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Índice: Carta de apresentação .... 3 Primavera Árabe .... 9 Fotos Diversas .... 19 Diferentes Culturas .... 36 Mulheres Muçulmanas .... 45 Menino com Tênis ... 89 1. 2. 3. 4. 5. 6. Na disciplina Maker, uma “atividade Relâmpago”: Orientalismo em várias perspectivas Guilherme Guaral 1 A proposta de conectar os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) lançados pela ONU como agenda até 2030, com diversas disciplinas de todos os Cursos ministrados na Universidade Veiga de Almeida, além de ser desafiadora no campo da criatividade é também um posicionamento social e político, papel que todas as Universidades devem exercer. Mais do que formar profissionais, o intuito principal deve ser o compromisso com a formação geral desse indivíduo para que ele consiga se inserir no mercado de trabalho, fazendo a diferença, sendo especial, único e obtendo o reconhecimento por estas qualidades. Como atingir esse ideal? Como criar trilhas pedagógicas que alimentem a formação teórica e prática dos alunos/ Como possibilitar a ampliação de sua visão de mundo, no desejo de estabelecer metas para oportunizar a diminuição das desigualdades, o acesso aos meios de comunicação, aos direitos básicos que balizam o exercício pleno da cidadania? Adotar a metodologia Maker, instigando nossos alunos a produzir conhecimento colocando “a mão na massa” permite ganhos concretos nesse caminho formativo. Mais do que aprender, apreender ampliando o repertório de habilidades e competências conquistadas no exercício prático, da experimentação científica, do fazer artístico, da formulação argumentativa, a fluência desembaraçada de exposição de ideias e soluções. Neste primeiro semestre de 2021, a disciplina Estudos Avançados em Raça e Gênero, novidade na grade do curso de Relações Internacionais foi a ponte para pensarmos os ODS e nossa contribuição social neste mundo que vivemos. A escolha do ODS nº 10, redução das desigualdades, norteou a condução dos trabalhos, tanto em sua parte teórica, na apresentação dos temas, quanto na proposição de atividades para os alunos. O viés que procurei adotar foi a ação contínua e reflexiva sobre a diversidade cultural que compõem a sociedade brasileira, a partir dos eixos étnicos, regionais e de gênero. Perceber nossa diversidade e valorizar essa peculiaridade de cada grupo é uma ação propositiva de cultivo da Alteridade (respeito a diferença) e um passo importante na diminuição das desigualdades. Na primeira parte da disciplina, na ênfase das questões de “Raça” (prefiro utilizar Etnia), uma atividade relâmpago foi proposta para colocarmos a “mão na massa” e pensar “fora da caixa”. O tema escolhido foi o debate sobre o Orientalismo, conceito investigado com rigor por Edward Said, pesquisador palestino que viveu nos Estados Unidos e apresentou suas teses entre os anos 1980-2000. O ponto central da sua obra foi iluminar o processo de construção da imagem dos homens e mulheres “orientais” pelos ocidentais, desde o Império Romano ao início do século XX. Seu texto esclarece como essa ideia/imagem foi uma “invenção” e consequentemente uma deturpação dos agentes culturais e políticos ocidentais retratanto e se relacionando com os diferentes (os orientais) a partir de um olhar etnocêntrico, preconceituoso e “demonizado”. Essa ação direcionou repetidos períodos da História mundial que possibilitaram a dominação política, econômica, social e cultural das nações europeias sobre as regiões Africanas e Asiáticas percebidas geograficamente como o “Oriente”. A partir destes debates e dialogando com algumas imagens por mim selecionadas a turma foi convidada a produzir, durante a aula uma representação artística que interagisse com o Tema e as imagens apresentadas. Os trabalhos produzidos ficaram muito interessantes e o resultado geral, composto de diversificada gama artística (poesias, minicontos, colagem de imagens, charges, HQ’s, letras de música) merecem ser apreciados. Entre os alunos, das turmas 1REI112A e 1REI133A foram selecionados 7 voluntários que tiveram como tarefa avaliativa a missão de reunir, diagramar a produção dos colegas e criar esteticamente esse e-book e outros materiais que estarão sendo produzidos até o final deste semestre. Esperamos que gostem do resultado de nossos debates, conversas e reflexões sobre os motivos que ampliam a desigualdade e como devemos exercitar a Alteridade e com esse olhar respeitoso e inclusivo podemos ser agentes concretos da diminuição das desigualdades sociais, sobretudo nas relacionadas a Raça e Gênero. Pós-Doutor em História pela USP, Doutor em História pela UFF, Mestre em História pela UERJ. Professor da disciplina Estudos Avançados em Raça e Gênero (2021-1), Curso de Relações Internacionais, Universidade Veiga de Almeida, Campus Tijuca e Barra. Primavera Árabe Caio Roque Não há como confundir a imagem em questão, resta claro que trata-se de um tipo revolução. No entanto, que tipo de revolução foi essa? A imagem refere-se a uma série de revoltas que ocorreu no Oriente Médio e no Norte da África chamada de Primavera Árabe. A Tunísia pode ser chamada de berço desta revolução, uma vez que lá, a fim de lutar contra as altas taxas de desemprego, precárias condições de vida, corrupção e governos autoritários, o povo foi à rua. Nesse sentido, após bem sucedida a revolta, o movimento se espalhou pelos países vizinhos nos anos de 2010 a 2012. A necessidade da primavera árabe, termo que é relacionado a renovação da região, é decorrente do fato de naquela época não existirem governos democráticos. O poder era concentrado normalmente nas mãos de uma pessoa ou partido, onde a corrupção era comum. Diante do movimento, muitos governos autoritários foram depostos. Entretanto, embora alguns países tenham avançados em seus direitos, são eles a liberdade de expressão, redução da corrupção, entre outros, outros ainda sofrem com a instabilidade de seu governo, sendo a necessária a contínua luta por direitos básicos. João Lucas Nogueira A primavera arabe foi um grito de esperança do povo da região do oriente medio em busca de esperanca e liberdade.As manifestacoes ocorreram com o proposito de garantir os mínimos direitos para o povo como,liberdade e dignidade visto que a maioria ou quase todos os países do oriente médio tinham um governo ditatorial e que não eram simpatizantes de direitos humanos.Porém dez anos se passaram e de acordo com o site EL PAIS a primavera arabe não teve um efeito duradoura em alguns países como por exemplo a tunísia que na época conseguiu por meio das manifestações derrubar seu governo,mas depois disso foi consolidada uma frágil democracia e que originou muitas crises no pais.No egito a eleicao de um islamico ao poder foi prontamente respondida com um golpe militar sendo acusado de deixar os muculmanos controlarem a politica do pais egipcio. João Pedro Palmieri Ramos O oriente médio e o norte da África é um local com uma cultura multimilenar, a qual contribuiu também para outras culturas ao longo da história. Em suma, o mundo não seria o mesmo sem estas culturas. Nos tempos recentes, com o fim da primeira guerra mundial e a descolonização da África (consequência da partilha da mesma, no século anterior)*, estes locais ficaram divididos em Estados modernos, de certa forma diferentes dos antigos impérios, muitas vezes multinacionais que existiam na região. Além disso, muitas ideologias acabaram se alastrando pelo Oriente médio, como o pan- arabismo, um certo “socialismo árabe” e até mesmo o wahabismo. Obviamente que essas ideologias nem sempre são harmônicas entre si. Durante a guerra fria diversos regimes conhecidos como ditatoriais estavam governando muitos países da região. Além disso, houveram guerras entre o recém- criado Estado de Israel e seus vizinhos, que o viam como um usurpador de territórios de quem estava lá antes de Israel. Na Síria, o governo da família Assad estava estabelecido há décadas, tendo uma tendencia relativamente secular pan-arabista e tendo feito alianças com a URSS.A primavera árabe foi um evento em que diversos protestos, a começar pela Tunísia, derrubaram governos já estabelecidos há décadas. Todo o mundo árabe foi atingido por esse movimento. Na Síria, foi diferente. O governo não caiu e o país entrou e guerra civil. Uma guerra que em 2021 não acabou. Com milhares de mortos. Diante disso, o ocidente assistiu a inúmeras cenas de violação à direitos fundamentais de diversas pessoas e grupos e a uma crise de refugiados nos países vizinhos e Europa, principalmente. O país acabou virando um tabuleiro geopolítico de potências regionais e internacionais. Israel e Irã duelam na região, Turquia e Assad duelam em Idilib e também, claro, EUA e Rússia disputam interesses na região. Esta última é aliada do governo e tem interesse na Síria como forma de impedir um (possível) gasoduto árabe para a Europa, e assim manter a influência do gás russo na mesma Europa. Por fim, vemos como este país se acabou nos últimos anos e muitas vezes o ocidente ignora a complexidade do conflito. Luiza Borsato Barreto O “orientalismo” como estudado nas aulas é utilizado para definir os estudos orientais e para designar a representação de determinados aspectos culturais orientais, segundo uma visão eurocêntrica que acaba por convertê-los em estereótipos que vem sendo popularizado desde o século XVIII. O orientalismo foi uma ferramenta legitimadora da exploração colonial através de uma pesquisa pautada na hipótese da inferioridade racial e cultural de todas as civilizações não europeias. Tal prática gerou o desinteresse em conhecer mais profundamente as civilizações asiáticas e africanas, e incentivou o medo e a desconfiança em relação aos dominados, cujas sociedades eram tidas como "incultas, irracionais e perigosas". Os atentados de 11 de setembro foram ataques suicidas ao Estados Unidos coordenados pelo al-Qaeda, os sequestradores de aviões