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Faculdade Meridional - IMED Escola de Ciências Agrárias Curso de Graduação em Medicina Veterinária CLASSIFICAÇÃO DOS EXSUDATOS Acadêmica: Nicoly Cunert dos Santos Disciplina: Patologia Geral Professora: Suyene Souza Passo Fundo, 18 de setembro de 2021 Inflamação Aguda A inflamação aguda é caracterizada pela dilatação de pequenos vasos sanguíneos e o acúmulo de leucócitos e fluidos no tecido extravascular. As reações vasculares e celulares são responsáveis pelos sinais e sintomas da resposta inflamatória. O aumento do fluxo sanguíneo para a área lesada e o aumento da permeabilidade vascular levam ao acúmulo de liquido extravascular rico em proteínas plasmáticas e é responsável pelo rubor, calor e tumefação que acompanham a inflamação aguda. Os leucócitos recrutados e ativados pelo agente agressor e por mediadores endógenos podem liberar metabólitos tóxicos e proteases extracelularmente, causando danos nos tecidos e perda de função. Durante a lesão, um dos sintomas locais é dor. As Respostas Celulares e Vasculares Primárias Durante a Inflamação Aguda. A maioria destas respostas ocorre nos capilares e nas vênulas pós-capilares. Inflamação Crônica A inflamação crônica é uma resposta de duração prolongada (semanas ou meses), na qual inflamação, lesão tecidual e tentativas de reparo coexistem em diferentes combinações. Pode suceder a inflamação aguda, como descrito anteriormente, ou pode começar de forma insidiosa, como um processo latente, progressivo, sem sinais de uma reação aguda precedente. (Robbins, 2021). A inflamação crônica surge nos seguintes contextos: Infecções persistentes por microrganismos que são difíceis de erradicar, tais como microbactérias e certos vírus, fungos e parasitas. Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos, exógenos ou endógenos. A inflamação crônica caracteriza-se pela infiltração de células mononucleares (macrófagos, linfócitos e plasmócitos), destruição tecidual induzida pelo agente ofensivo persistente ou pelas células inflamatórias e tentativas de cura pela troca do tecido danificado por tecido conjuntivo, pela proliferação de pequenos vasos sanguíneos e pela fibrose. Além disso, outros tipos celulares podem participar da inflamação crônica, como eosinófilos, mastócitos e neutrófilos (embora estes sejam característicos da inflamação aguda, muitas formas de inflamação crônica com duração de meses continuam a exibir um grande numero de neutrófilos, induzidos por microrganismos persistentes ou por citocinas e outros mediadores produzidos por macrófagos ativados e linfócitos T). Exsudatos O aumento da permeabilidade vascular leva à saída de líquido rico em proteínas e células sanguíneas para os tecidos extravasculares. Isso provoca aumento da pressão osmótica do líquido intersticial, levando a maior efluxo de água do sangue para os tecidos. O acúmulo de líquido rico em proteínas resultante é chamado exsudato. Os exsudatos devem ser distinguidos dos transudatos, que são acúmulos de líquido intersticial, causados pelo aumento da pressão hidrostática, geralmente como consequência da redução do retorno venoso. Os transudatos contêm baixas concentrações de proteína e pouca ou nenhuma célula sanguínea. O acúmulo de líquido nos espaços extravasculares é chamado de edema; o líquido pode ser transudato ou exsudato. Os exsudatos são típicos da inflamação, ao passo que os transudatos se acumulam em várias condições não inflamatórias. (Robbins, 2013). Classificação dos Exsudatos Exsudato seroso: É marcado pela exsudação de fluidos pobres em células em espaços criados pelas lesões na superfície epitelial ou nas cavidades do corpo revestidas por peritônio, pleura ou pericárdio. Em geral, o fluido na inflamação serosa não está infectado por organismos destrutivos e não contém um grande número de leucócitos (que tendem a produzir uma inflamação purulenta, descrita mais adiante). Nas cavidades do corpo, o fluido pode ser derivado do plasma (como resultado do aumento da permeabilidade vascular) ou das secreções de células mesoteliais (como resultado da irritação local); o acúmulo de líquido nessas cavidades é denominado efusão. Seu liquido é abundante, claro e de aspecto seroso, contendo albumina e globulina e poucos neutrófilos. O liquido contido nas bolhas de uma queimadura de pele ou infecção viral são exemplos típicos. É o liquido que sai dos vasos sanguíneos na fase mais precoce da inflamação. Um exemplo de patologia envolvendo exsudato seroso é a febre aftosa. Características Macroscópicas: - Líquido translúcido e levemente turvo Características Microscópicas: - Poucas células - Presença de material hialino, pouco acidofílico no interstício. Exsudato fibrinoso: Um exsudato fibrinoso se desenvolve quando os extravasamentos vasculares são grandes ou há um estímulo procoagulante local. Quando há grande aumento na permeabilidade vascular, proteínas de alto peso molecular no sangue, como o fibrinogênio, atravessam a barreira epitelial e há formação de fibrina, que é depositada no espaço extracelular. O exsudato fibrinoso