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AULA 2: EQUILIBRIO ÁCIDO – BÁSICO DANIELA FRANCO CASO CLÍNICO 1 , 68 anos, está internado em enfermaria há 3 dias em pós operatório de hemicolectomia esquerda por neoplasia de colo ascendente. Mantida em dieta zero com sonda nasogástrica em drenagem e hidratação parenteral. A paciente evoluiu com fraqueza muscular, cãimbras e tetania. Exames laboratoriais: Na=140 (130 a 145) k=3,0 (3,5 a 5,5) Cai=0,7 (1,1) creatinina=1,0 ph=7,55 (alcalose) pO2=87 pCO2=41 (35 a 45) HCO3=34 (22 a 24), saturação O2= 94% Qual o diagnóstico gasométrico? alcalose metabólica O cólon é onde temos a maior parte de absorção de água e eletrólitos, paciente tirou um pedaço do colón. Normalmente é comum evoluir com ílio paralítico, pois o peristaltismo é sensível a manipulação, o que provoca uma distinção de alça, pois a tendencia é secretar mais água e eletrólitos para tentar agilizar o processo e desobstruir. Com isso o paciente faz uma dilatação de alças, e tem vômitos. Para evitar isso usa a sonda nasogástrica para poder drenar e não ter essa distensão de alça. Paciente evoluiu com problemas musculares, então sabemos que precisa de cálcio, precisa de potássio. Paciente tinha potássio e cálcio baixo. Paciente está com alcalose, então só pode ser por muito bicarbonato ou tem pouco CO2. Paciente está com bicarbonato alto então é uma alcalose metabólica. A PCO2 tá normal, mas será que pra esse nível de bicarbonato (para estar compensado) a PCO2 devia estar mais alta, temos que fazer o calculo de PCO2 esperada para ver. ALCALOSE METABÓLICA pH acima de 7,45 com bicarbonato aumentado alcalose metabólica, ai faz o calculo do delta de PCO2 (40 – 41=1) dividido pelo delta de HCO3. Variação seria: 1/10 = 0,1 Pode fazer assim: PCO2 = 0,6 x BIC PCO2 = 0,6 x 10 (24-34 =10) = 6 Então eu espero uma variação de 6 de PCO2 para uma variação de 10 de bicarbonato. Se eu to esperando que compense uma alcalose, então esperamos que tenha aumento na PCO2 de 6 (+/- 2). Na paciente de 44 a 48. Paciente ta com 41 , ou seja, tem menos CO2 do que deveria ter, então essa paciente tem uma alcalose metabólica associada a uma alcalose respiratória (pouco CO2). Isso acontece quando a drenagem é nasogastrica pois drena muito HCL e perde muito H+, e acaba acumulando HCO3. HIPOCALEMIA Quando tem deficit de H+ do meio extracelular a tendencia é o H+ sair e alguém tem que entrar para compensar e quem entra é o K+, com isso cria defict de potássio no meio extracelular (não é real é monentaneo). Quando dosa paciente com alcalose vem com potássimo baixo. Além disso, o rim vai tentar guardar H+ no corpo e joga K+ fora. Então tem perda renal de K+ quanto um desvio iónico entre meio intra e extra celular e isso leva a Hipocalemia. E a hipocalemia também é causa de alcalose metabólica, então vira um ciclo. HIPOCALCEMIA A reserva de calcio está ligado a proteinas, pois calcio é positivo e proteinas é negativa (albumina) e eles se ligam. Quando tem alcalsoe começa a consumir H+ e a tendencia é as proteinas ficarem mais negativas ainda, e o calcio vai lá e se liga a essas proteinas. Então é normal paciente com alcalose evoluir com hipocalcemia (não é real, é momentânea). E não tem calcio disponível para contraçã muscular, por isso os sintomas da paciente. O calcio para contração do músculo liso vem do meio extracelular. Deixa o ileo paralítico mais grave ainda. Pode interferir na contração de músculo cardíaco também, paciente pode ter arritmias cardíacas. ALCALOSE DE CONTRAÇÃO Paciente desidratado, tem alcalose, quando as células estão diminuindo de volume. TRATAMENTO DA PACIENTE 1 Não da ácidos nunca. Precisa repor líquidos, e repor o que está baixo, repondo potássio (quebrando o ciclo de hipocalemia causando alcalose e alcalose causando hipocalemia) e repondo cálcio. ALCALOSE RESPIRATÓRIA Alcalose respiratória quando PCO2 está baixa, significa que está perdendo CO2, hiperventilando. Isso pode ser agudo ou cronico, para chegar nessa conclusão olhamos o BE, que é a somatório do excesso de bases não medidas (base medida é HCO3, as