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INTERMEDIÁRIA PROBLEMA 2- DRAMA

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PROBLEMA 2- INTERMEDIÁRIA 
ANIMAIS PEÇONHENTOS 
SERPENTES 
- No Brasil, a fauna ofídica de interesse médico está 
representada pelos gêneros Bothrops, Crotalus, 
Lachesis, Micrurus e alguns da Família Colubridae. 
 Fosseta loreal 
- A fosseta loreal, órgão sensorial termorreceptor, é 
um orifício situado entre o olho e a narina, daí a 
denominação popular de “serpente de quatro 
ventas”. A presença dessa fosseta indica que a 
serpente é peçonhenta e é encontrada nos gêneros 
Bothrops, Crotalus e Lachesis. Todas as serpentes 
destes gêneros são providas de dentes inoculadores 
bem desenvolvidos e móveis situados na porção 
anterior do maxilar. 
 
- Para diferenciar se uma cobra é peçonhenta ou não, 
pode-se usar o seguinte fluxograma: 
 
FAMÍLIA VIPERIDAE 
 Gênero Bothrops (jararacas): Habitam zonas 
rurais e periferias de grandes cidades, preferindo 
ambientes úmidos como matas e áreas cultivadas 
e locais onde haja facilidade para proliferação de 
roedores. Possuem hábitos predominantemente 
noturnos ou crepusculares, apresentam 
comportamento agressivo quando ameaçadas e 
deferem botes sem produzir ruídos. 
 B. erythomelas 
 B. jararaca 
 B. leucurus >> é a mais importante em 
SSA 
 B.jaracuçi 
 B. Neuwiedi 
 Gênero Crotalus (cascavel-quatro-ventas): 
Encontradas em campos abertos, áreas secas, 
arenosas e pedregosas, e raramente na faixa 
litorânea (não encontradas nas florestas e 
Pantanal). Não possuem o hábito de atacar, 
porém sua presença é percebida por um som que 
se assemelha com o chocalho. 
 Gênero Lachesis (sururucu): é a maior das 
serpentes peçonhentas das Américas; habitam 
áreas florestais e algumas matas úmidas no 
Nordeste. 
FAMÍLIA ELAPIDAE 
 Gênero Micrurus (coral verdadeira): existem 
18 espécies em todo o Brasil; apresentam anéis 
vermelhos, pretos e brancos, não importando a 
ordem das cores. Existem serpentes não 
peçonhentas que têm o mesmo padrão de 
coloração, mas não possuem os dentes 
inoculadores, além dos anéis não envolverem o 
corpo todo -> falsas-corais. 
FAMÍLIA COLUBRIDAE 
 Gênero Philodryas (cobra- cipó ou cobra-
verde): Não apresentam a fosseta loreal, e para 
injetar veneno, mordem e se prendem ao local. 
ESCORPIÕES 
- De forma geral, os escorpiões ou lacraus apresentam 
o corpo formado pelo tronco e pela cauda, que é 
formada por 5 segmentos e no final situa-se o telso, 
composto pela vesícula, que contém duas glândulas 
de veneno, e ferrão (aguilhão), que inocula o veneno 
produzido. Eles são animais carnívoros, alimentando-
se principalmente de insetos, apresentam hábitos 
noturnos, escondendo-se durante o dia sob pedras, 
troncos, telhas ou tijolos. Os escorpiões de 
importância médica no Brasil pertencem ao gênero 
Tityus, que é o mais rico em espécies. 
 Tityus serrulatus: conhecido como escorpião 
amarelo e é a principal espécie que causa 
acidentes graves, com registro de óbitos, 
principalmente em crianças. Apresenta o 
tronco marrom-escuro e a cauda, que é 
amarelada, apresenta uma serrilha dorsal nos 
dois últimos segmentos (daí o nome). Está 
presente na Bahia, Minas Gerais, RJ, entre 
outros estados. 
 Tityus bahiensis: Conhecido por escorpião 
marrom ou preto, tem o tronco escuro e é a 
espécie que causa mais acidentes em São 
Paulo, sendo encontrado ainda em Minas 
Gerais, Goiás, Bahia, entre outros. 
 Tityus stigmurus: tronco amarelo-escuro, 
apresentando um triângulo negro no 
cefalotórax. Está presente nos estados da 
região Nordeste do Brasil, como Bahia, 
Alagoas, Sergipe, e por isso é conhecido como 
escorpião amarelo do Nordeste. 
- Do ponto de vista de saúde pública, tem sido 
preocupante o aumento da dispersão do Tityus 
serrulatus, que tem sido encontrada, por exemplo, no 
Recôncavo Baiano. Esta dispersão tem sido explicada 
em parte pelo fato dessa espécie se reproduzir por 
partenogênese (só existem fêmeas e todo indivíduo 
adulto pode parir sem a necessidade de 
acasalamento). 
ARANHAS 
- São animais carnívoros, que se alimentam 
principalmente de insetos, como grilos e baratas. 
Muitas têm hábitos domiciliares e peridomiciliares; 
apresentam o corpo dividido em: 
 Cefalotórax: articulam-se os 4 pares de 
pernas, um par de pedipalpos e um par de 
quelíceras. Nas quelíceras estão os ferrões 
utilizados para inoculação do veneno 
 Abdome 
PHONEUTRIA (ARANHAS ARMADEIRAS) 
- São chamadas de armadeiras pois assumem 
comportamento de defesa: se apoiam nas pernas 
traseiras, erguem as dianteiras, abrem as quelíceras, 
tomando bem visíveis os ferrões, e procuram picar. 
Não constroem teia geométrica, sendo animais 
errantes que caçam principalmente à noite. Os 
acidentes ocorrem dentro das residências, ao se 
manusearem material de construção, entulhos, lenha 
ou calçando sapatos. As espécies descritas para o 
Brasil são: 
 P. fera 
 P. keyserfingi 
 P. nigriventer -> encontrada na região 
metropolitana, mas sua maior presença é em 
áreas de Chapadas, como a Diamantina. 
 P. reidyi. 
LOXOSCELES (ARANHAS-MARRONS) 
- Constroem teias irregulares sob cascas de árvores, 
telhas e tijolos empilhados, atrás de móveis, cantos de 
parede, em vestimentas, sempre ao abrigo da luz 
direta. Não são aranhas agressivas, picando apenas 
quando comprimidas contra o corpo; as principais 
espécies causadoras de acidentes no Brasil são: 
 L. intermedia 
 L. laeta 
 L. gaúcho -> foi encontrada em regiões de 
Chapada Diamantina, no município de Abaíra. 
LATRODECTUS (VIÚVAS-NEGRAS) 
- As fêmeas são pequenas e de abdome globular, 
apresentando no ventre um desenho característico 
em forma de ampulheta; constroem teias irregulares 
entre vegetações arbustivas e gramíneas, e causam 
acidentes quando são comprimidas contra o corpo. As 
principais espécies são: 
 L. curacaviensis: encontrada na Bahia, Ceará, 
SP, etc. 
 L. geometricus: encontrada praticamente em 
todo o país. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
OFIDISMO 
ACIDENTE BOTRÓPICO 
- É responsável por 90% dos envenenamentos 
correspondentes ao acidente ofídico. As ações do 
veneno são as seguintes: 
 Proteolítica: atividade inflamatória aguda, 
responsável pelas alterações que ocorrem no 
local da picada e proximidade, como lesões 
locais, edema, bolhas e necroses. 
 Coagulante: a maioria dos venenos 
botrópicos ativa o fator X e a protrombina; 
possui também ação semelhante à trombina, 
convertendo o fibrinogênio em fibrina. O 
consumo de fibrinogênio e formação de 
fibrina intravascular, pode tornar o sangue 
incoagulável. 
 Hemorrágica: ação atribuída às 
hemorraginas do veneno, que, rompendo a 
integridade do endotélio vascular, podem 
ocasionar hemorragias em diversos locais. 
 
