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MODERNISMO MUNDIAL: A ASCENSÃO E QUEDA E uma breve visita ao modernismo brasileiro Discentes: Paulo Pereira e Raul Bonifácio Profª. ME. Daniele Campitelli História e Teoria da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo Arquitetura e Urbanismo UNIRP – Centro Universitário de Rio Preto RESUMO O artigo desenvolvido a seguir retrata o que levou o sucesso do movimento modernista na arquitetura, juntamente de críticas que levaram ao seu “fim”, levantando suas características, principais representantes e uma análise de uma obra modernista brasileira. PALAVRAS-CHAVE: modernismo – função – arquitetura - uso INTRODUÇÃO Após a Revolução Industrial atingir e impactar aspectos da vida urbana no século XIX, artistas e arquitetos viram a necessidade de inovar sua arte e aspectos visuais. O ponta-pé moderno começa com a fundação da Bauhaus na Alemanha, pelo arquiteto Walter Gropius. O mesmo, foi um dos grandes nomes do movimento, junto de Le Corbusier e Ludwig Mies van der Rohe. Figura 1- Vista da Bauhaus, Dessau, Alemanha, retirada do site Rost Architects – Fonte: https://www.architecture.com/image-library/ribapix/image-information/poster/bauhaus-building-dessau-the-workshop-wing/posterid/RIBA92940.html DESENVOLVIMENTO A principal chave para arquitetura modernista era a “forma segue a função”, e o ideal de projetar um ambiente de melhor qualidade de vida. Segundo o escritor Owens Hopkins, “o modernista rejeita a ornamentação como uma forma pura de vanguarda e propósito estético, embora muitas vezes resulte em uma arquitetura sem identidade”. (HOPKINS, O, 2014). Uma das obras mais icônicas e referenciadas, é a Villa Savoye (1928) de Le Corbusier (1887-1965). O uso de materiais como aço e concreto, além de uma planta livre, se popularizaram no estilo modernista e são relevantes até os dias atuais. Figura 2 - Fachada da Villa Savoye, projetada por Le Corbusier, retirada do site Rost Architects – Fonte: rostarchitects.com/articles/2019/1/2/five-things-you-need-to-know-about-villa-savoye Em suas características ainda estão o uso da forma retilínea e cubo, onde a regra "a forma segue a função" – criada por Louis Sullivan - é amplamente adotada. Segundo o artigo “A arquitetura minimalista de Mies Van Der Rohe” (PADOVAN, L.D.G.; ALMEIDA, L.T.), o alemão seguia a concepção minimalista ‘’menos é mais’’; os volumes geométricos não possuíam elementos julgados supérfluos; e ênfase em estruturas de aço e fachadas de vidro, conceito definido pelo arquiteto de ‘’pele e osso’’. Sua arquitetura podia ser definida como simples e impactante. Figura 3 - Fachada da Farnsworth House, projetada por Mies Van Der Rohe– Fonte: farnsworthhouse.org De acordo com o paisagista norte-americano Charles Jencks (1939-2019), em seu livro “A linguagem da arquitetura pós-moderna”, a arquitetura modernista morreu as 15h de 16 de março de 1972, com a queda do prédio Pruitt-Igoe. Ainda segundo Jencks, esse estilo “morreu porque está faltando a essência do design e da contextualidade orientados para o homem, falta identidade pessoal, afinal, eles ditam como as pessoas vivem, em vez de projetar junto com a forma como vivem.” Figura 4 – Demolição do Prédio Priutt-Igoe, St. Louis, EUA – Fonte: Atlas Obscura O pós-modernismo surgiu da ausência da arquitetura moderna, tentando aprender com o que matou o modernismo, mas ainda resgatando algumas ideias relevantes que pudessem ser reparadas e reutilizadas. Ornamentos e contextualidade estão sendo reconsiderados como um aspecto necessário da arquitetura para dar identidade visual. O uso da arquitetura é expresso na forma de um edifício para dar um valor e propósito ao projeto. O pós-modernismo também tenta responder ao clima e ao modo como as pessoas vivem, para melhorar a forma como as pessoas vivem, em vez de ditar como elas devem viver. No Brasil, o movimento modernista surge sem a necessidade de solucionar problemas sociais, pois a industrialização ainda se iniciava no país na segunda década de XX, e sim após a realização da Semana de Arte Moderna em 1922 em São Paulo. O estilo ganhou reconhecimento e aceitação graça a dois grandes nomes não só nacionais, como mundiais: Oscar Niemeyer (1907-2012) e Lúcio Costa (1902-1998). Uma das principais obras no território brasileiro, é o Memorial da América Latina, inaugurado em 1989 na cidade de São Paulo, assinado por Oscar Niemeyer. O conjunto foi