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0 SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO SERVIÇO SOCIAL ALINE DIAS PORTELA, AMILTON FRANCISCO DE OLIVEIRA, JOELMA FERREIRA MENDES DE OLIVEIRA, LUCAS ALVES BARRETO DE CAMARGO, LUCIMARA XAVIER DIAS DOS SANTOS, NATIANNE BONFIM DIAS, REBEKA OLIVEIRA LIMA SOUZA. As relações de Parceria entre Terceiro Setor e o Estado em busca de uma educação inclusiva no Brasil Itapetinga - Bahia 2018 1 ALINE DIAS PORTELA, AMILTON FRANCISCO DE OLIVEIRA, JOELMA FERREIRA MENDES DE OLIVEIRA, LUCAS ALVES BARRETO DE CAMARGO, LUCIMARA XAVIER DIAS DOS SANTOS, NATIANNE BONFIM DIAS, REBEKA OLIVEIRA LIMA SOUZA. As relações de Parceria entre Terceiro Setor e o Estado em busca de uma educação inclusiva no Brasil Trabalho acadêmico de grupo apresentado ao curso de Serviço Social da UNOPAR - Universidade Pitágoras Unopar, para as disciplinas Educação Inclusiva, Serviço Social na Educação, Terceiro Setor , Meio Ambiente e Sustentabilidade, Trabalho de Conclusão de curso e Seminários. Prof. Amanda Boza, Juliana Lyra, Maria Angela Santini e Paulo Sergio Aragão. Itapetinga - Bahia 2018 2 SUMARIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 3 2. DESENVOLVIMENTO .............................................................................. 4 2.1 CARACTERISTICAS DO TERCEIRO SETOR E SUA IMERSÃO NO BRASIL .............................................................................................................. 4 2.2 CONCEPÇÃO DE POLÍTICA PÚBLICA E O PAPEL COMPLEMENTAR DO TERCEIRO SETOR ...................................................................................... 5 2.3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA COMO MOVIMENTO DE INSERÇÃO DE PÚBLICO ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ............................................................ 8 2.3.1 DIREITO A ESCOLARIZAÇÃO DOS ALUNOS PAEE, NO ENSINO REGULAR E A DECLARAÇÃO DE SALAMANCA ........................................ 8 2.3.2 TRAJETÓRIA HISTÓRICA E FASES DE TRANSFORMAÇÕES ........... 9 2.3.2.1 Da Exclusão à Segregação .................................................................... 9 2.3.2.2 Da Segregação à Integração ............................................................. 10 2.3.2.3 Da Integração à Inclusão .................................................................... 11 2.4 DIMENSÃO TECNICO-OPERATIVA DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ..................................................................................... 11 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 12 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 14 3 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por finalidade, ampliar o conhecimento acerca das parcerias estabelecidas entre o Terceiro Setor e o Estado, na execução de política públicas no Brasil. Especificando o debate sobre a busca de equidade voltada a Educação Inclussiva no Brasil e os conceitos e especificidades do Serviço Social junto a política social de educação. O Terceiro Setor tende a auxiliar o Estado na busca de Inclusão escolar, trazendo a população com deficiência à interagir nas decisões para o futuro da sociedade. Papel fundamental do Assistente Social aqui é buscar estratégias através da dimensão tecnico-operativa no intuíto de inserir a política de educação inclusiva na comunidade, combatendo a questão social e preconceitos. A proposta da educação inclusiva é acolher e dar condições para a pessoa com deficiência exercer seus direitos no que tange ao cumprimento da inclusão escolar, isso se refere também a todos os indivíduos, sem distinção de cor, raça, etnia ou religião. Inclusão é interagir com o outro, sem separação de categorias de aprendizagem, sendo assim, um regime escolar único capaz de atender a toda sociedade. Para conseguirmos reformar a instituição escolar primeiramente devemos rever nossos preconceitos. Estamos vivenciando uma crise de paradigmas que geram medos, inseguranças, incertezas e insatisfações, mas propõe-se que este seja o momento de ousar e de buscar alternativas que nos sustentem e nos direcione para realizarmos as mudanças que o momento propõe. O compromisso de enfrentar com segurança e otimismo as divergências impostas pela sociedade na aceitação da inclusão, nos mantém em constantes discussões, pois tratar de unificar a educação torna-se um paradigma constante na sociedade, e acaba de certa forma atendendo somente a um lado. Por isso manter-se firme na proposta de melhorias para enxergarmos com clareza e obviedade ética que a inclusão está trabalhando em prol de um objetivo, nos norteara para a quebra desse paradigma. O exercício da cidadania para todos, engloba progresso educacional e social e a questão das mudanças torna-se imprescindível para que as escolas se tornem centros de conexão total dos indivíduos, não só na mudança da estrutura organizacional, mas também da reformulação de todos os aspectos que envolvem a escola. 