 Manifestações clínicas 
 Em relação às manifestações locais, os 
pacientes apresentam dor e edema endurado 
no local da picada, de intensidade variável e, 
em geral, de instalação precoce. Equimoses e 
sangramentos no ponto da picada são 
frequentes. 
 Já as manifestações sistêmicas incluem 
sangramento pré-existente no local da picada, 
gengivorragias, hematúria, e no caso de 
gestantes, ainda se tem o risco de hemorragia 
uterina. Podem ocorrer náuseas, vômitos, 
sudorese, hipotensão arterial e, mais 
raramente, choque. 
ACIDENTE CROTÁLICO 
- É responsável por cerca de 7,7% dos acidentes 
ofídicos registrados no Brasil e apresenta o maior 
coeficiente de letalidade devido à frequência com que 
evolui para insuficiência renal aguda (IRA). Possui 3 
ações principais: 
 Neurotóxica: essa ação é causada pela 
fração crotoxina, que é uma neurotoxina de 
ação pré-sináptica que atua nas terminações 
nervosas inibindo a liberação de acetilcolina. 
Consequentemente, ocorre o bloqueio 
neuromuscular do qual decorrem as paralisias 
motoras apresentadas pelos pacientes. 
Miotóxica: Não está identificada a fração do 
veneno que produz esse efeito miotóxico, 
apenas sabe-se que ocorre lesão das fibras 
musculares
esqueléticas com a liberação de 
enzimas e mioglobina para o soro que 
posteriormente são excretadas na urina 
 Coagulante: derivada da fração do veneno 
do tipo trombina, que ocasiona distúrbios na 
coagulação sanguínea. 
 
 Manifestações clínicas 
 Em relação às manifestações locais, a dor e o 
edema estão ausentes ou são discretos; 
parestesia local. 
 As manifestações sistêmicas vão variar: 
 Gerais: mal estar, sudorese, náuseas, 
vômitos, sonolência ou inquietação e 
secura da boca. 
 Neurológicos: dentro das primeiras 6 
horas, evidenciam-se dificuldade de 
acomodação (visão turva) ou diplopia 
(visão dupla), derivadas da paralisia da 
musculatura extrínseca e intrínseca do 
globo ocular; fácies miastênicas, alteração 
do diâmetro pupilar. 
 Musculares: dores musculares 
generalizadas; mioglobinúria (mioglobina 
na urina). 
 Distúrbios de coagulação: 
incoagulabilidade sanguínea ou aumento 
do Tempo de Coagulação (TC). 
ACIDENTE LAQUÉTICO 
- São os casos de acidentes com serpentes 
encontradas em áreas florestais. Possui ações do 
veneno agrupadas em 4 ações principais: 
 Proteolítica: mesmo mecanismo botrópico 
 Coagulante: fração do veneno com atividade 
tipo trombina 
 Hemorrágica: intensa atividade hemorrágica 
do veneno de Lachesis muta muta, 
relacionada à presença de hemorraginas 
 Neurotóxica: ação do tipo estimulação vagal, 
porém ainda não foi caracterizada a fração 
específica responsável por essa atividade. 
 