não medidas são sulfato, fostato etc). • BE normal: -1 a +2 • BE distante: Tanto para mais tanto para menos, significa que o organismo teve tempo para acumular outras bases, além do bicarbonato. Então entendemos que é um disturbio crônico. CAUSAS DE ALCALOSE METABÓLICA • Excessiva excreção renal de íons H+: (Urina sai ácida demais). Hiperaldosteronismo primário: vem da suprarrenal parte do córtex. Na medula secreta catecolaminas, do sistema nervoso simpático, e isso faz a gente ter uma exacerbação da atividade do simpático. No córtex tem metabolização de colesterol e produz hormônios aldosterona e cortisol. Hiperaldosteronismo primário é paciente que tem pouca atividade da suprarrenal, quem manda no córtex da suprarrenal é ACTH que vem da hipófise, que tem ligação com a glândula pineal (por isso esses hormônios se comportam com ciclo circadiano, cortisol de manhã tem pico por isso as veze melhora sintomas por ação antinflamatório, e a noite quando ele cai piora os sintomas). O hiperaldosternismo, significa que a suprarrenal está produzindo muito hormônios, se ele é primário é por que o problema está na suprarrenal (hiperplásica ou tumor) e secundária seria problema de hipófise. O excesso de aldosterona leva a maior reabsorção de sódio, então vai ter muito sódio e água vai atras, paciente fica hipervolemico e hipocalemico (para reter sódio joga potássio fora na urina), quando chega muito K+ nos túbulos coletores parte é reabsorvido no túbulo distal e é trocado por H+, e paciente evolui por alcalose metabólica. Paciente fica hipervomelico, hipertenso, hipocalemico e com alcalose metabólico. • Alcalose por “contração” ✓ Uso de diuréticos (perde muito H+) ✓ Vômitos ou drenagem gástrica (perde HCL, logo H+) ✓ Adenomas vilosos (secretores de H+) • Transporte de H+ do LEC para o LIC ✓ Hipocalemia: K+ baixo, ele sai da célula e quem entra é o H+ (tendo pouco H+ no meio extra tendo alcalose) • Perda gastrointestinal de H+ ✓ Adenomas vilosos TRATAMENTO DE ALCALOSE METABÓLICA Principal é repor volume. Quando repõe com soro fisiológico, algumas alcaloses conseguem se resolver, chamadas de cloro “sensíveis (maioria é assim). Outras precisam de outras medicações associados, chamadas de cloro “insensíveis”, aí entra alguns diuréticos como espironolactona (poupador K+) e amilorida. OBS: quando corrigir a alcalose, o cálcio que estava grudado na albumina vai descolar, então ter cuidado com a reposição do cálcio, se não vai ter hipercalcemia. CASO CLÍNICO 2 , 69 anos, admitido no PA do HB queixando-se de dispneia aos mínimos esforços há 1 dia. Reporta apresentar dispneia aos médios esforços há 2 anos, com episódios recorrentes de tosse produtiva com expectoração hialina. AP: carga tabágica de 40 maços / ano. Ausculta pulmonar: MV diminuído globalmente, com roncos esparsos e sibilos difusos. Exames laboratoriais: Na=140 k=3,8, creatinina=1,0 pH=7,40 pO2=60 pCO2=60 HCO3=35, saturação O2= 88% Qual o diagnóstico gasométrico? Esse paciente tem história sugestiva de DPOC. O diagnóstico de DPOC é feito por espirometria (vê funcionalidade do pulmão), paciente com DPOC pode evoluir com padrão enfisematoso (vê no exame de imagem), mas não são todos. OBS: Precisa fumar 25/anos maços (mas também tem influência genética). DPOC exacerbado é a piora dos sintomas, os sintomas são dispneia aos esforços, tosse com expectoração. Quando paciente não está descompensado a expectoração é hialina, Aguda: ∆ HCO3- = ∆ pCO2 x 0,2 Crônica: ∆HCO3- = ∆ pCO2 x 0,4 quando descompensa fica mais amarelado e em maior quantidade. Essespacientes tem tendência de sibilar na expiração. A diferença de um cara com asma para um com DPOC é que na asma melhora com broncodilatador. Paciente está com PCO2 muito alta de 60 (normal de 35 a 45), e a paO2 normal é de 80 a 100 e está com 60. Paciente tem uma acidose respiratória e uma alcalose metabólica, a que veio primeiro é a respiratório pois a queixa é respiratória. pH dentro da faixa não significa que está compensado, preciso fazer o cálculo. Precisamos ver se é agudo ou crônico, é crônico pois é DPOC aí usamos