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EMERGÊNCIA E CUIDADOS INTENSIVOS ELETROCARDIOGRAMA (Aula 26/08) Representação gráfica de três atividades elétricas do coração: direção e sentido da atividade elétrica, força (= amplitude) e tempo; Eletrofisiologia do coração: geração de impulsos ritmados pela contração do miocárdio e a condução dos impulsos; Depois do final da despolarização, acontece a contração cardíaca que é uma atividade mecânica então não é registrada no eletro; Depois da contração, o coração relaxa mas os íons estão fora do lugar; A bomba de sódio-potássio é a responsável por organizar os íons para o próximo batimento; Atividade da bomba de sódio-potássio gasta ATP, sendo uma atividade elétrica: é registrada pelo eletrocardiograma. Sistema elétrico do coração Eletrodos: vermelho = mão direita, amarelo = mão esquerda, preto = pé direito, pé esquerdo; D2 = é a derivação que mede a atividade elétrica do coração da mão direita para o pé esquerdo; Tudo que caminha no mesmo sentido da derivação = +; Tudo que caminha no sentido contrário da derivação = -; DESPOLARIZAÇÃO CARDÍACA (entra Na e sai K) Impulso elétrico sai do nodo sinoatrial quando o coração enche de sangue > desce por todo átrio esquerdo até o nodo atrioventricular > pausa de até 0,04 s > vai para o ventrículo > entra no septo pelo feixe de his e desce o septo inteiro pelo ramo direito e ramo esquerdo > sobe pela parede e faz a condução dentro da parede pelas fibras de purkinje. Toda vez que a energia do coração for da esquerda e para baixo = onda para cima; Batimento sai do nó sinusal e desce para esquerda pelo átrio até o nó atrioventricular = onda para cima = onda P; Toda vez que o batimento for fisiológico o eletrocardiograma tem que começar com uma onda P para cima; Se a onda P for negativa = pra baixo = não é um batimento fisiológico; Quando o impulso chega no nó atrioventricular ele da uma pausa = representado no eletro por um traço reto que vem logo depois da onda P – quanto maior o traço maior a pausa; Batimento sai do nó atrioventricular e sobe pra esquerda pelo septo = onda para baixo; Desce pelo septo até a ramificação do feixe de his = onda para cima = onda Q; Desce pelo feixe do his = onda para cima; Sobe pela parede = onda para baixo formando a onda R; Caminha pela esquerda pelas fibras de purkinje = onda para cima = onda S; Contração cardíaca = atividade mecânica = não é registrado no eletro, aparece como um traço; Bomba sódio-potássio reorganizando os íons = onda T; Medidas que a gente tira no eletro: P, PRI, R, QRS, Segmento ST e T; Cada uma delas representa uma atividade elétrica em alguma parte do coração; Força = altura da onda = em mV; Tempo = largura da onda = em segundos; Vermelho = Intervalo PRI Roxo = Onda Q Preto = Onda R Branco = Onda S Verde = Segmento ST Laranja = Onda T Padronização do papel quadriculado para ECG Velocidade: velocidade que o papel anda na hora de imprimir - é o que dá o valor do quadrado em largura (quando + rápido o papel menor é o valor do quadrado em largura); Quando rodado em 25 mm/s cada quadradinho vale 0,04 s; Quando rodado em 50 mm/s cada quadradinho vale 0,02s; Sensibilidade: zoom da imagem - é o que dá o valor do quadrado em altura – pode ser 2 N, N ou N/2; Quando roda em N = sempre considerar cada quadradinho em altura 0,1 mV; 2 N = + zoom = divide o valor do quadradinho no meio = 0,05 mV; N/2 = - zoom = encolhe o tamanho da onda então dobra o valor = 0,2 