Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Conflitos da República. Guerra dos Canudos (1896-1897): Seca no sertão nordestino. Forma-se um Arraial conhecido como Arraial de Canudos. Líder: Antônio Conselheiro (tinha uma vida nômade pelo sertão, congregando o povo para reconstruir igrejas, forte discurso religioso) A construção do Arraial procurava enfrentar a pobreza e a marginalização. Diversos setores da sociedade incomodavam- se com Canudos: Coronéis e latifundiários: perda de mão de obra e de influência política, pois os moradores do lugar não estariam mais submetidos ao voto de cabresto. Igreja Católica: perda de fiéis. Estado: risco de sedimentação contra a recém-criada República, pois não pagavam impostos e não eram submetidos às instituições estatais. Estado usa dos jornais como meio de propaganda falsas nomeando os habitantes de Canudos como fanáticos religiosos monarquistas. Expedição comandada por Arthur Oscar, com maio armamento bélico, derrotou os Canudos. Defensores foram presos ou degolados. Os Sertões (1902), de Euclides Cunha, retomou a história dos acontecimentos em Canudos sob tom de acusação, responsabilizando o governo baiano e o Exército Nacional pelo massacre. Revolta da Vacina (1904): Presidente: Rodrigo Alves Prefeito: Pereira Passos Reforma urbana na cidade do Rio de Janeiro. Belle Époque europeia na cidade. Projeto de reurbanização da cidade eliminando tudo que era “feio” e “atrasado” e implantando o moderno, iluminado, limpo e bonito. Uma revitalização da sociedade SEM considerar as consequências para as camadas populares que tiveram suas moradias destruídas, ficando desabrigadas, estimulando o aumento das periferias/favelas. Oswaldo Cruz – reforma sanitária com o objetivo de erradicar as epidemias como malária, peste bubônica e varíola. Estopim da revolta: Em 1904, aprovou-se uma lei que instituía a vacinação obrigatória contra a varíola. A população encarou a vacinação com muita desconfiança e revoltou-se. Brigada sanitária tinham a autorização do governo de invadir as casas daqueles que resistissem às medidas, de maneira violenta. Não houve nenhuma campanha que informasse ou conscientizasse a população sobre a doença. Foi um movimento social cuja causa está veiculada a um longo processo de marginalização, exclusão social, miséria e violência do Estado. Os manifestantes depredaram o centro da cidade, incendiaram e tombaram bondes. Revolta durou 4 dias. Manifestantes foram reprimidos pelas lideranças policiais ou enviados para a Amazônia para se agruparem aos seringueiros. Revolta da Chibata (1910): Marinheiros liderados por João Cândido na Baía de Guanabara. Para disciplinar os marujos (maioria negros e mestiços), era comum que os oficiais aplicassem castigos físicos e chibatas. Essa rebelião expôs publicamente a violência do Estado contra a população pobre e o racismo das Forças Armadas brasileiras. Estopim da revolta: Diante dos castigos, os marinheiros dominaram os encouraçados Minas Gerais, São Paulo e Bahia, além de navios de menor porte, acionando os canhões das embarcações com tiros de advertência. Reinvindicações dos marinheiros: Castigos corporais deveriam ser imediatamente cessados. Alimentação dos marinheiros deveria melhorar. Exigiam um documento atestando anistia para os participantes do movimento. Caso não fossem cumpridas, iriam bombardear a cidade. Governo cedeu. Entretanto, poucos dias depois, 22 marinheiros, entre eles João Cândido, foram presos na ilha das Cobras acusados de conspiração. Somente dois sobreviveram, o líder e mais um. Revolta da Chibata tornou-se um dos maiores símbolos da violência racial da história do país. Com o fim da revolta, a prática da chibata não seria mais utilizada de forma institucionalizada pelo Estado brasileiro. Guerra do Contestado (1912-1916): Na fronteira dos estados de SC e PR localizava- se um território economicamente muito importante. A região do Contestado foi disputada pelos dois estados, onde se desenvolveu um movimento social de forte conteúdo religioso e messiânico no início do século XX. Região era bastante violenta desde os conflitos com os indígenas até a luta entre as famílias que disputavam esse território. Instituições governamentais eram praticamente ausentes na região. Existia um número significativo de imigrantes na região. Com a aquisição de terras por empresas estrangeiras, a população que vivia nesses lugares deslocou-se para a região do Contestado. A região era ocupava por um grande número de sertanejos miseráveis e marginalizados que tinham que se submeter à exploração dos fazendeiros. A ausência de leis e fiscalização governamental, miséria e a exploração do trabalho dos sertanejos intensificaram a violência na região repleta de bandidos. Existia um forte catolicismo rústico na região, desvinculado da Igreja, milenarista e representado por monges – Miguel Lucena Boaventura – que organizava acampamentos baseados na igualdade e fraternidade entre seus membros. Estopim da guerra: Temendo