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PROBLEMA 2- ABERTURA IMUNIDADE FETAL - A aceitação materna do feto resulta do isolamento do embrião num ambiente semipermeável. Deste modo, a resposta imunitária materna é modulada, permitindo esse reconhecimento, e tornando-se compatível com o desenvolvimento de uma gravidez bem sucedida. Os principais fatores para o desenvolvimento normal da gravides são: 1. Separação anatómica entre o feto e a mãe; 2. Imaturidade antigénica do feto 3. Inexistência de resposta imunológica por parte da mãe - No passado, a placenta e o feto eram considerados órgãos imunológicos não ativos, que apenas dependiam da ação do sistema imunológico materno. Porém, agora sabemos que, durante a gravidez, não é apenas o sistema imunológico materno que responde, mas a unidade fetal/placentária. Placenta + Feto juntos representam um órgão imunológico adicional, que afeta a resposta global da mãe as infecções microbianas. Hipótese de Medawar - Há mais de 60 anos atrás, o imunologista Medawar, propôs uma teoria de que o feto não é rejeitado pelo sistema imunológico materno. Comparou a placenta a um pedaço de pele com antígenos, que em condições normais devem ser rejeitados. Porém, o trofoblasto (camada mais externa do blastocisto) e o sistema imunológico materno podem trabalhar juntos para proteger o feto de infecções. As células do trofoblasto têm características imunológicas específicas, expressando as proteínas HLA, e não as moléculas clássicas de histocompatibilidade, o que constitui uma potencial justificação para a não rejeição materno-fetal. CÉLULAS T E GESTAÇÃO - Durante a gestação, a resposta imune sofre uma transformação importante, reduzindo a atividade inflamatória, com alteração das células Th1 para Th2, por conta de uma diminuição da produção de citocinas, como IL-2 e interferon gama (INFγ) e pelo aumento de IL-4. As citocinas do tipo Th2, que são secretadas por células da placenta, são as responsáveis pelo sucesso na manutenção da gravidez. TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA - A gravidez se associa ao estado de tolerância seletiva, transitória e específica para os aloantígenos paternos, prevenindo, assim, a rejeição do feto, através de alterações do sistema imune. Algumas mudanças importantes são: A expressão de antígenos MHC classe I pelas células trofoblásticas está reduzida e os da classe II estão ausentes. O reconhecimento dos aloantígenos fetais pela mãe necessita da apresentação indireta pelas APC’s. A mucosa uterina da gestante possui grande número de células NK, que produzem grande quantidade de citocinas imunorreguladoras, como IFN-gama. As proteínas HLA (Human Leukocyte Antigen) interagem para inibir a morte celular mediada por células NK e modulam a função das células dendríticas, tornando-as mais tolerogénicas. O efeito protetor resulta da ligação de células do trofoblasto aos receptores inibitórios da morte (KIRs), que inibem a ativação de células NK. O sinciciotrofoblasto expressa e segrega a enzima IDO (Indolamine 2,3-dioxygenase), que metaboliza o triptofano. - O feto constitui um semienxerto, pois metade dos seus antígenos são de origem paterna, além disso, durante a gravidez ocorre microquimerismo fetal, que é a migração de células fetais para a circulação materna através da placenta, incluindo células hematopoiéticas progenitoras, células trofoblásticas e leucócitos. A depleção deste aminoácido previne a proliferação de células T1,2 Os produtos do catabolismo previnem a ativação e proliferação de células B e células T. A IDO inibe dano mediado pelo sistema complemento -> destruição das proteínas A modulação imune conduzida pela placenta promove a supressão de uma resposta imune TH1 e um predomínio relativo de respostas imunes Th2. O TGFβ1 (Transforming Growth Factor β) é uma citocina imunossupressora que promove a diferenciação TH2, além de inibir a proliferação de células B e T, a atividade citotóxica das células NK e a citotoxicidade das células T. A progesterona sintetizada pela placenta pode atuar desviando a resposta das células TH para a produção de citocinas TH2. As altas concentrações de estrogénios contribuem para a diminuição da produção de autoanticorpos pelas