comerciais, colidiram intencionalmente contra as Torres Gêmeas em Nova Iorque e outro avião colidiu contra o Pentágono. Como resposta aos ataques, George W. Bush declara a guerra ao terror. O termo “Mundo Muçulmano” tornou-se referência de “Oriente Médio”, embora o centro da civilização islâmica se estenda de forma mais dominante em outras faixas territoriais, como África, Ásia, Ásia Central, o Oriente Médio passa a ser estereotipado como ameaça terrorista. A Primavera Árabe foi uma série de revoltas populares que eclodiram em mais de 10 países no Oriente Médio e na região norte da África. A Tunísia foi o berço das revoluções que se espalharam pelas nações vizinhas em oposição às altas taxas de desemprego, precárias condições de vida, corrupção e governos autoritários. As multidões heterogêneas protestando contra a opressão, iam de encontro ao senso comum ocidental, que nas últimas décadas tinha separado, a cultura árabe de valores como liberdade e igualdade. O 11 de setembro, as invasões do Afeganistão e do Iraque, somados aos governos ditatoriais que se mantinham no poder há décadas e à falta de expectativas agravaram o ressentimento, fazendo com que a impotência reinasse na região. Ao redescobrirem sua força na Primavera Árabe, lutando contra ditadores e, consequentemente, pela democracia e pela justiça, os povos árabes deixavam de lado décadas de opressão. Com a Primavera Árabe, a relação entre Ocidente e Oriente pode ter iniciado uma nova etapa e o investimento em enviados especiais, correspondentes internacionais e especialistas pode fazer com que o jornalismo ajude a quebrar paradigmas que distanciam os povos árabes de valores como democracia e liberdade, além de outros estereótipos. Raíssa Xavier Mapa Mental Escrever sobre Inspiração Breno Camini de Pinho Albuquerque Na literalidade da palavra inspiração nada mais é o ato ou efeito de inspirar-se, entretanto os modos de interpretação desta palavra são muito variados, trazendo diversos sentidos. Além disto existem modos de interpretar, dependendo da sua religião a palavra toma outro sentido. Existem inúmeras colocações, sentidos e expressões da palavra inspiração, podendo ser interpretada como criatividade ou entusiasmo, como uma pessoa ou coisa que estimula a capacidade criativa, ou uma ideia súbita e espontânea. Nesta linha de raciocínio traremos um dialeto entre a imagem apresentada acima comparada a seguinte frase, “o que leva um povo inteiro a inspirar-se e manifestarem sua vontade juntos?”. Na imagem é claro uma manifestação de vontade de um povo em prol de um beneficio ou uma cobrança de mudança, observando a imagem pode-se deduzir que o ato se referente a Primavera Árabe, que foi um movimento de suma importância para a história e para o povo do Oriente Médio. O objetivo do povo foi para luta de melhores qualidades de vida, que o estado gerasse mais empregos, e ajudasse o povo a sair da miséria, o movimento foi contra o governo autoritário à época, reivindicando também a diminuição da corrupção. Neste interim é de fácil observação o ponto em que inspirou o povo a mudar, a lutar de criar uma verdadeira revolução no Oriente Médio, essa inspiração veio pela busca de um futuro melhor, veio pelo instinto de sobrevivência a fim de que o Estado proporcione o mínimo de qualidade de vida ao ser humano. Fica clara que é um tipo de inspiração mais devemos citar que cada pessoa nesta manifestação tinha seu motivo, apesar da maioria ter motivos iguais, todos estavam extremamente inspirando e lutando por um futuro melhor para o seu pais. No fim o povo conseguiu diminuir o numero de governos autoritários no Oriente Médio, e garantiram diversos direitos que não lhes eram oferecidos, bem como fizeram um marco na história que fez com que melhorasse o futuro do pais. Fotos Diversas Visões Do que é diferente Atração circense Melodia plangente Poemas que açoitam A alma da gente Comove, revolta e o povo repete... Amanhã na escola é O menino de lente A menina sem dente O professor decente A mulher crente O outro que "sente" Mas mente É homem, é mulher Mas desmente... Temente Parece sozinho Como um pontinho Ou num quartinho Dentro do mundo Universo sombrio... Seres sem brio Visões opacas Pensamento desbrio. Visões do que é diferente. Clara Leão da Gama O mundo do lado de cá Abro os olhos, olho em volta e estranho o local onde eu estou, é tudo claro, em tons de rosa, branco e dourado, sinto um ótimo cheiro vindo de algum lugar, me sento na cama confortável, olho em volta, e vejo alguns livros, lápis de cor, e muitos brinquedos. Me levanto e percebo que estou com um sapato nos pés, dou alguns passos e a sensação é estranha, caminho mais um pouco tentando chegar ao local de onde o cheiro está vindo, e ao abrir a porta sou acordada pelo meu irmão, que está vestindo uma camisa cinza, seu rosto suado já a essa hora da manhã e ele está segurando um sapato verde na mão que trouxe da fábrica onde trabalha para me mostrar, eu consigo ver como os olhos dele brilham ao olhar para eles e como ele fica triste ao olhar para baixo e ver seus pés descalços. Eu observo ao redor e percebo que tudo aquilo foi apenas um sonho, minha realidade é bem diferente aqui no Oriente, olho em volta e nada de livros ou brinquedos, apenas a cama do meu irmão e minha mãe na cozinha, mas não sinto nenhum cheiro diferente e percebo que já está na hora de levantar ou irei me atrasar para o trabalho. Victória Manhães Vou até a cozinha e percebo que minha mãe está triste, talvez seja pelo fato de não ter nada para comer além de um último pedaço de pão em uma tigela antiga. Digo a ela que não estou com fome, o que claramente é mentira, considerando o som que meu estômago está fazendo, mas tudo bem, eu comi ontem à noite e ela não, então acho justo dar a minha parcela a ela. Lavo meu rosto, me despeço da minha mãe, que pede para que eu tome cuidado no caminho e saio para o trabalho, olho ao meu redor e tudo parece comum, começo a fazer o mesmo caminho que faço todos os dias e quando estou quase chegando ao trabalho ouço um som estranho e penso em encontrar um lugar para me esconder,mas então percebo que o barulho não está tão alto, o que significa que não é nada por perto, mas apresso meus passos, afinal nunca se sabe, afinal o Oriente é um local de grandes conflitos e nunca se sabe quando e onde o próximo pode surgir. E caso você esteja pensando, sim, eu tenho medo, mas já estou acostumada com a forma que vivemos aqui, afinal não é como se as coisas fossem mudar ou que tivesse alguém vindo nos ajudar a ter uma nova vida. Caminho mais um pouco e chego ao meu trabalho, um local onde fabricamos tecidos. Certamente não é onde eu gostaria de estar, ouvi dizer que algumas crianças daqui têm a oportunidade de ir à escola, mas não são muitas e pensando bem, apesar de ser exaustivo e receber quase nada em troca, é melhor do que o trabalho que algumas meninas realizam por aqui, se é que dá para chamar desta forma. Olho para frente e percebo que várias outras estão reunidas em um grande círculo e escuto risadas, e algumas expressões de espanto, me aproximo e olho um menino, mas ele não é comum, muito pelo contrário, ele é diferente de qualquer pessoa que eu já tenha visto em toda a minha vida, diferente de nós ele tem uma pele clara e um cabelo que brilha ao sol, ele veste roupas diferentes das nossas, claramente não são daqui, o observo por mais alguns minutos e percebo, é uma criança do Ocidente. Olho para baixo e percebo que ele está usando sapatos e eles são parecidos com os do meu sonho da noite anterior, e neste exato momento penso no meu irmão e em como ele não ficaria elegante se tivesse a oportunidade de usar um desses, ao invés de apenas fabricá-los sem parar. Quando estou entrando na fábrica, olho para trás e vejo o menino de longe, acenando em forma de tchau para mim e penso no futuro que ele não terá, e em como não seria bom ter essa vida, e por um segundo sou transportada de volta ao meu sonho e fico imaginando como será a vida das crianças do Ocidente, como será poder frequentar a escola todos os dias não ter que se preocupar se estamos sofrendo um ataque a cada som mais alto que eu ouço, não ter que me preocupar em ter o mesmo futuro que outras meninas por aqui, ou até mesmo poder brincar ao invés de ter que trabalhar incansavelmente apenas para ter o que comer, me deixo levar pelos meus pensamentos até ser trazida de volta ao som de uma amiga me chamando para começarmos o trabalho antes que estejamos encrencadas. Mas espera, acabei de perceber que cometi um grande erro e comecei essa história errada, mil desculpas. Prazer, eu sou a representação da realidade de uma parcela significativa das crianças do oriente que tiveram suas infâncias roubadas e que sonham com um futuro melhor. Islamofobia Janaína Bastos Ferreira João Carlos C. Silva Quintilha das Ruínas “Aviões sequestrados por terroristas suicidas, Acertaram as Torres Gêmeas em plena luz do dia, Arrastando centenas de civis para a inesperada “morte divina”, Mostrando na prática a fé Al-Qaeda, a sua doutrina Transformando em cinzas comércios, valores e vidas.” Larissa Teles de Oliveira Em 1832, o pintor francês Eugène Delacroix embarcou em uma viagem junto ao corpo diplomático da França rumo ao Marrocos a fim de resolver questões das relações exteriores entre os dois países. A missão diplomática era composta por membros da aristocracia francesa, os quais tinham como objetivo se encontrar com o sultão Abd-er-Rahman e percorrer lugares, como a Espanha e a Argélia ¹. Ao longo da viagem, o artista documentou as suas descobertas e relatou inúmeras diferenças entre os franceses e os mulçumanos dos países visitados. Dentre as obras produzidas durante a excursão, a obra Mulheres de Argel em seu apartamento (1834) se destaca por salientar a forma de representação do outro a partir de uma visão orientalista e eurocêntrica, campo de estudo predominante na Europa entre os séculos