 Manifestações clínicas 
 Em relação às manifestações locais, 
predominam dor e edema, que podem 
progredir para todo o membro; vesículas e 
bolhas de conteúdo seroso ou sero-
hemorrágico. 
 No caso das sistêmicas, são relatados 
hipotensão arterial, tonturas, escurecimento 
da visão, bradicardia, cólicas abdominais e 
diarréia (síndrome vagal). 
ACIDENTE ELAPÍDICO 
- As estatísticas nacionais revelam a baixa incidência 
de acidentes por corais verdadeiras (menos de 0,5%), 
porém são acidentes sempre potencialmente graves, 
devido à incidência de paralisia respiratória, de 
evolução rápida. O veneno possui como constituinte 
tóxico as neurotoxinas (NTX) e elas atuam da seguinte 
forma: 
 NTX de ação pré-sináptica: inibem a 
liberação da acetilcolina, impedindo a 
deflagração do potencial de ação. 
 NTX de ação pós-sináptica: combinam-se 
com os receptores da placa terminal, 
competindo com a Ach pelos impulsos 
nervosos, o que também impede a 
deflagração. 
 
 Manifestações clínicas 
 Em relação à local, o paciente apresenta 
discreta dor local, geralmente acompanhada 
de parestesia. 
 Já as sistêmicas são caracterizadas por 
vômitos, fraqueza muscular progressiva, ptose 
palpebral (pálpebra caída), presença de 
fácies miastênica ou “neurotóxica”. A paralisia 
da musculatura respiratória compromete a 
ventilação, podendo haver evolução para 
insuficiência respiratória aguda e apnéia. 
ACIDENTE POR COLUBRÍDEOS 
- A maioria dos acidentes por Colubrídeos são 
destituídos de importância por causarem apenas 
ferimentos superficiais da pele, não havendo 
inoculação de peçonha. A maioria dos acidentes por 
Colubrídeos são destituídos de importância por 
causarem apenas ferimentos superficiais da pele, não 
havendo inoculação de peçonha. 
 Em relação ao quadro clínico, acidentes por 
colubrídeos podem ocasionar edema local, 
equimose e dor. 
ESCORPIONISMO 
- A toxina escorpiônica é uma mistura complexa de 
proteínas de baixo peso molecular, associada a 
pequenas quantidades de aminoácidos, sem atividade 
proteolítica e que não consome fibrinogênio. Atua em 
sítios específicos dos canais de sódio, produzindo 
despolarização das terminações nervosas pós-
ganglionares dos sistemas simpático, parassimpático e 
da medula da supra-renal. Isso vai desencadear a 
liberação de catecolaminas (adrenalina e 
noradrenalina) e acetilcolina, que são responsáveis 
pela maior parte dos sintomas e sinais clínicos. O 
quadro clínico estabelecido vai depender da 
predominância dos efeitos simpáticos ou 
parassimpáticos. 
 Manifestações clínicas 
- Em relação às manifestações locais, a dor local, que 
ocorre praticamente em todos os pacientes, é de 
intensidade variável, sendo o motivo maior da busca 
rápida de atendimento médico. A dor aumenta de 
intensidade com a palpação e pode irradiar-se para a 
raiz do membro acometido, sendo que, 
frequentemente, há parestesias (formigamento). O 
ponto de inoculação do veneno pode não ser visível, 
entretanto podem ser encontrados edema discretos e 
sudorese. 
- Já quando se trata das manifestações sistêmicas, 
devemos levar em consideração a liberação dos 2 
diferentes tipos de neurotransmissor: 
 A liberação de acetilcolina causa aumento 
das secreções das glândulas lacrimais, nasais, 
sudoríparas, da mucosa gástrica e do 
pâncreas, provocando lacrimejamento, 
rinorréia, sudorese e vômitos. Podem ser 
observados tremores, miose, bradicardia, 
hipotensão... 
 Como consequência da liberação de 
catecolaminas, pode haver midríase, 
taquicardia, hipertensão arterial, podendo 
evoluir para falência cardiocirculatória e 
edema agudo. 
ARANEÍSMO 
ACIDENTES POR PHONEUTRIA 
- O veneno causa a ativação e retardo da inativação 
dos canais de sódio, o que induz a despolarização das 
fibras musculares e de terminações nervosas do 
sistema nervoso autônomo, ocasionando liberação de 
catecolaminas e acetilcolina. 
 Os peptídeos do veneno de P. nigriventer 
podem induzir tanto a contração da 
musculatura lisa vascular quanto o aumento 
da permeabilidade vascular. 
- Em relação ao quadro clínico predomina-se as 
manifestações locais, sendo que a dor ocorre de 
forma imediata após a picada e pode variar de 
intensidade. No local da picada, pode-se observar 
edema, eritema e sudorese ao redor dos dois pontos 
de inoculação. 
ACIDENTES POR LOXOSCELES 
- O veneno possui atividades hemolítica e 
dermonecrótica, que parecem ser causadas pela 
enzima fosfolipase D que atua sobre os constituintes 
das membranas das células, principalmente do 
endotélio vascular ou hemácias. Por conta disso, são 
ativadas as cascatas do sistema complemento, da 
coagulação e das plaquetas, desencadeando intenso 
processo inflamatório no local da picada, 
acompanhado de obstrução de pequenos vasos, 
edema, hemorragia e necrose local. 
- Em relação ao quadro clínico, a picada é quase 
sempre imperceptível e os sintomas locais evoluem 
lentamente (nas primeiras horas, lembram picada de 
inseto). A picada pode evoluir para duas formas 
clínicas: 
1. Forma Cutânea: sinais e sintomas são 
restritos ao local acometido; logo após a 
picada, o paciente se refere a dor como sendo 
parecida com a sensação de queimadura com 
cigarro; algumas horas depois (2 a 8 horas) a 
dor se intensifica sendo relacionada à 
isquemia e vasoespasmo, podendo aparecer 
prurido, formigamento, eritema e edema. A 
lesão cutânea pode evoluir para necrose seca 
(escara), em cerca de 7 a 12 dias, que, ao se 
destacar em 3 a 4 semanas, deixa uma úlcera 
de difícil cicatrização 
2. Forma cutâneo-visceral (hemolítica): é 
bem menos frequente e ocorre dentro das 
primeiras 24 a 48 h após a picada; é 
acompanhada de sintomas como febre, 
calafrios, mal-estar, fraqueza, náuseas, 
vômitos, mialgia. Os casos graves podem 
evoluir para insuficiência renal aguda. 
ACIDENTES POR LATRODECTUS 
- A alpha-latrotoxina é o principal componente tóxico 
e atua sobre terminações nervosas sensitivas 
provocando quadro doloroso no local da picada. 
Possui ação no SNA, levando à liberação de 
neurotransmissores adrenérgicos e colinérgicos e, na 
junção neuromuscular pré-sináptica, altera a 
permeabilidade aos íons sódio e potássio. 
 Manifestações clínicas 
 Em relação às locais, o paciente sente dor ocal 
de pequena intensidade que evolui para a 
sensação de queimaduras 15 a 60 minutos 
após a picada. 
 As manifestações sistêmicas se dividem
em: 
 Gerais: Tremores, ansiedade, 
excitabilidade, insônia, eritema da face e 
pescoço. 
 Motoras: Dor irradiada para MMII, 
contraturas musculares periódicas; dor 
abdominal intensa acompanhada de 
rigidez. 
 Cardiovasculares: sensação de morte 
iminente, taquicardia inicial e 
hipertensão seguidas de bradicardia 
 Digestivas: Náuseas e vômitos, anorexia 
e constipação 
 Geniturinárias: Retenção urinária, dor 
testicular e ejaculação 
 Oculares: Ptose e edema bipalpebral, 
midríase. 
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO E 
CONDUTAS 
OFIDISMO 
- O fluxograma de atendimento é o seguinte: 
1. Estabilização do paciente> Elevação do 
membro, avaliar sinais vitais e balanço hídrico 
2. História clínica: local do acidente, tempo 
decorrido, garrote ou outras substâncias com 
a identificação do animal se possível 
3. Avaliar as manifestações clínicas 
4. Tratamento 
 Higienizar o local da picada sem curativo 
oclusivo; 
 Analgesia e tranquilização do paciente; 
 Coleta de exames. 
 Medicação pré-soro: drogas anti-histamínicas, 
hidrocortisona. 
 Soroterapia específica com dose conforme a 
gravidade: administrado via endovenosa; 
infusão em 20 a 60 minutos com supervisão 
médica ou enfermeira; dose para adultos é 
igual para crianças. -> objetivo de neutralizar 
a maior quantidade possível de veneno 
circulante. 
5. Monitorizar o paciente: reavaliação 
laboratorial em 6 horas, avaliar nova dose se 
TC alterado, reavaliação laboratorial em 12h. 
6. Avaliação de complicações 
7. Vacinação para tétano conforme estado 
vacinal 
ACIDENTE BOTRÓPICO 
 