células B. - A perda gestacional é uma das complicações mais frequentes da gestação, e ocorre principalmente durante o primeiro trimestre. Uma das causas é a produção de auto anticorpos, produzidos por uma falha na tolerância imunológica aos antígenos próprios (principalmente maternos), alterando a relação materno-fetal. MATURAÇÃO DAS CÉLULAS DE DEFESA - Os progenitores linfoide e mieloide, que estão no saco vitelino desde a 4ª semana de gestação, migram para o fígado, principal órgão hematopoiético durante esse período, e se proliferam sofrendo uma discreta diferenciação. Depois, são encontrados no baço, timo e medula óssea. LINFÓCITOS B Os linfócitos pré-B são encontrados inicialmente no fígado fetal humano na 8ª semana de gestação e na medula óssea a partir da 12ª semana. Células B expressando IgM de superfície podem ser detectadas na 10ª semana de gestação, e expressando outras imunoglobulinas a partir da 15ª semana Os linfócitos B, no início da gestação, expressam só IgM. A coexpressão IgM/IgD surge em fases mais tardias da gravidez. Os linfócitos sem expressão de IgD podem determinar a tolerização a antígenos aos quais o feto é exposto in-utero. - O repertório para reconhecimento antigênico específico, que é regido pela região variável da Ig de superfície dos linfócitos B, é limitado nos fetos e neonatos. 1. No início da gestação, os diferentes segmentos genéticos geradores de regiões variáveis e de potencial diversidade das Igs encontra-se reduzido. 2. O repertório de células B aumenta na segunda metade da gestação. Essas diferenças funcionais e repertoriais podem acarretar em incapacidade do feto e neonato em produzir anticorpos específicos contra determinados antígenos. A IgM não atravessa a placenta, mas é detectável no sangue do cordão devido à produção intrauterina. Após uma semana do parto, a síntese de IgM acelera-se e esta torna-se a principal Ig do recém-nascido. IgA, IgD e IgE nem atravessam a barreira placentária, nem são sintetizados em O neonato produz pequena quantidade de Igs, porém apresenta altas concentrações de IgG resultante do transporte ativo transplacentário que se inicia por volta do 3º mês de gestação. Ao nascimento, os níveis de IgG são mais elevados que os maternos, mas caem rapidamente devido ao catabolismo das Igs de origem materna e atraso no início da síntese das próprias. A liberação de citocinas imunossupressoras, como IL (Interleucina)-10 e TGFβ, é de grande importância na prevenção da rejeição do feto e manutenção da tolerância. Estas estão aumentadas principalmente na decídua. quantidades significativas pelo neonato. Suas concentrações no sangue do cordão são muito baixas e aumentam lentamente durante o 1o ano, atingindo, então, 10% a 25% dos níveis adultos. - Os neutrófilos são as últimas células a aparecerem no feto e somente são produzidos em grande número após o nascimento. LINFÓCITOS T - O fígado fetal identifica os precursores das células T na 7ª semana de gravidez, porém ainda não expressam CD3 em sua superfície (complexo proteico que sinaliza a ligação com o antígeno). - As células T, derivadas de precursores hematopoiéticos, começam a colonizar o timo fetal a partir da 8ª semana de gestação, onde têm início os processos de diferenciação, com a expressão de antígenos de superfície (receptores de células T ou TCR, CD4 e CD8). Entre 18 e 24 semanas os linfócitos T já se encontraram em número semelhante ao de um adulto. Esses receptores conferem aos linfócitos a capacidade de reconhecimento antigênico específico. Nos estágios iniciais do desenvolvimento intratímico, os timócitos expressam tanto moléculas CD4 quanto CD8 em suas superfícies. - Posteriormente, vão haver dois processos de seleção, os quais determinam a diversidade d repertório das células T: Seleção negativa: aquelas que respondem fortemente a autoantígenos são eliminadas Seleção positiva: aquelas que respondem bem contra antígenos em associação ao complexo principal de histocompatibilidade (MHC) são mantidos. - Durante o processo de seleção positiva são mantidos os receptores TCR e CD3 em todos os linfócitos, CD4 naqueles que reconhecem antígenos ligados ao MHC de classe II, e CD8 naqueles que reconhecem antígenos ligados ao MHC de classe