XVIII e XX. Na obra, aclamada pelos críticos após seu retorno à França, Delacroix buscou retratar como era uma casa muçulmana tradicional, relatando seus hábitos, a arquitetura da construção e as relações sociais dos moradores. Contudo, se analisada por uma lente que contemple os estudos de raça e gênero, é possível identificar traços de uma representação aos moldes do eurocentrismo, dotada de inúmeros estereótipos e apagamento da cultura muçulmana. A pintura retrata como personagens centrais quatro mulheres, sendo uma delas a criada, e, as outras esposas do dono da casa. Na imagem, é possível perceber que elas recebem um destaque maior que a funcionária negra, estabelecendo logo de início a relação entre explorador e explorado. Tal indiferença que denota um apagamento da existência dela como ser humano, existindo apenas para servir. Além disso, as três esposas posam com roupas totalmente aversas aos trajes tradicionais usados pelas mulheres muçulmanas, atribuindo-as sensualidade e permissividade, de modo a ressaltar à ideia de “harém” e poligamia, como se em países islâmicos as mulheres estivessem à disposição como mercadorias sexuais, e, como se todos os homens pudessem ter muitas esposas. Vale ressaltar que a própria história da criação da obra rompe com essa narrativa, uma vez que os maridos delas estiveram presentes na sala, pois as mulheres não podem ficar sozinhas na presença de homens sem eles e precisam se cobrir com vestes mais conservadoras do que as retratadas na tela. Na figura, também é possível observar itens de luxo da época, como espelhos, objetos de prata, joias, narguilé, tapetes e especiarias, que estão presentes na cena como forma de explicar a realidade daquele povo a partir de um ponto de vista colonial, atrelado ao um interesse de ser um ponto de escoamento do mercado e acumulação de capital. Com base na análise desses pontos, destaco o motivo dessa obra ter adquirido notoriedade e muitos elogios por parte da sociedade europeia do século XIX. A obra de Delacroix estava totalmente alinhada com o pensamento neocolonialista do continente europeu, retratando não a realidade do dia- a-dia do povo argelino, mas a visão estereotipada dos franceses acerca dos muçulmanos. Isso pode ser percebido por meio dos erros grotescos na retratação, como as vestes das mulheres, a opulência dos objetos domésticos, a sensualidade e o apagamento dos traços dos povos africanos (como o próprio tom de pele das mulheres que chega a ser o branco europeu), elementos que são usados com a finalidade de criar uma narrativa europeia acerca dos outros povos. Luiz Henrique Reis Dias Em 11 de setembro de 2001, o grupo jihadista islâmico Al-Qaeda, liderado por Osama Bin Laden, pôs em operação o maior ataque terrorista no século XXI. O sequestro de aviões comerciais usados como bombas em direção ao complexo do World Trade Center, em Nova Iorque e no Pentágono, em Washington D.C., abalaram não só os Estados Unidos, mas todo o mundo. O ato foi aterrador em termos psicológicos e econômicos. Este ato de terrorismo causou uma enorme transformação global na segurança internacional, fazendo com que a Guerra ao Terror, termo imortalizado no discurso do presidente dos EUA, George W. Bush, no dia do atentado, ganhasse importância ímpar na agenda das Relações Internacionais. Os eventos ocorridos em 11/09, serviram para o fortalecimento do estereótipo do terrorista. Este passou a ter uma cara, etnia, religião e características psicológicas. Na visão ocidental (e preconceituosa), este terrorista é árabe, muçulmano e, acima de tudo, insano, com seus propósitos egoístas e de destruição ilógica. O que é totalmente errado. Alguns terroristas são europeus, asiáticos, que se juntam a esta causa extremista. Eles realmente acreditam na criação do Califado e suas rígidas leis de comportamento, regidas por uma versão distorcida e radical do Islã. Na figura, vemos das mais conhecidas charges do jornal satírico francês Charlie Hebdo. Com muita irreverência, mas sem deixar de lado o olhar ocidental, a charge informa ao cidadão do ocidente que, no Islamismo, o Corão (livro sagrado) não é um livro com as palavras de amor, respeito ao próximo, afamília, a vida em sociedade. Palavras estas enviadas por Deus (Alláh) ao profeta Maomé. Nesta figura, o livro sagrado é mostrado como um manual de guerra e terrorismo. Um instrumento usado para aniquilar civilizações ocidentais. A charge então brinca e ao mesmo tempo informa que no fim o livro não passa de um objeto de merda, pois não consegue servir aos terroristas como colete à prova de munições. Esta charge retrata como muitos ocidentais, principalmente os evangélicos radicais, veem não só o muçulmano, mas o árabe em si. Mesmo que o cidadão não seja árabe. Por suas características físicas, este homem ou mulher do Oriente Médio, norte da África ou Ásia já é pré-conceituado por essas pessoas ocidentais que não se informam, contendo uma visão limitada sobre pessoas, povos, civilizações, vida. Maryane Luiza Falcão Gonçalves Rafaella da Silva Rocha No ordenamento jurídico internacional há o Princípio da solução pacífica de controvérsias, que versa sobre meios pacíficos para a resolução de divergências, com o intuito de reparar a violação de normas internacionais, sobretudo para evitar guerra. Outros meios de solução de conflito poderiam ter sido impostos, como, por exemplo, negociações diretas, conciliação, mediação, ou qualquer outro meio pacífico gerando a segurança e a paz. Entretanto, o poder islâmico não se importou com essas maneiras de solucionar os litígios internacionais. O que nos leva a pensar que o futuro dessa população é cheio de incertezas. Rebecca Salme de Carvalho Roberta Vidal Vilete Amendoim torradinho Aproveita gente que ta bem quentinho Amendoim verdadeiro Se quiser pode comprar Cada pacote um cruzeiro Compra dois que vai gostar Vai gostar vai gostar É gostoso ate o fim Pra mim minha sustentar Seu moço, eu vendo amendoim Tenho dez anos de idade Não sei o que é brincar Eu passo necessidade Pra minha mãe sustentar A coitadinha é viúva Só tem eu neste mundo É por isso que trabalho Não quero ser vagabundo Enquanto tiver dois braços E Deus olhando pra mim Pra minha mãe sustentar Eu vou vendendo amendoin Diferentes Culturas Halianny Lopes Por que o diferente é mais interessante? Como que o desigual instiga e provoca questionamentos mais intensos? Qual é a razão para que o diferente sempre esteja excluído em uma situação em que todos são comuns? O divergente desperta curiosidade, porém também é o mesmo que sofre nas mãos dos similares. Todos possuem o mesmo objetivo como nascer, crescer, reproduzir e morrer. O ciclo vital. No entanto pela excentricidade do que não é igual, os propósitos acabam mudando. Antes podia até ser porque a cor diferenciava alguns, excluía a maioria e desprezada uma boa parte da população. Mas hoje, século 21, o clico também mudou para aqueles que possuem pensamentos diferentes, aqueles que escolhem não ser o padrão da sociedade, para os que assumem quem realmente são. A vida para eles possui um novo objetivo, uma inclusão ou apenas um sonho um pouco diferente, contudo nada muito fora do padrão. Gostariam de um pouco mais de respeito, sem mais questionamentos ou sem mas... Em sua maioria sobrevivem para lutar com a finalidade de viver. Juan Munhão O mundo oriental há tempos atrás era considerado um parte do planeta como distante ou isolada, talvez seja o acumulo de países tradicionalistas e bastante religiosos amplamente distribuídos nessa parte do mundo. Fato é, o isolamento desses países foi notório durante muito tempo, a percepção que se tinha dos chamados ocidentais eram retratados em filmes hollywoodianos, um cambojano associava que o restante do outro lado do mundo era caucasiano e falava inglês. Mas com o passar dos anos, ações diplomáticas e a globalização forçaram esses países a saírem de seus casulos, era preciso economicamente se abrir para o mundo. Quando os norte-americanos pisaram na Índia, o baque foi duro, parecia que outros humanoides estavam entrando no território – como se portar diante de um povo tão desbravador e consumista nas suas ruas? – celulares nunca antes vistos, roupas, cortes de cabelo, tudo era diferente até sua cor. O que torna mais curioso esta repentina aproximação de povos é a percepção de que há a diversidade, há vida pós pacifico, atlântico e índico. E os orientais perceberam isso, novas religiões, falanges, culinárias, há vida no mundo todo. Larissa Venâncio Roubou a cena, cabelos dourados Iluminado! Predestinado! Olhos de mel imitando meu sári Eis o menino brilhante e dourado Reluzente como Lorde Ganesha Curioso como escrita no templo Valioso como rupia no bolso Curioso! Diferente da gente Monique Alves Como era de costume no mês de setembro a família Schmidt, que estava de férias, resolveu fazer uma viagem com o filho para um outro país. Com muitas roupas nas malas, alguns remédios para o pequeno, passaportes nas mãos, alguns dólares e muita animação, a mãe Julia, o pai Florian e o filho primogênito Johann saíram do seu país rumo a Índia. Como todo turista eles queriam conhecer o país melhor, por isso decidiram visitar os principais pontos turísticos, ir a restaurantes e cafeterias, experimentar os pratos típicos, fazer alguns passeios pela cidade, enfim vivenciar a cultura local. Em uma dessas idas e vindas pelas cidades da Índia, a mãe, que é professora, quis conhecer uma das escolas da cidade. Julia foi então a uma escola primária, onde foi muito bem recebida e ficou ali por algum tempo conversando com algumas pessoas que trabalhavam na escola. No fim daquela tarde, Julia se despediu de uma moça muito simpática em uma das salas de aula e foi ao encontro do seu marido e filho que haviam ido a uma lanchonete perto da escola. Assim que ela abriu a porta e avistou o pátio, seu coração disparou. Sem olhar para os lados, ela saiu em direção ao filho na intenção