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Victoria K. L. Cardoso Síndrome de crupe Crupe viral Conceito: ● É um grupo de doenças que variam em envolvimento anatômico e etiologia. Etiologias virais: ● Principais agentes: vírus parainfluenza (tipos 1,2 e 3), influenza A e B e vírus respiratório sincicial. Clínica: ● Sintomatologia: ○ Rouquidão. ○ Tosse ladrante. ○ Estridor com predominância inspiratória. ○ Desconforto respiratório. ● Curso clínico da doença: 1. Rinorreia clara, faringite, tosse leve e febre baixa. 2. Após 12 a 48� obstrução de vias aéreas superiores, progredindo com sinais de insuficiência respiratória e febre mais alta. Obs: os sintomas geralmente se resolvem em 3 a 7 dias. 3. Casos mais graves: ● Aumento das frequências cardíaca e respiratória. ● Retrações claviculares, esternais e de diafragma. ● Batimento de asas do nariz. ● Cianose. ● Agitação psicomotora. ● Sonolência. 4. A duração da doença nos casos mais graves pode atingir até 14 dias. Obs: crianças < 6 meses, pacientes com estridor em repouso ou alteração do nível de consciência ou com hipercapnia, tem maior risco de evolução para falência respiratória. ● Achados físicos: ○ Inflamação difusa. ○ Eritema e edema das paredes da traquéia. ○ Alteração de mobilidade das cordas vocais. ○ Mucosa subglótica pouco aderente, com a formação de Victoria K. L. Cardoso edema significante, que pode comprometer as vias aéreas. ■ O edema da região subglótica da traqueia restringe o fluxo de ar, gerando estridor inspiratório. Escore clínico para abordagem de estridor: Classificações: ● Laringite: se a doença se restringir à laringe. ○ Caracterização: rouquidão e tosse ladrante. ● Laringotraqueíte: se a inflamação for de laringe e traqueia. ○ Caracterização: sintomas característicos de síndrome do crupe. ● Laringotraqueobronquite: comprometimento de bronquíolos, laringe, traqueia e sintomas de crupe. ○ Caracterização: sintomas das caracterizações anteriores e prolongamento do tempo expiratório, com sibilos. ○ É a causa mais comum de obstrução das vias aéreas superiores em crianças, podendo ser até 90% dos casos de estridor. Diagnóstico: ● É baseado nos achados clínicos. ● Achados da radiografia cervical: estreitamento da traqueia subglótica (sinal da ponta de lápis) - pouco valor. ○ Objetivo da radiografia cervical: apenas para investigação de outra etiologia para os sintomas de crupe, como aspiração de corpo estranho, ou quando a evolução da doença é atípica. Diagnósticos diferenciais: ● Edema angioneurótico. ● Aspiração de corpo estranho. ● Traqueíte bacteriana. ● Abscesso retrofaríngeo ou peritonsilar. ● Mononucleose infecciosa. ● Traqueíte bacteriana. ● Supraglotite infecciosa. Tratamento: ● Objetivo principal: manutenção das vias aéreas pérvias. ● Nebulização. ● Corticosteróides. Victoria K. L. Cardoso ● Epinefrina. ● Intubação em casos graves. ● Internação ○ Quando há toxemia, desidratação ou incapacidade de ingerir líquidos, estridor significante, retrações em repouso e ausência de resposta à epinefrina ou piora clínica após 2 horas após administração da mesma. Obs: a oximetria de pulso deve ser realizada em todas as crianças com estridor. Obs: hipoxemia diagnosticada na síndrome do crupe é indicativo de internação em UTI. Traqueíte bacteriana Definição: obstrução grave da via aérea superior. ● Sinônimos: crupe membranoso, crupe pseudomembranoso ou laringotraqueobronquite membranosa. ● É uma doença rara, tida como a principal causa de obstrução das vias aéreas superiores potencialmente fatal após a vacinação pelo Hib. Predominância: ● Crianças com até seis anos de idade e do gênero masculino. Etiologias: ● Principal: S.aureus. ● Outros: estreptococos (pneumococo, grupo A e não grupo A beta hemolítico, alfa hemolítico e viridans), moraxella catarrhalis e Haemophilus sp. Fisiopatologia: ● Infecção bacteriana direta da mucosa traqueal, causando inflamação difusa da laringe, traqueia e brônquios. ● Produção de exsudato mucopurulento e formação de membranas semiaderentes dentro da traqueia. ● Obstrução das vias aéreas. Obs: sugere-se que a infecção viral pregressa favoreça a colonização bacteriana da traqueia. Clínica: ● Combina manifestações de crupe viral e epiglotite. ● Após a breve sintomatologia viral há: ○ Tosse ladrante. ○ Rouquidão. ○ Estridor inspiratório. Victoria K. L. Cardoso ○ Insuficiência respiratória. ● Sugestão de gravidade: ○ Febre alta (superior a 38,5°C) e toxemia. ● Sintomas respiratórios mais prolongados que na epiglotite. ● Desconforto respiratório com rápida progressão, seguindo com obstrução total da via aérea. Obs: não há resposta terapêutica ao tratamento inicial com epinefrina inalatória e corticosteroides, ajudando a diferenciar o crupe bacteriano do viral. Obs: a alta morbidade é por conta de parada cardiopulmonar ou respiratória, choque séptico, síndrome do choque tóxico, SDRA (Síndrome de Desconforto Respiratório Agudo) e disfunção múltipla de órgãos. Complicações mais frequentes: falência respiratória, obstrução das vias aéreas, pneumotórax e síndrome do choque tóxico. Diagnóstico: ● Diagnóstico definitivo: visualização da traqueia, por laringoscopia. ○ Observa-se exsudato purulento e malcheiroso bloqueando a luz da traqueia, de fácil remoção e sem hemorragia. ○ As culturas revelam os microrganismos, mas os resultados da hemocultura são, geralmente, negativos. Tratamento: ● Na suspeita de traqueíte bacteriana, a admitição é em UTI. ● Recomenda intubação traqueal, com endoscopia, por 3-7 dias. Obs: nesse momento, há diagnóstico e tratamento simultaneamente, além de permitir a coleta de secreção. ● Administração de antibiótico EV: cefalosporina de segunda geração (Cefuroxime) ou de terceira geração (Ceftriaxone) como drogas únicas. ● NÃO SE USAM: corticosteroides ou epinefrina inalatória. Edema pulmonar associado à obstrução das vias aéreas superiores: ● Definição: edema pulmonar em pacientes com obstrução de vias aéreas superiores sem doenças pulmonares ou cardíacas crônicas, no momento do alívio da obstrução. ● Mecanismo patológico: aumento do gradiente de pressão hidrostática vascular transmural pulmonar. Victoria K. L. Cardoso Diagnóstico diferencial entre crupe viral e bacteriano
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