4 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 CARACTERISTICAS DO TERCEIRO SETOR E SUA IMERSÃO NO BRASIL "O estudo do terceiro setor está diretamente ligado aos interesses do povo, interesses sociais que, devido a sua essencialidade, são abraçados pelo direito e se refletem no mundo jurídico como a tutela constitucional dos direitos coletivos”. ainda mais estreita é a sua a relação com a cidadania, por ser esta o conjunto de direitos e deveres do indivíduo inserido na sociedade. (TAVARES neto; Fernandes, 2010, p. 372). Para Vilanova (2004, p. 32) “[...] o terceiro setor é o conjunto de organizações privadas que desenvolvem ações que visam à prestação de serviços considerados de interesse público, cujos resultados alcançados se revertem à própria sociedade”. essa concepção também é destacada por delegado (2005, p. 9) ao considerar que o terceiro setor pode ser apresentado como aquele desenvolvido “[...] por instituições com preocupações voltadas para a execução de práticas sociais, sem fins lucrativos, gerando, direta ou indiretamente, bens e serviços que se assemelham aos prestados pelo poder público”. O terceiro setor no Brasil, segundo Falconer (1999), apresenta como principais categorias de organizações: formado por instituições religiosas e entidades ligadas a igrejas, as organizações não governamentais e novos movimentos sociais, os empreendimentos “sem fins lucrativos” de serviços, a entidade paraestatal, nascida sob a tutela do estado e as fundações e entidades empresariais. Segundo Débora Nacif de Carvalho(2009), o Terceiro Setor no Brasil possui quatro momentos marcantes. O primeiro compreendendo o período situado entre a época da colonização até meados do século XX. Nele encontram-se as ações de assistência social, saúde e educação realizadas especialmente pela Igreja Católica, delineando o primeiro momento desta evolução. O segundo momento histórico do Terceiro Setor, segundo a autora já citada ocorreu no governo de Getúlio Vargas, que com o apoio de organizações sem fins lucrativos para a implementação de políticas públicas, o Estado assume o papel de formulador e implementador destas políticas. Para tanto, é promulgada, em 1935, a lei que declara utilidade pública para estas entidades. Em 1938, é criado o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), que estabeleceu que as instituições nele 5 inscritas pudessem receber subsídios governamentais. Neste período, a Igreja continua tendo papel importante na prestação de serviços sociais, recebendo, em alguns casos, financiamentos do Estado para as suas obras. Já o terceiro marco histórico relevante para o Terceiro Setor no Brasil teria ocorrido durante o regime militaronde se caracteriza por uma intensa mobilização da sociedade, muitas organizações conhecidas por caráter filantrópico e assistencial se uniram às organizações comunitárias e aos chamados “movimentos sociais” para serem porta-vozes dos problemas sociais. É neste período que surgem as organizações sem fins lucrativos ligadas à mobilização social e à contestação política. O quarto e último marco histórico do Terceiro Setor no Brasil ocorreu a partir de 1980 com a diminuição da intervenção do Estado nas questões sociais e com a redemocratização do País e o declínio do modelo intervencionista do Estado, a questão da cidadania e dos direitos fundamentais passa a ser o foco das organizações sem fins lucrativos. 