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1 Tutoria 4 1. Entender como funciona o cartão de vacina e seus critérios (MS e Particular); & Descrever os principais riscos e possíveis efeitos colaterais da vacina; 2. Abordar sobre a imunização e desenvolvimento imune da criança desde a gestação (via placentária); 3. Diferenciar os tipos de imunização/vacina passiva e ativa (resposta imunológica); 5. Discutir os impactos dos surtos de sarampo para a saúde de crianças e adultos. ENTENDER COMO FUNCIONA O CARTÃO DE VACINA E SEUS CRITÉRIOS (MS E PARTICULAR) & DESCREVER OS PRINCIPAIS RISCOS E POSSÍVEIS EFEITOS COLATERAIS DA VACINA; Temos basicamente três calendários de vacinação no Brasil. O do Ministério da Saúde (SUS), o da Sociedade Brasileira de Pediatria e o da Sociedade Brasileira de Imunizações. Vacina Meningocócica No SUS a proteção é contra o meningococo tipo C, na rede privada contra os tipos: A, C, W,Y e B. Gripe (Influenza) Na rede pública a vacina influenza, que protege contra a gripe, só é oferecida até os 5 anos de idade. Em 2015 a vacina do SUS protegia contra 3 sorotipos de vírus, nade privada contra 4. Paralisia Infantil (Poliomielite) Na rede privada só se usa a vacina com vírus morto (injetável); no SUS as três primeiras doses (a partir de 2016) são com vírus morto, as demais com vírus vivo (vacina oral – gotinha). Pneumocócica No SUS protege contra 10 sorotipos, na rede privada protege contra 13. 2 HPV O SUS não disponibiliza a vacina para meninos. A partir de 2016 o SUS só fará duas doses, na rede particular permanecer a indicação de três doses. Rotavírus No SUS a proteção é contra um sorotipo, na rede privada de 5 sorotipos. Hepatite A No SUS não há reforço e na rede particular sim. Estudos indicam que uma única dose desta vacina garante proteção até os 10 anos. A segunda dose irá garantir a imunidade contra a hepatite A também na vida adulta. Catapora (Varicela) Na rede pública não há reforço, na rede particular sim. Parece que uma dose é o suficiente para prevenir a doença as formas graves da doença, mas pode não evitar que a infecção ocorra. Haemophilus influenza tipo B É uma bactéria que pode causar várias doenças e ter complicações graves, como pneumonia, otite, inflamação na epiglote (epiglotite) e meningite. No SUS fazem 3 doses e na rede privada 4. Estudos indicam que três doses são suficientes. Embora o calendário vacinal do SUS seja muito bom, ainda são várias as diferenças entre os calendários de vacinação da rede pública e privada. Muitas pessoas ficam confusas quando perdem o cartão de vacinação, pois têm medo de tomar uma vacina que já tenha sido administrada no passado. Não há nenhum problema em repetir vacinas. Muitas delas, aliás, precisam ser reforçadas de tempos em tempos, como as vacinas para tétano, febre amarela e difteria, que perdem efeito após 10 anos. Se houver dúvida quanto a imunização prévia em relação a uma doença, o melhor é vacinar. Se o paciente já tiver tomado a vacina anteriormente, isso não fará mal. Pior é deixar o paciente não imunizado e exposto à infecção. 3 O único cuidado que se deve ter é não administrar a mesma vacina com intervalos de poucos dias, principalmente se for vacina com germes vivos, pois não há aumento da eficácia e o risco de efeitos colaterais fica muito elevado. Pacientes alérgicos aos componentes das vacinas Algumas pessoas têm alergia a alguns componentes das principais vacinas. É importante realçar que pequenas reações como dor, febre baixa e mal estar após as vacinas, não são consideradas graves e não contraindicam posteriores reforços vacinais. Casos especiais que devem ser consultados por alergologista antes das vacinações para se avaliar a gravidade da reação alérgica. São eles: Pessoas com alergia grave a ovo podem apresentar reações às seguintes vacinas: Influenza Febre amarela MMR ou SRC (tríplice viral) – Sarampo, rubéola e caxumba Pessoas com alergia a gelatina podem apresentar reações às vacinas contra: Influenza Febre amarela MMR ou SRC (tríplice viral) – Sarampo, rubéola e caxumba Raiva Varicela DTP (tríplice bacteriana) – Difteria, tétano e coqueluche Não são contraindicações a vacinação Doenças benignas com febre inferior a 38,5ºC, tais como diarreia e infecções respiratórias. Doenças neurológicas não evolutivas, como a Síndrome de Down e a paralisia cerebral. Doenças crônicas cardiovasculares, pulmonares, renais e hepáticas Diabetes. Dermatoses, eczemas ou infecções cutâneas localizadas. Reações localizadas, ligeiras ou moderadas, após vacinação prévia Terapêutica com antibióticos, corticosteroides (até 20 mg por dia) e esteroides tópicos. https://www.mdsaude.com/endocrinologia/diabetes/ https://www.mdsaude.com/endocrinologia/glicocorticoides/ 4 Antecedentes familiares e pessoais de alergia à penicilina, rinite alérgica, febre dos fenos, asma e outras manifestações atópicas. História familiar de complicações e reações graves pós-vacinais. Antecedentes familiares de convulsões. Períodos de convalescença das doenças. Períodos de incubação de doenças infecciosas. Gravidez da mãe ou de outros contatos. Prematuridade e baixo peso ao nascer. História de icterícia neonatal. Aleitamento materno. Gravidez (para as vacinas inativadas). É importante respeitar as doses e período de intervalo entre as vacinas. Em 2008, durante um surto de Febre Amarela em algumas regiões do Brasil, houve uma histeria coletiva, estimulada por uma cobertura sensacionalista da imprensa que levou a população a tomar vacinas de modo equivocado. Além de casos de pessoas que tomaram a vacina mais de uma vez, houve inclusive a morte por febre amarela vacinal de uma paciente que apresentava contraindicação formal a vacina (usava imunossupressores devido a um quadro de lúpus). * Calendário de Vacinação da SBP 2020 * Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais * Imagens calendário MS e SBP ABORDAR SOBRE A IMUNIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO IMUNE DA CRIANÇA DESDE A GESTAÇÃO (VIA PLACENTÁRIA). *Desenvolvimento do sistema imune e suas etapas 1. Imunização do feto e recém-nascido O sistema imunológico do recém-nascido apresenta habilidade limitada em montar uma resposta efetiva do ponto de vista quantitativo e qualitativo contra patógenos invasivos, implicando mais suscetibilidade a infecções. Sabe-se que quanto menor o período gestacional, menos desenvolvido será o sistema imunológico ao nascimento, de forma que recém-nascidos prematuros extremos (<28 semanas) apresentam risco 5-10 vezes mais alto de infecção que o recém-nascido a termo.1 O neonato é altamente dependente da transferência materna passiva de anticorpos no início da vida fetal e neonatal. O desenvolvimento https://www.mdsaude.com/neurologia/epilepsia-crise-convulsiva/ https://www.mdsaude.com/pediatria/ictericia-neonatal/ 5 imunológico somente estará completo na infância tardia.1 O leite materno é um exemplo importante de transferência de imunidade passiva no período pós-natal. Ele possui funções antimicrobianas, anti- inflamatórias e imunorreguladoras. Contém a IgA secretora, que coloniza o trato gastrintestinal e respiratório do neonato, células ativas (fagócitos, células natural killer e linfócitos), citocinas (IL-4, IL-6, IL-8, IL-10) além de lisozima, lactoferrina, peroxidase e lípides antimicrobianos.2 Os progenitores linfoide e mieloide, que estão no saco vitelino desde a quarta semana de gestação, migram para o fígado, principal órgão hematopoiético durante esse período, no qual proliferam sofrendo somente discreta diferenciação. Posteriormente, são encontrados no baço, timo e medula óssea.1 A imunidade pode ser classificada em inata (inespecífica) ou adquirida (específica), que,por sua vez, é dividida em imunidade humoral e celular. As vacinas atuam estimulando a imunidade específica, que é exercida por meio de anticorpos (imunidade humoral) e de linfócitos com função efetora (imunidade celular). Os anticorpos podem ser séricos, atuando na corrente sanguínea ou secretórios, bloqueando e impedindo a penetração de microrganismos através das mucosas. A defesa contra invasões microbianas inclui o desenvolvimento rápido e antígeno independente da imunidade inata e o desenvolvimento mais lento e específico da imunidade adaptativa. A imunologia do feto e do recém-nascido - Imunidade inata A imunidade inata é a primeira linha de defesa na exposição a um agente infeccioso e é ativada independente do contato prévio com antígenos. Ela é composta de barreiras epiteliais (pele e mucosas), citocinas, proteínas do sistema complemento e das células circulantes (fagócitos e células natural killer)5 A pele do recém-nascido é imatura e tem