprovem. O relacionamento com as agências de viagens deve ser objeto de contrato. Extratos das transações devem ser obtidos e reconciliados com os registros contábeis da empresa. 9.5. Sistemas São as seguintes as responsabilidades de sistemas, sob o ponto de vista de controles internos: • adotar padrões para assegurar que a segurança de sistemas seja eficiente, acompanhando as mudanças tecnológicas, organizacionais e de pessoal; • adotar padrões de auditoria (trilhas) das transações e monitorar as tentativas negadas de acesso aos sistemas, principalmente sobre informações confidenciais; • criar um ambiente onde cada pessoa se torne responsável pelo bom uso das informações e dos recursos de processamento de dados da empresa; • estabelecer um sistema de autorização de acesso aos sistemas por classes de funções, a fim de assegurar que as informações sejam manuseadas e interpretadas por pessoal qualificado somente; • adotar métodos e controles que descentralizem a gestão de segurança e promovam o acesso às informações pelos usuários; • estabelecer métodos e procedimentos de segurança que garantam a continuidade de operações e negócios da empresa, protegendo recursos e informações críticas mediante um sistema adequado de backups e um plano de recuperação de dados; • estabelecer um sistema de restrição de acesso às informações e recursos de informática ao pessoal autorizado somente; • adotar procedimentos por escrito, por meio de um manual de segurança de sistemas. Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 36 Figura 9. 10. CONTROLES E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO O sistema de controle interno deve atender a pelo menos quatro grandes objetivos: a) assegurar que as transações estejam sendo adequadamente registradas, de modo a permitir a elaboração de demonstrações financeiras segundo os princípios contábeis geralmente aceitos e outros critérios aplicáveis e a manter a responsabilidade pelos bens; b) assegurar que o acesso aos bens e às informações e a utilização destes ocorra com a autorização da administração; c) garantir que as transações sejam feitas com autorização formal da administração; d) possibilitar, com frequência razoável, o confronto entre os registros contábeis/financeiros e os respectivos bens, direitos e obrigações. Transação é o intercâmbio de ativos e serviços dentro da empresa ou entre esta e o mercado com o qual interage. Para que o sistema de controle interno seja adequado, ele deve contribuir para que o fluxo de transações ocorra de modo seguro, formal e autorizado, obedecendo ao seguinte: • autorização para que se faça a transação; • sua ocorrência de fato; • o registro dessa ocorrência; • o controle do processo e a avaliação dos efeitos que a ocorrência tenha causado ou possa vir a provocar à empresa. 10.1. Controles internos relacionados com a segurança de sistemas 10.1.1. Controles gerais – controles organizacionais Gestão de Tributos Diretos e Indiretos/ Controladoria e Gestão Tributária 37 As normas internacionais, reguladoras das atividades de auditoria de sistemas, incluem no grupo de controles organizacionais os seguintes tópicos básicos: • Subordinação orgânica e funcional da área. • Criação de um Comitê Coordenador de Sistemas, composto pelos gerentes das principais áreas da empresa, para gerenciar os recursos e direcionar as áreas de atuação, com as seguintes competências: o aprovar as prioridades de atendimento; o aprovar os planos desenvolvidos pela área de informática, de modo a atender às prioridades definidas; o dotar a área dos recursos aprovados; o controlar o desenvolvimento dos trabalhos; o avaliar os resultados alcançados. • Sua estrutura organizacional, englobando a divisão de responsabilidades, a delegação
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