ACIDENTE CROTÁLICO 
ACIDENTE LAQUÉTICO 
 
ACIDENTE ELAPÍDICO 
ESCORPIONISMO 
- Em relação à conduta relacionada ao acidente 
escorpiônico, existe um fluxograma trazido pelas 
diretrizes: 
1. Identificação do agente: Manter paciente em 
observação de 12-24h se não for possível 
identificar agente 
2. Suporte clínico e analgesia 
- A analgesia local é feita pela lidocaína a 2% no local 
da picada em intervalos de 30 a 60min ou uso de 
dipirona na dose de 10 mg/kg de peso a cada seis 
horas. 
- Em relação ao suporte clínico, é necessário fazer a 
correção de distúrbios hidroeletrolíticos; 
monitorização especialmente em crianças; nos casos 
de vômitos profusos, realizar a hidratação parenteral, 
etc. 
3. Avaliar gravidade do acidente -> leve, 
moderada ou grave 
4. Realizar exames complementares: coleta de 
hemograma, função renal, ECG, ELISA 
(detecta a quantidade de veneno circulante) 
5. Soroterapia específica conforme a gravidade: 
Administrando em 15-30 minutos com 
melhora de sintomas em 1 hora 
- O escorpionismo pode ser classificado em 3 
diferentes tipos de acidentes: 
1. Leves: presente somente a sintomatologia 
local, como a dor e a parestesia. 
2. Moderados: além da dor intensa no local, 
presentes também algumas manifestações 
sistêmicas não muito intensas, como 
sudorese, náuseas, vômitos, hipertensão 
arterial, taquicardia, taquipnéia e agitação 
3. Graves: manifestações sistêmicas são 
bastante evidentes e intensas, vômitos 
frequentes (a intensidade e a frequência dos 
vômitos são um sinal sensível da gravidade do 
envenenamento), sudorese generalizada e 
abundante, sensação de frio, tremores e 
espasmos musculares. 
 