mais permeabilidade, possivelmente em consequência à produção inadequada de ácidos- graxos livres e pH alcalino. A quebra da integridade da pele que ocorre nesse período em pacientes hospitalizados pode agir como facilitador da entrada de agentes patogênicos. A produção de IgA secretória está ausente nos primeiros dias de vida, levando a maior vulnerabilidade das mucosas dos tratos respiratório e gastrintestinal a invasões por microrganismos patogênicos.3,4 As citocinas são proteínas de baixo peso molecular, secretadas em resposta a um antígeno, que modulam a intensidade e a duração da resposta imune e inflamatória. São produzidas pelos fagócitos 6 (macrófagos e neutrófilos), células natural killer (NK) e linfócitos T helper. As principais citocinas da imunidade inata são interferon α, β e γ, fator de necrose tumoral (TNF) e interleucinas (1, 6, 10, 12, 15, 18).4 As proteínas do sistema complemento ativam-se em cascata e têm como função a opsonização de antígenos e a lise celular a partir de formação do complexo de ataque à membrana. Elas se encontram reduzidas nos recém-nascidos. Durante a gravidez, há pouca transferência materna de proteínas do complemento. Ao nascimento alcançam níveis próximos de 60-90% dos valores do adulto em recém-nascidos a termo e 47-70% em recém-nascidos pré-termo.4 Níveis semelhantes aos dos adultos somente são atingidos após um ano de idade.6 A célula NK é um tipo de linfócito que destrói células infectadas por vírus, microrganismos intracelulares e células neoplásicas com base na produção do interferon γ (INF γ). As células NK dos recém-nascidos apresentam função reduzida com menos ação citotóxica contra vírus, embora sejam equivalentes em números às dos adultos.4 As células mononucleares inflamatórias, especialmente mastócitos e macrófagos, são as sentinelas do sistema de defesa contra os patógenos que vencem a barreira epitelial. Elas produzem fator de necrose tumoral α (TNF α) que recruta células do sistema inato (neutrófilos, monócitos e células dendríticas) e modula a apresentação de antígenos aos linfócitos T.3,5 O recém-nascido apresenta função reduzida de monócitos e macrófagos, com prejuízo na fagocitose.5 Os neutrófilos são as últimas células a aparecerem no feto e somente são produzidos em grande número após o nascimento. No recém- nascido estão reduzidos em número e efetividade. Sua concentração aumenta dramaticamente entre 12 e 24 horas após o nascimento.1 Observa-se nos recém-nascidos prejuízo na quimiotaxia, rolamento, adesão e migração até o sítio de infecção e também redução de sua atividade oxidativa, que é o seu mecanismo de citotoxicidade.7 O recém-nascido está menos capacitado a elevar o número de neutrófilos circulantes em resposta a um estímulo. Dessa forma, acredita-se que a incapacidade em mobilizar o pool medular durante um estresse associa-se a quadros sépticos nessa idade. Outros mediadores inflamatórios importantes como fibronectina, fatores da coagulação e sistema cinina também se encontram reduzidos ao nascimento. Todos esses déficits são parcialmente responsáveis pela reduzida capacidade de opsonização, reduzida capacidade em lisar bactérias Gram-negativas e alguns vírus, pouca geração de processo inflamatório, assim como reduzida quimiotaxia de polimorfonucleares e monócitos. 7 - Imunidade adaptativa O déficit na imunidade inata acarreta redução da ativação do sistema adaptativo, já que esses dois componentes estão interligados. A resposta imune adaptativa divide-se em resposta mediada por células e resposta mediada por anticorpos. Os linfócitos são suas células efetoras. Imunidade celular Os precursores das células T são identificados no fígado fetal na sétima semana de gravidez, mas ainda não expressam CD3 em sua superfície. Migram para o timo, onde completam sua proliferação. Entre 18 e 24 semanas, os linfócitos T já se encontram em número semelhante ao do adulto. É no timo que ocorre a formação do receptor de célula T, conferindo a essas células especificidade e capacidade de reconhecimento do que lhes é próprio (self)1 Embora apresente número maior de células T na circulação ao nascimento que os adultos, a maioria são células imaturas e poucas são células de memória, fato explicado pela pequena exposição intraútero a antígenos.1,4 A imunidade celular é exercida pelos linfócitos T com seus subtipos T helper (CD3+ e CD4+) e T citotóxicos (CD3+ e CD8+). Os linfócitos T helper apresentam ainda dois subtipos, conforme seu padrão de produção de citocinas: Th1, que modula a imunidade celular, e Th2, que estimula a imunidade humoral. Enquanto os linfócitos B podem reconhecer antígenos diretamente com seus anticorpos, os linfócitos T somente reconhecem antígenos que lhe são apresentados pelas células apresentadoras de antígenos por meio dos antígenos maiores de histocompatibilidade de classe I e II. As propriedades fundamentais da imunidade celular são a produção de citocinas e a atividade citotóxica. As citocinas mais importantes da imunidade adaptativa são IL-2, 4, 5, 10 e 13 e INF γ β e TGF β. A produção das citocinas está desviada para o perfil de resposta Th2 até um ano de idade. A produção de IL-12 que ativa linfócitos T CD4 para o perfil Th1 está atrasada no recém-nascido.6 O déficit na resposta Th1 visto no neonato confere prejuízo na função de citotoxicidade.7 As citocinas criam um contexto imunoinflamatório que gera amplificação de resposta e recrutamento de células capazes de interferir em toda a resposta imune. Sendo assim, sua deficiência acarreta problemas em toda a imunidade. A menor produção de citocinas (IL-2, IL-4, IL-6 e IL- 10) em resposta a antígenos ocorre, em parte, devido à baixa exposição intraútero, mas também devido à função secretória e inibitória da placenta. 8 Imunidade humoral A imunidade humoral é exercida por linfócitos B, os quais, estimulados por antígenos, diferenciam-se em plasmócitos produtores de anticorpos. Eles são reconhecidos por apresentarem em sua superfície os marcadores CD19 e CD20. Os precursores dos linfócitos B estão no fígado com oito semanas, onde já iniciam sua diferenciação. Após o nascimento, a maturação das células B se verifica na medula óssea. A produção de imunoglobulinas fetais já se inicia desde a 10ª semana de gestação, atingindo pico com 26 semanas. A partir de então, cai drasticamente até o nascimento. Isso ocorre devido à baixa exposição intrauterina a antígenos e aos altos níveis de imunoglobulinas maternas transferidas passivamente ao feto. Dessa forma, ao nascimento a criança apresenta baixos níveis de imunoglobulinas (IgM, IgA e IgE), sendo a grande maioria da IgG de origem materna. Após o nascimento, inicia-se a produção própria de imunoglobulinas em resposta a antígenos alimentares e ambientais. O período compreendido entre a queda dos anticorpos maternose a produção sustentada de anticorpos próprios é chamado hipogamaglobulinemia transitória ou fisiológica. Ocorre entre o terceiro e o quinto meses de vida, com resolução completa entre dois e cinco anos. Estudos em humanos e em animais têm mostrado que a efetividade dos anticorpos produzidos pelas células B nos recém-nascidos difere da observada em adultos. A resposta neonatal é atrasada, os anticorpos atingem menores picos séricos e têm curta duração. A produção reduzida de anticorpos pelas células B nesse momento deve-se parcialmente a: anticorpos maternos, imaturidade das células B e imaturidade das células T helper, seu estimulante. Para que ocorra o "switch" de classe, ou seja, que o linfócito B apresente outras classes de imunoglobulinas em sua superfície, é necessária a interação com linfócitos T CD4. Na interação entre o linfócito T CD4 padrão Th2 e o linfócito B, ocorre produção de citocinas e, de acordo com o predomínio de algumas delas, o linfócito B produz uma ou outra classe de imunoglobulina. No recém-nascido essa interação está prejudicada. O desenvolvimento completo da microarquitetura do tecido linfoide acontece após o nascimento, de maneira que os centros germinativos se tornam aparentes por volta do quarto mês de vida. É provável que esse processo de desenvolvimento possa limitar a resposta de anticorpos no período neonatal. 9 Sistema imune do recém-nascido O sistema imune é essencial para a defesa e manutenção da integridade do organismo.(14) Sua principal função é proteger contra agentes infecciosos e parasitários. Atua, também, no controle do desenvolvimento de neoplasias malignas, no processo de tolerância imunológica e na homeostase de órgãos e tecidos. O sistema imune fetal e neonatal está associado à proteção contra infecções, impedimento da nocividade de células T helper 1 (Th1) pró inflamatórias, cujas repostas induzem reações aloimunes materno- fetal. Além disso, realiza a mediação da transição entre o meio intra- uterino estéril e o meio externo rico em antígenos.