de protegê-lo. Ela estava incrédula, como podiam pessoas riem e apontarem para o seu filho dessa forma. Era evidente a diferença entre o seu filho e os demais. A criança branca, loira, de olhos claros destoava dos demais. É claro que ela sabia da possibilidade de haver um choque cultural, mas o que aconteceu na Índia para ela foi realmente muito impactante. Victoria Lyssa Fernandes Lopes A Luz do Preconceito Eles dizem: ela brilha brilha brilha Dourada, de pele sedosa e branca Eles continuam: quem diria? Será mesmo maltrapilha? No meio do povo escuro Ela - a branca se destaca MAs que pensamento duro O preconceito de novo ataca E sobre essa questão Racismo reverso não existe O que existe é falta de noção De gente que insiste EM não pensar antes de dar uma opinião Vinícius César Nunes Cruz Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras Mas você pensa outra coisa quando isso olha Mais do que explicações ou teorias A imagem retratada simplesmente nos mostra a história O começo da história e suas nuances Suas mudanças em constante movimento Guerras, lutas, superação O desenrolar disso e seu atual momento Vitória Barros A diversidade significa para muitos, o diferente, aquilo que não é parecido com o que nós estamos habituados a ver no nosso dia a dia, as crianças da imagem apresentada estão cara a cara com a diversidade, uma criança fenotipicamente diferente do que todos ali estão habituados a ver, e como o diferente nos desperta sempre uma grande curiosidade, todos se aproximam da pequena criança tentando observar cada detalhe de suas características físicas e consequentemente se espantando com cada traço que aquele indivíduo novo carrega, e o que essa imagem nos leva a crer é que apesar de o desconhecido nos trazer um pouco de desconforto e desconfiança, ele também nos desperta a curiosidade, logo, nos faz aprender mais, conhecer o novo, e agregar ainda mais os nossos conhecimentos. A diversidade significa a representação da sociedade, já que somos compostos por diferentes histórias, crenças, etnias, orientações sexuais e gêneros. Sobre a Diversidade... Mulheres Muçulmanas Amanda de Oliveira Mucciolo Posso mas não quero Quero mas não devo Por política ou SalamPor Allah e o Islam O oriental não é letal A insciência traz o caos Profeta de cada terra Profeta de cada qual Ana Carolina de Jesus Guimarães Eu acordei naquele dia com um pressentimento ruim. Eram seis e meia da manhã quando o alarme tocou. Eu levantei, escovei meus dentes, meu cabelo e desci para tomar meu café da manhã. Eu levantei a uma cama vazia, então assumi que meu marido já estava fazendo sua reza matinal. Como muçulmanas, rezamos a Allah três vezes ao dia, além das pequenas rezas que fazemos durante o dia. Meu marido e eu somos muçulmanos praticantes, muçulmanos Sunistas, acreditamos como boa parte dos muçulmanos na tradição de Maomé. Não somos ortodoxos, apesar dos nossos vizinhos pensarem isso. Eu uso a Niqab porque faz parte da minha religião, da mesma maneira que um cristão usa uma cruz ou tem uma cruz dentre seus pertences. Eu comecei o café da manhã enquanto o meu marido terminava a sua oração. Ao contrário do que nos foi recomendado, não fizemos juntos a primeira adoração do dia. Tomamos café juntos e ele saiu de casa. Assim, eu fiz a primeira adoração do dia e me arrumei para sair. Leggings, minha niqab que desta vez escolhi usar preto um casaco grosso e minhas luvas. O inverno era traiçoeiro. Um dia de risco Apesar do sol, o frio cortava então a maioria das pessoas ainda andava com casacos, e roupas de manga comprida. Peguei o carro e saí. Cheguei ao trabalho 15 minutos antes do horário. Sentei na minha mesa e comecei a adiantar o trabalho do dia. Trabalhava fora do centro da cidade, então nunca tinha trânsito para sair de casa ou para voltar para casa. Entrei no escritório e fiz o meu dia normalmente. Meu trabalho era com serviço social, ajudava crianças de minorias a receberem cuidados médicos em caso de abuso. A maior parte do dia, era lidar com formulários e outros tipos de papelada. Naquela manhã tínhamos recebido um caso de uma menina que tinha sido encaminhada por causa de abandono. A puseram em um orfanato e rapidamente eu comecei a procurar pelas informações dela, normalmente lido com médicos para passar informações necessárias tanto do estado físico quanto do psicológico da criança. Quase ninguém, dentro do meu trabalho, estranha eu usar o niqab. As crianças perguntam, porém não tem a mesma intenção de julgar como a maioria dos adultos fazem. A hora passava, e vagarosamente o horário do meu almoço chegava. A sensação ruim, que tinha desaparecido durante o café, agora retornava. Minha amiga do centro comunitário tinha me pedido para almoçar com ela e mais amigas delas. Elas trabalhavam no prédio ao lado, então o combinado era esperar todas na praça logo abaixo de nós. Quando o almoço finalmente chegou, eu desci. Estavam três das quatro meninas me esperando. Nisto, ao andar em direção a elas, avisto um guarda vindo na nossa direção. O nosso centro comunitário nos avisou sobre isso, caso seja abordado pela polícia sempre responda devagar, e coerentemente. Assim o fizemos. Primeiro, foi só um homem que nos abordou, então o parceiro, se juntou a nós. Sempre seguimos tudo que nos pediam, devagar e coerentemente. Quando nos pediram as identidades, ficávamos paradas e esperávamos eles perguntarem se estava na bolsa. Minutos pareciam horas naquela situação. Não tínhamos o que fazer, se fizéssemos algo de errado estaríamos pondo nossas vidas em risco. Depois de não conseguirem as respostas, ou a abordagem que estavam esperando. Os policiais nos deixaram em paz. Minhas amigas e eu estávamos mais tranquilos. Não era aquela a situação mais arriscada que já tenhamos. Os olhares, e os suspiros de homens brancos nas ruas eram mais ameaçadores. Estes punham nossa vida em risco. Em maior parte, a polícia, só interessada no muçulmano que provavelmente é ilegal. Quando a última menina chegou fomos almoçar em um restaurante muçulmano, perto dali. Lá tínhamos certeza de estar seguras. Ana Carolina Duarte Rufino Veloso Desde que me entendo por gente a imagem do mundo islâmico se associa deliberadamente a atos como 11 de Setembro e a Guerra do Iraque, singularizando deste modo toda uma cultura a traços de violência e fazendo com que as demais civilizações enxerguem o oriente apenas como uma parte misteriosa e problemática do mundo. No entanto, esta visão precisa ser desmistificada. O uso do véu islâmico, comumente utilizado por mulheres mulçumanas como demonstrado na imagem acima, adquire proporções ainda mais significativas no imaginário social sendo diretamente relacionado a práticas terroristas o que culminou na proibição do traje islâmico em alguns países europeus, ferindo assim os Direitos Humanos e afirmando a existência de um discurso civilizatório e ideológico desde os primórdios do colonialismo. Que pensamento uma imagem te traz? Que sentimento você cultiva? Qual sua opinião? Só de olhar você consegue entender o contexto com exatidão? Ouvir uma história te faz crer nela? Ver uma cena te faz descobrir o contexto dela? Sentir, tocar te faz desvendar o que está dentro dela? Posso te contar algo que pode até te assombrar? Tua opinião é só teu ponto de vista Só julga, não pergunta e também não explica Uma foto não define o contexto, muito menos uma história As falácias contadas são as que ficam em sua mente A verdade é esquecida para sempre O poder do pré-julgamento Anna Carolina de Oliveira Batista A imagem mostra mulheres diferentes de você Se vestem diferente de você Pensam diferente Tem costumes diferentes Sua origem pertence a você Suas crenças pertencem a você Seu olhar para o mundo Seu sonho é seu poder No final os olhares à sua volta não significam nada Pessoas vazias que não te conhecem Opiniões não solicitadas Salvadores do nada Exterminadores da cultura diferente De pessoas diferentes. Eduardo Viveiros Luna de Araujo Estranheza “Quão estranha é a estranheza, que é tão normal para uns enquanto é estranha para outros. Ela cobre a todos, seus costumes, suas roupas, seus gostos. Quem pode julgar? Ninguém está fora da estranheza, o que é normal também é estranho, nada foge de sua influência.” Fernanda Diniz Cardoso Manfredi Quem sabe um dia Seus corpos não sejam uma mercadoria Quem sabe um dia Seu corpo sentirá a liberdade que tanto valia Quem sabe um dia Ser mulher será uma dádiva divina Quem sabe um dia A cultura da submissão deixe de ser uma teoria Quem sabe um dia A religião não maltrate seu coração Quem sabe um dia A religião não interfira e te deixe na solidão Quem sabe um dia A religião permita que você ache sua verdadeira emoção Quem sabe um dia A liberdade feminina seja sagrada Quem sabe um dia Para todas as meninas não serem abusadas Quem sabe um dia Você possa me ver sem me violentar Quem sabe um dia Você pode me amar sem me atacar Quem sabe um dia O silêncio não vai mais nós calar Fernanda Santana de Souza O que está por trás dessas vestimentas? A resposta é: Pessoas. Pessoas de variadas idades, de variadas personalidades, pessoas que usam essa vestimenta por escolha própria ou pessoas que infelizmente são vítimas de pressão familiar ou social. Pessoas que merecem o direito de ir e vir, de se expressarem e de serem livres. Pessoas que tem sentimentos, que tem emoções, que são reais. Pessoas que acima de tudo precisam ser respeitadas. Giovanna Pacheco de Oliveira Mulher do Oriente O Orientalismo é a construção de ideias e vertentes Criou uma imagem utópica das mulheres árabes idealizada pelo ocidente Promovendo decadência cultural, interpretações literárias Desde o período colonial até atualmente. As mulheres do mundo árabe sempre atraem pelo exotismo Sua cultura, seu modo de vida se tornam atraentes. Vistas como fonte de prazer, promessa de fidelidade e submissão Essas linhas de pensamento generalizadas são inconscientes. A proposta é conhecer