2.2 CONCEPÇÃO DE POLÍTICA PÚBLICA E O PAPEL COMPLEMENTAR DO TERCEIRO SETOR O Terceiro setor acaba cumprindo funções públicas, fazendo a sociedade perceber a sua prática como uma nova forma de articulação de uma emergente esfera pública social e consideram-se precursoras de uma nova institucionalidade. Em suma, essas entidades podem assumir um papel estratégico quando se transformam em sujeitos políticos autônomos e levantam a bandeira da cidadania, da democracia e da busca de um novo padrão de desenvolvimento que não produza a exclusão social e a degradação ambiental. Há, portanto, um campo fértil para a sustentabilidade das ONGs para além do simples dispêndio de parcelas dos orçamentos públicos. A isso devemos somar o fato distinto, mas aparentado, de haver uma tendência de aumento da responsabilidade social entre o empresariado brasileiro. Isso sinaliza não apenas ações diretas do setor privado com objetivo de produzir bem-estar, mas uma outra fonte de patrocínio para as atividades sócio-ambientais do terceiro setor, via parcerias entre empresas e ONGs. A compreensão histórica do legado das políticas públicas no Brasil, singularizando ademais o lugar da Assistência Social neste contexto, conduz a 6 certos desafios; alguns previsíveis devido à amplitude do tema, outros nem tanto, na medida em que parte destes desafios decorrem de sua localização particular, ou seja, estão referidos a um olhar e a uma perspectiva de análise também voltados para a reflexão do Serviço Social, informada aqui especialmente pela análise histórica destes processos e de suas interconexões. Este é o cerne da questão: gerir políticas sociais é mais que governar e satisfazer as necessidades públicas, pois é também aderir ao projeto de instituição de uma esfera pública. Esse objetivo é central, sob pena de confundir até mesmo o que são as necessidades públicas, ou de relativizá-las sob perspectivas ideológicas distintas. Para garantir uma sintonia do Serviço Social com os tempos atuais, é necessário romper com uma visão endógena, focalista, uma visão’ de dentro’ do Serviço Social, prisioneira em seus muros internos. Alargar os horizontes, olhar para mais longe, para o movimento das classes sociais e do Estado, em suas relações com a sociedade; não para perder ou diluir as particularidades profissionais, mas ao contrário, para iluminá-las com maior nitidez. (1998, p. 20). A emergência e desenvolvimento de uma política social é, por um lado, a expressão contraditória da relação apontada [capital e trabalho], sendo, ao mesmo tempo, fator determinante no curso posterior desta mesma relação entre as forças sociais fundamentais. Assim sendo, para o campo das políticas sociais confluem interesses de natureza contraditória, advindos da presença de cada um destes atores na cena política, de sorte que a problemática da emergência da intervenção estatal sobre as questões sociais encontra-se quase sempre multideterminada. (TEIXEIRA, 1987, p. 48). O Chamado Novo Marco Regulatório do Terceiro Setor, fundamentado através da Lei 13.019/2014, traz uma série de mudanças para a formalização de parcerias entre as organizações da sociedade civil e a Administração Pública. Assim, uma análise mais criteriosa da norma pode proporcionar um melhor entendimento de como se dará legal, formal e operacionalmente, tal relação contratual, que já sofreu algumas alterações em dezembro de 2015 por meio da Lei 13.204/2015. A citada lei começou a vigorar em janeiro de 2016 nos âmbitos da União, Estados e Distrito Federal. No entanto, para os Municípios foi estabelecido o início de sua vigência para 1° de janeiro de 2017. Toda entidade do 7 Terceiro Setor que esteja devidamente habilitada a ser uma Parceira da Administração Pública terá que observar o sistema de seleção através de Chamamento Público. O marco regulatório, imbuído de um espírito renovador e modernizador da administração pública, previu em diversos dispositivos a necessidade de planejamento prévio da pareceria público-privada. Compreende o trinômio diagnóstico x solução x controle. 2.3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA COMO MOVIMENTO DE INSERÇÃO DE PÚBLICO ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL. A educação inclusiva é um novo modelo de escola em que o acesso e a permanência de todos os alunos, independente de suas condições socioeconômicas, raciais, culturais ou de desenvolvimento é possível, identificando e removendo barreiras para a aprendizagem substituindo os mecanismos de seleção e discriminação, necessitando de formação de professores e equipe de gestão, estruturação e organização no projeto políticopedagógico, nos recursos didáticos, metodologias, estratégias e avaliação de ensino; a Educação Inclusiva é uma nova cultura escolar que traz uma concepção de escola que visa o desenvolvimento de respostas educativas que atinjam a todos os alunos (GLAT; BLANCO, 2007). A partir da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil em 1988, e