(13) Esta resposta imune geralmente é avaliada em termos de idade gestacional, tendo seu início a partir do segundo trimestre de desenvolvimento e maturação gradual a qual se completa na adolescência. O desenvolvimento do sistema imunológico na criança inclui o amadurecimento da resposta imune inata, a indução da resposta antígeno-específica e memória imunológica para patógenos, em paralelo ao desenvolvimento e à manutenção de tolerância aos antígenos próprios, à microbiota saprófita e aos antígenos alimentares. Frente ao estímulo antigênico, o sistema imune (inespecífico e específico) do recém-nascido e de crianças mostra diferenças quantitativas e funcionais em relação ao adulto.(15) Além disso, há diferenças também no que se refere a recém-nascidos a termo e pré- termo. Destaca-se, ainda, que infecções e exposição a micro-organismos não patogênicos presentes no meio ambiente podem direcionar a maturação do sistema imune neonatal. Menor exposição a micro- organismos patogênicos do meio ambiente e menor ocorrência de infecções no início da vida podem reduzir a atividade estimulatória T celular, aumentando o risco de desenvolver doenças alérgicas na vida adulta. Resposta imune inata Considerada primeira linha de defesa contra patógenos invasores, inclui mecanismos de defesa efetivos sem que haja necessidade de exposição direta a antígenos. Estes mecanismos incluem barreiras físicas, como é o caso da pele intacta e de membranas mucosas. Os principais componentes da resposta imune inata são as células epiteliais, o sistema do complemento, os fagócitos e as células Natural Killer (NK)(12,22) Os receptores Toll-like (TLR) também são 10 considerados fatores importantes desta resposta(5), a qual inclui, ainda, o muco presente nas vias aéreas. Este muco previne o recém-nascido da desidratação e de patógenos, sendo que sua secreção inicia-se na 13ª semana de gestação.(23) O sistema imune inato realiza ataque a antígenos de forma rápida, não sendo capaz de desenvolver memória imunológica.(24) Além disso, as células relacionadas a este sistema apresentam deficiência na resposta contra micro-organismos contendo lipopolissacarídeos (LPS), como é o caso de bactérias Gram negativas.(10) Apesar das causas da suscetibilidade aumentada dos recém-nascidos aos patógenos intracelulares tais como vírus, Toxoplasma gondii e Mycobacterium tuberculosis não serem completamente conhecidas, há evidências de envolvimento dos defeitos de função das células do sistema imunológico inato. Dentre elas, pode-se citar o envolvimento de monócitos e macrófagos, citocinas que aumentam a imunidade celular, células NK e produção de interferon-γ (INF-γ).(6,8,25) Infecções ocorridas durante o período perinatal podem impor alterações permanentes à resposta imune inata, podendo comprometer a capacidade do indivíduo em combater futuras infecções. Pele e mucosas Características da pele do recém-nascido são importantes para conferir proteção contra micro-organismos na fase inicial de transição do ambiente intrauterino para o meio externo, período no qual ocorre a colonização pela microbiota normal. A pele neonatal é frágil e pequenas lesões podem afetar sua integridade, tornando-se acessível à invasão por micro-organismos.(1,12,13) No caso de fetos e recém-nascidos pré-termo, a pele apresenta maior imaturidade quando comparada aos recém-nascidos a termo. Além disso, tem permeabilidade aumentada causada, em parte, pela produção de ácidos graxos livres e pelo pH alcalino. Desta forma, há risco aumentado de infecção devido à incapacidade da epiderme em realizar bloqueio adequado de micro-organismos. O completo desenvolvimento funcional da pele ocorre apenas 2 a 3 semanas após o parto. O verniz caseoso presente ao nascimento é secretado pelas glândulas sebáceas fetais e tem atividade microbicida e neutralizante de toxinas bacterianas. Esta atividade é devido a proteínas e peptídeos 11 antimicrobianos, os quais têm expressão aumentada no recém-nascido quando se compara às crianças maiores e aos adultos. A colonização do trato gastrintestinal ocorre imediatamente após o parto e atua no desenvolvimento de tolerância e homeostase imunológicas necessárias para as interações comensais com a microbiota saprófita. A tolerância aos antígenos alimentares é um processo ativo que se inicia na vida intrauterina e continua após o nascimento, especialmente nos dois primeiros anos de vida. A mucosa intestinal é caracterizada por um constante equilíbrio entre ativação e supressão da resposta imune. Estudos indicam que as células epiteliais desempenham um papel importante na resposta imune das mucosas, através da produção de citocinas, fatores de crescimento e proteínas de membrana que propiciam interação e ativação das células dendríticas. O sistema imune inato é a maneira imediata de defesa pulmonar. Com a respiração, a área superficial do pulmão do recém-nascido é exposta a partículas desconhecidas. As que apresentam diâmetro inferior a 5 µm podem acessar os alvéolos, onde há uma variedade de moléculas antimicrobianas pertencentes ao sistema imune. 2. Sistema imune nas crianças Resposta imunitária humoral normal em crianças Os linfócitos pré-B são inicialmente detectadas no fígado fetal humano na oitava semana de gestação e na medula óssea a partir da 12a9. Após a 30a semana, essas células são encontradas exclusivamente na medula9. Células B expressando IgM de superfície podem ser detectadas já na 10a semana de gestação, e aquelas expressando outras imunoglobulinas são encontradas a partir da 15a semana por via 12 vertical, apresentam uma evolução clínica mais grave do que crianças infectadas por outras vias e adultos. A imaturidade fisiológica dos sistemas imunitários fetale neonatal, no momento da infecção, parece ter papel crucial na progressão da infecção pelo HIV-1 em crianças. Neste artigo, fazemos revisão da ontogenia do sistema imunológico humano, correlacionando-a com a imunopatogenia da síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS), em crianças infectadas por transmissão vertical, em suas diferentes fases. Os linfócitos B, no início da gestação, expressam somente IgM. A coexpressão IgM/IgD surge em fases mais tardias da gravidez. Os linfócitos sem expressão de IgD podem determinar a tolerização a antígenos aos quais o feto é exposto in utero10. Outra diferença básica entre os repertórios fetal e adultos de células B é a preponderância, nos primeiros, da expressão de CD511. Ao contrário das células B convencionais, as células B CD5+, também chamadas células B1, secretam anticorpos de diversidade limitada, dirigidos contra auto-antígenos, e são suscetíveis a tolerância a longo prazo. Tem sido sugerido que essas células estejam envolvidas na regulação e no desenvolvimento do sistema imune por meio de redes idiotípicas9. O repertório para reconhecimento antigênico específico, que é regido pela região variável da Ig de superfície dos linfócitos B, é limitado nos fetos e neonatos. No início da gestação, o número de diferentes segmentos genéticos geradores de regiões variáveis e da potencial diversidade das Igs encontra-se reduzido. O repertório de células B aumenta na segunda metade da gestação. Essas diferenças funcionais e repertoriais podem acarretar em incapacidade do feto e neonato em produzir anticorpos específicos contra determinados antígenos9. Existem alterações importantes nas concentrações séricas de imunoglobulinas (Igs) durante a vida intra-uterina e no período neonatal. O neonato a termo produz pequena quantidade de Igs, porém apresenta altas concentrações de IgG resultante do transporte ativo transplacentário12 que se inicia por volta do 3o mês de gestação. Ao nascimento, os níveis de IgG são mais elevados que os maternos, mas caem rapidamente devido ao catabolismo das Igs de origem materna e atraso no início da síntese das próprias12. Como conseqüência, durante os primeiros quatro meses de vida, as crianças apresentam uma hipogamaglobulinemia fisiológica que as predispõe a infecções bacterianas. Após esse período, os níveis elevam-se, atingem 60% dos adultos no 1o ano de vida e tornam-se comparáveis aos adultos por volta dos 7 anos de idade12. A IgM não atravessa a placenta, mas é detectável no sangue do cordão devido à produção intra-uterina12. Após uma semana do parto, a síntese de IgM acelera-se e esta torna-se a principal Ig do recém-nascido. Atinge 50% dos níveis adultos aos seis meses e 80% aos 12 meses de vida. IgA, IgD e IgE