a imagem dessas mulheres verdadeiramente. Menos mitológica e mais realista, Enriquecendo e valorizando a cultura, E a mulher do Oriente. As verdadeiras mulheres árabes não se resumem Em um único períodoexatamente. Os Aspectos de vida em cada fase da história Não coincide com elas atualmente. Joel Felipe Ramos do Nascimento A burca é uma veste feminina que cobre todo o corpo, até o rosto e os olhos, porém nos olhos há uma rede para se poder enxergar. É usada pelas mulheres do Afeganistão e do Paquistão, em áreas próximas à fronteira com o Afeganistão. Muitos muçulmanos acreditam que o livro sagrado islâmico, o Alcorão, e outras fontes de estudos, como Hádice e Suna, exigem a homens e mulheres que se vistam e comportem modestamente em público. No entanto, esta exigência tem sido interpretada de diversas maneiras pelos estudiosos islâmicos e comunidades muçulmanas. A burca não é especificamente mencionada no Corão e nem no Hádice. A comunidade religiosa Talibã, que comandou o Afeganistão nos anos 2000, impôs seu uso no país.A burca já foi descrita como uma “prisão de pano”, um símbolo da opressão das mulheres entre os muçulmanos, mas há também relatos de mulheres que defendem o seu direito de optar por utilizá-la. A grande justificativa para lutar contra cultura, tradições e costumes políticos em qualquer sociedade. Dessa forma, é bastante incisiva ao se posicionar contra o uso da burka, por exemplo. Afirma que a burka não é muçulmana, não integra uma tradição religiosa, mas é um símbolo de dominação, de terrorismo intelectual, religioso e moral contra a liberdade das mulheres e, portanto, viola os direitos humanos e não pode ser tolerada. Dirige sua indignação a alguns feminismos ocidentais que têm sido incapazes, segundo a autora, de se unirem às vozes das feministas islâmicas, sempre em nome da cultura ou contra a islamofobia. Enfatiza que o relativismo com o qual essa questão é abordada contribui para a essencialização da mulher muçulmana e alerta para o perigo do retorno ao orientalismo, ou seja, a visão colonial das mulheres genericamente heterodesignadas como "árabes". Dessa forma, é um grande alerta acerca das armadilhas que as lógicas patriarcais têm nos imposto nas sociedades contemporâneas. Certo é que em sua carta aborda questões controversas, nos convida a um olhar crítico e também a tomar uma posição, como o feminismo sempre fez. Sua posição de estrangeira, na Europa e na sua própria cultura, possibilita uma análise que deve ser conhecida e divulgada, com intuito de considerar no debate sobre culturas diversas vozes hegemônicas e dissidentes, sobretudo as outras vozes. Julia Andrade Fraga de Carvalho Juliana Velloso da Gama Vital Em primeiro momento, é importante esclarecer, que a sociedade ainda é extremamente machista e patriarcal no mundo inteiro, existindo dificuldade de se expressar em qualquer parte do mundo, contudo, essa realidade piora no Oriente Médio. Neste sentido, podemos exemplificar a situação das mulheres na Arábia Saudita, que conquistaram há pouco tempo o direito de tirar a carteira de motorista. Entretanto, a realidade dessas mulheres ainda é composta de restrições sociais, religiosas e políticas. Outrossim, na Arábia Saudita as mulheres são proibidas de terem conversas com pessoas do sexo masculino que não sejam da sua família, com a exceção do atendente do comércio visitado. A situação consegue ser mais drásticas, pois em alguns prédios, existe entrada masculina e feminina. Outro fato essencial a ser citado no presente trabalho e, que as mulheres não podem participar de funerais em cemitérios, mesmo que seja de um familiar. Além disso, as mulheres da Arábia Saudita não podem participar de competições esportivas, apenas no ano de 2012 as mulheres do país puderam participar das Olimpíadas de Londres. No entanto, isso gerou revolta e as mesmas foram denominadas como prostitutas pelos clérigos radicais.. Por fim, a questão da conciliação das tradições centenárias e da liberdade feminina, causa preocupação crescente da comunidade mundial, principalmente com a situação das mulheres árabes e com o problema da preservação da identidade cultural. Juliana Caroliny Henriques Pereira O ver e o tocar estão relacionados; ver desperta desejo, a própria libido. Cobre-se o corpo para não ser visto, para não ser desejado. Não ver para não ousar tocar. Se não vejo, não desperto o desejo que há dentro de mim, portanto, não tocarei. A distância toma conta; é preciso usar outros elementos para estabelecer a atração, ou desviar o olhar O certo é que quase tudo que é oculto desperta interesse, atração. Não ver não significa que o desejo seja posto de lado, ao contrário, a possibilidade de não ver-tocar, desperta ainda mais o interesse pelo outro. Os mais religiosos desviam o olhar frequentemente, não estendem a mão, ficam constrangidos quando são obrigados a entrar em contato, porque estabelecem um profundo respeito com o corpo do outro. Tocar no corpo de alguém é como tocar a sua alma, é fazer parte do outro, é estar na intimidade. Letícia de Holanda Rios Se passam várias perguntas pela nossa cabeça ao olharmos para as burcas, como por exemplo: Por que essas mulheres usam as burcas? Essas mulheres não se sentem reprimidas pelo uso das burcas? Que tipo de religião faz isso com essas mulheres? Muitas pessoas indagam várias hipóteses para responder essas perguntas; no entanto, é de suma importância que entendamos o contexto sociocultural, histórico e religioso da utilização das burcas. Infelizmente, seguimos uma visão eurocêntrica, que determina alguns estereótipos da cultura Oriental, que muitas vezes é considerada xenofóbica. Por muitos anos, fui voluntária em uma organização chamada YWAM, que no português significa Jovens Com uma Missão. Nessa organização, tive o privilégio de ensinar inglês para mulheres muçulmanas que buscavam refúgio na Inglaterra. Foi então, a partir dessa experiência, que pude entender as motivações pelos quais ocorre um incentivo, principalmente por parte das famílias, para a utilização das burcas, utensílio esse que tem por finalidade cobrir a cabeça da mulher como um sinal de proteção à pureza feminina. O uso das burcas representa um significado importante na cultura Islâmica. Em algumas conversas com as minhas alunas, tive a oportunidade de aprender e entender um pouco sobre a cultura Oriental, que é tão diferente da cultura Ocidental (na qual fui inserida). A partir do convívio com essas mulheres, pude reconstruir a imagem que tinha sobre a utilização das burcas e, principalmente, minha visão sobre a cultura islamítica. No geral, quando ouvimos falar de mulheres muçulmanas em artigos ou na televisão, a imagem que é transmitida por muitas vezes é uma imagem errônea da realidade delas. Não estou me referindo ao fato de que essas mulheres mulçumanas não passem por momentos difíceis culturalmente falando, afinal, todas as mulheres sofrem com o machismo estrutural utilizando burcas ou não. Mas essa marginalização da visão da mulher muçulmana é algo que precisamos desconstruir na cultura Ocidental, pois as rotulamos por muitas vezes e acabamos, por fim, criando estereótipos. Uma amiga do Paquistão, chamada Najma, me explicou que as meninas começam a fazer uso das burcas quando as mesmas chegam na fase da puberdade, e elas passam a ser vistas perante a sociedade não como uma menina, mas como uma mulher. Segundo ela, isso é um marco da fase da infância para a fase adulta. A partir do que foi analisado, é muito importante que ocorra uma reconstrução da imagem da mulher mulçumana que usa burca por parte dos indivíduos da sociedade ocidental, e devemos procurar ser menos preconceituosos com o diferente e sermos mais amigáveis, e, principalmente entender que o diferente para um grupo cultural e normal para o outro. Lorrana Maria Bandeira dos Santos Luana Silva Viana Pele dourada ao sol escaldante do deserto, Chega a criança mulher por perto, Casada por obrigação regimentar, Seu cobiçado corpo era considerado pura fonte de prazer unilateral. Considerada tal como cães e jumentos, As mulheres jogadas ao relento, Sem esperança de dias melhores, Olhavam para a criança mulher. Aisha, a criança,não era como uma virgem morta, Por conseguinte, era vista como alguém que as mulheres deveriam se basear, Seu corpo era sagrado, Propriedade do marido. Cadijas e Aishas Sem direitos, Não havendo respeito, Por conta do masculino, Guardou-se em burcas. Panos pretos, Grossos, Quentes, Pesados. Tudo isso para cobrir-se por completo, Somente para o marido ter acesso E dispor de sua modéstia ao seu bel-prazer O ocidente diria que suas mulheres escapam dessa opressiva Mas a sina perpetua sob os olhares lascivos as suas mulheres que caminham Guardando-se ou não Ainda persiste uma ordem masculina Triste são as histórias, Que causam tormentas para o futuro, Em que se reivindicar a emancipação Continua sendo a luta diária. Luanne de Sá Pereira Miguel DANÇAR A PRÓPRIA HISTÓRIA Elas dançavam, todas as noites Os outros não viam beleza nisso Mas elas acordam e continuam Dançando, as vezes sem saber os passos Ignorando os julgamentos, os gostos, o politicado E os dias continuam seguindo Por muitas vezes cansam, param e pensam, Pensam, talvez, em ser invisível ao mundo Mas, nesta dança, por ventura encontram o seu par A si mesmas, no qual preferem motivar - pois não há futuro para um povo que tenha esquecido sua história Marcella Raissa Melo Alguém viu um outro lado e por ser outro, os lados só podem ser dois E por ser outro, não sou eu pois Alguém viu um outro lado, e por ser outro, é dualista E se não sou eu, é moralista, machista, fundamentalista Racista. Inflam-se as certezas, começa a exploração atos são válidos, o objetivo é cooperação vamos, levanta, arranca esses panos, ta calor, faz mal pro coração Urgente mudar, agora não... depois O mundo, se dividido, se parte em dois Agora! Não depois Alguém viu um outro lado mas não círculo não