mV; Podemos mudar a configuração do papel para facilitar a visualização e o laudo; É obrigatório vir escrito no laudo as informações de velocidade e sensibilidade do eletro; Exemplo: Qual o valor da força e do tempo da onda P circulada considerando que foi rodado em 50 mm/s e em N? Tempo: 0,02 s (tem 1 quadradinho de largura) Força: 0,2 mV (tem 2 quadradinhos de altura) No laudo – P: 0,02 s x 0,2 mV Cálculo da FC Sempre de ponta a ponta – de R a R; Se rodar em 50 mm/s = usa o número 3000; Se rodar em 25 mm/s = usa o número 1500; Divide pelo número de quadradinhos; Quando tiver um batimento maior e um menor, deve-se contar, fazer o cálculo e laudar os dois (ex: FC = 60 a 100 bpm); Exemplo: Cada quadradão tem 5 quadradinhos; Primeira onda R = 1 quadradinho Segunda onde R = 4 quadradinhos; 1 + 5 + 5 + 5 + 5 + 5 + 4 = 30; Se foi rodado em 50 mm/s: FC = 3000 / 30 = 100 bpm; Se foi rodado em 25 mm/s: FC = 1500 / 50 bpm. RITMOS CARDÍACOS É a origem do batimento cardíaco (de onde sai o batimento) + a frequência cardíaca (rápida, lenta, etc); Se o batimento sair do nó sinusal = ritmo sinusal; Se o batimento sair de qualquer outra célula do átrio = ritmo atrial; Se o batimento sair do nó atrioventricular = ritmo atrioventricular; Se o batimento sair de qualquer célula do ventrículo = ritmo ventricular; Toda ver que for sinusal ou atrial o batimento começa com uma onda P+ (pra cima); Considerando o valor de referência de FC = 70 a 160 bpm; Ritmo sinusal É fisiológico; Onda P+ sempre; 1. Bradicardia sinusal: FC baixa (ex: 54 bpm); 2. Ritmo sinusal normal: FC normal com variação menor que 10% (ex: 100 a 105 bpm); 3. Arritmia sinusal: FC normal com variação entre 11 e 99% (ex: 100 a 120 bpm); 4. Ritmo sinusal com sinus arrest: FC normal com variação maior que 99%; (ex: 70 a 150 bpm) – exceção: único ritmo sinusal patológico; R-R 25 mm/s: FC = 3000 / 50 mm/s: FC = 3000 / R-R 5. Taquicardia sinusal: FC alta mas fisiológica (ex: 180 bpm em um animal com dor); Ritmo atrial É patológico – processos degenarativos do átrio; Onda P+ sempre; 1. Taquicardia atrial: FC muito alta (normalmente mais que 180 bpm) sem causa fisiológica (ex: 200 bpm com o animal dormindo); 2. Flutter atrial: Onda P seguida formando uma imagem de flutuação/ondas do mar – é possível contar as ondas P: 3. Fibrilação atrial: Um borrão no lugar da onda P (sem conseguir contar) com a FC muito alta – única exceção porque não aparece a onda P positiva: Cálculo de variação de FC: Variação = FC mais alta ÷ FC mais baixa – 1 Ex: 100 a 105 bpm = 105 ÷ 100 – 1 = 1,05 – 1 = 0,05 = 5% = ritmo sinusal normal Ex: 100 a 120 bpm = 120 ÷ 100 – 1 = 1,2 – 1 = 0,2 = 20% = arritmia sinusal Ex: 70 a 150 bpm = 150 ÷ 70 -1 = 1,14 = 114% = ritmo sinusal com sinus arrest Existem 2 testes para diferenciar taquicardia sinusal e taquicardia atrial: 1. Fechar os olhos do paciente e fazer uma leve compressão nos olhos por um minuto – isso estimula o parassimpático e a FC tem que abaixar, se abaixar é sinusal se não abaixar continua na dúvida; 2. Leve compressão nas carótidas – aumenta a pressão do sangue na carótida e o organismo entende que a PAS aumenta então fisiologicamente a FC abaixa – se abaixar é sinusal e se não abaixar continua na dúvida. (Aula 02/09) Ritmo juncional Muito grave; Não tem onda P ou onda P é negativa (curva para baixo); Restante do eletro é normal; Sempre bradicárdico. Ritmo ventricular Não tem onda P – batimento saiu do ventrículo Complexo bizarro / anômalo (QRS); 1. Ritmo idioventricular: FC baixa; 2. Ritmo ventricular: FC normal; 3. Taquicardia ventricular: FC alta mas ainda é possível contar os batimentos; 4. Fibrilação ventricular: FC alta e não da para contar os batimentos – perdem a definição. Todo ritmo que não é sinusal é considerado e nomeado de patológico pela literatura e é uma emergência; Ritmos patológicos são arritmias; ARRITMIAS Onda Q e S não são obrigatórias; PRT são obrigatórias; Batimentos anormais intermitentes – aparecemno meio de batimentos normais; 1. Extrassístole atrial ou APC APC = Contração Atrial Prematura; Batimento saiu de outra célula do átrio que não o nó sinusal; Onda P parece bem diferente e grudada no batimento anterior e depois uma pausa compensatória mais longa; 2. Extrassístole juncional ou JPC Batimento saiu do nó atrioventricular; Sem onda P ou onda P negativa com restante do eletro normal, batimento grudado no anterior e depois uma pausa compensatória mais longa; EIXO CARDÍACO Somatório de toda a energia do coração e onde ela irá prevalecer a fim de encontrar um desequilíbrio – se um lado está mais sobrecarregado que outro; Derivações: pontos de vista do coração; Olha apenas o complexo QRS: se for para cima é positivo e se for para baixo é negativo; São 6 derivações que determinam a direção do impulso elétrico do coração: D1, D2, D3, aVr, aVl e aVf; 3. Extrassístole ventricular ou VPC É a mais comum; VPC = Contração ventricular prematura Sem onda P e com complexo bizarro; Batimento saiu do ventrículo; 4. Bloqueio atrioventricular de 2˚ Onda P sozinha sem complexo QRS e sem T; O átrio bate mas não passa pelo nó atrioventricular; 5. Bloqueio atrioventricular de 3˚ Tem onda P em qualquer lugar do batimento; Normalmente bradicardico; Atrio e ventrículo batem descoordenados. Cortar 2 traçados das duas pontas, assim, o valor do eixo será os dois ângulos do meio; Saída é + e chegada é -; = +; = -; Valor de normalidade: + 30˚ a +120˚ = equilíbrio entre ventrículos; + 30˚ a -120˚ = eixo desviado para a esquerda (ventrículo esquerdo faz mais força que o ventrículo direito); +120˚ a -120˚ = eixo desviado para a direita (ventrículo direito faz mais força que o ventrículo esquerdo); Quando o eixo está desviado significa que um lado faz mais força que o outro – solicitar ecocardiograma; Avaliar onda a onda; Onda P: Despolarização atrial (qualquer alteração no átrio): mede tempo (s) e altura (mV); Até 0,04 s e 0,4 mV; Quando não tem onda P = átrio parado; Distância entre onda P e complexo QRS: possível problema no nó atrioventricular; Ondas P em formatos diferentes: marcasso obrigátorio (achado de eletro); EIXO: 60˚ a 90˚ Sobrecarga de átrio direito: quando a onda P é > 0,4 mV (ultrapassou a altura limite); Sobrecarga de átrio esquerdo: quando a onda P é > 0,04 s (ultrapassou a largura limite); Intervalo PRI Bloqueio atrioventricular de 1˚: intervalo > ou = a 14s; Ondas Q e S Avalia o ventrículo direito; Quando Q e S estão na mesma derivação = sobrecarga do ventrículo direito (avaliar em D2); Complexo QRS Despolarização ventricular; Só conta a parte positiva; Valor varia com o porte do animal: Pequeno porte QRS = até 0,05 s e grande porte QRS = até 0,06 S; Quando QRS > 0,05 a 0,06 = Sobrecarga de ventrículo esquerdo ou bloqueio de ramo esquerdo; Só é considerado alterado se as 6 derivações de QRS estão para baixo, se houver 1 para cima é considerado norma; Onda R: Força que o ventrículo trabalha; Só conta a parte positiva; Valor