nem atravessam a barreira placentária, nem são sintetizados em quantidades 13 significativas pelo neonato. Suas concentrações no sangue do cordão são muito baixas e aumentam lentamente durante o 1o ano, atingindo, então, 10% a 25% dos níveis adultos. Resposta imunitária celular normal em crianças As células T, derivadas de precursores hematopoéticos, começam a colonizar o timo fetal a partir da 8a semana de gestação23, onde têm início os processos de diferenciação, com a expressão de antígenos de superfície (receptores de células T ou TCR, CD4 e CD8)24,25. Esses receptores conferem aos linfócitos a capacidade de reconhecimento antigênico específico26,27. Nos estágios iniciais do desenvolvimento intratímico, os timócitos expressam tanto moléculas CD4 quanto CD8 em suas superfícies. Posteriormente, essas células sofrem uma seleção na qual aquelas que respondem fortemente a auto-antígenos são eliminadas (seleção negativa); já aquelas que respondem bem contra antígenos em associação ao complexo principal de histocompatibilidade (MHC) são mantidos (seleção positiva). Durante o processo de seleção positiva são mantidos os receptores TCR e CD3 em todos os linfócitos, CD4 naqueles que reconhecem antígenos ligados ao MHC de classe II, e CD8 naqueles que reconhecem antígenos ligados ao MHC de classe I28. É mediante esse processo de seleção que se determina a diversidade do repertório de células T. Por volta de 12 semanas, observam-se todos os estágios evolutivos de maturação dos timócitos, e, na 20a semana, os subtipos celulares são representados em composição semelhante à observada no período neonatal29. Linfócitos T maduros são facilmente identificados no sangue do cordão a partir da 20a semana30. Entretanto, a diversidade dos TCR nos fetos, principalmente nos dois primeiros trimestres de gestação, é menor em relação aos indivíduos maduros31. Isto acarreta uma limitação quantitativa no repertório dos linfócitos T e na natureza dos antígenos que possam vir a ser por eles reconhecidos. Os recém-nascidos a termo apresentam aumento na contagem de linfócitos CD4+, tanto em números absolutos quanto relativos, quando comparados aos adultos. A relação CD4/CD8 também é superior à dos adultos, chegando a 3:1 no período neonatal32. Entretanto, essas células são funcionalmente imaturas. Praticamente todos os linfócitos neonatais expressam a molécula CD38, um antígeno de superfície marcador de timócitos e inexistente em linfócitos maduros33. Ao contrário dos linfócitos adultos, dos quais 50% a 60% expressam o marcador de células de memória CD45RO, a quase totalidade dos linfócitos neonatais expressa CD45RA, um marcador de células não-primadas34. A resposta proliferativa ao estímulo com mitógenos e aloantígenos é semelhante à dos adultos a partir da 20a semana de gestação9. Entretanto, a resposta a antígenos de memória é reduzida no período neonatal35. Nos 14 neonatos, as funções regulatórias e citotóxicas dos linfócitos T também são deficitárias, quando comparadas com as dos adultos35-37. A cooperação entre linfócitos T CD4+ e linfócitos B para a síntese de imunoglobulinas encontra-se em cerca de 50% da produção dos adultos. Isto se deve, em parte, a uma diminuição na secreção de linfocinas, principalmente IL-4 e IFN-γ28,36. A redução na secreção destas duas citocinas parece estar relacionada com a menor quantidade de células de memória presentes nos neonatos, já que essa população celular produz, aproximadamente, dez vezes mais IFN-γ do que as células não-primadas, e é quase exclusivamente responsável pela secreção de IL-4. Outras citocinas, como IL-2, TNF-α ou linfotoxina, encontram-se em níveis comparáveis ou ligeiramente reduzidos em relação aos adultos38. Enquanto os linfócitos T CD8+ mediam a atividade citolítica, antígeno-específica, e restrita ao MHC, as células natural killer (NK) são responsáveis pela citotoxicidade inespecífica, não restrita ao MHC, e dirigida contra células infectadas ou células tumorais. Ambas participam do processo de citotoxicidade anticorpo- dependente mediada por células (ADCC). A atividade citolítica das células NK é incrementada pela ação de IFN-γ e IL-239. Essas encontram-se reduzidas numerica e funcionalmente durante a vida fetal e ao nascimento40. Sua atividade citotóxica corresponde a 15% a 60% daquela dos adultos, e sua capacidade de mediar ADCC é reduzida em aproximadamente 50%. A imaturidade do sistema NK neonatal normal ocorre na ligação com o antígeno, nos processos de lise, bem como no repovoamento que se encontram reduzidos. A regulação do sistema NK do neonato normal difere da do adulto por ser mais dependente de IL-2, e menos responsivo a IFN-γ41. O número de células NK aumenta significativamente nos primeiros meses de vida 40, sugerindo que este seja um mecanismo de defesa importante antes do desenvolvimento completo da resposta imune específica. Os polimorfonucleares neutrófilos (PMN) são as primeiras células a chegar a um sítio de infecção bacteriana e são as principais células envolvidas com a lise desses patógenos42. Em conjunto com osmacrófagos, promovem a primeira linha de defesa do organismo, fagocitando partículas estranhas e liberando fatores quimiotáticos que atraem outras células do sistema imunitário. Entretanto, em neonatos a cinética da fagocitose é mais lenta do que a dos adultos43. Esse é um dos motivos pelos quais os recém-nascidos são mais propensos a apresentar septicemias e outras infecções bacterianas graves do que crianças mais velhas. 15 DIFERENCIAR OS TIPOS DE IMUNIZAÇÃO/VACINA PASSIVA E ATIVA (RESPOSTA IMUNOLÓGICA). A imunização ativa é aquela em que o próprio organismo da pessoa produz anticorpos e células imunes. Isso se dá quando ele entra em contato com alguma substância que lhe é estranha. Uma forma de se contrair uma imunização ativa é adquirindo uma doença infecciosa, bem como pela vacinação. Trata-se de uma proteção imunológica que se estende por anos, embora haja caso de durar toda a vida. Na imunização passiva, os anticorpos são transferidos à pessoa através de um outro ser humano, assim como por um animal. Sua imunização, entretanto, é mais breve, podendo durar apenas algumas semanas ou então meses. A imunização passiva pode ser natural ou artificial. A natural é obtida pela passagem de anticorpos do corpo da mãe para o do feto. Isso pode se dar tanto por meio da placenta, quanto do leite. Dá-se nos sessenta dias restantes da gestação e é a mais comum de todas. Quanto à artificial, há três maneiras principais de adquiri-la, ou seja, a imunoglobulina humana combinada ou hiperimune. Por fim, também o soro heterólogo. E é através da transfusão de sangue que se adquire essa imunidade passiva. Os mecanismos de imunidade podem ser de dois tipos: (1) resistência natural (inata, ou seja, geneticamente herdada – como por meio do leite materno ou placenta – e sua função protetora não é específica); (2) imunidade adquirida (induzida e específica). Porém, a imunidade pode ser naturalmente adquirida de duas formas: ativa e passiva. Na imunidade ativa, as células do indivíduo são ativadas pelos microrganismos, ocorrendo proliferação de clones específicos de linfócitos T e B, que são mantidos no organismo, durante anos, como células de memória. Na imunidade passiva, as células do indivíduo não são ativadas, mas os produtos da ativação dos LB, ou seja, os anticorpos são recebidos prontos. A aquisição da imunidade passiva ocorre apenas na fase inicial da vida, quando os anticorpos da classe IgG passam pela placenta e os da classe IgA, pelo leite materno. A criança tem apenas capacidade de, ativamente, produzir IgM (sendo que este não apresenta ainda capacidade de alterar seu isotipo). 