tem lado Mudam a geografia, a biologia, a geometria pra encobrir um preconceito – velado Maria Clara Valente A imagem acima mostra quatro mulheres utilizando burcas, vestimenta muito comum entre pessoas do sexo feminino. É um traje obrigatório no Afeganistão e no Paquistão e é visto como um traje radical, pois a mulher fica com o corpo inteiro coberto, mostrando somente os olhos. Essa vestimenta está ligada ao islamismo, religião bastante comum em diversos países árabes e a religião que mais cresce no mundo. Existem outros trajes parecidos com a burca, porém não são os mesmos, como o hijab, que acredito eu, ser mais conhecido. Porém, apesar de esse traja ser obrigatório em vários países, em outros ele é visto como símbolo de um extremismo islâmico e visto como uma ameaça. Mulçumanos sofrem ataques quase diários na França e as mulheres são proibidas de usarem seus hijabs em faculdades e escolas. São oprimidas também por quererem usar burkínis – traje de praia que cobre o corpo todo, exceto as mãos, os pés e o rosto – nas praias. O próprio presidente francês já demonstrou apoio a caricaturas que debochavam do islamismo. Apesar de mulçumanas sofrerem preconceito por causa de seus trajes, ao mesmo tempo em que as mesmas veem o uso dessa vestimenta como um símbolo de liberdade, muitos veem como um símbolo do machismo e da submissão feminina, pois homens mulçumanos não são obrigados a cobrirem o corpo. De maneira geral, para as mulçumanas é um símbolo da religião em que acreditam e quem vem de fora conhecer esses lugares como o Paquistão e Afeganistão, o uso da burca ou do hijab é um símbolo de respeito. Maria Victoria Monsour Miller Decidi fazer um poema relatando o ponto de vista ficcional de uma dessas jovens mulheres frente visão Ocidental da história de sua cultura e religião, bem como sobre a imagem de fragilidade e submissão da mesma. Nos transformaram em ameaça Logo eles, que nos construíram. Ora com suas listras, ora com listras e estrelas Todas azuis, brancas e vermelhas Foram três contra meio mundo Mundo esse mais deles que nosso Deles porque o delimitaram, definiram, exploraram Somos muitos, fomos reduzidos a um, O inimigo. Inimigo perfeito Bárbaro, devasso, exótico, submisso. Inimigo que foi “ajudado” Não merecia a grandeza que possuía Por isso fizerem o favor de nos colonizar Bondosamente exploraram, mataram e doutrinaram O problema é que a história não se repete, ela rima Rimou com violência Quem diria que os bárbaros aprenderiam? Dizem que não vemos o mundo como ele é, Mas como somos, e somos o que fizemos com o que vocês fizeram de nós. Colocaram armas em nossas mãos Fomentam a guerra entre nossos irmãos. A lógica aparentemente foi desconsiderada Ou acharam que essa também a nós não fosse aplicada? Eu sou meu pai, meu avô, minha mãe e meus irmãos Sou minha cultura, minhas raízes, sou muitas Faço minhas escolhas Não me questione sobre elas Não sou eu quem deve explicações aqui. Nunca quis o perigo Mesmo assim sempre sangrei, Mas nunca sozinha. Não me reduzam como fizeram com o Oriente. Mariah Floriano Mulheres Islâmicas após a Revolução de 1979 A revolução no Irã em 1979 provocou muitos abalos, principalmente nas mulheres, pois interferiu na forma como elas iriam se vestir. O véu muçulmano tinha sido banido pelo antigo xá, Reza Shah Pahlavi, nos anos 1930 - e a polícia tinha ordens de remover os lenços à força. Mas, no início dos anos 1980, as novas autoridades muçulmanas impuseram um código de vestimenta obrigatório que determinava o uso do hijab (véu islâmico) por todas as mulheres. Com isso, essas três mulheres que eram consideradas “livres” não são tão livres nos dias atuais. Pouco após tomar o poder, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, determinou que todas as mulheres tinham de vestir o véu islâmico - qualquer que fosse sua religião ou nacionalidade. Em 8 de março - Dia Internacional das Mulheres – essas mulheres das fotos saíram para protestar contra tal argumento, tendo em vista que pelo olhar delas já percebemos um grande medo de ter que cumprir com essa determinação do líder. Até mesmo para oração essas mulheres deveriam ficar em salas afastadas dos homens, "As orações de sexta- feira são um momento para que os religiosos ou simpatizantes das autoridades islâmicas se encontram - é um momento de solidariedade", diz Afshar. "Mas eles ainda estão muito restritos ao domínio masculino. As mulheres não podem ficar na mesma sala que os homens - elas têm de se sentar em áreas separadas para rezar, longe dos homens.” Essas quatro mulheres sofrem pela perda de sua liberdade, onde não podem mais usar as roupas que querem, devem ser separadas de homens e até mesmo em festas de casamentos devem estar com vestimentas apropriadas para tal celebração, vemos medo, raiva e infelicidade nos olhares delas. MAURICIO AYRES Era agosto de 2019 quando soubemos que de fato ela viria. Sua notícia foi amarga, senti como se fosse errado, duro e irreversível. Me senti violada. - Porque? Porque tenho que ceder aos caprichos? Porque tenho que seguir? Porque foi imposto? Continuo a pensar - Querem me tirar o direito! Não posso deixar que façam isso. É errado! As leis deveriam nos proteger, não nos oprimir. Isso é a justiça Holandesa? Apesar dos questionamentos, a lei começou a vigorar. Sim, a bendita lei que tinha como conteúdo a proibição do uso de roupas que cobrissem o rosto. Hoje, é o primeiro dia. Sinto-me desconfortável. Ao sair pela primeira vez em 21 anos de vida sem minha burca, foi como sair sem roupa. Estava exposta, sentia- me envergonhada. No trajeto rotineiro para a faculdade, passei pela rua florida que tinha belos jardins e longas árvores O sol batia diretamente no meu rosto, uma brisa quente deixava minhas bochechas coradas. - Embora seja difícil, é uma sensação única. Se não fossem as pessoas ao redor, eu poderia acostumar-me. Como é diferente. Jamais imaginei-me assim. Espero que não reparem em mim. Ao chegar na faculdade, minha melhor amiga esperava- me na porta, com flores. - Porque trouxe-me flores? Não estou morta! Ela respondeu: - Trouxe para comemorar sua liberdade, agora você é livre! Respondi de forma dura: - Minha liberdade não está em ser proibida de usara burca e sim no meu livre arbítrio de usá-la ou não. Mas arrancaram-me isso. Não me dê flores, me dê lágrimas. Com tristeza, ela se afastou. Após esse duro e longo dia, percebi que as pessoas não me olhavam como antes, afinal, agora estou vestida como elas. Apesar de impiedoso e duro, a nova realidade é essa. Tenho que me acostumar. Antes de deitar, questiono: - Qual é o conceito de “liberdade”? Será que ser livre é estar de burca ou ser “livre” é estar dentro de padrões? Será que a minha vestimenta também não foi imposta- me? Ou será que de fato escolhi? Apesar dos pesares, sigo. Acima de tudo, convicta de que minha projeção reflete em várias telas e, cada tela tende refletir o que é interessante pra si. Os globos capitam a realidade que eles querem e não a realidade de quem reflete a história. Priscila Salazar Coelho de Oliveira A MULHER MUÇULMANA Mulher muçulmana Mulher revolucionária Se esconde atrás do pano Pois não pode mostrar a cara. Mulher risonha Que ri e que sonha. Usa seu rijab Parte importante da sua religião Previsto no Alcorão. Rijab e mulher muçulmana Vivem lado a lado Como irmão. Opressão ou não Usar é a escolha da questão Sabrina Madureira Benicá Eu sou Burca Fui criada para demonstrar minha fé e preservação mas me transformei num símbolo de opressão do Afeganistão Coberta da cabeça aos pés e tela no rosto Antes usada por opção hoje não posso mostrar objeção As épocas em que fora obrigatória passaram Porém ficou na memória Ficou marcada na história Na minha Na do mundo E nos antiquados do meu país Hoje sou usada como proteção para sobreviver a aqueles que não me esqueceram e parece que nunca esquecerão Já fui assimilada como símbolo terrorista pela desinformação Porém sou apenas um tecido E me tornei símbolo de uma nação Thaynara Fernandes Acusam-nos de terrorismo: Se defendemos com todas as forças Nossa herança poética Nosso muro nacional Nossa rósea civilização A cultura flautística em nossas montanhas E os espelhos que refletem os olhos Apóio o terrorismo Se ele pode libertar um povo Da tirania e dos tiranos E salvar o homem da crueldade humana Se ele pode trazer de volta o limão e Oliveira O pássaro ao sul do Líbado e o sorriso da Golã. Tobias Espoosito O quão o machismo está interligado com a religiosidade? E essas mulheres estão confortáveis assim? Essas perguntas seriam facilmente respondidas com sobre os aspectos culturais desses países que adotam os Nijab e ninguém deveria te impor o que vestir. E trazendo o caso do que está havendo na França que o Governo francês está impedindo que essas mulheres mulçumanas pratiquem sua religião de forma plena porque para eles isso é algum tipo de terrorismo, e francamente o Governo francês é opressor e não a religião islâmica. E no Brasil, território que vivemos que é um Estado laico. Lê-se a seguir: "Artigo XVIII - Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. Liberdade de Escolha Observando a imagem a seguir podemos refletir bastante sobre a mesma, como a importância da religião mulçumana para essas mulheres e com um olhar ocidental o porquê dessas mulheres estarem todas tão cobertas por panos e faz-se duas perguntas: Halima Aden primeira modelo a usar hijab em desfiles de moda. A modelo Halima Aden foi uma das primeiras supermodelos a sempre usar lenço cobrindo os cabelos e o pescoço em todos os desfiles e ensaios fotográficos. De nacionalidade somali e americana, ela cresceu num campo de refugiados no Quênia, na África. Em entrevista ao TLFS, Halima conta como equilibra a carreira de modelo com sua fé mulçumana. “Mulher nenhuma deveria ser forçada a usar um hijab e mulher nenhuma deve ser forçada a tirá-lo”, diz A jovem de 22 anos ganhou notoriedade após ser a primeira