ARANEÍSMO 
- O fluxograma de atendimento é o seguinte: 
1) Identificar o agente 
2) Avaliação da gravidade e suporte clínico 
 Casos leves: Tratamento sintomático 
inespecífico >> Analgesia, sedativos e 
anti-histamínico 
 Casos moderados e graves: Tratamento 
sintomático inespecífico >> Analgesia, 
sedativos e antihistamínico; Tratamento 
sintomático específico >> Administrar 
soro específico conforme gravidade 
(Melhora 3h-6h); Exames 
complementares 
- Tratamento sintomático para manifestações locais: 
Analgésicos, como a dipirona; compressas frias 
aliviam a dor local; antisséptico local e limpeza 
periódica da ferida 5-6x por dia com sabão neutro. 
 Se tiver infecção secundária: utilizar um 
antibiótico sistêmico 
 Remover a escara após a delimitação de área 
de necrose (1 semana depois) 
 Tratamento cirúrgico pode ser necessário no 
manejo das úlceras e correção de cicatrizes 
FONEUTRISMO 
 
LOXOSCELISMO 
 
LATRODECTISMO 
 
 
CIATOX 
- No Brasil, tanto as intoxicações exógenas como os 
acidentes por animais peçonhentos são considerados 
agravos de notificação compulsória e devem ser 
registrados no Sinan por meio do preenchimento de 
Ficha de Notificação e Investigação específica para 
cada caso. 
 No período de 2010 a 2017, o Sinan registrou 
703.928 casos de intoxicações, com 7.840 
óbitos e 1.077.399 acidentes por animais 
peçonhentos, com 1.752 óbitos. Pórem, a 
morbimortalidade por intoxicações e 
envenenamentos pode ser muito maior, uma 
vez que foram constatadas subnotificações 
dos casos nesse sistema de informação. 
- Os Centros de Informação e Assistência Toxicológica 
(CIATox), que estão inseridos na Rede de Atenção as 
Urgências e Emergências (RUE) do SUS, possuem 
como objetivo oferecer informações, assessorar a 
prevenção, diagnóstico, prognóstico e tratamento das 
intoxicações. 
- Esses serviços foram criados no Brasil a partir da 
década de 1970, todavia, somente em 2015 o 
Ministério da Saúde instituiu 31 desses serviços como 
estabelecimentos de saúde integrantes da Linha de 
Cuidado ao Trauma (LCT), da RUE, sob a 
denominação de CIATox, definidos como: 
 “Unidades de saúde, de referência em 
Toxicologia Clínica no SUS, com atendimento 
em regime de plantão permanente por 
teleconsultoria e/ou presencial, com o 
objetivo de prover informação toxicológica 
aos profissionais de saúde e às instituições e 
prestar assistências às pessoas expostas e/ou 
intoxicadas, visando à redução de 
morbimortalidade”. 
- O MS estabeleceu, ainda, atividades opcionais, e 
institui um incentivo financeiro para esses serviços. 
ATRIBUTOS FUNCIONAIS DO 
CIATOX 
- Foi feita uma pesquisa para entender a organização 
e o funcionamento dos CIATox brasileiros, sendo que 
dos 31 existentes, 19 aceitaram participar do estudo. 
 Atendimentos 
- A maioria dos CIATox oferecem atendimento de 
forma ininterrupta durante 24 horas/dia, 7 
dias/semana e 365 dias/ano. Em relação aos meios de 
acesso ao atendimento ofertado pelos CIATox 5 
realizam atendimentos exclusivamente por telefone; 
4, atendimento telefônico e presencial, em unidades 
de saúde nas quais o CIATox é vinculado 
(interconsulta), e 3 oferecem atendimento telefônico 
e atendimento presencial, tanto em unidades de 
saúde de vinculação como em sede própria. 
 Existem ainda 8 CIATox que contam com 
serviço de laboratório para análises 
toxicológicas e 2 para análises clínicas. 
- Em relação a quais instituições ou serviços de saúde 
são atendidos pelos CIATox, 16 referiram como mais 
frequentes as UBS, consultórios, unidades de pronto 
atendimento ou pronto- -socorro e os hospitais 
públicos municipais e estaduais. 
 Atividades ofertadas 
- Ao todo, os CIATox relataram oferecer 39 diferentes 
atividades, incluindo: 
 Fornecer informação por meio de chamadas 
telefônicas 
 Ensino para graduação 
 Notificação de eventos toxicológico 
 Suporte clínico remoto e suporte clínico 
presencial a profissionais de saúde 
 Registro dos atendimentos em banco de 
dados de acesso restrito 
- As atividades referidas como menos realizadas 
foram: ouvidoria, visita domiciliar e consultoria para 
instituições ou organizações internacionais. 
ATRIBUTOS ORGANIZACIONAIS 
 Vinculação institucional e gestão 
- Todos os CIATox são vinculados a alguma instituição 
gestora, dos quais 12 possuem vinculação a uma única 
instituição; n=6, a duas instituições; e 1, a três 
instituições. Em relação às instituições de vinculação, 
nove tipos diferentes foram referidos: 
 Secretaria de Saúde Estadual 
 Secretaria de Saúde Municipal 
 Hospital Universitário Estadual 
 Universidade
Estadual 
 Universidade Federal 
 Hospital Universitário Federal 
 Hospital Federal 
 Hospital Universitário de Fundação Privada, 
sem fins lucrativos e de caráter filantrópico 
- Embora um pouco mais da metade dos CIATox 
participantes tenha referido mudança em suas 
funções nos últimos 10 anos, a estrutura 
organizacional não sofreu alterações no mesmo 
período. 
 Recursos Humanos 
- A composição de recursos humanos varia conforme 
o CIATox, porém, o quadro de trabalho é composto 
basicamente por: 
 Médicos, enfermeiros, farmacêuticos 
 Psicólogos, assistentes sociais, agentes de 
saúde, auxiliares e técnicos de laboratório 
 Veterinários e biomédicos, biólogos, 
administradores e técnicos em informática 
- Do total de CIATox participantes, 13 possuem 
programa de estágio profissional para o exercício dos 
plantões diários, direcionado para estudantes de 
graduação e pós-graduação, de formação 
multiprofissional que inclui os cursos de medicina, 
enfermagem, farmácia, biomedicina e biologia. 
- Para 17 CIATox, há dificuldades na composição de 
recursos humanos decorrente da falta de recursos 
financeiros e da falta de reposição de profissionais 
aposentados. 
 Recursos materiais e infraestrutura 
- 14 CIATox dispõem de área física própria; destas, 12 
são localizadas dentro de um serviço hospitalar. 
Quanto à disponibilidade de antídotos e soros, 13 
CIATox não dispõem de estoque de antídotos, e 8 não 
dispõem de estoque de soros antiveneno. Em relação 
as fontes de recurso financeiro para a aquisição 
desses insumos, 6 são recursos provenientes 
