Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Laryssa Barros – Medicina DEFINIÇÃO Edema= acúmulo anormal de líquido no espaço intersticial. Líquido (sais e proteínas plasmáticas), originado dos capilares sanguíneos e vasos linfáticos. FISIOPATOLOGIA A entrada e saída de líquido no vaso dependem da pressão hidrostática (força exercida pelo sangue contra a parede do vaso) e da pressão oncótica (força exercida pelas ptns plasmáticas que puxa o sangue de volta p vaso). P.oncotica tem pouca variação devido a albumina P. hidrostática é muito variável= PH>Po na arteríola (liquido sai do vaso); e Ph<Po nas vênulas (liquido volta pro vaso). Em situações normais, o líquido tende a sair do vaso, mas retorna através dos vasos linfáticos. Se os linfáticos são lesadoslíquido na retornaedema duro. ETIOLOGIA Elevação da pressão hidrostática capilar, aumentando a saída de líquido do vaso Ex.: hipervolemia (IC, IR); obstrução na circulação venosa (cirrose, insuficiência venosa). Redução da pressão oncótica capilar, reduzindo o retorno de líquido para o vaso - Perda proteica importante (síndrome nefrótica, enteropatia perdedora de proteínas); síntese reduzida de albumina (desnutrição, insuficiência hepática). Aumento da permeabilidade capilar -Inflamação (trauma, queimadura, infecções, reações alérgicas), são bem localizados. Distúrbio linfático -Compressão tumoral; filariose; doenças congênitas; ressecção cirúrgica. IC O paciente com Insuficiência Ventricular Esquerda (IVE) “pura” se apresenta tipicamente apenas com edema pulmonar (pulmão “úmido”), enquanto aquele com Insuficiência Ventricular Direita (IVD) “pura” tem pulmão “seco” e edema periférico importante, associado a turgência jugular patológica e outros sinais de congestão sistêmica. O paciente que tem IVE + IVD é portador da famigerada Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), caracterizada pela presença de congestão pulmonar (pela IVE) e sistêmica (pela IVD). IR O paciente com retenção hidrossalina secundária à doença renal crônica apresenta-se de maneira semelhante ao portador de ICC, com congestão pulmonar e sistêmica associadas a um aumento da Pressão Venosa Central (PVC). A elevação das escórias nitrogenadas (ureia e creatinina) e os achados do exame do aparelho cardiovascular podem ajudar a diferenciá-las. Além do uso de diuréticos e restrição hidrossalina, nos casos mais graves, a terapia dialítica costuma ser necessária. CIRROSE HEPATICA O paciente cirrótico pode desenvolver ascite e edema importante de membros inferiores e bolsa escrotal devido ao acúmulo de líquido na circulação venosa “abaixo” do fígado, secundária à hipertensão porta. Neste caso, a PVC é normal ou mesmo reduzida, ajudando a diferenciar estes pacientes daqueles com ICC ou doença renal (não encontraremos turgência jugular!!!). Vale lembrar que estes pacientes não apresentam congestão pulmonar, mas também podem ter dispneia por uma ascite extremamente volumosa e tensa que prejudica a expansão torácica, causando restrição ventilatória. O tratamento consiste no uso de 2 Laryssa Barros – Medicina diuréticos e na paracentese de alívio em casos refratários, sendo o transplante hepático a única terapia definitiva. O paciente hepatopata grave costuma ter ainda hipoalbuminemia secundária à disfunção hepatocelular (a albumina é produzida pelo fígado), o que contribui para o edema, devido à redução da pressão oncótica sanguínea. SÍNDROME NEFRÓTICA Condição marcada pela excreção de grandes quantidades de proteína na urina (> 3-3,5 g/dia em adultos), levando a um estado de hipoalbuminemia geralmente grave. A redução importante da albumina plasmática diminui a pressão oncótica do