modelo a aparecer com o véu em revistas como Vogue e Sports Illustrated, além de desfilar toda coberta para marcas como Max Mara e Yeezy. Celebrando o poder de escolher “Eu celebro minha opção por usar o hijab. Eu nunca disse a ninguém para seguir as minhas visões ou se vestir como eu”, afirma Halima, hoje a modelo extremamente bem-sucedida e bem paga. O sucesso de Halima abriu caminho para ampliar o mercado de modelos mulçumanas que querem usar hijab. VITOR ALVES ROSA DA CUNHA A imagem selecionada do slide, mostra o quanto o mundo é diversamente cultural e o quanto cada região tem as suas particularidades que o transformam em um lugar único. Enquanto nas sociedades ocidentais estamos acostumados com um tipo de vestimenta, menos ligadas as questões religiosas, no mundo árabe a vestimenta carrega um simbolismo importante e de grande relevância. A burca, utilizada pelas mulheres muçulmanas tornou-se um dos símbolos mais conhecidos do mundo árabe. Em países como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, e outros países onde a população muçulmana constitui maioria é comum ver pelas cidades que quase todas as mulheres usam a burca. Não só por uma questão religiosa, mas também, porque nesses países a religião exerce uma função legal, e na maioria das vezes, apenas as mulheres estrangeiras estão liberadas de utilizar a vestimenta. A cultura desses locais, embora possa parecer extremamente chocante para nós, ocidentais, já é vista como normalidade pelas pessoas da região, e é por ser um aspecto cultural que não devemos cair na tentação de apontar algo como “errado” ou “pouco relevante”. Nesses países árabes, mesmo que com muita resistência, as mulheres conseguem aos poucos lutar mais por seus direitos, um exemplo disso é a Arábia Saudita, onde apenas em 2017 as mulheres conquistaram o direito de dirigir, o que mostra uma imagem de como mesmo em um país altamente conservador, há toda uma luta, mesmo que a passos lentos para diminuir a forte disparidade entre homens e mulheres. Menino com Tênis Ana Carolina Nascimento “Sem trabalho eu não sou nada Não tenho dignidade Não sinto o meu valor Não tenho identidade Mas o que eu tenho É só um emprego E um salário miserável Eu tenho o meu ofício Que me cansa de verdade Tem gente que não tem nada E outros que tem mais do que precisam Tem gente que não quer saber de trabalhar Mas quando chega o fim do dia Eu só penso em descansar E voltar p'ra casa pros teus braços Quem sabe esquecer um pouco De todo o meu cansaço Nossa vida não é boa E nem podemos reclamar Música de trabalho – Legião Urbana Ana Luiza Santos Sampaio Que saudade da escola De ouvir, aprender, ajudar Que saudade da escola De acordar toda manhã para me arrumar Havia um dia que eu podia Sonhar, rir, brincar Até escutava melodias E aprendia a cantar Agora eu não entendo Porque me fecharam os olhos Me roubaram o sono E tiraram meu mundo Disseram eles que era isso Ou não teria futuro Mas futuro... Não é aquela coisa de gente grande? Belissa Rocha O mundo é desigual com diferença racial Tem abismo entre vidas E a minoria se complica no final A realidade é dura e mata muita gente Enquanto você vibra com a sua compra Eu produzo o seu tênis. Meninos de 8 anos indo para a escola Enquanto eu limpo a sua palmilha e passo a cola O que para uns é apenas um objeto Para mim é a sobrevivência e a garantia de um teto. Criança não trabalha, criança não produz Criança quer correr, criança quer ser luz A culpa é do sistema, a culpa é do mundo Só pensam neles mesmos e me acham sem futuro. Não quero racismo, não quero intolerância Nem discriminação, muitos menos ignorância Quero igualdade e principalmente justiça Tirar criança de fábrica e dar uma vida digna Quero educação e quero tolerância Quero respeito enquanto espero a esperança A esperança que a pobreza acabe e a exploração também Quero criança desenhando sem ser empregado de ninguém. CamilaRegina dos Santos A criança merece o melhor Merece ler e estudar Crescer e ser feliz Merece oportunidade Mas as nossas, não é? Imagina se as roupas que compro não veem Se não há mais quem trabalhar naquela fábrica Imagina se a hierarquia cai Imagina se aquelas crianças são finalmente abraçadas Com o calor materno da liberdade Já que pôr fim a criança de lá É para os daqui O contrário do sentido de criança Apenas é o que há Para manter o perfeito funcionamento da estrutura Que me privilegia. Poesia do Submisso Carla Gouvêa da Conceição Alberto Supérfluos e pomposos Eles são engraçados e controversos. Chegam em nossas terras com sua maneira de grandeza e narizes arrebitados, nos olhando com superioridade. Inspecionam a tonalidade de nossa pele e nossos olhos amendoados, e em poucos segundos já têm um veredito: mais uma raça pobre coitada e inferior. O Deus deles, segundo os próprios, os enviaram para que pudessem nos salvar. E então nos perguntamos: nos salvar do quê exatamente? Eles não explicam, apenas mandam. De repente nos vemos como verdadeiros escravos de suas supérfluas vontades cheias de pompa. Eles se apoderam de nossas características culturais, nossos padrões, construções, tecidos, nossos tesouros, nossa arte. Eles apresentam a quem quer que seja nossas coisas, e incorporam à suas vidas como se fossem criações próprias, sem nem imaginar a importância que tais bens possuem para nós, materiais ou não. Enquanto isso, sofremos em nosso canto. Pela ruína que esses “senhores salvadores” trouxeram para nós ao tocar em nossa abençoada e protegida terra. Que salvação é essa, que mais parece danação? Que deus é esse que legitima toda essa destruição? Para eles, somos selvagens perigosos, desprovidos de razão, atrasados, menores que um grão de areia. Meses, anos, séculos se passam. Nações nascem, nações morrem. A única coisa que ainda perdura, depois de tanto tempo, é essa agressão contra nós. Ainda que a lucidez aos poucos comece a germinar nas mentes das gerações recentes, ainda somos os serventes dos descendentes daqueles que depreciaram nossa gente, que ignoraram a multiplicidade dentro de nós. No fim, continuamos sendo escravos de suas velhas supérfluas vontades cheias de pompa, ainda que um pouco diferentes da primeira vez. Cassiane de Lira Eiras Costa Me pergunto se o maior problema da exploração infantil está nas empresas que recrutam essas crianças, ou se está em nós, nessa sociedade que mesmo sabendo das origens de tal produção, continua investindo seu dinheiro nos produtos por ela produzidos. Na foto, vemos um menino que provavelmente está em seu ambiente de trabalho com o tênis da marca Converse, comprada pela Nike há alguns anos, em suas mãos. A Nike não é a única grande empresa que têm as condições precárias de trabalho dos operários de suas fábricas exposta de maneira escancarada, mas ainda assim, mantém sua posição como líder de mercado. As fábricas instaladas no continente asiático são estratégicas, a mão de obra é extremamente barata, os direitos trabalhistas são quase nulos, mas os produtos chegam para nós a preços exorbitantes. Certa vez, lendo um artigo sobre o trabalho escravo dentro dessas grandes empresas, foi destacado o fato de a Nike ter pago ao ator Michael Jordan cerca de U$20 milhões em publicidade, enquanto os 25 mil trabalhadores da indonésia com seus salários somados, receberam cerca de U$12 milhões, esse dado traria a frente o fato de que para comprar um tênis que eles mesmo fabricam, teriam que trabalhar cerca de três meses sem gastar um centavo de seus salários. Nosso caráter e solidariedade valem um tênis fruto da exploração de diversos trabalhadores? Afinal, enquanto os produtos, ainda que sejam o resultado da exploração de diversos trabalhadores, tiverem consumidores dispostos a pagar o valor que for, para a empresa, não há por que cogitar alguma mudança no sistema que os faz lucrar. Clara Castro Infância Perdida Infância perdida, trabalho escravo trabalho infantil, que tem retorno de um centavo sem estudo, sem brinquedo, apenas um triste enredo a criança segura um tênis que jamais colocará em seus pés não enquanto tiver serventia para quem a escraviza; com o semblante cansado, todo suado e descuidado essa criança com certeza nunca terá de volta a sua infância um absurdo, situação assustadora, situação essa que ocorre com frequência e isso só vai acabar quando as pessoas começarem a fazerem denúncias porém quem quer se meter com pessoas com tão poucos escrúpulos; o tráfico de crianças existe e com ele vem o trabalho infantil a prostituição e a venda de órgãos quando os Estados começarem a agir e executarem os seus deveres de fato, talvez um dia; apenas um dia o trabalho infantil seja finalmente erradicado e com isso as crianças não terão suas infâncias roubadas e viverão em paz cada fase de suas vidas. Daniele Fernandes de Oliveira Eduardo Luís Waddington Terencio “Sementes” – Drik Barbosa Professor, esta imagem me remeteu ao trabalho infantil, que infelizmente é bastante presente e fomentado em países orientais, principalmente para as crianças pobres e marginalizadas. A necessidade de grande produção exigida pelo capitalismo, os incentivos financeiros e fiscais para a produção nesses países, especialmente para grandes empresas, e a omissão estatal, são as grandes causas do trabalho infantil no oriente. Dessa forma, me lembrei de uma música chamada “Sementes”, do Emicida e da Drik Barbosa, que faz parte de uma campanha contra o trabalho infantil. Exalto está música pois, além de ser uma composição de um artista que valorizo demais, é também uma forma artística que dá voz à importância do combate a este tipo de trabalho. Se tem muita pressão Não desenvolve a semente É a mesma coisa com a gente Que é pra ser gentil Como flor é pra florir Mas sem água, sol e tempo Que botão vai se abrir? É muito triste, muito cedo É muito covarde Cortar infâncias pela metade Pra ser um adulto, sem tumulto não existe atalho Em resumo Crianças não têm trabalho, não, não, não, Não ao trabalho