exclusivamente da instituição de vinculação; e 3 do 
governo estadual. 
 Para os respondentes, os CIATox não possuem 
autonomia financeira, enfrentam limite de 
cotas mensais das instituições de vinculação e 
não recebem o incentivo financeiro 
estabelecido pelo MS. 
- Para 13 CIATox, há dificuldade na composição de 
recursos materiais e infraestrutura, entre as quais: 
 Aquisição de materiais permanentes 
 Aquisição de insumos para laboratório, soros 
e antídotos de alto custo e para a 
manutenção corretiva e preventiva do espaço 
físico 
ANÁLISE CRÍTICA 
- No Brasil, atualmente, existe uma disparidade na 
cobertura: enquanto 7 estados não dispõem de 
nenhum CIATox (Acre, Roraima, Rondônia, Amapá, 
Maranhão, Alagoas e Tocantins), um único estado 
(São Paulo) tem 9 CIATox e mais dois serviços 
públicos que prestam informação toxicológica, mas 
que não foram incluídos na RUE do SUS: Instituto 
Butantã, na cidade de São Paulo, e o Centro de 
Assistência Toxicológica de Presidente Prudente. 
- No histórico de criação dos CIATox até a sua inclusão 
na RUE do SUS, duas iniciativas de origem federal 
contribuíram para a sua organização: 
 O Sistema Nacional de Informação Tóxico-
farmacológicas, criado em 1980 pelo MS, sob 
coordenação da Fundação Oswaldo Cruz: 
tinha como um dos objetivos ampliar o 
número de Centros no País por meio de 
convênios e repasses financeiros entre o MS e 
as Secretarias Estaduais e Municipais de 
Saúde. 
 A Gerência Geral de Toxicologia da Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária, uma 
iniciativa que ocorreu entre 2011 e 2005, com 
o objetivo de promover encontros nacionais 
com os Centros existentes à época, para 
incrementar a captação dos dados 
epidemiológicos provenientes dos 
atendimentos, o que culminou com a criação 
de uma Rede Nacional de Centros de 
Informação e Assistência Toxicológica 
(Renaciat), que estabeleceu critérios e 
parâmetros para a instalação de novos 
Centros no País. 
- Após a inserção dos CIATox na RUE do SUS, passaram 
a existir funções essenciais desses serviços, como: 
 Produção e disseminação de informações 
 Notificação dos eventos de interesse em 
saúde pública 
 Prevenção de doenças e agravos e promoção 
da saúde, todos sobre a ocorrência de 
exposições e intoxicações que interferem no 
perfil de morbimortalidade da população 
- Em relação às funções opcionais dos CIATox, estão 
inclusas: 
 Busca ativa de casos e investigação de 
eventos de saúde pública com destaque para 
exposição e intoxicação; 
 Suporte e análise laboratorial toxicológica 
 Assistência direta à saúde da população nos 
casos das exposições e intoxicações agudas e 
crônicas 
- Os atendimentos oferecidos pelos CIATox brasileiros 
diferenciam-se dos atendimentos realizados pelos 
Centros estadunidenses, nos quais prevalecem as 
ligações realizadas pelos usuários a partir de suas 
residências, que recorrem às ligações gratuitas antes 
de buscarem o atendimento nos serviços pagos de 
saúde. Nos centros brasileiros, há uma maior 
demanda de atendimentos originados de serviços de 
saúde. 
CIATOX-BAHIA 
- O antigo Centro de Informações Antiveneno (CIAVE) 
da Bahia, atual Ciatox, é considerado pela OMS como 
modelo para os países em desenvolvimento e 
referência nacional na área de Toxicologia. Ele foi 
criado em 1980 e foi o segundo dos 37 centros 
implantados pelo SINITOX, sendo o único na Bahia 
(localizado em Salvador). Ele atende cerca de 7.500 
ocorrências tóxicas e registra, através do SINAN, uma 
média de 10.000 notificações de acidentes por 
animais peçonhentos, ocorridos em todos os 
municípios do Estado. 
 Já realizou 29 cursos anuais de Toxicologia 
Básica para estudantes e profissionais, 
capacitando cerca de 3.500 pessoas. Além 
disso, através de estágios com duração de 1 
ano, treinou e capacitou cerca de 1.000 
estudantes das áreas de Medicina, Medicina 
Veterinária, Farmácia, entre outras. 
- O CIAVE-Bahia atua na orientação, diagnóstico, e 
assistência presencial de pacientes intoxicados, além 
de realizar análises toxicológicas de urgência, 
identificação de animais peçonhentos e plantas 
venenosas, manutenção e distribuição de antídotos e 
de soros antipeçonhentos para a rede pública 
estadual. 
 Estrutura organizacional 
- O CIAVE Conta com equipe de médicos toxicologistas 
que atuam em sistema de plantões permanentes de 
24 horas, todos os dias de semanas, além de 
orientações através de telefone para toda a rede de 
saúde do Estado, seja pública ou privada. O CIAVE 
atende 4 tipos de clientela: 
1. Pacientes intoxicados que procuram 
espontaneamente assistência especializada 
ou que são referenciados por Hospitais e 
Serviços de Saúde da Capital e Interior, sendo 
atendidos presencialmente pela equipe do 
CIAVE nas dependências do HGRS. 
2. Profissionais de saúde da Rede Pública e 
Privada Estadual que necessitam de 
orientação diagnóstica e terapêutica 
especializada. 
3. Estudantes e profissionais de saúde que 
buscam informações toxicológicas e realizam 
estágios e pesquisas em Toxicologia nas suas 
diversas áreas. 
4. População em geral que solicita orientação 
para situações de emergências tóxicas e 
medidas preventivas contra envenenamentos. 
- Existem alguns serviços importantes que compõem o 
CIAVE, como: 
 Laboratório de Toxicologia (LABTOX): realiza 
análises toxicológicas visando diagnóstico e 
monitoramento dos pacientes atendidos pela 
rede pública de saúde. 
 Serviço de Farmácia: desenvolve o 
acompanhamento terapêutico e disponibiliza 
antídotos e soros antiveneno para as 
unidades de saúde pública do Estado. 
 Setor de Biologia: realiza identificação de 
animais, peçonhentos ou não, assim como de 
plantas venenosas, para auxilio diagnóstico e 
atividades preventivas. 
 Comissão de Ensino e Pesquisa (COEPE): 
busca organizar as atividades relacionadas às 
práticas de ensino e pesquisa desenvolvidas 
no âmbito do CIAVE. 
 Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio 
(NEPS): tem como finalidade além do 
atendimento e acompanhamento dos 
pacientes que tentam o suicídio, a prevenção 
e o tratamento dos casos de depressão, como 
suporte à rede pública de saúde estadual. 
 