I. Linfócitos T maduros são facilmente identificados no sangue do cordão a partir da 20ª semana. - A cooperação entre linfócitos T CD4+ e linfócitos B para a síntese de imunoglobulinas encontra-se em cerca de 50% da produção dos adultos. Isto se deve, em parte, a uma diminuição na secreção de linfocinas, principalmente IL4 e IFN-γ. CÉLULAS NATURAL KILLER (NK) - As células NK são responsáveis pela citotoxicidade inespecífica e não restrita ao MHC, além de ser dirigida contra células infectadas ou células tumorais. A regulação do sistema NK do neonato normal difere da do adulto por ser mais dependente de IL-2, e menos responsivo a IFN-γ. O número de células NK aumenta significativamente nos primeiros meses de vida, sugerindo que este seja um mecanismo de defesa importante antes do desenvolvimento completo da resposta imune específica. IMUNIDADE NEONATAL - O neonato é protegido contra a infecção por anticorpos produzidos pela mãe, os quais atravessam a placenta, sendo transportados para a circulação fetal; além disso são protegidos pelos anticorpos ingeridos no leite e transportados através do epitélio intestinal do recém-nascido por um processo especializado que denominamos de transcitose. Durante vários meses após o nascimento, a principal defesa contra infecções é a imunidade passiva fornecida pelos anticorpos maternos. IgG: anticorpo materno transportado através da placenta IgA e IgG: presentes no leite materno e ingeridas pelo lactente - O transporte de IgG materna pela placenta e epitélio intestinal neonato é mediado por um receptor Fc específico para o IgG, o receptor de Fc neonatal (FcRn). -> é o único dos receptores que assemelha a uma molécula do MHC classe I. - Essa imunidade é a primeira linha de defesa, sendo ativada independente de contato prévio com os antígenos. É composta por barreiras epiteliais, citocinas, proteínas do sistema complemento e células circulantes. As proteínas do sistema complemento ativam-se em cascata e tem como função opsonizar os antígenos e a lise celular a partir da formação de ataque à membrana que se encontram reduzidas nos recém nascidos. As células NK destroem células infectadas por vírus, microrganismo intracelulares e células neoplásicas por meio da produção de interferon γ -> nos recém nascidos, essas células se apresentam com função reduzida. Apresentam função reduzida dos monócitos e macrófagos, com prejuízos na fagocitose. Os neutrófilos são as últimas células a aparecerem no feto e só são produzidos em grande número após o nascimento. - O sistema imune inato é a maneira imediata de defesa pulmonar: com a respiração, a área superficial do pulmão do recém-nascido é exposta a partículas desconhecidas, sendo que partículas que apresentam diâmetro inferior a 5 micrometro podem acessar os alvéolos, onde há uma variedade de moléculas antimicrobianas. Em neonatos a cinética da fagocitose é mais lenta do que a dos adultos, isso explica porque os recém-nascidos são mais propensos a apresentar infecções bacterianas mais graves do que crianças mais velhas. IMUNIDADE ADAPTATIVA - O déficit na imunidade inata influencia na redução da ativação do sistema adaptativo, pois esses dois são interligados. Imunidade celular - É realizada pelos linfócitos T, com seus subtipos T helper e T citotóxico. Ao nascimento, há um maior número de células T na circulação do que há nos adultos, porém, são imaturas e possuem poucas células de memória -> baixa exposição intrauterina a antígenos. - A menor produção de citocinas (IL-2, IL-4, IL-6 e IL10) em resposta a antígenos ocorre, em parte, devido à baixa exposição intrauterina. Imunidade humoral - Por volta das oito semanas de gestação, os precursores dos linfócitos B estão no fígado e na iniciam a sua diferenciação; após o nascimento, a maturação das células B ocorrem na medula óssea. A produção de imunoglobulinas fetais se iniciam já em cerca da 10º semana de gestação e atinge seu pico na 26º semana, porém, a partir desse período, a produção cai drasticamente até o nascimento > A principal causa para isso é devido a baixa exposição intrauterina a antígenos e aos altos níveis de imunoglobulinas maternas transferidas passivamente ao feto - Ao nascer, o recém-nascido possui baixos níveis