infantil Desde cedo, 9 anos, era um pingo de gente Empurrado a fórceps, pro batente O bíceps dormente, a mão cheia de calo Treme, não aguenta um lápis, no fundão de São Paulo (puts) Se a alma rebelde se quer domesticar Menina preta perde infância, vira doméstica Amontoados ao relento, sem poder se esticar Um baobá vira um bonsai, é só assim pra explicar Que o nosso povo nas periferia Precisa encher suas panela vazia Dignidade é dignidade, não se negocia Por que essa troca leva infância, devolve apatia E é pior na pandemia Sobra ferida na alma Uma coleção de trauma Fora a parte física E nóiz já tá na parte crítica Pra que o nosso futuro não chore A urgência é: precisamos ser melhores, viu? Se tem muita pressão Não desenvolve a semente É a mesma coisa com a gente Que é pra ser gentil Como flor é pra florir Mas sem água, sol e tempo Que botão vai se abrir? É muito triste, muito cedo É muito covarde Cortar infâncias pela metade Pra ser um adulto, sem tumulto, não existe atalho Em resumo Crianças não têm trabalho não, não Crianças não têm trabalho não Não ao trabalho infantil Com 8 ela limpa casa de família, em troca de comida Mas só queria brincar de adoleta Sua vontade esconde-esconde Já que a sociedade pega-pega sua liberdade E transforma em tristeza Repetiu na escola por falta, ele quer ir mas não pode Desigualdade é presente e tira seus direitos Sem escolha: trabalha ou rouba pra viver Sistema algoz, que o arrancou da escola E colocou pra vender bala nos faróis Em maioria, jovens pretos de periferia Que tem direito a vida plena Mas só conhece o que vivencia Insegurança, violência e medo Trabalho infantil é um crime e tem cor e endereço Prioridade nossa é assegurar que cresçam e floresçam Alimentar a potência delas A liberdade delas não tem preço Merecem o mundo como um jardim e não como uma cela Se tem muita pressão Não desenvolve a semente (não) É a mesma coisa com a gente Que é pra ser gentilComo flor é pra florir Mas sem água, sol e tempo Que botão vai se abrir? (me diz) É muito triste, muito cedo É muito covarde (muito) Cortar infâncias pela metade (é quente) Pra ser um adulto, sem tumulto, não existe atalho Em resumo (diz) Crianças não têm trabalho, não, não, não Crianças não têm trabalho, não Apenas não ao trabalho infantil Gabriel Victor Paolino Cesar Gabriel José de Oliveira Pode-se observar muitas mudanças no mundo em que vivemos ao longo dos anos, porém, observando reportagens e matérias em jornais vamos percebendo que a nossa volta encontramos retrocessos ou lugares com ideias que ficaram estagnadas . Em um mundo extremante globalizado e avançado tecnologicamente é quase inimaginável que situações de trabalho infantil ainda ocorram em diversos lugares. Nascemos e crescemos com a ideia de que o mundo está em contaste evolução e transformação para ser torna um lugar melhor, justo e igualitário para todos . Porém como explicar a imagem acima, onde, normalmente deveríamos ver livros ao fundo, carteiras com colegas de sala de aula, temos um cenário desordenado e com materiais de trabalho, se observarmos o tênis não o que está nas mãos da criança mas aquele que utilizamos diariamente para caminhar, ir a uma festa, sair com os amigos independente de estampas e modelos, será que todos não estão marcados com o sofrimento, suor e lágrimas de uma criança que por muitas vezes são orientadas que isto é o melhor para elas. Giovanna Lemos Bonito All-Star? -Que lindo seu All Star. -Eu acabei de comprar. -Mas você sabe o caminho que ele percorreu até em você chegar? -Não, mas imagino que venha de algum lugar. -Deveria pesquisar. Pois talvez para você poder desfilar com seu tênis a brilhar, uma criança no oriente teve que trabalhar, passando horas a costurar, sem ter tempo para descansar. -Ela não deveria estar na escola, para estudar? -Com certeza, mas pensando em lucro a ganhar, alguém, os burgueses precisam explorar, e pobres crianças precisam se alimentar. -Realmente, acho que o capitalismo veio a falhar, talvez não seja tão bonito esse meu All Star. Iracema de Seixas Lopes Como pode um ser Com tanta inocência Ser feito de escravo Logo ao juvenescer Lugar de criança é brincando Sorrindo, pulando Não em uma fábrica Trabalhando horas sem descanso Cadê as grandes empresas Que expanjam seus produtos Carregados de manchas De uma infância perdida Uma criança sem futuro Sem estudar e brincar Óh Povos do Mundo acordem Já está na hora de isso acabar! O Trabalho Infantil! Jonas Felipe Lisboa Dias De Miranda Essa imagem aparentemente simples, demonstra um menino segurando um tênis. Mas conceito do Orientalismo, pode elucidar uma realidade possivelmente cruel para esse menino. Dentro de suas diversas definições, o Orientalismo é um campo de estudo das civilizações orientais atuais ou históricas, sendo ele popularizado no século XVIII e remodelado em função do colonialismo moderno no século XIX. Esse discurso delimita uma barreira cultural entre o ocidente e o oriente, construindo percepções, exageros e esteriótipos, dentro de uma visão eurocentrica ocidental, construindo assim um Oriente através de novelas, comportamentos sociais e assuntos políticos referentes ao Oriente (SAID, 2003). O Atentado de 11 de setembro de 2001, coordenados pela organização fundamentalista da Al-Qaeda, inauguraram uma nova investida cultural ocidental, perante a imagem oriental, mais especificamente, no mundo árabe no imaginário do ocidente. Os Estados Unidos responderam aos ataques com a invasão ao Afeganistão com o objetivo de derrubar o Taliban, por ceder abrigo aos terroristas da Al- Qaeda, lançando assim uma Guerra ao Terror. Os Estados Unidos também aprovaram o USA Patriot Act. Muitos outros países também reforçaram a sua legislação antiterrorismo e ampliaram os poderes de aplicação da lei. Usando o discurso de Oriente vs Ocidente, diversas famílias foram desestruturadas, infraestruturas desmanteladas e o caos instaurado na região. Além disso o imaginário conflituoso da região, foi retratado em filmes, séries, reportagens e conteúdos midiáticos em na maioria dos veículos de comunicação ocidentais, como justificativa para ações imperialistas. Curiosamente, esse simples menino, segura um tênis, cujo a marca é CONVERSE, uma empresa conhecida mundialmente, adquirida pela Nike em 2003, sendo ela um dos símbolos do sucesso do império capitalista norte americano (WAYNE, 2003). O conflito no Afeganistão, que completará vinte anos no dia 7 de outubro, representa um fator desestabilizador das relações políticas, sociais e econômicas, aprofundando as distorções já existentes região. Para alguns, representa um discurso com viés político e cultural bem definodo. Para outros, é a confirmação da utilização de teorias orientalistas a modo que elas justifiquem investidas imperialistas. Leonardo Gabriel de Souza Um olhar vazio Uma infância que se perde entre idas de um caminho Enquanto alguns brincam, outros trabalham no frio A lagrima que escorre não te deixou menos sozinho Tudo que eu faço vejo em vocês De pares em pares, nos pés de algum burguês Já perdi a conta dos dias Dando o troco pra família Meus pais ralam a noite toda enquanto eu ralo de dia Espero um dia brincar de novo, sorrir, chorar, viver um pouco E vestir em mim o meu próprio tesouro. Lucca Luciano Alparone Lima Um dia me veio a seguinte pergunta: Quanto custa um tênis? Bem, a loja está dizendo que custa duzentos reais Mas desconfio que na verdade custa muito mais Custa o esforço do trabalhador Seu amor ou sua dor A riqueza da multinacional E a pobreza social Custa uma remuneração Quer dizer, às vezes não. Enquanto os sócios da Nike ganham bilhões, suficiente para toda a família O funcionário asiático tem que se sustentar com um Dólar por dia. Custa a vida de uma criança Seu estilo e sua esperança Pode ser a moda do filho do patrão Como também, o fim da infância do pequeno cidadão Custa a saúde do empregado Totalmente desvalorizado Consumo democratizado, Povo escravizado. É, sempre tem dois lados. Será que vale à pena? Luiza N. de Menezes no momento em que você lê esse poema uma criança do outro lado do mundo trabalha para sobreviver. quando você comprar seu All Star quero que se lembre dessa criança, desse olhar. o que significou para ela? trabalhar para se alimentar e ganhar o mínimo do que você pagou para calçar. esse tênis veio do suor da desigualdade que nós todos os dias ajudamos a plantar. espero que um dia o mundo seja um lugar melhor. onde crianças podem ser crianças, e não parte de um sistema de riqueza maior. - não é assim que as coisas deveriam ser. Marcos Aurélio Lopes O menino e o tênis O trabalho escravo, infelizmente, é situação vivida por inúmeras pessoas, desde que se tem conhecimento do surgimento de seres humanos vivendo em sociedade. A submissão e aprisionamento de determinados povos ou grupos étnicos, faz parte da História Humana, e por incrível que pareça, remonta aos primórdios da humanidade, e perdura até hoje. Obviamente que, em razão de inúmeras leis, tratados, convenções, costumes e atos, a escravidão foi se aperfeiçoando, se maquiando e fantasiando, a fim de que tal crueldade não fosse perceptível a olhos nus, ou que pudesse ser falsamente explicada como uma situação regular. No Oriente Médio, assim como em alguns países da África ou da América Latina, a situação acompanha o que chamaria de “modernização da escravidão”, com a participação de inúmeras crianças e adolescentes realizando trabalhos exaustivos, pesados e até perigosos, para que possam sobreviver, cuidar e sustentar seus demais familiares, muitos impedidos ou incapacitados para o labor, por força das constantes guerras que assolam nosso planeta. Vejamos o caso da Síria e de países vizinhos, que sofrem com os horrores de guerras infindáveis, criando uma verdadeira horda de refugiados, que para sobreviver, aceitam qualquer tipo de trabalho ou função, desde a exploração sexual
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