o cálculo: Crônica: ∆HCO3- = ∆ pCO2 x 0,4 HCO3= 20 (variação) x 0,4= 8 Então para compensar essa acidose respiratória o bicarbonato precisa subir 8, o normal é de 20 a 24, então esperamos de 30 a 32, e o paciente está com 35, então ele tem uma acidose respiratória associada a uma alcalose metabólica (sobrando HCO3). CONDUTA A conduta primeiro é dar O2 pois paO2 de 60 é bem baixa, usa inalações para resolver o broncoespasmo (estava sibilando) e isso piora a retenção de O2, usa B2 agonista. • Máscara de O2 5L/minuto + inalações com 7 gotas com β2 agonista + hidrocortisona 500mg EV OBS: Na DPOC exacerbada acaba fazendo antibiótico, mas pode ter outras causas, ver fatores de risco. • Paciente evoluiu com rebaixamento no nível de consciência e foi submetido à IOT. Isso aconteceu pois logo de início dá muito O2 e o sistema nervoso entende que tem muito O2 e não precisa respira mais, e o paciente começa a hipoventilar, e a PCO2 aumenta, e provoca narcose (sonolência), e com isso rebaixa a consciência. EXEMPLOS DE CASOS CASO 1: Paciente de 30 anos chega à Emergência do HU em estado de coma, apenas respondendo aos estímulos dolorosos. Sua respiração é superficial e com frequência normal. Familiares encontraram próximo a ela diversas caixas de tranquilizantes vazias. Gasometria arterial: pH= 7,20; PaCO2= 80mmHg; BR= 23 mM/L; BE= -1,2. Qual(is) o(s) distúrbio(s) ácido-básico(s) apresentado(s) e seu(s) mecanismo(s), causa mais provável? Após 24 horas de tratamento no CTI, a paciente do caso 1 ainda se encontra torporosa e submetida a ventilação artificial. Gasometria arterial: pH= 7,52; PaCO2= 26 mmHg; BR= 25,6 mM/L; BE= +1,2. Qual(is) o(s) distúrbio(s) ácido-básico(s) apresentado(s), seu mecanismo, e a causa mais provável? CASO 2 Paciente de 50 anos chega ao Setor de Emergência desidratado, com respiração profunda, pausa inspiratória e aumento da frequência respiratória. Ao exame clínico nota- se hálito cetônico. Gasometria arterial: pH= 7,10; PaCO2= 20 mmHg; BR= 5 mM/L; BE= -18. Qual(is) o(s) distúrbio(s) ácido-básico(s) apresentado(s), seu mecanismo, sua causa e tratamento? CASO 3 Atleta de 20 anos está sendo submetido a avaliação funcional respiratória em repouso. Após ser colhida amostra de sangue arterial, verifica-se que o analisador de gases sanguíneos está com defeito e leva-se a amostra a outro laboratório. Gasometria arterial: pH= 7,30; PaCO2= 50 mmHg; BR= 19 mM/L; BE= -3,5. Qual(is) o(s) distúrbio(s) ácido-básico(s) apresentado(s)? CASO 4 Paciente jovem chega ao Centro Cirúrgico com história de traumatismo abdominal há duas horas. No local do acidente foi encontrado lúcido, hipocorado e com sinais de choque hipovolêmico. Foi reposto rapidamente com solução fisiológica, albumina humana e bicarbonato de sódio. Chegou à Emergência estável e equilibrado, o que permitiu avaliação adequada e pronta indicação cirúrgica. Gasometria arterial: pH= 7,55; PaCO2= 35 mmHg; BR= 32 mM/L; BE= +5,8. Qual(is) o(s) distúrbio(s) ácido-básico(s) apresentado(s)? CASO 5 Paciente de 23 anos está no CTI com quadro de choque séptico consequente a peritonite e insuficiência respiratória grave, tipo síndrome de angústia respiratória aguda (SARA) em fase avançada. Suporte circulatório, reposição de volume e suporte respiratório com ventilador mecânico estão sendo empregados. Gasometria arterial: pH= 7,21; PaCO2= 54 mmHg; BR= 19 mM/L; BE= -6,5. Qual(is) o(s) distúrbio(s) ácido-básico(s) apresentado(s)? CASO 6 Paciente de 70 anos em pós-operatório de cirurgia abdominal queixa-se de caimbras e prostração. Ao exame clínico minucioso observam-se abalos musculares. Gasometria arterial: pH= 7,62; PaCO2= 40 mmHg; BR= 36 mM/L; BE= +8,0. Qual(is) o(s) distúrbio(s) ácido-básico(s) apresentado(s)? CASO 7 Criança de 7 anos chega ao hospital com história de redução do volume urinário e edema de membros inferiores. Há história prévia de vários episódios de amigdalite. Gasometria arterial: pH= 7,30; PaCO2= 28 mmHg; BR= 18 mM/L; BE= -6,5. Qual(is) o(s) distúrbio(s) ácido-básico(s) apresentado(s)?
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