 Programas e ações 
- Existe um programa do MS, de abrangência nacional, 
que é coordenado na Bahia pelo CIAVE,
o qual é 
chamado de Programa de Controle de Acidentes por 
Animais Peçonhentos (PNCAAP), que tem como 
objetivo diminuir a letalidade dos acidentes por este 
grupo de animais, através do uso adequado da 
soroterapia, e de diminuir o número de casos através 
da educação em saúde. 
 O grupo dos animais peçonhentos é 
responsável pela maioria dos 
envenenamentos registrados na Bahia, com 
cerca de 25.000 casos anuais, sendo os 
escorpiões, as serpentes, as aranhas e as 
abelhas os principais agentes causadores 
desses agravos. 
- Todo acidente por animal peçonhento atendido em 
unidade de saúde deve ser notificado através do 
SINAN, independentemente do paciente ter sido ou 
não submetido à soroterapia. Existe uma ficha 
específica (Ficha de Investigação), que se encontra 
disponível nas unidades de saúde, e que deve ser 
corretamente preenchida por se constituir em 
instrumento fundamental para o conhecimento da 
abrangência desse tipo de agravo em nível 
local/regional. 
- Além desse programa, uma das ações do CIAVE é 
estimular a cultura de toxicovigilância no Estado, que 
são ações que buscam eliminar ou minimizar as 
situações capazes de afetar a integridade física, 
mental e social dos indivíduos pela exposição às 
substâncias químicas. A coleta, análise e o 
gerenciamento adequado das informações 
possibilitam nortear a adoção de políticas públicas 
adequadas de controle. Atualmente, existem 3 
sistemas de informação utilizados na 
toxicovigilância: o Sistema Nacional de Informações 
Tóxico-farmacológicas (SINITOX), o Sistema Nacional 
de Notificações para a Vigilância Sanitária (NOTIVISA) 
e o SINAN. 
EPIDEMIOLOGIA 
- Em 2018 foram notificados 26.681 ocorrências de 
AAP na Bahia (60,6% acima da média), o que 
representa um coeficiente de incidência de 180 
casos/100 mil habitantes. Em 2019, foram notificados 
10.540 casos. 
 Em 2018, dentre os casos registradas no 
Sinan, 20.480 foram causados por escorpiões 
e 2.444 por serpentes, correspondendo a 86% 
do total de acidentes por animais 
peçonhentos. 
ACIDENTES POR SERPENTES 
- Quando se especifica os acidentes apenas por 
serpentes em 2018 na Bahia, a população masculina 
concentrou 76,2% do total de casos, uma proporção 
3,2 vezes maior que a do sexo feminino (23,8%). Vale 
ressaltar que 78,7% dos acidentes por serpentes 
registrados em 2018 ocorreram na zona rural e 
dentre estes, 30% foram relacionados aos acidentes 
de trabalho. 
 Em 59,1% das notificações a idade dos 
acidentados variou de 15 a 49 anos, que 
corresponde ao grupo etário onde se 
concentra a força de trabalho. 
- Dentre os grupos de serpentes envolvidos nos 
acidentes por animais peçonhentos no estado da 
Bahia em 2018, as do gênero Bothrops (jararacas) 
concentraram 67,3% dos acidentes e as do gênero 
Crotalus (cascavéis) “contribuíram” com 5,5% dos 
casos. 
 A maioria das notificações dos acidentes por 
serpentes originaram-se das regiões 
litorâneas, que são as mais populosas e as 
que apresentam cobertura vegetal 
predominantemente de Floresta Ombrófila 
(úmida). 
- Em 2019, apenas janeiro apresentou um número de 
notificações de acidentes por serpentes superior à 
média mensal dos últimos dez anos. Porém, essa 
variação manteve-se dentro do limite 
estatisticamente esperado. 
 Número de casos na Bahia em 2020 
 