de referência varia com o porte de animal: Pequeno porte R = até 2,5 mV e grande porte R = 3,0 mV; Maior que 2,5 a 3,0: Sobrecarga de ventrículo esquerdo ou bloqueio do ramo esquerdo; Complexo ST Distúrbio de Repolarização Ventricular; Possíveis causas: Hipóxia do miocárdio ou distúrbio eletrolítico (não colocar isso no laudo); Segmento ST na mesma linha ou menos que 1 quadrado de diferença da altura PR = normal; Alteração na onda ST: nível alterado de CaO2; Infradesnível: > 0,2 mV (medir altura para baixo); Supradesnível: > 0,15 mV (mede altura pra cima); Arqueamento: ST deixa de ser reto e vira um arco – não precisa calcular (distúrbio de repolarização ventricular); Inclinação: Inclinado na diagonal de forma evidente (distúrbio de repolarização ventricular); Onda T: Repolarização ventricular – troca de íons para reiniciar a contração; Onda T alterada = alteração de funcionalidade da bomba de sódio-potássio, falta de ATP, alterações eletrolíticas; T- ou T+ é normal = bifásica; T apiculada: em forma de tenda = alterada;T T > 25% de R: distúrbio de repolarização ventricular (hipóxia do miocárdio ou distúrbio eletrolítico); TRATAMENTO DE ARRITMIAS (Aula 09/09) Bradiarritmias Estimulação; Mesmo tratamento para todas; Bradicardia sinusal com hipotensão (só trata se tiver hipotensão), juncional, idioventricular, BAV de 2˚ e BAV de 3˚. 1. Atropina em bolus IV: Pode tentar 3x com intervalos de 5 minutos no mínimo porque é o tempo que demora para o fármaco atingir o sítio de ação (nó atrioventricular). Se reaplicar antes de 5 minutos, pode causar uma taquiarritmia de péssimo prognóstico; 2. Marcapasso: Difícil encontrar em clínicas veterinárias; 3. Dopamina em infusão contínua: Podendo subir a dose de 2 em 2 minutos sendo a dose máxima 20 mcg/kg; 4. Dopamina em bolus IV: Dose de 0,5 mg/kg 1x; 5. Adrenalina/epinefrina. Esse é o tratamento emergencial, se o animal apresenta bradiarritmias mas está clinicamente bem não é feito esse protocolo. Taquiarritmias Inibição; Mesmo tratamento para todas; Taquicardia atrial, flutter atrial, fibrilação atrial, ritmo ventricular, taquicardia ventricular, extrassístole atrial, extrassístole juncional e extrassístole ventricular. 1. Lidocaína em bolus IV: No cão pode ser feito 3x com intervalos de 2 minutos e em gatos 2x com intervalos de 2 minutos – gatos são mais sensíveis a lidocaína e tem grandes chances de convulsionar (utiliza-se diazepam nesses casos); 2. Lidocaína em infusão contínua: Máximo de 75 mcg/min; 3. Amiodarona em bolus IV: Apenas 1x; 4. Amiodarona em infusão contínua; 5. Associa lidocaína + amiodarona em infusão contínua; 6. Em pacientes com ICC pode-se utilizar algum cardioversor e sem ICC pode-se utilizar o esmolol: muito caro e inviável. CÁLCULOS 1. Dados: Atropina na dose 0,044 mg/kg, concentração 0,25 mg/ml e peso do animal 8kg, calcule quanto deve-se fazer em um bolus. Q = P x D ÷ [ ] Q = 8 x 0,044 ÷ 0,25 Q = 1,4 ml. 2. Dados: Lidocaína a 2% na dose 4 de 4 mg/kg em um animal de 8 kg, calcule quanto deve-se fazer em um bolus. 2% = 20 mg/ml (2 x 10) Q = P x D ÷ [ ] Q = 8 x 4 ÷ 20 Q = 1,6 ml 3. Dados: Dopamina com concentração de 50 mg/10 ml, na dose de 0,5 mg/kg em um animal de 8 kg, calcule o bolus. 