16 Tendo em vista esses dois conceitos de imunidade ativa e passiva, podemos induzi-las de duas formas: Ativa, pelo uso de vacinas, que são formas modificadas, menos virulentas, do agente causador da infecção, o que faz com que o nosso sistema imune, de maneira ativa, crie seu próprio mecanismo de defesa (como a produção de células de memória para uma futura resposta mais veloz e eficaz); Passiva, pelo uso de soros ou imunoglobulinas, específicos ou não. Vacinas Por meio das vacinas, aplica-se o patógeno atenuado em um paciente sadio, o qual ativará seu sistema imunológico, passando a produzir células de memória que vão prevenir uma futura infecção desse patógeno. Baseia-se, portanto, em um mecanismo de prevenção. As vacinas (cujo nome advém de vaccinia, o agente infeccioso da varíola bovina, que, quando é injectado no organismo humano, proporciona imunidade à varíola no ser humano) são substâncias, como proteínas, toxinas, partes de bactérias ou vírus, ou mesmo vírus e bactérias inteiros, atenuados ou mortos, que ao serem introduzidas no organismo de um animal, suscitam uma reação do sistema imunológico semelhante à que ocorreria no caso de uma infecção por um determinado agente patogênico, desencadeando a produção de anticorpos que acabam por tornar o organismo imune ou, ao menos mais resitente, a esse agente (e às doenças por ele provocadas). São, geralmente, produzidas a partir de agentes patogênicos (vírus ou bactérias), ou ainda de toxinas, previamente enfraquecidos. Ao inserir no organismo esse tipo de substâncias, fazemos com que o corpo combata o agente levando à estimulação a síntese de anticorpos, que protegem o nosso organismo, além de desenvolver a chamada memória imunológica, tornando mais fácil o reconhecimento do agente patogênico em futuras infecções e aumentando a eficiência do sistema imune em combatê-lo. Quando o corpo é atacado por algum agente patogénico o organismo encontra-se protegido. Tipos de vacina As primeiras vacinas produzidas por Jenner e Pasteur foram provenientes de microrganismos vivos atenuados. Além dessas, há atualmente vacinas que utilizam microrganismos mortos ou inativados. Ambos os tipos apresenta vantagens e desvantagens. 17 Vacinas com microrganismos atenuados: podem ser produzidas por meio de diversas técnicas. Este tipo de vacina é produzida com microrganismos de baixa virulência, indutores de reação cruzada (por meio de um vírus que apresenta determinantes antigênicos semelhantes ao vírus que se deseja prevenir, o que leva à ativação de clones de linfócitos T e B que propiciam uma reação cruzada). Ex: vacina contra febre tifoide; bem como podem ser produzidas com microrganismos virulentos atenuados em cultura (consiste na atenuação do agente infeccioso por passagens sucessivas em meios de cultura); Ex: BCG (vacina contra a tuberculose). Em resumo, podemos destacar duas técnicas distintas: o Método de Pasteur: o objetivo deste método seria atenuar em cultura para que haja a perda da patogenicidade e a ativação do sistema imune, no intuito de evitar a infecção. A técnica se baseia no tipo de agente a ser inoculado: (1) bactérias: passagens sucessivas do meio de cultura com o micro-organismo por um longo período; (2) vírus: manutenção em células não-humanas, fazendo com que ele perca a sua patogenicidade. o Método de Jenner (reação cruzada): uso de micro- organismos de espécies diferentes (e preferencialmente, não patogênica) que compartilham determinantes antigênicos dos patogênicos, o que gera uma reação cruzada no organismo que, ao mesmo tempo que fabrica anticorpos para lutar contra um peptídeo não patogênico, produz meios de defesa contra peptídeos semelhantes, mas patogênicos. Ex de vacinas virais: sarampo, rubéola, caxumba, poliomielite, febre amarela. Ex de vacinas bacterianas: tuberculose. Vacinas produzidas com peptídeos sintéticos: por meio da identificação e isolamento dos determinantes antigênicos de um agente infeccioso, fazendo uso da tecnologia do DNA recombinante, tem-se propiciado que peptídeos sintéticos sejam produzidos em grande quantidade. Para que um peptídeo sintético seja produzido, o seu gene precisa ser clonado e inserido em células de inseto ou bactérias para que estas secretem grande quantidade desses antígenos. Esses peptídeos sintéticos são, em geral, compostos de 10 a 20 aminoácidos e quando são inoculados, se não forem 18 degradados totalmente dentro das APCs, é muito pouco provável que um número suficiente de moléculas se acople diretamente a molécula do MHC-II. Para superar este problema, os peptídeos são associados a moléculas carreadoras proteicas (lipossomos) e administrados com adjuvantes (como citocinas), que aumentam a resposta inflamatória por estimular o sistema imune. Vacinas de DNA recombinantes inserido em vetores de baixa virulência: os genes indutores da expressão de peptídeos antigênicos devem ser reconhecidos e clonados. Esses genes são então introduzidos em microrganismos de baixa virulência natural, como o BCG e o vírus da vacina. Esses microrganismos nos quais o gene é introduzido são chamadosde quiméricos, pois expressam determinantes antigênicos não normalmente presentes em sua estrutura. Os microrganismos quiméricos são inoculados e fagocitados, processados e apresentados pelas moléculas de MHC. Dessa forma, esse tipo de vacina reproduz vias naturais de infecção e propiciam que as respostas celulares (MHC-I apresentam aos LT citotóxicos) e humorais (MHC-II apresentam aos LT auxiliares). Vacinas baseadas em toxoides (vacinas com antígenos purificados): as toxinas também podem ser inativadas tornando-se formas atóxicas (perde sua antigenicidade, mas ainda preserva sua imunogenicidade) denominadas toxoides ou anatoxinas, como no caso das vacinas antitetânica e antidiftérica. Faz-se uso das toxinas inativas de microrganismos patogênicos cujo mecanismo de patogenicidade se dá por essas toxinas. E esta forma como é elaborada, faz com que o organismo crie mecanismos Microsganismos vivos atenuados: o Vantagens: são administrados por meio de uma única e forte dose (mas, dependendo do paciente, pode haver a necessidade de novas doses); ativam uma resposta imune tanto humoral quanto a celular. o Desvantagens: pode haver reações Inflamatórias locais e sistêmicas; pode haver mutação do micro-organismo e este se tornar mais virulento. o Ex: BCG; VORH; VOP; Febre amarela; Tríplice viral; Tetra viral. Microsganismos Inativados o Vantagens: por desencadear uma fraca resposta imune humoral e celular, é praticamente ausente a incidências de reações inflamatórias. o Desvantagens: necessidade maior de repetição de doses. o Ex: Hepatite B; Pentavalente (DTP-HiB- Hepatite B); Pnm-10; MnC; VIP; Hepatite A; HPV. 19 imunes para atenuar estas toxinas. Ex: vacina contra difteria e tétano. Vacinas de DNA: faz-se uso de plasmídeos contendo cDNA codificando proteínas importantes na indução à imunidade. Genes de citocinas e de moléculas co-estimuladoras podem ser associados ao DNA, aumentando a resposta imune. Vacinas com microrganismos inativados: microrganismos podem ser inativados pelo calor, por agentes químicos (formaldeído, fenol) ou pela radiação. Mesmo com o microrganismo atenuado, seus determinantes antigênicos continuam capaz de desencadear uma resposta imune. Ex de vacinas virais: poliomielite, raiva, hepatite A, influenza. Fatores importantes na administração da vacina Doses da vacina: dependendo de como a vacina foi produzida e de sua capacidade de produzir respostas imunes, a vacina pode ser administrada em uma única dose ou em doses reforçadas. Uma única dose de vacina é suficiente no caso de microrganismos vivos atenuados. Já no caso da administração de poliovíruos, caso ocorra infecção enteroviral intercorrente ou a administração de três tipos de vírus, devem ser repetidas as imunizações, pela redução na atividade da vacina. Em relação ao intervalo entre a primeira e as doses de reforço, este depende tanto de considerações teóricas quanto de observações clínicas. Vias de administração: quando os antígenos presentes na vacina são vivos atenuados e a infecção natural ocorre pela mucosa, estes podem ser administrados pela via oral. As vacinas com vírus e bactérias que infectam as vias respiratórias podem ser administradas via intranasal ou por aerossol, estimulando o sistema imune das mucosas das vias aéreas. As vacinas com adjuvantes, como o hidróxido de alumínio, devem ser administradas por via intramuscular profunda (de preferência, na porção anterolateral da parte superior da coxa) e não pela via subcutânea, porque podem causar necrose tecidual. Adjuvantes: são formulações diversas que permitem a liberação lenta dos antígenos, o que propicia maior migração celular e resposta imune mais eficiente. Alguns tipos de 20 adjuvantes também apresentam a capacidade de ativar os macrófagos induzindo à produção de citocinas pró- inflamatórias, o que aumenta a resposta imune. Entre os adjuvantes de depósito usa-se hidróxido de alumínio, fosfato de alumínio, sulfatos duplos de potássio e de alumínio (alúmen), fosfato de cálcio e tartaratos de alumínio e de potássio. O complexo formado entre a adjuvante+antígeno apresenta as seguintes funções: Fazer com que o antígeno seja liberado de forma lenta e, quanto mais tempo o antígeno permanece exposto ao organismo, favorecendo uma efetiva resposta imune. Ativa macrófagos; Induz citocinas pró-inflamatórias Resposta Imune mais eficiente Estado de saúde do paciente: a ocorrência de efeitos adversos após a administração de vacinas é muito rara na maioria das pessoas com sistema imune saudável. Podem ocorrer problemas no caso de