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161 SEMANA 5 EIXO TEMÁTICO: Mundo moderno, colonizações e relações étnico-culturais. TEMA/TÓPICO: Escravidão e Comércio no Mundo Moderno. HABILIDADE(S): 2.1. Compreender e analisar a importância do alargamento das antigas rotas comerciais; o ressurgimento e expansão do comércio, as novas mercadorias e o tráfico de escravizados. 2.2. Identificar a origem étnica e geográfica dos escravizados trazidos para o Brasil. CONTEÚDOS RELACIONADOS: Sistema Colonial Europeu; Escravismo Colonial; História da África. INTERDISCIPLINARIDADE: Geografia. TEMA: As relações mercantis entre o Novo Mundo, África, Ásia e Europa. Caro(a) estudante, nessa semana você irá identificar, comparar e analisar as relações econômicas que se desenvolveram a partir da expansão marítima europeia e como cada uma dessas regiões (continen- tes) participaram da construção do capitalismo comercial. Além disso, você também irá identificar, ca- racterizar e analisar a relação entre o escravismo e o nascimento do capitalismo por meio dessas novas rotas comerciais de trocas de mercadorias. A construção do Capitalismo Comercial. Com a consolidação do sistema feudal na Europa Ocidental, por volta do século X, as antigas ro- tas comerciais, que estavam interrompidas ou bem prejudicadas pela instabilidade política e militar da região desde a degradação do Império Romano do Ocidente, começaram, pouco a pouco, a serem restabelecidas. O gradativo crescimento comercial euro- peu, e sua ligação com as rotas controladas pelo Império Bizantino, permitiram o res- surgimento da vida urbana e a criação da classe burguesa. Entre os séculos XI e XIV, na Europa, cresceram as rotas terrestres e marítimas ligando vários pontos desse con- tinente. Essas rotas ligavam-se com as ci- dades italianas, principalmente, e, a partir dessas cidades, vendiam-se mercadorias europeias e compravam-se mercadorias orientais adquiridas via cidade de Constan- tinopla. Era o acesso europeu às chamadas especiarias asiáticas (indianas e chinesas, majoritariamente). Porém, no século XV, a relação estremecida por séculos entre cris- tãos e muçulmanos acabou prejudicando as Disponível em: https://policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/uploadFCK/ ctpmbarbacena/12062017132909562.pdf. Acesso: em 26 mar. 2021. 162 relações comerciais quando da tomada de Constantinopla, em 1453, pelos turcos otomanos. O fecha- mento do comércio dessa cidade com os europeus impulsionou, por exemplo, os portugueses a inves- tirem ainda mais recursos nas viagens atlânticas de contorno do continente africano. Inclusive, essas navegações portuguesas, ao entrarem em contato com as populações africanas sub- saarianas, permitiram a negociação de novas mercadorias e recursos minerais. Ou seja, a ligação das rotas comerciais, a partir da segunda metade do século XV, irá envolver o Mar Mediterrâneo e os oceanos Atlântico e Índico. Seda e porcelana eram as principais mercadorias co- mercializadas pela China. A Índia comercializava as especiarias (cravos, canela, pimentas, etc.). A Europa vendia tecidos de algodão, vinhos e queijos. A África fornecia metais preciosos, gado, plan- tas tintureiras e, por volta de 1530, escravizados(as). A América participava desse comércio global exportando produtos nativos (madeira, produtos da floresta amazônica, dentre outros), gado, lã, algodão, metais preciosos e açúcar. Leia esse relato que permite entender como essas relações comerciais foram crescendo, tomando im- portância, e contribuindo para o enriquecimento das nações europeias: “Mas o principal produto foi o ouro, desde 1442, estendendo-se ao longo do século XV, ainda que de forma irregular e num decréscimo na transição para a centúria de Quinhentos. O ouro provinha de Arguim, da África Ocidental, da Serra Leoa e da Mina, e foi sem dúvida, seguido pelos escravizados, a base financeira de apoio à continuidade dos Descobrimentos e da construção do Império marítimo português no Atlântico e no Índico. Depois vieram as especiarias da Índia, a partir de 1500, uma designação genérica de vários produtos que faziam mover nações e provocar guerras, gerar fortunas e edificar impérios, como o Português. De- pois das especiarias africanas (malagueta, pimenta vermelha), as asiáticas (gengibre, canela, pimenta, cravinho, noz moscada, maça), provenientes da costa indiana do Malabar e depois de Sumatra, das Co- mores (costa oriental africana), de Java e das Molucas (ou Spice Islands), pulverizaram todo o comércio europeu de então, dominado por italianos e muçulmanos. 1530 foi o ano das especiarias em Portugal, o apogeu do Império, o culminar do ciclo da pimenta na economia portuguesa e do seu império asiático”. Disponível em: https://www.infopedia.pt/$produtos-e-riquezas-dos-descobrimentos. Acesso: 26 mar. 2021.