com a regulamentação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDBEN, Lei nº. 9.394/96, as pessoas com deficiência têm reconhecido o seu direito a uma educação de qualidade e com ênfase na inclusão escolar. Desde então, ao longo deste período, alterações no processo avaliativo, nas estratégias metodológicas e didáticas e na implementação de novas tecnologias assistivas foram feitas com o intuito de aperfeiçoar o sistema educacional nos diversos níveis de ensino,como também de fortalecer o princípio da inclusão. De acordo com os estudos de Mazzotta (2005), é possível destacar três atitudes sociais que marcaram o desenvolvimento da Educação Especial no tratamento dado às pessoas com necessidades especiais, no que diz respeito às pessoas com deficiência, sendo elas: marginalização, assistencialismo e educação/reabilitação. A escola permaneceu inalterada, dividida entre a educação 8 regular e especial, com enfoque pedagógico nas patologias. 2.3.1 DIREITO A ESCOLARIZAÇÃO DOS ALUNOS PAEE, NO ENSINO REGULAR E A DECLARAÇÃO DE SALAMANCA O Decreto nº 3.956/2001 vem reafirmar que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Em 1994 o Documento elaborado na Conferência Mundial sobre Educação Especial, em Salamanca, na Espanha, trouxe novos objetivos para prover diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento de inclusão social. Este documento é considerado mundialmente um dos mais dentro do movimento de inclusão social, conforme o texto que discute a Declaração de Salamanca: "promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia da inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nestas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem". O autor ainda cita que “a Declaração de Salamanca ampliou o conceito de necessidades educacionais especiais,incluindo todas as crianças que não estejam conseguindo se beneficiar com a escola, seja por que motivo for. Assim, a idéia de "necessidades educacionais especiais" [...] “o princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter”. 2.3.2 TRAJETÓRIA HISTÓRICA E FASES DE TRANSFORMAÇÕES Ao pensar na história do PAEE na sociedade, a pessoa com deficiência carrega em sua trajetória uma discriminalização em decorrência de fatores sócio- políticoeconômico. Durante séculos ocorreram poucas iniciativas de atendimento educacional ao PAEE, que muitas vezes eram restritas a atendimentos isoladas. A maior parte dos atendimentos que existiam eram de caráter assistencialista, sem a preocupação de escolarizar essas pessoas, mas sim desenvolver aprendizagens ocupacionais e sociais. Ainda hoje se faz necessário avanços nas práticas 9 políticas para que possamos ver essas pessoas se inter-relacionando dentro de comunidades livres de barreiras atitudinais como preconceito, discriminalização e segregação. 2.3.2.1 Da Exclusão à Segregação A deficiência era, para os egípcios, indiciadora e portadora de beneficios e, por isso, divinizava-se. Para os gregos e para os romanos pressagiava males futuros, os quais se afastavam, abandonando ou atirando da Rocha Tarpeia, as crianças deficientes. Os tempos medievais viram surgir, contudo, as primeiras atitudes de caridade para com a deficiência – a piedade de alguns nobres e algumas ordens religiosas estiveram na base da fundação de hospícios e de albergues que acolheram deficientes e marginalizados. No entanto, perdurou ao longo dos tempos e, em simultâneo com esta atitude piedosa, a ideia de que os deficientes representavam uma ameaça para pessoas e bens. A sua reclusão, que se processou em condições de profunda degradação, abandono e miséria, foi vista, por conseguinte, como necessária à segurança da sociedade. Ao longo do século XIX e da primeira metade do século XX, os deficientes foram, assim, inseridos em instituições de cariz marcadamente assistencialista. O clima social era propício à criação de instituições cada vez maiores, construídas longe das povoações, onde as pessoas deficientes, afastadas da família e dos vizinhos, permaneciam incomunicáveis e privadas de liberdade. (García, 1989, citado por Jiménez, 1997). A institucionalização teve, pois, numa fase inicial, um carácter assistencial. A preocupação com a educação surgiu mais tarde, pela mão de reformadores sociais, de clérigos e de médicos, com a contribuição de associações profissionais então constituídas e com o desenvolvimento científico e técnico que se foi verificando, de que os testes psicométricos de Binet e Simon, cuja escala métrica da inteligência permitia avaliar os alunos que iam para escolas especiais, são um exemplo. 