a formação de uma comunidade desenvolvida à revelia da supremacia das elites locais, o Estado enviou uma expedição do Exército para destruir o movimento comunitário. Expedição militar foi derrotada, porém o líder Boaventura foi morto. O movimento do contestado era baseado nos argumentos religiosos e nas reinvindicações sociais. Outras expedições foram enviadas, contanto foram fracassadas. Em 1914, em uma expedição liderada pelo general Setembrino de Carvalho, os sertanejos foram derrotados. Ficou claro que o governo federal não toleraria nenhum movimento que questionasse a forma oligárquica assumida pela República. Consequências da guerra: Os privilégios econômicos das empresas estrangeiras e dos grandes proprietários foram preservados. Aproximadamente 20 mil mortos. O Cangaço: Os cangaceiros eram vistos como bandidos cruéis, mas que se preocupava com a população pobre e carente do sertão nordestino. Na historiografia, eram definidos como criminosos pelo Estado e pelos latifúndios, mas heróis para a população camponesa. Muitos entravam para o cangaço para enriquecer praticando saques em fazendas e vilarejos, outros para vingar a morte dos parentes e poucos foram os que entraram nesse movimento por condições sociais desfavoráveis. Cangaceiros costumavam defender seus interesses pessoais e não havia identidade de classes entre eles e a população sertaneja. Uso da violência para manter o respeito era corriqueiro contra o próprio povo. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião – líder cangaceiro, conhecido por sua extrema crueldade. Estupros e torturas também foram constantes nos ataques dos cangaceiros. Pode-se dizer que os bandos de cangaceiros reproduziam a estrutura social existente no sertão nordestino, com algumas exceções: Maior participação das mulheres, ainda que pouca. Maior aproximação entre líder e seus “cabras”. Ordens do chefe eram inquestionáveis. Ele tinha o poder da vida e da morte. Os cangaceiros foram vistos como uma forma de resistência às estruturas oligárquicas, não se submetendo aos mandos e desmandos dos coronéis, tampouco era manipulado pelo “voto do cabresto”. Mobilização Operária - a Greve Geral de 1917: Crescimento da indústria = classe operária destacava-se (imigrantes + população pobre). Os trabalhadores eram influenciados por ideias revolucionárias – anarquismo. Os anarquistas reivindicavam melhores condições de trabalhos e benefícios trabalhistas. Greve era principal meio de reivindicação. Anarcossindicalistas – apostavam nas associações (sindicatos) como principal forma de organização do operariado para atuação política. Anarcocomunistas - acreditavamque a insurreição era o melhor caminho para a ação revolucionária. Os dois grupos estavam de acordo que somente por meio da ação direta e autônoma dos trabalhadores seria possível combater o capitalismo + instaurar uma sociedade igualitária. 1906 – É fundada uma central sindical de orientação anarquista: a Confederação Operária Brasileira (COB). Greve de 1917 – 50 a 70 mil trabalhadores em SP e RJ: Aumento dos salários. Abolição do trabalho para crianças menores de 14 anos. Abolição do trabalho noturno para mulheres menores de 18 anos. Jornada de trabalho de 8 horas. Acréscimo de 50% para as horas extras. Fim do trabalho aos sábados e domingos. Garantia de emprego. Respeito a associação. Redução pela metade dos preços dos aluguéis. O governo mobilizou tropas: houve repressão, prisões e extradições de alguns imigrantes. A classe operária conseguiu um pequeno reajuste no salário que logo foi corroído pela inflação. Embora derrotadas, as greves resultaram no fortalecimento da organização das classes dos trabalhadores das fábricas e destacaram a importância dos operários para e economia e para a política brasileira. O movimento feminista: Brasil colonial – formação de uma sociedade patriarcal enraizava pela repressão a elas que eram vistas como propriedade dos homens. Nessa época, a luta resumia-se ao direito à vida pública, à educação e ao divórcio. Brasil Império – as mulheres brasileiras passaram a ter direito à educação reconhecido. Nísia Floresta – fundadora da primeira escola brasileira para meninas. Chiquinha Gonzaga – primeira mulher a reger uma orquestra. Brasil República – Constituição de 1891 não agregou propostas de inclusão das mulheres a cidadania. Elas não eram reconhecidas como possuidoras de direitos pelos constituintes. O crescimento das atividades comerciais = aumento das mulheres nas fábricas têxtil. Lutavam por melhores condições de trabalho e direitos das mulheres operárias. Bertha Maria Julia Lutz – colaborou para a fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminina, cujos objetivos era a batalha pelo voto livre e acesso das mulheres ao campo de trabalho. Celina Guimarães Viana – primeiro voto de uma mulher. Alzira Soriano – primeira prefeita (foi deposta pela Revolução de 30). Em 1932, as mulheres brasileiras finalmente conquistaram o direito à participação política.
Compartilhar