de imunoglobulinas (IgA, IgM e IgE), sendo que a maioria, é a IgG que é de origem materna. O neonato passa a produzir imunoglobulinas em resposta a antígenos alimentares e ambientais. Hipogamaglobulinemia transitória ou fisiológica: é o período compreendido entre a queda dos anticorpos maternos e a produção sustentada de anticorpos próprios do feto. Ocorre entre o terceiro e o quinto meses de vida, tendo sua resolução completa entre 02 a 05 anos de idade. - Para que linfócito B apresente outras classes de imunoglobulinas em sua superfície, é necessária a interação com linfócitos T CD4. Na interação entre o linfócito T CD4 Th2 e o linfócito B, ocorre produção de citocinas e, de acordo com o predomínio de algumas delas, o linfócito B produz uma ou outra classe de imunoglobulina. No recém-nascido essa interação está prejudicada. O Vérnix Caseoso está presente ao nascimento e é secretado pelas glândulas sebáceas fetais, é uma substância branca e oleosa que protege sua pele sensível de microrganismos contidos no líquido amniótico. Nas primeiras horas após o parto ele mantém sua função de proteger o bebê por possuir ação antibacteriana, além de auxiliar na termorregulação ANTÍGENOS NO RECÉM NASCIDO - As infecções hospitalares são mais frequentes e, geralmente, mais graves em recém-nascidos do que em crianças maiores e em adultos. Essa maior suscetibilidade à infecção durante o período neonatal possui algumas explicações: A produção e a função diminuídas dos componentes dos sistemas de defesa inata e específica. A imaturidade da resposta inata neonatal é parcialmente compensada pela transferência transplacentária de IgG da mãe -> podem promover opsonização e fagocitose mais eficientes. A pele é imatura e tem permeabilidade aumentada. A cordão umbilical pode ser fonte de infecção, devido à sua proximidade do sistema circulatório, aumento da permeabilidade e colonização potencial com patógenos. Produção de IgA secretora ausente nos primeiros dias de vida, tornando o epitélio respiratório e gastrointestinal vulneráveis. Capacidade restrita de acelerar a produção de neutrófilos em resposta à infecção. Apresentação antigênica pelas células dendríticas é menos eficiente, dessa forma, possuem maior dependência das células T neonatais. PATOGÊNICOS - Durante o período neonatal, o recém nascido possui uma resposta específica para os patógenos, os quais invadem o organismo através da conjuntiva, dos tratos respiratório e gastrintestinal ou da pele. - Os principais patógenos que podem infectar os recém nascidos serão descritos a seguir. Estreptococodo grupo B (EGB) - É importante causa de infecção bacteriana nesse período, sendo que sua colonização é facilitada pela grande capacidade de adesão às células da mucosa epitelial de neonatos e pela ausência de IgA secretora na primeira semana de vida. Além disso, existe um fator contribuinte para a alta mortalidade: falta de anticorpos maternos específicos contra os polissacarídeos presentes na cápsula bacteriana associada à falha na síntese neonatal desses anticorpos específicos. - A limitada fabricação de fatores quimiotáticos pode retardar o recrutamento de neutrófilos, os quais contribuem para a morte dos EGBS de forma significativa. A deficiência na produção de interleucina-12 pelos fagócitos também um mecanismo associado à má-resposta imune ao EGB. Escherichia coli (E. coli) - É uma das principais bactérias Gram-negativas causadoras de meningite e sepse no período neonatal, sendo que a sobrevivência dessa bactéria dentro das células do hospedeiro representa um mecanismo patogênico importante. Podem sobreviver inclusive dentro dos macrófagos. A IgG não consegue se ligar de forma eficiente à superfície da E. coli, o que permite que ela escape do mecanismo de reconhecimento do sistema imune. Lysteria monocytogenes - A infecção pela Lysteria em humanos é mais comum em recém-nascidos e crianças ou em adultos imunodeprimidos. A infecção perinatal é causada pela colonização ou infecção proveniente da mãe. Geralmente causa infecção fulminante quando adquirida intraútero ou no período neonatal precoce. - Para a defesa, são envolvidas elevado número de respostas integradas e influenciadas pela imunidade adaptativa, com linfócitos