é característico da inflamação no revestimento das cavidades do corpo, como meninges, pericárdio e pleura. Histologicamente, a fibrina aparece como uma malha eosinofílica de filamentos ou às vezes como um coágulo amorfo. Os exsudatos fibrinosos podem ser dissolvidos por fibrinólise e removidos pelos macrófagos. Se a fibrina não for removida, com o tempo, pode estimular o crescimento de fibroblastos e vasos sanguíneos e, assim, causar cicatrizes. Dependendo da gravidade da lesão vascular, moléculas proteicas maiores, principalmente fibrogênio, ultrapassam a barreira vascular e integram o exsudato. O fibrogênio dá origem à fibrina, que se deposita no interstício ou na superfície dos tecidos inflamados. É característico das inflamações graves das membranas serosas que revestem as cavidades corporais, como meninges, pericárdio, pleura e peritônio, mas pode estar presente em qualquer outro tecido. Com o tempo, o exsudato fibrinoso é progressivamente infiltrado por neutrófilos e torna-se purulento. Pericardite fibrinosa. (A) Depósitos de fibrina no pericárdio. (B) Uma rede rósea de exsudato de fibrina (F) cobre a superfície pericárdica (P). Exsudato purulento: A inflamação purulenta é caracterizada pela produção de pus, um exsudato constituído por neutrófilos, debris liquefeitos das células necróticas e líquido de edema. A causa mais frequente de inflamação purulenta é a infecção por bactérias que causam necrose tecidual liquefativa, como os estafilococos; esses agentes patogênicos são denominados bactérias piogênicas (produtoras de pus). O acúmulo de pus no organismo pode acontecer de três formas: abscesso (acúmulo circunscrito de pus em um espaço criado por necrose liquefativa, que se expande por liquefação dos tecidos vizinhos); flegmão (inflamação supurativa difusa, com o pus infiltrado nos tecidos e não limitado a um espaço definido); empiema (coleção de pus em uma cavidade natural ou na luz de um órgão oco, a nomenclatura é feita adicionando-se o prefixo “pio” à raiz que indica a cavidade: piotórax, piometra, piopericárdio). Um exemplo comum de inflamação supurativa aguda é a apendicite aguda. Inflamação purulenta. (A) Múltiplos abscessos bacterianos no pulmão (setas) em um caso de broncopneumonia. (B) Os abscessos contêm neutrófilos e debris celulares, e são circundados por vasos sanguíneos congestos. Exsudato catarral/mucoso: É observado quando a inflamação ocorre nas membranas mucosas com muitas células caliciformes ou glândulas mucosas (sistema reprodutor, sistema respiratório, sistema digestivo, sistema urinário...). Suas causas mais comuns são infecções virais, toxinas e bactérias de baixa patogenicidade. É compostapor uma abundante quantidade de muco. Características macroscópicas: - Presença de líquido denso, com aspecto aderente - Catarro é o resultado do acúmulo de muco) Exsudato hemorrágico: Quando há ruptura da parede vascular Muitas hemácias entre as células inflamatórias, o que confere ao exsudato o aspecto hemorrágico visível macroscopicamente. Hemácias não são células inflamatórias, portanto não participam da reação inflamatória; Sua presença indica alteração mais severa na permeabilidade vascular, o que permite concluir que o estimulo causador e a reação inflamatória resultantes também sejam mais severos; Exemplo de patologia com exsudato hemorrágico é a glomerulonefrite aguda hemorrágica. Características microscópicas: - Muco - Restos celulares - Epitélio descamado - Leucócitos Características macroscópicas: - órgão com coloração avermelhada devido hemorragia Características microscópicas: - presença de uma grande quantidade de hemácias; - lesão vascular Exsudato granulomatoso: A inflamação granulomatosa é uma forma de inflamação crônica caracterizada por coleções de macrófagos ativados, os quais desenvolvem um citoplasma abundante e passam a se assemelhar a células epiteliais, sendo chamados células epitelioides. Alguns macrófagos ativados podem se fundir, formando células gigantes multinucleadas. Doenças granulomatosas são aquelas que produzem granulomas; Fibroblastos sempre estão presentes em torno dos granulomas mais antigos. Como exemplo de doenças granulomatosas tem-se a tuberculose (Mycobacterium tuberculosis), hanseníase (Mycobacterium leprae), sífilis (Treponema pallidum), doença da arranhadura do gato (bacilos gram- negativos), sarcoidose e doença de Crohn (doença inflamatória intestinal). Referências Bibliográficas 1. Bases da patologia em veterinária / James F. Zachary ; traduÇão Alexandre Aldighieri Soares ... [et al.] ; revisão técnica Paulo César Maiorka ... [et al.]. - 6. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2018. 2. Robbins patologia básica/Vinay Kumar, Abul K. Abbas, Jon C. Aster; [tradução Tatiana Ferreira Robaina] ... [et al.] – [Reimpr.]. – Rio de Janeiro: GEN | Grupo Editorial Nacional. Publicado pelo selo Editora Guanabara Koogan Ltda., 2021. 3. Robbins, patologia básica / Vinay Kumar... [et al] ; [tradução de Claudia Coana... et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2013.
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