50 mg / 10 ml = 5 mg/ml Q = P x D ÷ [ ] Q = 8 x 0,5 ÷ 5 Q = 0,8 ml 4. Dados: Lidocaína a 2% em infusão contínua para um animal de 8 kg na dose de 50 mcg/kg/min por 8 horas. Primeiro, deve-se corrigir a dose passando de mcg para mg (÷ 1000) e de minuto para hora (x 60). Fórmulas: Para bolus: Q = P x D ÷ [ ] Para infusão contínua: Q = P x D x T ÷ [ ] 50 x 60 ÷ 1000 = 3 mg/kg/hora Q = P x D x T ÷ [ ] Q = 8 x 3 x 8 ÷ 20 Q = 9,6 ml 5. Dados: Dopamina a 5 mg/ml em infusão contínua por 6 horas para um cachorro de 17 kg na dose 10 mcg/kg/min e será colocado em um frasco de SF de 100 ml. D = 10 x 60 ÷ 1000 D = 0,6 mg/kg/hr Q = P x D x T ÷ [ ] Q = 17 x 0,6 x 6 ÷ 5 Q = 12,24 ml Eu tiro 12,24 ml do frasco de 100 e injeto a dopamina. 100 ml em 6 hrs = 16,6 ml/hr Em um equipo microgotas: 16 microgotas/min Ou macrogotas: 5 gotas/min (16 ÷ 3 = 5,3) 6. Dados: Amiodarona a 50 mg/ml em infusão contínua por 20 horas em um cachorro de 15 kg na dose 0,3 mg/kg/min em um frasco de 250 ml. D = 0,3 x 60 = 18 mg/kg/hr Q= 15 x 18 x 20 ÷ 50 Q = 108 ml Eu tiro 108 ml do frasco de 250 e injeto a amiodarona. 250 ml em 20 hrs = 12,5 ml/hr 12,5 microgotas/min (+ seguro) Ou 4,16 gotas/min HEMOGASOMETRIA (Aula 16/09) Coleta: tomar cuidado para não coagular – se for feita de forma incorreta não serve de nada; Pode ser sangue venoso (coleta melhor em vasos mais calibrosos – jugular) ou arterial (é mais dolorido e a coleta é mais difícil, porém é sempre melhor por não sofrer nenhuma alteração tecidual); Para avaliar o equilíbrio ácido-básico pode ser venoso ou arterial; Para avaliar função respiratória/pulmonar, somente sangue arterial; Não se coleta hemogasometria com garrote porque pode alterar a amostra – fluxo venoso livre; Sangue total: é o que o aparelho lê; O ideal é ser processada imediatamente; Coleta deve ser feita com uma seringa heparinizada (ideal é a heparina de baixo peso molecular, a heparina normal altera os eletrólitos) – pronta ou uma seringa normal com um pouco de heparina que deve ser vedada para não entrar ar (borracha na agulha); Não se passa a amostra para o tubo, fica na seringa; Tempo ideal: rodar na hora; Se não for possível, pode ser rodada em no máximo 30 minutos fora de refrigeração ou em até 2 horas refrigerado com água e gelo; Informações necessárias para rodar no aparelho: 1. Sangue arterial ou venoso; 2. Temperatura do paciente; 3. Porcentagem de O2 (fração inspirada de O2 – no ar ambiente e sem suplementação de O2 é 21%); 4. Hemoglobina (é solicitada por aparelhos antigos, rodar hemograma antes) Equilíbrio ácido-básico A homeostase é o estado de equilíbrio do organismo e é mantida através de inúmeras reações químicas que dependem de uma temperatura e de um pH para acontecer; Equilíbrio ácido-básico: Manter o pH dentro dos valores fisiológicos para otimizar as atividades celulares; Funcionamento renal adequado = excreção de ácidos fixos; Funcionamento pulmonar adequado = eliminação de ácidos voláteis; Ácido é a substância capaz de doar prótons e base é a substância capaz de receber prótons; pH = medida da concentração de prótons em um meio. Quanto menor o pH maior a concentração de radicais hidrogênio; Manutenção do pH fisiológico: sistemas tampão – evitam alterações excessivas nas concentrações de hidrogênio utilizando os rins e os pulmões para excretar o excesso de hidrogênio; Tampões intracelulares: hemoglobina e fosfatos; Tampões extracelulares: proteínas (albumina) e sistema bicarbonato – ácido carbônico; Respostas ventilatórias para regulação do pH: ocorrem rapidamente alterando a frequência respiratória que aumentam ou diminuem a excreção de CO2; Resposta renal demora algumas horas; Mudança de pH acontece quando tem alteração de CO2 ou