2.3.2.2 Da Segregação à Integração A consciencialização, por parte da sociedade, da desumanização, da fraca qualidade de atendimento nas instituições e do seu custo elevado, das longas 10 listas de espera, das investigações sobre as atitudes negativas da sociedade para com os marginalizados e dos avanços científicos de algumas ciências, permitiu perspectivar, do ponto de vista educativo e social, a integração das crianças e dos jovens com deficiência (Jiménez, 1997), à qual estava subjacente o direito à educação, à igualdade de oportunidades e ao de participar na sociedade. À integração subsistiu o princípio da normalização, definida, nos finais da década de cinquenta do século XX, por Bank-Mikkelson, director dos Serviços para Deficientes Mentais da Dinamarca e, posteriormente, incluído na legislação daquele país, como a possibilidade de que o deficiente mental desenvolva um tipo de vida tão normal quanto possível. Nirje (1969), director da Associação Sueca Pró Crianças Deficientes, perspectivou este conceito de um modo mais abrangente, defendendo a introdução de normas o mais parecidas possível com as que a sociedade considerava como adequadas na vida diária do “subnormal”, como designou as pessoas com deficiência (Jiménez, 1997). A integração escolar decorreu da aplicação do princípio de “normalização” e, nesse sentido, a educação das crianças e dos alunos com deficiência deveria ser feita em instituições de educação e de ensino regular. 2.3.2.3 Da Integração à Inclusão A aceitação e a valorização da diversidade, a cooperação entre diferentes e a aprendizagem da multiplicidade são, assim, valores que norteiam a inclusão social, entendida como o processo pelo qual a sociedade se adapta de forma a poder incluir, em todos os seus sistemas, pessoas com necessidades especiais e, em simultâneo, estas se preparam para assumir o seu papel na sociedade. Carmo (2000) afirma que "a inclusão é um assunto que deve ser refletida e investigada com muita precisão, já que a sociedade pode estar criando uma nova modalidade: a de excluídos dentro da inclusão.", podemos concluir nossa reflexão da seguinte maneira: para que aconteça o efetivo trabalho pedagógico no processo de ensino e aprendizagem dos alunos (PAEE), esse professor deve ter compromisso e consciência desse paradigma de educação inclusiva, devendo-se preparar em cursos de formação de professores repensando seus pressupostos epistemológicos, filosóficos e pedagógicos tanto na formação inicial quanto em serviço, e terá que tentar conciliar a teoria sobre o assunto com sua prática e a 11 realidade da sala de aula. Lembrando também que este processo de aprendizagem requer a reciprocidade das experiências entre o aluno que é público-alvo da educação especial, o professor e os demais alunos. Um processo de aprendizagem onde todos participem. 2.4 DIMENSÃO TECNICO-OPERATIVA DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO As atribuições e competências dos/as assistentes sociais, sejam aquelas realizadas na educação ou em qualquer outro espaço sócioocupacional, são orientadas e norteadas pelos princípios, direitos e deveres inscritos no Código de Ética Profissional de 1993 (CEP), na Lei de Regulamentação da Profissão (Lei 8.662/1993), bem como nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996). As competências e atribuições dos/as assistentes sociais, nessa direção e com base na Lei de Regulamentação da Profissão, requisitam do/a profissional algumas competências gerais que são fundamentais à compreensão do contexto sócio- histórico em que se situa sua intervenção, a saber: I. apreensão crítica dos processos sociais de produção e reprodução das relações sociais numa perspectiva de totalidade; II. análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país e as particularidades regionais; III. compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio- histórico, no cenário internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade; IV. identificação das demandas presentes na sociedade, visando formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando as novas articulações entre o público e o privado (ABEPSS, 1996). O reconhecimento da questão social como objeto de intervenção profissional pressupõe compreender como as expressões da questão social se expressam no cotidiano