(Adaptado) Pode-se observar que a mão de obra escravizada africana vai tomando importância com o aumento e consolidação dessas rotas de comércio. Os espanhóis, em suas áreas coloniais na América, utilizaram tanto a mão de obra indígena quanto a escravizada africana. Os portugueses, devido ao comércio dos negros e negras, introduziram essa mão de obra na América portuguesa, no período colonial, principal- mente nas lavouras açucareiras do nordeste e nas minas auríferas de Minas Gerais. Os(As) escraviza- dos(as) também foram explorados em serviços domésticos e em atividades comerciais urbanas. Outras atividades econômicas na colônia portuguesa, como produtos de subsistência, pecuária e drogas do sertão, tomaram a mão de obra nativa (compulsória e/ou escravizada). Observe o mapa que retrata a quantidade de negros e negras forçados à escravidão à partir do século XV: Os principais grupos vitimados pelo comércio escravagista foram os bantos e sudaneses. As definições “bantos” e “su- daneses” são genéricas e fo- ram produzidas no contexto da apropriação europeia do conti- nente e dos povos da África. Das Ilhas de São Tomé e Cabo Verde vieram os mandingas, uolofés e fulanis. De São Jorge Disponível em: https://portal.educacao.go.gov.br/wp-content/uploads/2020/03/7%C2%BA- ANO-HIST.pdf. Acesso em: 26 mar. 2021. 163 da Mina vieram os ashantis, fantis, iorubás, ewes e fons. De Cabinda, Luanda, Benguela e Moçambique vieram os bantos. De tal monta era o comércio de vidas humanas, que o Brasil se tornou o maior consu- midor do “ouro negro” (como era chamado o contingente de pessoas traficadas da África para as áreas coloniais da América.) já no final do primeiro século de colonização. O historiador Luiz Felipe de Alen- castro, em O trato dos viventes (2000), afirma que a quantidade de africanos desembarcados no Brasil no período escravista, é de, aproximadamente, 4.029.800 pessoas. PARA SABER MAIS: ACESSE ao atlas histórico do Brasil. Além do mapa sobre o tráfico de escra- vizados(as) negros(as) e indígenas, há diversos outros mapas e infográficos interessantes sobre vá- rios períodos da história de nosso país: <https://atlas.fgv.br/marcos/trabalho-e-escravidao/mapas/ trafico-negreiro-1502-1866>. ATIVIDADES 1 - “Os primeiros escravizados foram canários (Guanches), mas eram difíceis de capturar, como os marroquinos, pelos que os Negros da costa africana se revelaram mais fáceis de obter, visto que existiam várias rotas de escravizados controladas por muçulmanos que os vendiam aos Portugueses. Muitos desses escravizados eram depois revendidos a bom preço para Castela, Aragão, repúblicas italianas, ficando uma parte em Portugal e na Madeira”. Disponível em: https://www.infopedia.pt/$produtos-e-riquezas-dos-descobrimentos. Acesso em: 26 mar. 2021(Adaptado). Antes da colonização portuguesa de território na América, quais eram as áreas de obtenção e de destino do comércio de mão de obra humana escravizada? 2 - (Enem 2021 Digital - Adaptado). As pessoas do Rio de Janeiro se fazem transportar em cadeirinhas bem douradas sustentadas por negros. Esta cadeira é seguida por um ou dois negros domésticos, trajados de librés mas com os pés nus. Se é uma mulherque se transporta, ela tem frequentemente quatro ou cinco negras indumentadas com asseio; elas vão enfeitadas com muitos colares e brincos de ouro. Outras são levadas em uma rede. Os que querem andar a pé são acompanhados por um negro, que leva uma sombrinha ou guarda-chuva, como se queira chamar. LARA, S. H. Fragmentos setecentistas. São Paulo: Cia. das Letras, 2007 (adaptado). Essas práticas, relatadas pelo capelão de um navio que ancorou na cidade do Rio de Janeiro em dezembro de 1748, simbolizavam o seguinte aspecto da sociedade colonial: a) A devoção de criados aos proprietários, como expressão da harmonia do elo patriarcal. b) A utilização de escravizados bem-vestidos em atividades degradantes, como marca da hierar- quia social. c) A mobilização de séquitos nos passeios, como evidência do medo da violência nos centros urbanos. d) A inserção de cativos na prestação de serviços pessoais, como fase de transição para o tra- balho livre. e) A concessão de vestes opulentas aos agregados, como forma de amparo concedido pela elite senhorial. 164 3 - (Enem 2012) Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos testemunhos, e é que vi nesta terra de Veragua [Panamá] maiores indícios de ouro nos dois primeiros dias do que na Hispaniola em quatro anos, e que as terras da região não podem ser mais bonitas nem mais bem lavradas. Ali, se quiserem podem mandar extrair à vontade. Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503. Apud AMADO, J.; FIGUEIREDO, L. C. Colombo e a América: quinhentos anos depois. São Paulo: Atual, 1991 (adaptado). O documento permite identificar um interesse econômico espanhol na colonização da América a par- tir do século XV. A implicação desse interesse na ocupação do espaço americano está indicada na a) expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico. b) promoção das guerras justas para conquistar o território. c) imposição da catequese para explorar o trabalho africano. d) opção pela policultura para garantir o povoamento ibérico. e) fundação de cidades para controlar a circulação de riquezas.
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