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Motivação e o comportamento na organização Léa Aparecida Barnabé Introdução Nesta aula, abordaremos a motivação, um tema bastante desafiador, que transpassa a orga- nização e afeta a vida pessoal dos indivíduos. Para isso, faremos reflexões sobre o que motiva o sujeito e como a motivação afeta o seu comportamento na organização. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • relacionar satisfação e motivação no ambiente organizacional; • identificar qual a função da motivação para o comportamento na organização. Bons estudos! 1 Conceito de motivação e sua relação com a satisfação A palavra motivação vem do latim (moveres/mover). Se observarmos a construção do termo (motivação = motivo + ação), podemos interpretar o seu significado: motivo que leva o indivíduo a uma ação (como trabalhar, viajar, estudar etc.). Para Maximiano (2010, p. 250) a motivação “indica as causas ou motivos que produzem determinado comportamento, seja ele qual for”. Para o autor, “a motivação é a energia ou força que movimenta o comportamento”. Figura 1 – Motivação Fonte: Jirsak/Shutterstock.com SAIBA MAIS! O filme “À Procura da Felicidade”, dirigido por Gabriele Muccino, mostra como as motivações internas e externas levam o indivíduo às conquistas pessoais e profissionais. As organizações preocupam-se constantemente com seus colaboradores no que refere à motivação, visto que a mesma tem um impacto direto nos resultados da empresa. Na organização, dentro da empresa (entre seus pares) e fora (clientes e fornecedores), a motivação é entendida como os fatores, os impulsos, que levam o indivíduo para o bom desempenho no trabalho. Isto é, o sujeito é influenciado por seus desejos e objetivos a serem atingidos, que fazem com que ele tenha vontade de conquistar algo que lhe traga satisfação. Então, ao abordar a motivação, automaticamente, pensamos em satisfação, uma vez que estes termos possuem conceitos muito próximos e acabam confundindo. Assim, entende-se por satisfação as experiências prazerosas, o estado emocional positivo, as práticas que um indivíduo vivência diante do seu trabalho; enquanto que a motivação é a maneira que o indivíduo busca mobilizar suas energias e esforços para a realização de determinadas metas (KNAPIK, 2008). EXEMPLO Uma empresa que paga bons salários para seus funcionários e atende suas ne- cessidades, deixa-os satisfeitos. Porém, se esta mesma empresa não dá novos desafios, não oferece perspectivas de promoção, ou seja, não valoriza estes funcio- nários, com o tempo, eles estarão desmotivados. Assim, quanto ao salário, estão satisfeitos, mas desmotivados, por falta de incentivos. Portanto, motivação é um impulso para atingir um objetivo e a satisfação a consequência. Assim, é importante que as empresas e os gestores entendam a relação entre motivação e satis- fação e qual sua influência no desempenho profissional. FIQUE ATENTO! Desempenho profissional é o resultado da capacidade que o indivíduo apresenta na execução de uma atividade, de forma motivada para obter os resultados desejados. Assim, várias teorias surgiram para esclarecer como funcionam os mecanismos da motiva- ção, quais as influências, a relação com a satisfação e principalmente o contato que se estabelece entre o comportamento do indivíduo e organizações, conforme veremos nos tópicos a seguir. 2 Teorias sobre motivação e as relações de trabalho As teorias sobre a motivação explicam porque as pessoas se empenham na execução de suas tarefas. Estas teorias, normalmente, preocupam-se mais com as razões, os fatos, que com as habilidades que levam alguns indivíduos realizarem suas tarefas melhor que outros. No quadro a seguir, estão as principais teorias motivacionais, que abordam o tema a partir de visões diferentes, porém com o mesmo objetivo: a motivação do indivíduo no desempenho de suas funções. Assim, as teorias desenvolvidas podem se complementar. Quadro 1 – Resumo das teorias motivacionais Teórico Teoria Enfoque Abraham Maslow Hierarquia das Necessidades As necessidades estão dispostas em níveis, ou seja, obedecem a uma hierarquia para alcançar a satisfação. Douglas McGregor Teoria X e a Teoria Y Teoria X: lado negativo da natureza humana. O homem não gosta e evita o trabalho, é liderado, não tem interesse e busca somente a segurança. Teoria Y: lado positivo da natureza humana. Nesta teoria, o desempe- nho no trabalho é natural, o indivíduo tem responsabilidade pelo que executa. Além disso, quando satisfeito com as necessidades, é capaz de ter autocontrole e não se sente intimidado pelo meio, mesmo que este seja ameaçador. Frederick Herzberg Teoria dos Dois Fatores Estudos relacionados às atitudes e motivações dos funcionários den- tro de uma empresa, ou seja, Herzberg buscou entender os fatores que causavam à insatisfação no ambiente de trabalho. Victor Vroom Teoria da Expectativa O indivíduo faz uma autoavaliação de forma racional, analisando as situações de trabalho e determinando as ações. A teoria da expec- tativa divide-se em: • expectativas: quando um indivíduo realiza uma atividade com esforço, seu desempenho é bom e ele é recompensado; • valência: o esforço do indivíduo acontece se ele tiver uma recom- pensa rentável e positiva; • instrumentalidade: um resultado leva a outro resultado. Se uma recompensa financeira é agradável, com certeza irá contribuir para um estilo de vida melhor. Teórico Teoria Enfoque Lewin Kurt Teoria de Campo Baseada