T, anticorpos e reconhecimento do que não é próprio. Essa bactéria inicialmente induz a resposta imune humoral, na qual os anticorpos neutralizam as exotoxinas da bactéria e favorecem sua fagocitose. Em seguida, ocorre a resposta celular (importante pois é uma bactéria de multiplicação intracelular), onde há ativação de macrófagos e de IFN-gama. Herpes- vírus - É um patógeno capaz de causar uma infecção sistêmica disseminada ou doença do SNC com altas taxas de mortalidade nas primeiras semanas de vida. A infecção é causada pelo herpes-vírus tipo 2 presente no canal de parto. Anticorpos maternos específicos no recém nascido exercem papel na proteção contra o desenvolvimento da doença após a exposição. Dessa forma, as taxas de infecção em recém nascidos de mães com infecções recorrentes são menores. - Estão envolvidas no controle da infecção pelo herpes a resposta celular e a humoral. A rápida progressão da doença em recém- nascidos pode ser causada pela resposta celular dos linfócitos T comprometida nessa faixa etária. O atraso na resposta das células Th1 e na secreção de INF-gama e do TNF permite uma infecção disseminada -> causa danos a todos os órgãos. - Estudos mostram que há expressiva produção de IL- 6 e IL-8 nos recém-nascidos em resposta à infecção pelo herpes-vírus, porém, essa produção exagerada de citocinas inflamatórias se associa à maior intensidade das manifestações clínicas da doença. Citomegalovírus (CMV) - Principal causa de infecção intraútero, causando deficiência auditiva, visual ou paralisia cerebral no recém-nascido. O vírus pode ser transmitido para o feto durante a infecção primária da mãe, ou anos após a mãe ter se infectado. Anticorpos maternos não impedem a transmissão viral, mas parece reduzir a intensidade dos sintomas no feto. - Grande suscetibilidade do feto à infecção por CMV: se deve aos problemas na imunidade inata (células NK) e adaptativa (linfócitos T). A resposta específica das células TCD4 e TCD8 à infecção primária pelo CMV parece estar reduzida nos recém nascidos. Têm sido descritos linfócitos TCD8 em recém- nascidos infectados, o que sugere uma estimulação intrauterina antigênica com potencial para estimular a resposta imunológica protetora do feto. Ebstein- Barr vírus (EBV) - A infecção pelo EBV na adolescência ou em adultos provoca o quadro clínico de mononucleose, isso porque ocorre estímulo exagerado das células TCD8+ pelos linfócitos B infectados. A infecção parece ser mais controla em recém nascidos e lactantes, devido à resposta dos linfócitos TCD8 ser reduzida nesses grupos, não ocorrendo manifestações clínicas da doença. Vírus varicela-zoster - A síndrome da varicela fetal acomete cerca de 2% dos pacientes cujas mães se infectaram nas primeiras 20 semanas de gestação. Varicela no recém-nascido adquirida no período perinatal (5 dias antes a 2 dias após o parto): provém da presença do vírus no sangue materno, havendo transmissão sem que haja tempo de transmitir os anticorpos maternos. Assim, a imunidade inata é essencial para o controle da infecção. Em caso de infecção materna até 6 dias antes do parto, anticorpos maternos serão transmitidos via transplacentária à criança. - Acredita-se que a resposta dos linfócitos Th 1 é importante como primeiro mecanismo de defesa da infecção. Vírus respiratório sincicial (VRS) - Estima-se que toda criança esteja infectada até o 3º ano de vida; é um vírus que infecta de forma restrita a mucosa respiratória, variando de uma leve infecção do trato respiratório à pneumonia grave. - Apesar do desenvolvimento da resposta inata, se faz necessária a resposta adaptativa para o controle da infecção por VRS. O receptor toll-like 4 (TLR4) reconhece o VSR na imunidade inata, sendo que os recém nascidos prematuros apresentam pouca quantidade de TLR4 -> aumenta a suscetibilidade à infecção por VSR. A resposta adaptativa eficiente é mediada pelas citocinas produzidas pelas células Th1. Toxoplasma gondii - É um patógeno intracelular obrigatório que acomete o feto e o recém-nascido. A doença pode resultar em lesões cerebrais ou oculares. Acredita-se que as diferentes taxas de transmissão dependem do fluxo sanguíneo placentário (a placenta pode agir como barreira, separando a resposta