HCO3; Alterações de pH pH aumenta se o HCO3 aumenta ou se o CO2 diminui; pH diminui se o HCO3 diminui ou se o CO2 aumenta; pH ácido = acidemia; pH básico = alcalemia; Equilíbrio de equações: se aumenta de um lado, aumenta do outro HCO3 = metabólico = acidose metabólica pH = acidemia PCO2 = respiratório = acidose respiratória pH = alcalemia HCO3 = metabólico = alcalose metabólica PCO2 = respiratório = alcalose respiratória Exemplo: Cão de 12 anos, traumatizado há 12 horas. Dados: pH = 7,49 (ref: 7,35 – 7,46) PaCO2 = 26 mmHg (ref: 30,8 – 42,8 mmHg) HCO3 = 19 mEq/L (ref: 18,8 – 25,6 mEq/L) pH está alto = alcalemia PaCO2 está baixo e HCO3 está dentro dos valores de referência = alcalose respiratória. Mecanismos de compensação – mudança de pH; Duas doenças associadas mudando o pH no mesmo sentido é muito difícil de reverter; Sempre que o pH estiver em acidemia (baixo) a doença primária é acidose; Sempre que o pH estiver em alcalemia (alto) a doença primária é alcalose; Quando tem 2 doenças: padrão misto. VALORES DE REFERÊNCIA pH 7,36 – 7,45 HCO3 18,8 – 25,6 Média = 22 PCO2 30,8 – 42,8 Média = 37 Dados: um paciente com pH = 7,5, HCO3 = 26 e PCO2 = 44, identifique a doença primária, o problema, o esperado e se é compensatório. pH = 7,5 alcalemia HCO3 = 26 alcalose metabólica = DOENÇA PRIMÁRIA PCO2 = 44 acidose respiratória Para sabermos o problema, pegamos a média da doença primária e comparamos com o valor do paciente: se subiu, soma e se diminuiu subtrai: De 22 para 26: subiu 4 então o PROBLEMA é +4 Para sabermos o esperado, pegamos a média da outra doença, somamos ou subtraímos o problema e multiplicamos pelo fator (que é tabelado) e depois somamos e subtraímos 2: PCO2esperado = 37 + 4 x 0,7 = 39,8 39,8 – 2 = 37,8 39,8 + 2 = 41,8 Então o ESPERADO é de 37,8 a 41,8. Nesse caso, NÃO É COMPENSATÓRIO porque o valor do paciente (44) está fora do esperado, então ele tem 2 doenças: alcalose metabólica e acidose respiratória. Dados: um paciente com pH = 7,1, HCO3 = 27 e PCO2 = 58, identifique a doença primária, o problema, o esperado e se é compensatório. pH = 7,1 acidemia HCO3 = 27 alcalose metabólica PCO2 = 58 acidose respiratória = DOENÇA PRIMÁRIA Para sabermos o problema, pegamos a média da doença primária e comparamos com o valor do paciente: se subiu, soma e se diminuiu subtrai: De 37 para 58: subiu 21 então o PROBLEMA é +21 Para sabermos o esperado, pegamos a média da outra doença, somamos ou subtraímos o problema e multiplicamos pelo fator (que é tabelado) e depois somamos e subtraímos 2: HCO3esperado = 22 + 21 x 0,15 = 25,15 25,15 – 2 = 23,15 25,15 + 2 = 27,15 Então o ESPERADO é de 23,15 a 27,15. Nesse caso, É COMPENSATÓRIO porque o valor do paciente (27) está dentro do esperado, ou seja, o organismo está se defendendo da doença primária. Quando o valor está dentro do esperado e dentro do valor de referência, não tem compensação: Ex: Acidose metabólica como doença primária PCO2 esperado = 30 a 34 Valor de referência = 30,8 a 42,8 PCO2 do paciente = 32 Para laudar: Acidose metabólica simples. Quando está compensando mas está fora do valor de referência, não tem as duas doenças: Ex: acidose metabólica como doença primária PCO2 esperado = 24 a 28 Valor de referência = 30,8 a 42,8 PCO2 do paciente = 25 Para laudar: Acidose metabólica com alcalose respiratória compensatória. Quando não está compensando e nem está no valor de referência, tem as duas doenças – padrão misto: Ex: acidose metabólica como doença primária