profissional. Dessa forma, A ampliação exponencial das desigualdades de classe, densas de disparidades de gênero etnia, geração e desigual distribuição territorial radicaliza a questão social em suas múltiplas expressões coletivas inscritas na vida dos sujeitos, densa de tensões entre o consentimento e rebeldia (...) (IAMAMOTO, 2009: 343). O enfrentamento da questão social envolve a luta pela construção, materialização, consolidação dos direitos sociais, como uma mediação paraa 12 construção de uma outra sociabilidade. Uma das formas de acessar e garantir esses direitos é por meio das políticas sociais. E as políticas sociais que compõem a proteção social tem se constituído em respostas, muitas vezes fragmentadas, para as complexas expressões da questão social produzidas neste sistema de exploração e dominação. Nesse sentido, é importante ressaltar que a autonomia não é dada, na verdade é construída em densas tensões no cotidiano profissional ancorada na necessidade de independência técnica para fazer escolhas que estejam em sintonia com os princípios e normas do Código de Ética Profissional na perspectiva de empreender um trabalho de qualidade, que possibilite garantir e ampliar direitos à população usuária. (BARROCO e TERRA, 2012). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS No respectivo trabalho, pode-se compreender a importância do Terceiro Setor na parceria com o Estado na busca por direitos à educação inclusiva com a especificidade da categoria profissional. Aqui foi relatado a história do Terceiro Setor e sua importância junto a comunidade, a trajetória da população com deficiência marcada por preconceitos e lutas na defesa dos direitos, inclusão escolar dos alunos PAEE, além do papel do Assistente Social frente a esta questão social. O Terceiro Setor é, contudo, somente pequena parcela de um grande e variado conjunto de organizações da sociedade civil. O aproveitamento de sua participação na transformação da educação praticada no Brasil decorrerá também do que fizerem pela mobilização ampla e pelo diálogo constante em torno da tomada de decisões sobre política educacional, desde as definições legais até as práticas diretas nos estabelecimentos educacionais. Realizar a educação como direito depende do fortalecimento tanto do Estado quanto da sociedade civil, assim como depende da interlocução entre estes polos e da influência recíproca entre educação e sistema político. A atuação do Terceiro Setor tem vagado com diferentes sentidos em cada um destes aspectos, desarticuladamente, algumas desfazendo o que outras fazem. O profissional de Serviço Social ao integrar a equipe suscita, contribui para uma visão social sobre cada fenômeno apresentado e também enriquece sua 13 prática na área com os conhecimentos dos demais profissionais. Há uma aproximação maior das famílias e procura-se trabalhar temas mais condizentes com a realidade de vida das mesmas, o que inclusive desencadeiam o interesse por participar. Através de análises da realidade escolar considerando aspectos sociais, econômicos e culturais, o assistente social indica alternativas de equacionamento de situações apresentadas junto à equipe de profissionais. Considerando o conjunto de relações sociais estabelecidas em nossa sociedade, bem como sua estruturação, a atuação profissional se aproxima mais da realidade e apreende os rebatimentos da questão social neste contexto. Questões como agressividade, discriminação, evasão escolar, dificuldades de aprendizagem e sociabilidade não são consideradas isoladamente, mas procura-se conexões com aspectos gerais da sociedade. Há uma apreensão do aluno enquanto sujeito histórico e social, envolto por uma realidade e relações complexas. Essa apreensão dos rebatimentos da questão social no campo educacional e do aluno e suas formas de inserção em sociedade permitem diagnosticar a necessidade de encaminhamentos a serviços e equipamentos sociais de alunos e familiares. Não se trata apenas de buscar a garantia o acesso e permanência do aluno na escola, ou propiciar melhores condições de aprendizagem, mas também de viabilizar o exercício de cidadania. A transmissão de informações, o exercício de atividades sócio-educativas que atingem não só os alunos, mas também as famílias permitem trabalhar a sociabilidade, a reflexão a respeito da realidade. 14 REFERÊNCIAS BAPTISTA, D. et al. (Org.). Cidadania e subjetividade. 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