humoral materna e fetal), da virulência, da suscetibilidade genética do paciente e do número de parasitas. A gravidade da infecção adquirida na gestação se relaciona com a capacidade dos parasitas lesarem órgãos do feto em formação. - A parasitemia estimula, primeiramente, uma resposta humoral, e, após alguns dias, uma resposta celular no hospedeiro. Ativação dos linfócitos: produz alto número de interleucinas e reduz parasitemia. INF-gama: ativa os macrófagos infectados, limitando o crescimento intracelular dos parasitas -> neonatos possuem produção de INF-gama prejudicada, o que aumenta a suscetibilidade. Candidíase - A Candida albicans é a principal causadora de infecção fúngica em recém-nascidos. A pele é colonizada ao nascimento por espécies de Candida que residem no canal do parto e a proliferação do fungo leva à doença mucosa ou mucocutânea. - Nessa faixa etária há uma certa deficiência dos mecanismos de defesa específicos e inespecíficos aos fungos, o que ocasiona na incapacidade em localizar, controlar e erradicar infecções pela Candida. A imaturidade da resposta dos linfócitos TCD4 no neonato aumenta a suscetibilidade à infecção, em especial da cavidade oral. Mycobacterium tuberculosis - A infecção tuberculosa em neonatos se manifesta de forma disseminada e resulta em quadros graves. A imunidade celular tem sido a principal responsável pela resposta ao bacilo, além de citocinas produzidas que direcionam os macrófagos a destruir os bacilos infectantes. Vacina BCG: capacita o recém nascido a desenvolver INF-gama em resposta ao bacilo vivo atenuado presente na vacina. NÃO PATOGÊNICOS - A colonização normal do recém-nascido inicia-se durante o processode nascimento e após a ruptura das membranas amnióticas, continuando por meio do contato com a mãe e com os ambientes inanimado e animado, até que seja estabelecida a flora normal endógena neonatal. Os principais fatores que influenciam na aquisição dessa flora são: Flora genital materna Tipo de alimentação do recém-nascido O contato direto com as pessoas O ambiente em que a criança nasce e permanece -> inclui a flora de objetos e de outros recém-nascidos desde ambiente - O recém-nascido que permanece em contato com a mãe e recebe aleitamento natural é colonizado após vários dias do nascimento na pele e superfícies mucosas (nasofaringe, orofaringe, conjuntivas, cordão umbilical e genitália externa) principalmente por: Streptococcus: Staphylococcus conagulase-negativo Lactobacilos E.coli -> presente no TGI Candida Albicans -> TGI, vagina e área perineal Staphylococcus aureus -> pele e mucosas - A presença de microrganismos pouco virulentos protege o recém-nascido, isso porque esses organismos proliferam nos diferentes sítios, competindo com os organismos patogênicos e raramente causando doença. - As primeiras bactérias a colonizarem o TGI do recém- nascido são anaeróbias facultativas, como a E. faecium, E. faecalis e E. coli, que se fazem presentes nas primeiras horas após o parto. Os microrganismos comensais do intestino, induzem a manutenção de células importantes para a imunidade da mucosa. Bebês nascidos de parto normal apresentam um microbioma mais diverso, principalmente na associação com o microbioma vaginal materno, como os Lactobacillus. Bebês nascidos de parto cesáreo apresentam um microbioma predominantemente relacionado ao ambiente, com bactérias encontradas na pele, como Staphylococcus. Assim, eles estão mais suscetíveis a interferências do ambiente hospitalar. - Outro fator importante é o aleitamento materno, que além de fornecer os nutrientes para o bebê, também protege o lactente de doenças nos primeiros meses de vida, pois é rico em compostos imunológicos. A IgA está no colostro e no leite materno maduro, conferindo proteção ao recém- nascido por meio da transferência de IgA materna. Os prebióticos presentes no leite materno estimulam a colonização microbiana ao longo da vida. Após o desmame, ocorre modificações na microbiota intestinal pós-natal do bebê, caracterizada por uma fase de transição para alimentos sólidos. Através da alimentação, novos microrganismos são introduzidos para formar uma microbiota intestinal madura.
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