sangue, dificultando o retorno do líquido do interstício para os vasos sanguíneos. Geralmente, estes pacientes apresentam edema periférico importante (uma característica marcante é o edema periorbitário) e PVC normal. Pode haver ascite em alguns casos. O diagnóstico é confirmado pela dosagem de proteína na urina de 24 horas, sendo o tratamento dependente da doença de base. INSUFICIENCIA VENOSA CRÔNICA Nesta condição existe um desequilíbrio entre o fluxo sanguíneo que chega aos MMII através da circulação arterial e retorna através da circulação venosa – tendendo ao acúmulo de líquido nos membros inferiores. Tais alterações geram um estado de hipertensão venosa crônica que, quando mantido em longo prazo, é responsável pelo edema e manifestações cutâneas que caracterizam a IVC. MEDICAMENTOS -Vasodilatadores= vasodilataçãoqueda da PA reduz o fluxo plasmático renal hiperativação compensatória do sistema adrenérgico e do RAAretenção de sal e água. -Diuréticos= reduzem PA e fluxo renal, MAS forçam a excreção renal de sódio e água não causando edema. -Glicocorticoides= efeito mineralocorticoide age diretamente na retenção de sódio e agua. -AINES= reduzem produção de PG intrarrenaisreduz fluxo renal ativam SRAA. -IECA, BRA e B-BLOQ= bloqueiam os sistemas envolvidos, seja SRAA, ou adrenérgico NÃO CAUSAM EDEMA ABORDAGEM Generalizado X localizado -Localizados= origem vascular ou alérgico -Generalizados= grandes doenças sistêmicas (ICC, nefropatia). Agudo X crônico -Agudo unilateral + doloroso= TVP -Agudo bilateral= ICD, hepatopatia, nefropatia descompensada. -Crônico unilateral= IVC, doença arterial periférica (edema + dor intensa + atrofia e brilho cutâneo + redução de pelos + úlcera de fundo limpo). -Bilateral= cardiológica, renal, hepática, linfedema. Periférico X pulmonar -Periférico= o local de desenvolvimento é bastante influenciado pela gravidade – assim, em pacientes que andam, localiza-se preferencialmente nos pés e aumentam durante o dia. Em acamados, predomina na região sacra. A síndrome nefrótica, por sua vez, apresenta-se geralmente com edema periorbitário peculiar. -Pulmonar= ICC, renal crônico com retenção volêmica importante ou mesmo paciente séptico com a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), que possui uma alteração na permeabilidade vascular. Se o exame físico não indicar “pistas” para o diagnóstico desses pacientes, exames complementares como a ecocardiografia e medidas hemodinâmicas como a pressão de oclusão da artéria pulmonar podem ser úteis. A cirrose hepática não está associada ao edema pulmonar, pelo contrário: já que a retenção de volume se dá “do fígado para baixo” (ascite, edema de membros inferiores...), o pulmão desses pacientes geralmente está “seco”. A hipoalbuminemia, mesmo grave, também não causa edema pulmonar, já que os capilares alveolares são bastante permeáveis à albumina. Assim, a albumina do tecido pulmonar 3 Laryssa Barros – Medicina “entra” no vaso e ajuda a equilibrar as pressões. Além disso, a pressão de extravasamento pulmonar é consideravelmente menor que a sistêmica. TTO -Diuréticos (furosemida) Hipervolemicos, atenção a síndrome de baixo débito. Nos pacientes com síndrome nefrótica, desde que excluída a hipovolemia, e nos com IR, o uso de furosemida pode necessitar de doses mais altasalbumina dentro do néfron liga-se ao diurético e reduz o efeito Cirróticos= furosemida + espironolactona= a espironolactona mostrou-se mais eficaz que a furosemida, em doses equivalentes, provavelmente devido ao fato de que, no cirrótico, a secreção tubular dos diuréticos de alça e tiazídicos é menor, levando a uma redução da eficácia destas classes de fármacos.
Compartilhar