em duas suposições fundamentais: • o comportamento humano é derivado da totalidade de fatos coexistentes; • fatos coexistentes têm o caráter de um campo dinâmico, no qual cada parte do campo depende de uma inter-relação com as outras partes. Stacy Adams Teoria da Equidade Os indivíduos são motivados a alcançar uma condição de igualdade ou justiça nas relações com outras pessoas e com as organizações. Fonte: adaptado de MAXIMIANO, 2010. Porém, mesmo com todas estas teorias, percebe-se que a explicação, a partir delas, do que é motivação não é satisfatória. Bergamini (2008, p. 8) explica que “muitas evidências mostraram que não é suficiente considerar apenas o homem em si para concluir a respeito daquilo que se motiva”. Assim, a motivação vai muito além do que o apresentado nas teorias, visto que ela é o processo que desencadeia, direciona, um comportamento, a fim de atingir um determinado objetivo. SAIBA MAIS! Para aprofundar seu conhecimento, leio o artigo “Motivação no trabalho: abor- dagens teóricas”. Acesse: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_art- text&pid=S1678-51771990000200004>. 3 Motivação e o desempenho humano O desempenho depende de vários fatores, que interagem entre si de forma organizada e dinâmica, motivando o indivíduo à execução das tarefas e à atingir os objetivos e metas propostos. Assim, ele é uma consequência do estado motivacional, do esforço individual, da satisfação pes- soal e dos recursos oferecidos pela organização, e, também, a resultante de uma interação bem alinhada entre os motivos internos do indivíduo e os estímulos oferecido pelo meio (organização). A execução das tarefas será positiva se o indivíduo apresentar habilidades e condições de traba- lhos motivadoras. Para que o colaborador se sinta motivado e alcance os objetivos, é preciso investir na valorização interna e externa de seus colaboradores. Quanto mais motivados eles se encontra- rem, maior será o desempenho e o alcance dos objetivos e metas (indivíduos e organização). EXEMPLO Um gestor percebeu que o desempenho de seus colaboradores diminuiu acentuada- mente e resolveu investigar o porquê. Em reunião com seus colaboradores, o gestor descobriu que eles estavam desmotivados por faltade feedback (retorno de como estavam trabalhando). A partir do momento que passou a dar respostas a cada tarefa executada pelos colaboradores, o gestor percebeu aumento no desempenho humano. Segundo Maximiano (2000, p. 347), “Uma vez que o desempenho depende da motivação, a compreensão dos mecanismos da motivação para o trabalho é de extrema importância no estudo da administração das organizações”. Estes mecanismos motivacionais, nada mais são do que os estados motivacionais e o esforço que cada indivíduo utiliza no desenvolver das tarefas. Ao atingir um objetivo, o indivíduo alcança a satisfação pessoal e profissional e logo focará em outro obje- tivo. Assim, motivação e desempenho humano funcionam como uma engrenagem. Figura 2 – A engrenagem motivacional Fonte: ESB Professional/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! A engrenagem é um elemento com dentadura externa ou interna, com a finalidade de transmitir movimento, multiplicando esforços e gerando trabalho, sempre em uma sequência. Portanto, cabe às organizações estarem atentas, monitorando e avaliando, por meio de observação ou instrumentos específicos, o desempenho de seus colaboradores. Na medida em que estas ações acontecem, as organizações passam a ter em seu ambiente de trabalho, profis- sionais qualificados e motivados, uma vez que não existe um conceito ou fórmula padrão de como motivar o indivíduo para se obter um bom desempenho, apenas valorizá-los. Assim, podemos citar alguns fatores motivacionais internos e externos que ajudam na valoriza- ção e no bom desempenho humano, como: clima organizacional; planos de carreira; relacionamento interpessoal; lideranças; saúde; autoestima; entre outros fatores. FIQUE ATENTO! Entenda a diferença: objetivo é a descrição do que se pretende alcançar, atingir; já a meta é a definição em termos quantitativos, com um prazo determinado para alcançar estes resultados. Figura 3 – Metas alcançadas Fonte: PKpix/Shutterstock.com Lembre-se de que colaboradores motivados aumentam a probabilidade da obtenção de bons resultados na organização. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer o conceito de motivação, sua função e, principalmente, a influência que ela exerce sobre o indivíduo e a organização; • entender a relação entre satisfação e motivação; • reconhecer a importância da motivação para o desempenho humano. Referências À PROCURA da felicidade. Direção Gabriele Muccino. EUA. Columbia Pictures, 2007. BERGAMINI, Cecília Whitaker: Psicologia aplicada à administração de empresas, psicologia do comportamento organizacional. São Paulo: Atlas, 2008. KNAPIK, Janete. Gestão de Pessoas e Talentos. Curitiba: Ibpex, 2008. LAZZARESCHI, Noêmia. Sociologia do trabalho. Curitiba: IESDE Brasil S.A, 2009. MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Introdução à Administração. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2000. ______ Teoria geral da administração: da revolução urbana a revolução digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PÉREZ-RAMOS, Juan. Motivação no trabalho: abordagens teóricas. Psicol. USP, v.1, n.2, supl.2, São Paulo, dez. 1990. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S1678-51771990000200004>. Acesso em: 23 nov. 2016.