reações alérgicas a componentes antigênicos, os adjuvantes e conservantes, a proteínas da gema de ovo (sarampo, caxumba, influenza e febre amarela) ou aos antibióticos presentes nas vacinas. Como efeitos adversos mais comuns, relatam-se: Reações alérgicas com componentes da vacina (conservantes, adjuvantes, antibióticos) DPT: febre, irritabilidade, edema, dor local SABIN: paralisia (quando o antígeno sofre mutação: forma avirulenta forma virulenta) Dificuldade da produçao de novas vacinas Existência de reservatórios animais: o fato de um microrganismo apresentar como reservatório natural um animal, dificulta bastante a produção de vacinas; Alta infectividade; Complexos ciclos de vida do micro-organismo; Variabilidade Antigênica: quanto maior o número de determinantes antigênicos, maior a dificuldade na produção. Custo financeiro Soro O soro é uma forma de imunização passiva de efeito rápido, em que se administra diretamente o anticorpo ao paciente doente 21 no intuito de inativar o patógeno, obtendo como resultado a recuperação da infecção. Baseia-se, portanto, em um mecanismo de tratamento. A imunização passiva é usada em casos de imunodeficiências primárias de linfócitos B, e quando o paciente apresenta quadro de infecção por não ter sido vacinado. Esse tipo de imunização pode ser realizado com imunoglobulina humana normal (gamaglobulina normal ou comercial), com imunoglobulinas humanas específicas e com soros específicos. As imunoglobulinas podem ser administradas por via intramuscular ou endovenosa. Imunoglobulinas A imunoglobulina humana normal (IHN) é obtida de plasma de doadores de sangue em geral. A tecnologia empregada para a purificação das Ig propicia a precipitação de IgG, que consiste em 85% das imunoglobulinas; as concentrações menores são de IgM (10%) e de IgA (5%). A via de escolha é intramuscular ou endovenosa e a concentração de imunoglobulinas depende da qualidade do doador. Os inconvenientes da administração são: dor no local, mal-estar, febre, reações anafiláticas. Esse tipo de imunoglobulina pode ser usado na profilaxia da hepatite A e B, rubéola, sarampo, varicela. As imunoglobulinas específicas são obtidas de plasma de doadores selecionados: pessoas submetidas recentemente à vacinação contra determinado microrganismo ou convalescentes da doença que se quer evitar. Faz uso da Técnica de Purificação e purificação Ig específica e escolha da via intramuscular ou endovenosa. Esse tipo de imunoglobulina é usado nos casos de Hepatite B, raiva, tétano, varicela. Soros específicos Os soros utilizados de forma terapêutica na espécie humana são produzidos, na maior parte das vezes, em cavalos e por isso são soros heterólogos. Esses soros, por apresentarem moléculas diferentes em relação às humanas, podem induzir à resposta imune e causar choque anafilático ou hipersensibilidade do complexo imune em casos de administrações consecutivas. A técnica utilizada é a transferência do soro (pool de anticorpos) para um animal de outra espécie (como de um cavalo para o homem), sendo tratados previamente com enzimas proteolíticas.22 Desvantagens: Choque Anafilático, Imunocomplexos (inflamação). Uso: Antidiftérica, antirrábica, antitetânica. Resposta primária e secundária A resposta primária é a reação do organismo quando entra em contato pela primeira vez com uma substância considerada estranha. O resultado é a ativação inicial do sistema macrofágico, seguida de ativação do sistema linfocítico. Há participação de várias células, incluindo monócitos, macrófagos, linfócitos timo-dependentes (T) e bursa equivalentes (B), com formação de imunoglobulinas principalmente do isótipo M (IgM), resultando na formação de células de memória B e T (Figura 1.10). Na resposta secundária, por sua vez, o organismo já manteve contato prévio com a substância estranha. Há ativação seqüencial de sistema macrofágico e linfocítico. Uma grande diferença é que na resposta secundária o organismo já conta com a presença de linfócitos B e T memória. A reação dá-se de forma mais rápida e mais intensa tanto para a formação de novas imunoglobulinas com maior afinidade ao antígeno quanto para o aparecimento de novos linfócitos T. A imunoglobulina predominante na resposta secundária é a IgG, sendo o início dado pela IgM. Assim, um contato prévio com um microrganismo é importante para o desenvolvimento de uma melhor defesa imunológica pelo indivíduo (Figura 1.11). A aplicação prática de uma resposta imunológica secundária é o uso de vacinas: o organismo tem um contato inicial com agentes atenuados fornecidos pelas imunizações e, diante de um agente agressor in natura, terá uma melhor defesa pelas células de memória, fazendo com que na grande maioria dos casos não apareçam sintomas ou sinais clínicos ou estes sejam frustros. Resposta ativa e passiva A resposta ativa ocorre quando o organismo recebe substâncias estranhas ou antígenos que determinam uma reação imunológica. É o caso das vacinações ou das imunizações (Figura 1.12). Nas vacinas podem ser administrados toxóides, microrganismos mortos ou vivos atenuados. Toxóides são toxinas destoxificadas, ou seja, toxinas tratadas em que foi retirada a parte que causa danos ao organismo, permanecendo a porção capaz de determinar uma resposta imunológica. São exemplos o toxóide tetânico e o diftérico. A toxina tetânica tratada com formalina perde sua toxicidade, mantendo a 23 capacidade antigênica. A resposta imunológica a toxóides é alta, permanecendo células de memória por longos períodos de tempo. Das bactérias mortas, o exemplo é a Bordetella pertussis, contra a coqueluche. O nível de resposta imunológica a bactérias mortas é bem mais baixo e, portanto, a eficácia da vacina é menor. Atualmente tem sido dada preferência para vacinas acelulares, ou seja, sem a bactéria completa, apenas com componentes da bactéria, principalmente o toxóide pertussis; há melhor tolerância e maior imunogenicidade. A bactéria viva Mycobacterium tuberculosis pode ser atenuada, dando origem à vacina BCG (Bacilo de Calmete e Guérin). É útil em populações de locais onde a tuberculose é endêmica, prevenindo com alta eficácia a meningotuberculose em crianças. O enfraquecimento de vírus vivos, como o vírus da poliomielite da vacina Sabin, do sarampo e da rubéola, tornando-os atenuados leva à perda de grande parte da patogenicidade, permanecendo a capacidade de gerar uma resposta imunológica, geralmente com formação de células de memória de meia-vida longa (Figura 1.13). O vírus vivo atenuado da poliomielite da vacina Sabin é administrado por via oral e a defesa dá-se inicialmente na mucosa digestiva, permanecendo a eliminação fecal de alguns vírus não-destruídos, o que é útil em populações nas quais se está tentando erradicar a poliomielite, pois há disseminação fecal do vírus atenuado, imunizando outros indivíduos. Vírus vivos atenuados, assim como bactérias vivas atenuadas, podem ter risco de desenvolvimento da doença em pacientes imunocomprometidos. A vacina oral contra a poliomielite é constituída por três sorotipos de vírus vivos atenuados da poliomielite. Em pacientes com imunodeficiência do tipo celular, a baixa resposta imunológica contra o vírus pode causar doença, apesar da menor patogenicidade desse vírus. Em países que visam à erradicação da poliomielite, o risco desses pacientes com baixa defesa imunológica não é considerado durante campanhas de vacinação, ficando por conta do médico a contra-indicação de tais vacinas a pacientes com deficiência da imunidade celular e com ausência total de anticorpos. A vacina Salk é uma indicação para esses indivíduos por não apresentar risco de desenvolvimento da doença; é formada por três sorotipos de vírus mortos, obtidos a partir de culturas de células tratadas com formalina. O poder antigênico da Salk é bem menor do que o da Sabin, além de não promover imunidade intestinal. Ainda hoje existem cepas originais de Salk. Na resposta passiva são recebidos produtos da resposta imunológica provenientes de linfócitos B ou T (Figura 1.14). Anticorpos, como produtos da resposta passiva de células B do isótipo G, são recebidos durante a vida fetal por passagem transplacentária. São úteis em defesas contra microrganismos para os quais a mãe já tenha 24 desenvolvido uma resposta imunológica, como é o caso de a criança já possuir ao nascimento IgG antitetânica. A amamentação natural permite a passagem de IgA pelo leite. Já os leites industrializados com fórmulas semelhantes ao leite humano não contêm imunoglobulinas. Essa diferença é importante porque no início da vida a criança ainda não tem IgA para defesa, que se formará com o evoluir da idade. O colostro é o