implantado num lugar estratégico do ponto de vista da dinâmica imobiliária da cidade, num setor de expansão comercial e cultural. O memorial implantou-se próximo a uma estação do metrô, em área de muitos espaços livres, com obras no viário, realizadas em decorrência de reestruturação de acessos. O projeto é constituído de é vários prédios, que se posiciona em duas esferas vinculadas por uma passarela, alcançando 25.210m² construídos. Figura 5 – Croqui do Memorial da América Latina, São Paulo, EUA – Fonte: digomes.wordpress.com/2010/04/21/memorial-da-america-latina/ Para que o memorial fosse feito, segundo Underwood (2002) Niemeyer voltou a usar elementos pré-moldados de concreto, mas com formas mais expressivas e curvilíneas. O projeto ilustra seu esforço de reconstruir a cultura latino-americana por meio de uma estética dinâmica e escultural que se faz tão livre na sua forma quanto unificada em sua concepção e composição. Para Cabral (2007, pag. 34), a volumetria dos principais edifícios do Memorial da América Latina é resolvida basicamente por meio de grandes superfícies de concreto e vidro com contrapontos verticais bem marcados. É uma arquitetura que apresenta uma cor para as estruturas de concreto, uma cor para o vidro e outra cor para a praça pavimentada. Figura 6- Indicação de todos os prédios do complexo Memorial da América Latina. FONTE: https://abussolaquebrada.com/2016/05/09/atracoes-do-memorial-da-america-latina/ O memorial conta com uma variação de materiais, sendo eles: concreto armado nas paredes externas e nas abóbodas dos tetos; placas de drywall em estrutura de aço galvanizado nas paredes internas janelas de estrutura metálica vedada com vidro; piso de concreto e carpete buclê ignífugo e nos móveis: cortinas, poltronas, carpetes, revestimentos – inclusive tapeçaria de autoria de Tomie Ohtake – com materiais que facilitam o combate a incêndios. O sistema construtivo tem sua fundação constituída por estacas escavadas de grande diâmetro e estacas pré-fabricadas de concreto; vigas e pilares de concreto armado e abóbodas em casca de concreto, a interação de três arcos de diferentes circunferências e alturas sendo, 4.6m, 6.8m e 7.8m. ( CASCA DE CONCRETO ) ( ABÓBODAS EM CASCA DE CONCRETO ) ( PELE DE VIDRO ) Figura 7- Detalhamento da abóboda feita pelos alunos Figura 8: Detalhamento feito pelos alunos do Auditório Simon Bolivar - Fonte https://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/conheca-a-historia-do-auditorio-simon-bolivar/: ( ESTRUTURA METÁLICA ) Figura 9- Detalhamento da abóboda feita pelos alunos – Fonte: são-paulo.estadao.com.br CONSIDERAÇÕES FINAIS O artigo é de extrema significância, pois permitiu a busca por conhecimento e informação sobre o modernismo mundial e brasileiro, permitindo assim o entendimento histórico por trás do movimento, e toda sua trajetória, desde a ascensão até a queda, entendendo as críticas ao estilo, seu “renascimento” através do pós-modernismo; mesmo assim o modernismo firmou-se como um dos mais icônicos e referenciados estilos da arquitetura, tendo seus representantes como as maiores excelências arquitetônicas. Através do estudo de caso, constatamos que a arquitetura de formas mais orgânicas de Niemeyer, era a sua “assinatura projetual”. Suas obras contavam com formas naturais e que contribuíssem de alguma forma para o quadro cultural da arquitetura brasileira. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CABRAL, Fernando Frank - A Beleza Na Síntese – Soluções Complexas e Marcantes: Revista do Memorial da América Latina. 2007. HOPKINS, Owens - Architectural Styles: A Visual Guide. Laurence King Publishing. (2014). JENKS, Charles – The Language Of Post ModernArchitecture - John Wiley & Sons; 6th Edition (1991). JUNIOR, Euler Sandeville – A Arquitetura na Cidade, Paisagem e Ambiente (2013). PADOVAN, L.D.G.; ALMEIDA, L.T. - A ARQUITETURA MINIMALISTA DE MIES VAN DER ROHE. Departamento de Arquitetura – Faculdades Integradas de Ourinhos-FIO/FEMM (2017). TEIXEIRA, Caroline Valério. GODOIS, Holana Cristina. OLIVEIRA, Karina Kobata. Garcia de.CRISTO, Larissa de. O CONTRASTE DA FORMA LIVRE NO MODERNISMO BRASILEIRO: OSCAR NIEMEYER E O MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA (2016) Encontro Científico Cultural Interinstitucional. UNDERWOOD, David. Oscar Niemeyer e a arquitetura do Brasil (1994). São Paulo, Cosac e Naify, 2002.
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