- É perceptível que a maioria dos casos foi ignorado o 
tipo de serpente que causou o acidente, mas nos 
casos onde foi especificado o tipo, a maior parte foi 
causa pelo gênero Bothrops, como a jararaca (1.736 
casos de Botrópico). 
ACIDENTES POR ESCORPIÕES 
- Em relação aos acidentes por escorpiões, diferente 
do que ocorreu com os acidentes por serpentes, 
praticamente não houve diferença na distribuição das 
frequências de notificações por sexo em 2018. Quanto 
à zona de ocorrência, 56,5% dos acidentes 
aconteceram na zona rural, 40,7% na zona urbana e 
2,8% na zona periurbana ou ignorada. 
- A maioria das notificações originam-se das regiões 
Sudoeste, Oeste e Centro-Leste, nas quais 
predominam o bioma Caatinga. 
 Número de casos no Extremo Sul da Bahia 
entre 2010 e 2017 
- O Extremo Sul da Bahia é composto por 13 
municípios com dois tipos de clima, úmido na faixa 
leste e subúmido-seco na faixa oeste. No período de 
2010 a 2017, foram notificados 3.055 casos de 
acidentes com escorpiões nos 13 municípios, sendo 
que o menor número de casos notificados (197) 
correspondeu ao ano de 2010 e o maior (606), a 
2017. Foram notificados dez óbitos, sendo que o 
munícipio com maior número de óbitos foi Nova 
Viçosa (5). 
 Teixeira de Freitas foi o único município do 
Extremo Sul da Bahia onde a frequência de 
acidentes na área urbana (64,2%) foi superior 
à de sua área rural (23,2%). Isso 
provavelmente se relaciona com uma maior 
taxa de urbanização. 
- No período de 2010 a 2017, constatou-se um 
crescimento na taxa de incidência dos acidentes 
escorpiônicos notificados nessa região. Esse 
crescimento segue a mesma tendência de muitos 
municípios no Brasil, onde o escorpionismo tem 
aumentado e atingindo proporções epidêmicas. 
 O aumento no número de casos notificados 
pode ser reflexo não apenas do crescimento 
de acidentes, em si, senão também de uma 
melhora no processo de notificação dos casos 
pela rede de atendimento. 
- De acordo com o Ministério da Saúde, devido às 
alterações climáticas globais, em algumas regiões, os 
escorpiões têm se apresentado ativos durante todo o 
ano. Segundo estudo do ministério, os acidentes com 
escorpiões não apresentaram ocorrência sazonal, 
revelando certa uniformidade na ocorrência do 
agravo no decorrer dos meses e estações. 
- Grande parte dos acidentes-alvo desta pesquisa 
foram classificados clinicamente como leves. A 
ocorrência dos casos graves e óbitos pode estar 
relacionada ao tempo de atendimento das vítimas, 
sendo que os óbitos ficaram praticamente restritos 
aos casos classificados como graves, em sua maioria 
causados pelo T. serrulatus, espécie amplamente 
encontrada na Bahia. 
- A região do Extremo Sul da Bahia apresenta, como 
principais atividades econômicas, a produção de cana-
de-açúcar e café, plantação de florestas de eucalipto e 
pecuária. Estas atividades levam ao desmatamento e 
à ocupação humana, alterando o habitat natural dos 
escorpiões e favorecendo o contato do homem com o 
escorpião. 
 Número de casos na Bahia em 2020 
 
ACIDENTES POR ARANHAS 
- No Estado da Bahia, as aranhas causadoras de 
acidentes pertencem aos três gêneros considerados 
de interesse médico no Brasil (Phoneutria, Loxosceles 
e Latrodectus), tendo sido registradas sete espécies. 
 Phouneutria 
- Os acidentes por Phoneutria (aranha-armadeira) 
correspondem a uma das mais importantes formas de 
araneísmo no Brasil, tendo sido responsáveis, até o 
início da década de 1990, pela maioria dos registros 
no país. Das oito espécies que ocorrem no Brasil, duas 
foram registradas para o Estado da Bahia e apenas 
uma delas com notificação de acidentes em seres 
humanos: 
 Phouneutria bahiensis: endêmica na Bahia 
e é considerada como ameaçada de extinção. 
Foi observada em Salvador no ambiente de 
restinga (Lagoa do Abaeté) e em fragmento 
de Mata atlântica em área urbana (Parque 
Zoobotânico de Salvador). 
 
 Loxosceles 
- O loxoscelismo é considerado a forma de araneísmo 
mais importante na América do Sul com relatos de 
acidentes no Brasil, Peru, Chile, Argentina e Estados 
Unidos. Das sete espécies que ocorrem no Brasil, três 
estão registradas para o Estado da Bahia. 
 Loxosceles amazonica 
 Loxosceles similis 
 Loxosceles sp 
 
 Latrodectus 
- As espécies deste gênero demonstram hábitos 
domiciliares e peridomiciliares, o que favorece a 
ocorrência de acidentes. No Estado da Bahia, são 
comuns na Região Metropolitana de Salvador. 
 Latrodectus sp grupo mactans: todos os casos 
de latrodectismo na Bahia têm sido
causados 
por esta espécie. Ela ocorre nos municiípios 
de Camaçari, Paulo Afonso, Vitória da 
Conquista, em vários bairros da cidade de 
Salvador, entre outros. 
 Número de casos na Bahia em 2020 
 
- É perceptível que a maioria dos casos foi ignorado o 
tipo de aranha que causou o acidente, mas nos casos 
onde foi especificado o tipo, a maior parte foi causa 
pelo gênero Loxosceles (55 casos de Loxoscelismo).

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