leite mais rico em IgA e durante toda a lactação há IgA no leite materno. A administração de anticorpos é muito útil nas doenças em que não houve tempo suficiente para o organismo combater os agentes agressores, com sinais e sintomas muito graves ou naquelas conhecidas por terem evolução rápida e grave. Assim, na doença tetânica ou diftérica já instalada são utilizadas antitoxinas antitetânicas ou antidiftéricas isoladas de indivíduos que apresentaram a doença. A gamaglobulina humana é a fração das proteínas plasmáticas separada por eletroforese e que contém uma grande quantidade de anticorpos. A gamaglobulina laboriatorialmente preparada e tratada é constituída por um pool de gamaglobulinas de diferentes indivíduos sadios. É útil para pacientes com deficiência de IgG, pois a quase totalidade de gamaglobulina humana é formada por IgG, sendo mínima a quantidade de outros isótipos da mesma. A gamaglobulina oriunda de populações em que há endemias de sarampo e de hepatite por vírus A pode ter indicação em casos especiais dessas doenças. A gamaglobulina hiperimune é proveniente de inoculações sucessivas de antígenos específicos em animais de laboratório, resultando na formação de anticorpos específicos que podem ser úteis em ocasiões em que é necessária uma rápida resposta imune. Pode causar problemas por serem anticorpos de outra espécie, como eqüina ou bovina, constituindo-se, portanto, em substâncias muito diferentes dos anticorpos humanos. O soro, por conter a fração gamaglobulina, pode ser utilizado em casos de necessidade da presença imediata de anticorpos e não sendo possível a administração de anticorpos específicos, aos quais sempre se deve dar preferência. Na resposta passiva os produtos recebidos podem ser provenientes de linfócitos e de monócitos (Figura 1.15). O primeiro a ser descrito foi o fator de transferência, obtido de um macerado de células mononucleares quando se pretendia transferir as substâncias sintetizadas por tais células. Atualmente, quase não é mais utilizado, preferindo-se substâncias mais específicas separadas, como o interferon α, que promove a defesa antiviral, sendo utilizado em determinados casos de hepatite pelo vírus C. A IL-3 pode serútil para aumentar a hematopoese pela medula óssea, em casos de aplasias e em algumas leucoses. O fator estimulador de crescimento de colônias de granulócitos pode ser útil em neutropenias. A IL-2 é o principal fator de crescimento e de 25 diferenciação de linfócitos T, sendo utilizada quando há necessidade de defesa por essas células. Resposta inata e adaptativa A resposta imunológica inata ou inespecífica é aquela pela qual o organismo responde sempre da mesma forma, qualquer que seja o agente agressor (Figura 1.16). O tipo ou qualidade de resposta não varia, podendo modificar apenas a quantidade. É a primeira defesa do organismo com atuação imediata contra qualquer agente. Não determina uma imunidade permanente, apesar de poder agir por vários dias. Os componentes da resposta inata são: barreira mecânica, fagócitos atuando por meio de quimiotaxia seguida por fagocitose, sistema complemento e células natural killer ou NK. Esses componentes já existem ao nascimento, não se modificando com o tempo. A via clássica do complemento apresenta todas as características de uma resposta inata, fazendo a ligação entre a resposta inata e a adaptativa. As células da resposta inata apresentam receptores para estruturas que se repetem em diferentes patógenos, não sendo necessária uma resposta tão discriminativa como para a resposta adaptativa. A resposta imunológica adaptativa, específica ou adquirida vai sendo desenvolvida com a idade, havendo necessidade do contato com o antígeno para sua aquisição. Assim, com o tempo essa resposta vai se modificando, tornando-se mais eficiente. Trata-se de uma reação específica para cada antígeno, variando quanto à qualidade e à intensidade (Figura 1.17). A resposta adaptativa combate substâncias de extrema variabilidade. Suas células apresentam receptores de alta diversidade e especificidade. A resposta adaptativa ocorre quando a inata é insuficiente para debelar o agente agressor. Há necessidade de maior tempo para seu início, principalmente frente aos primeiros contatos com as substâncias. A resposta adaptativa dá-se pela imunidade humoral e celular. Na defesa humoral, os principais responsáveis são proteínas plasmáticas, as imunoglobulinas, sintetizadas por linfócitos bursa equivalentes (B) diferenciados em plasmócitos. A resposta adaptativa celular ocorre por ação direta de células, os linfócitos timo- dependentes (T). Os linfócitos são altamente específicos para cada patógeno, resultando em reações extremamente dirigidas contra as características de cada agente agressor, havendo, por isso, acentuada heterogeneidade nesse tipo de resposta. Na resposta adaptativa são formados linfócitos T e B memória que permitem um reconhecimento antigênico mais rápido e uma melhor defesa em contatos subseqüentes. O resultado é uma imunidade duradoura, protegendo o organismo contra infecções pelo mesmo agente. Pequenos linfócitos oriundos da célula progenitora linfóide da medula óssea dirigem-se ao timo ou permanecem na medula, dando origem a linfócitos T e B, 26 respectivamente. Essas células migram para os órgãos linfóides secundários: linfonodos, baço e tecido linfóide associado às mucosas (MALT), para que se efetue a resposta adaptativa. Os linfócitos T são responsáveis pela imunidade celular, enquanto os B produzem anticorpos, os quais constituem a imunidade humoral (Figura 1.18). A inflamação é resultante dos diferentes mecanismos da resposta imunológica na tentativa de manter a homeostasia do organismo e recuperar os tecidos lesados. É o resultado da ativação da resposta inata ou da inata em conjunto com a adaptativa. Nos próximos capítulos serão analisados os diferentes componentes da resposta imunológica inata e adaptativa. Tipos de resposta imune A. Resposta imune humoral As moléculas de reconhecimento são constituidas por anticorpos, globulinas glicoproteicas chamadas imunoglobulinas (Ig), secretadas no plasta e de inúmeros tecidos. A imunidade humoral, ao contrário da imunidade celular, pode ser transmitida pelo plasma ou soro. Na espécie humana são encontradas 05 tipos de imunoglobulinas. São por ordem de concentração decrescente no plasma a IgG, IgA, IgM, IgD e IgE (tabela I e II). Sua estrutura geral é representada por 04 cadeias polipeptídicas: duas cadeias chamada de pesada (H - heavy) identicas de 50.000 daltons e dua cadeias leves (L-ligth) idênticas de 25.000 daltons ligadas entre elas por pontes de dissulfeto. As IgG, IgD, e IgE possuem uma base única, enquanto a IgM possui 05 e a IgA de 01-05 domínios. As cinco classes de imunoglobulinas são caracterizadas pelas propriedades antigências de suas cadeias pesadas que se chamam respectivamente g , a , m , d , e e . Alguns ainda se subdividem em sub-classes antigênicas distintas: O efeito das Ig podem ser benéficas (anticorpos protegendo contra inumeros microrganismos infecciosos, toxinas...) ou maléficas (alergias, anafilaxia...). Os anticorpos podem recobrir certas células ou aindas agir em conjunto com o sistema complemente permitindo a distruição da célula (citólise) B. Resposta Imune Celular Na resposta imune celular, as moléculas de reconhecimento ficam aderidas a membrana dos linfócitos T. Os linfócitos sensibilizados são efetores nos casos de: 27 Hipersensibilidade do tipo tardia Rejeição de transplantes (em parte) Reação do transplante contra o receptor Resistência por parte dos tumores Imunidade contra inúmeros agentes bacterianos e virais (sobretudo intracelular) Certas alergias medicamentosas Certas doenças auto-imunes Nos fenomenos de citotoxicidade e MLR Esse tipo de imunidade pode ser transferida a um animal não imunizado através de injeção de células sensibilizadas e não através do soro ou plasma. C. Desenvolvimento e Regulação da Resposta Imune Quando a resposta imune for do tipo humoral ou celular esta se desenvolve em tres etapas sucessivas: (a) Fase de reconhecimento ou indução: Nesta fase o antígeno é pego e carregado pelos macrofagos que o apresenta de uma maneira apropriada aos linfócitos que possuem receptores na superfície de sua membrana citoplasmática reconhecendo separadamente as estruturas moleculares chamadas determinantes antigênicos, caracterizando o antígeno. (b) Fase de proliferação clonal: Ocorre quando o antígeno reconhecido pelo linfócito especificamente desencadeia a multiplicação das células e a síntese de moléculas de reconhecimento, a produção de anticorpos pelos linfócitos B (em sua forma diferenciada, os