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A Influência das redes sociais no comportamento estético do Sujeito

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Isolamento social e autoimagem; A influência das redes sociais no comportamento estético do sujeito.
RESUMO
As redes sociais fazem parte do cotidiano do indivíduo contemporâneo e durante a quaretena elas ganharam ainda mais protagonismo. Com grande parte da população dentro de casa, as redes sociais mais tradicionais receberam picos de acesso nunca visto antes, de maneira especial o Instagram que aumentou em 40% no numero de acessos1. No entanto, o aumento de acessos ao Instagram evidenciou alguns tipos de comportamentos estéticos, como por exemplo o uso dos filtros. Os filtros dentro das redes sociais tem diversas funções, desde atuar como forma de entretenimento, protesto politico - social,e até mesmo como mudança estética. Existem filtros que são capazes de alterar o tamanho e o formato do nariz, boca, olhos e tom de pele.Um fenômeno recente chamado "Snapchat dysmorphia" mostrou que um grande número de jovens mulheres norte-americanas estão levando à cirurgiões plásticos fotos de si mesma com filtros, dizendo que é assim que elas querem parecer.
Palavra- chave: instagram, teoria mimética, comportamento social, identidade
1. INTRODUÇÃO
Durante o início da pândemia, vários estados e cidades, adotaram medidas restritivas e de isolamento. Por muito tempo, os salões de belezas, clinicas estéticas, centros cirúrgicos dentre outros se mantiveram fechados. Aliado ao fato de grande parte da população estar em casa, isolada e sem contato social, sem sombras de dúvidas a autoestima foi um dos componentes psicológicos mais abalados.Para a psicóloga Neiva Bohnenberger, autoestima é uma combinação de autoimagem (como me vejo), de autoconceito (o que penso sobre mim) e de autoconhecimento (como me sinto a respeito de quem eu sou e sobre o lugar que ocupo no mundo). Neste cenário, as redes sociais, surgem como uma valvula de escape e tambem como um potencializador da falsa imagem sobre sí. As redes atuam como uma valvula de escape quando ela " encurta distancias" e aproximam relacionamentos. Entretanto, atuam como potencializadora de um falso self, quando não se respeita os padrões estéticos presentes nela. Dentro dos "guethos digitais", estão presentes os blogueiros, a geração fitness, as modelos, marcas de maquiagem e roupa. Nota- se um padrão de comportamento em todos esses guetos, que é o padrão da vida perfeita. Este padrão apresentado é composto por: corpo ideal super magro, felicidade constante, viagens à lugares paradisiácos e aos relacionamentos perfeitos. Todos esses fatores, podem atuar como adoecedores para os internautas, visto que, eles são inalcançáveis.
2. ANALISE E COMENTÁRIO DO CONTEÚDO 
René Girard, descreve um fenômeno no qual ele chama de "desejo mimético". O desejo mimético vem de “mimesis” que significa: Imitação. A tese gira em torno da noção de que alguns desejos não provém da nossa necessidade que temos de um objeto ou do objeto em si, mas vem da imitação que temos de um mediador. Trocando em miúdos: Desejamos algo porque alguém deseja aquilo. René Girard reparou isso nas grandes literaturas (Cervantes, Dostoievski, Proust, Stendhal, Dante, etc).3
Ele também acrescenta uma diferenciação muito importante sobre os desejos humanos, que são: desejo de apropriação e o desejo metáfisico.
O desejo de apropriação se volta para um objeto específico, físico, concreto, por exemplo, um boneco, um carro, uma mulher que o sujeito, imitando seu modelo, desejaria possuir. Já o desejo metafisico é voltado para de coisas intangíveis, como o prestígio, a reputação, ou até mesmo um objeto indeterminado,como “a plenitude de ser”. Nas redes sociais ambos os desejos estão presentes. É possível observar dois tipos de desejos nos usuários. Existem aqueles que querem ser objeto de desejo e aqueles que desejam. Porém o desejo prepoderante é o metafisico.Nas redes sociais é na luta por prestígio, por admiração, por afeto, que os usuários batalham todos os dias, chegando por vezes a patamares assombrosos de rivalidade, afinal como afirma o próprio Girard, quanto maior o desejo, maior será a violência para alcança-lo.
Dessa forma, os ideáis de vida perfeita apresentado nas redes sociais não constituem uma necessidade real do individuo, mas sim um desejo mediado por terceiros. A barriga negativa, a cintura modelada, corpos esculturais, rosto modelado sem minhas ou marcas e os demais elementos presentes nos cardápios das redes sociais não são nada mais do que um "teatro de invejas". Com esses fatores as imperfeições são escondidas, os usuários estão sempre atraentes, bonitos e perfeitos.
 3. Metodologia
O presente trabalho visa compreender como as redes sociais e os padrões de beleza impactam no modo como o sujeito se relaciona com sua autoimagem durante a quarentena e os possíveis adoecimentos/sofrimentos advindos dessa relação. Para isso foi feita uma revisão bibliográfica de artigos e estudos que abordam a questão da autoestima, autoimagem, comportamento nas redes sociais. Assim como, a introdução da teoria girardiana e de como ela pode se comunicar com as redes socias, visto que, é uma teoria anterior ao fenômeno da internet.
4. Considerações finais
É impossivel negar a influência das redes sociais na vida dos individuos conteporâneos. Essa influência poder ser manifestada de diversas formas e uma dessas formas é na autoestima e conceitualização estética de sí próprio. Em cada época novos padrões são estabelecidos e as redes socias contribuem vivamente para a perpetuação desses padrões e também para a mudança dos mesmos. A teoria criada por René Girard se encaixa perfeitamente nesse contexto, visto quê o maior palco dos desejos humanos na conteporaneidade é a internet. Estamos sempre expostos as suas inflências, seja consciente ou insconscientemente.
Referências
Uso intenso de redes sociais na quarentena pode provocar ‘dismorfia-Instagram’. JOVEM PAM. São Paulo, 08 de jun. de 2020. Disponivel em: https://jovempan.com.br/programas/jornal-da-manha/uso-redes-sociais-dismorfia-instagram.html
Rao,Gisela Manual de sobrevivência da autoestima na quarentena.UOL, Rio de Janeiro, 29 de mar. de 2020. Disponivel em: https://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/03/29/manual-de-sobrevivencia-da-autoestima-na-quarentena/?cmpid=copiaecola
GIRARD, René. O bode expiatório. 1 ed. São Paulo: Paulus, 2004.

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