plasmócitos) e de seus receptores específicos na superfície doe linfócitos T funcionalmente similares a porção variável das imunoglobulinas. (c) Fase efetora: Corresponde a reação dos anticorpos ou dos receptores dos linfócitos T com o antígeno neutralizado e sua eliminação. Nesta fase outras células da linhagem multipotente podem intervir (mastócitos, polimorfonucleares, basófilos), podendo ocorrer o fenômeno da alergia. Na medida que a resposta imune a um antígeno se desenvolve, diversos mecanismos reguladores são desencadeados em princípio como ativação, para evitar que esses mecanismos possam prejudicar o receptor. São essencialmente tres tipos: 28 (1) Degradação catabólica e eliminação do antígeno (2) Processo de retro-inibição sobre os anticorpos neosintetizados e produzidos em excesso (3) Intervenção dos linfócitos T supressores que produzem mediadores com o objetivo dos linfócitos T amplificando limitante ou predendo a intervenção desses linfócitos e o desnvolvimento da resposta imune. (4) A intervenção da rede idiotipo-antidiotipo. Na verdade os mecanismos da resposta imune são extremamente complexos. Os antígenos pertencem a classe de timo-dependentes e timo-independentes conforme a síntese dos anticorpos homólogos necessitando ou não a colaboraçãodos linfócitos T e B. As hipóteses mais recentes indicam que a cooperação da resposta humoral específica contra um antígeno está implicada na participação de dois tipos de linfócitos T helper (Th) (1) Dos linfócitos Th específicos a um antígeno com restrição alogênica (MHC) (2) Dos linfócitos Th anti-idiotípos e suas restrições (MHC) Conforme as hipóteses a ação dos genes Ir é expressa por seu primeiro tipo de célula Th. D. Tolerancia Imunológica A tolerância imunológica é definida como a incapacidade específica adquirida total ou parcialmente por um indivíduo a desenvolver uma resposta imune humoral normal ou a mediação celular a um antígeno ou a diversos epítopos de um certo antígeno contra o(s) qual(s) ele normalmentes se desenvolveria uma resposta em outras condições. É importante sublinhar que em um indivíduo dito tolerante sua capacidade de responder a outros antígenos administrados ao mesmo tempo que o primeiro podem não ser bloqueado seu potencial de resposta imune. Em outras palavras a tolerância imunologica é também específica a um antígeno. Ao lado da tolerância adquirida, descrita anteriormente, existe a tolerância natural que resultou da regra de Ehrlich onde o organismo não desenvolve reação imune contra seus próprios constituintes. Na realidade a distinção entre o "self" e ou "não self" não é sempre absoluta (fenômeno auto-imune). Desde 1902 P.Ehrlich atraiu a atenção com as possibilidades do organismo de auto-destruição por intermédio de seu próprio siteama imune. P.Ehrlich supos que um "horror autotóxico" deveria proteger o organismo contra certas eventualidades, e por essa razão a tolerância foi posta em evidência experimental meio século mais tarde. 29 E. Memória Imunológica A memória imunológica se caracteriza de um lado por uma reação imune mais intensa (síntese aumentada de imunoglobulinas Igs no plano humoral ) e mais rápida solicitação do sistema imune (reação secundária) por um antígeno que entrou no organismo em uma primeira vez (reação primária), e por outro lado por variações qualitativas de imunoglobulinas de reconhecimento, da mesma espécie de mamíferos (IgM -> IgG da mesma espécie). Esses parâmetros caracterizam a resposta amanistica??? . A merória imunológica se manifesta mais ao nível da resposta celular. O suporte citológicao da memória imunológica por seus dois tipos de resposta é constituida por suas sub-populações de linfócitos T e B especiamelnte chamados células memória. F. Aspectos evolutivos do sistema imune. O aparelho celular e as moléculas descritas anteriormente caracterizam o sistema imune que é encontrado nos vertebrados. Este sistema imune é aprimorado em um aparelho mais rudimentar (ausência de Ig e memória eficiente) que progressivamente diminui nos degraus filogênicos dos metazoários invertebrados que precedem o filo dos cordata. Segundo Cooper, a evolução do sitema imune é provavelmente dividiade em 03 etapas. A primeira etapa, o reconhecimento, é a essencia da imunidade. Os tipos unicelulares, todas as células do sitema unume dos animais pluricelulares, apresentam propriedades que permitem a distinção do "self" e do "não self". Quando o corpo estanho é reconhecido como "não self" , ele é fagocitado por uma célula do sistema imune, sendo ingerido e digerido por esta célula. Nesta é primeira etapa (reconhecimento/fagocitose) existe tanto nos grupos de animais mais simples como nos mais evoluidos. Nos vertebrados, a fagocitose é realizada por uma categoria especial de glóbulos brandos, os macrófagos e os neutrófilos polimorfonucleares. O degrau seguinte da evolução consiste na aquisição (mais reconhecimento e fagocitose) de respostas complexas permitindo a rejeição aos transplantes. Por observações da resposta, é possivel realizar transplantações de tecidos experimentalmente. Esta é somente uma parte da segunda etapa da história evolutiva do sistena imune, etapa geralmente conhecida como imunidade celular. A rejeição dos transplantes, que é observada desde o nível dos invertebrados, se realiza por destruição direta de uma célula-alvo ("não self") por contato de uma célula imune chamada efetora (capaz de realizar esta destruição). Esta destruição de células se chama citotoxicidade. Quando os transplantes são rejeitados, um numeroso 30 número de células do tecido do transplante são destruídos, sendo chamado neste caso de histotoxicidade. Nos vertebrados, são os linfócitos T que realizam a rejeição dos transplantes. A terceira etapa é a secreção de substâncias humorais capazes de neutralizar os antígenos. Ela aparece nos invertebrados mais evoluídos, anelídeos, moluscos, artropodes (por exemplo crustáceos e insetos), equinodermes (por exemplo ouriços) e pequenos animais marinhos 0precursores dos vertebrados. Nos vertebrados temos a secreção de anticorpos na forma de imunoglobulinas produzidas pelos linfócitos B. Contrariamente a imunidade celular, os os laços evolutivos entre a resposta humoral dos vertebrados e dos invertebrados não são estáveis. DISCUTIR OS IMPACTOS DOS SURTOS DE SARAMPO PARA A SAÚDE DE CRIANÇAS E ADULTOS. O sarampo é uma doença potencialmente grave que cursa com febre, coriza, conjuntivite e manchas vermelhas pelo corpo, que tem início na região retroauricular e dissemina-se para rosto, tronco e membros: chamada de distribuição craniocaudal. As clássicas lesões de Koplik, que são lesões de 2 a 3mm de diâmetro, discretamente elevadas, de cor branca com base eritematosa, localizadas na região interna da mucosa oral, na altura do segundo molar superior, estão presentes em alguns casos, antes do exantema e desaparecem em 48 horas. O sarampo tem a capacidade de deprimir a resposta imune para outros patógenos. Assim, a doença pode evoluir com complicações infecciosas bacterianas como a otite média e a pneumonia, especialmente em crianças menores de cinco anos, desnutridos e imunodeprimidos. O sarampo em crianças com de ciência de vitamina A associada a desnutrição tem evolução mais grave e pode causar cegueira. Uma outra complicação crônica rara (incidência de 4 a 11 casos por 100.000 pessoas) é a panencefalite esclerosante subaguda, doença d egenerativa que afeta crianças e adultos jovens causada pela infecção persistente do vírus no encéfalo com consequente resposta imunológica crônica. A infecção por sarampo durante a gravidez está associada ao aumento do risco de complicações, incluindo aborto, parto prematuro, doença neonatal, baixo peso ao nascer e morte materna. Embora, os estudos não são conclusivos quanto ao efeito teratogênico do vírus do sarampo. Importante, a gestante não pode ser vacinada, pois a vacina é feita de vírus vivo atenuado. Assim como os imunodeprimidos, a prevenção da infecção na grávida deve ser realizada a pro laxia pós-exposição com imunoglobulina endovenosa. Pacientes alérgicos aos componentes das vacinas Pessoas com alergia grave a ovo podem apresentar reações às seguintes vacinas: Pessoas com alergia a gelatina podem apresentar reações às vacinas contra: Não são contraindicações a vacinação Tipos de vacina Dificuldade da produçao de novas vacinas Imunoglobulinas Soros específicos Tipos de resposta imune A. Resposta imune humoral B. Resposta Imune Celular C. Desenvolvimento e Regulação da Resposta Imune D. Tolerancia Imunológica E. Memória Imunológica F. Aspectos evolutivos do sistema imune.
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