PCO2 esperado = 24 a 28 Valor de referência = 30,8 a 42,8 PCO2 do paciente = 23 Para laudar: acidose metabólica e alcalose respiratória mista. Valores compensatórios esperados – fator Sempre que o problema for metabólico: 1 HCO3 = 0,7 PCO2; Alteração respiratória c/ acidose aguda (3 a 5 dias): 1 PCO2 = 0,15 HCO3; Alteração respiratória c/ acidose crônica (5 a 30 dias): 1 PCO2 = 0,35 HCO3; Alteração respiratória c/ acidose hipercrônica (> 30 dias): 1 PCO2 = 0,55 HCO3; Alteração respiratória c/ alcalose aguda (3 a 5 dias): 1 PCO2 = 0,25 HCO3; Alteração respiratória c/ alcalose crônica (> 7 dias): 1 PCO2 = 0,55 HCO3; Exemplos: Dados: cão, macho, traumatizado há 3 dias com pH = 7,49, PCO2 = 27 e HCO3 = 19, identifique a doença primária, o problema, o fator, o esperado e se é compensatório. pH = 7,49 ´= alcalemia PCO2 = 27 = alcalose respiratória como DOENÇA PRIMÁRIA HCO3 = 19 = dentro da referência De 37 para 27 caiu 10 = - 10 é o PROBLEMA É um animal com alcalose respiratória traumatizado há 3 dias então 0,25 é o FATOR HCO3 esperado = 22 – 10 x 0,25 = 19,5 17,5 a 21,5 é o ESPERADO É uma ALCALOSE RESPIRATÓRIA SIMPLES porque o valor do HCO3 (19) está dentro do esperado e dentro da referência. Dados: cão, macho, com pH = 7,1, PCO2 = 27 e HCO3 = 8, identifiquea doença primária, o problema, o fator, o esperado e se é compensatório. pH = 7,1 = acidemia PCO2 = 27 = alcalose respiratória HCO3 = 8 = acidose metabólica como DOENÇA PRIMÁRIA De 22 caiu para 8 caiu 14 = -14 é o PROBLEMA Toda doença metabólica o FATOR = 0,7 PCO2 esperado = 37 – 14 x 0,7 = 27,2 25,2 a 29,2 é o ESPERADO É uma ACIDOSE METABÓLICA COM ALCALOSE RESPIRATÓRIA COMPENSATÓRIA porque o valor do PCO2 (27) está dentro do esperado. Principais causas de alcalose respiratória Hipertermia; Aumento da demanda de O2 (exercício, SIRS/sepse, dor); Diminuição do aporte de O2 (animal preso em algum lugar); Alterações centrais (estresse – pânico, taquipneia); Hiperventilação (animal em ventilação mecânica). Principais causas de alcalose metabólica Administração de soluções alcalinas; Alcalose responsiva ao cloro: 1. Alcalose pós-hipercapnia; 2. Perda desproporcional de cloro (vômito, uso de diuréticos) Alcalose não-responsiva ao cloro: excesso de mineralocorticoides (hiperadrenocorticismo, hiperaldosteronismo). Principais causas de acidose respiratória Depressão respiratória central: fármacos, neoplasia, cinomose; Doenças no sistema respiratório: pneumonia, edema, pneumotórax, fibrose pulmonar, contusão, efusão; Doenças musculo-esqueléticas: paralisias flácidas; Ventilação controlada. Principais causas de acidose metabólica Muitas possibilidades divididas pela teoria do Ânion Gap: ÂNION GAP AUMENTADO ÂNION GAP NORMAL Intoxicações por ácido salicílico; Intoxicação por ácido glicólico; Cetoacidose diabética; Acidose láctica; Acidose urêmica; Neoplasias por hiperlactemia; Parada cardíaca. Diarréia por perda intestinal de HCO3; Hipoadrenocorticismo; Acidose tubular renal; Inibidores da anidriase carbônica; Ingestâo de cloreto de amônia; Infusão de aminoácidos catiônicos; Acidose metabólica pós hipocapnia Diluição plasmática por infusão de cloreto de sódio. Quando o Ânion Gap está aumentado: o paciente está tomando ou produzindo algum ácido no corpo – não repor HCO3 exceto quando o pH está abaixo de 7,2 – repor um pouco apenas para tentar estabilizar o paciente (risco de PCR); Quando o Ânion Gap está normal: paciente perdeu HCO3 – pode repor; Diarreia – perde HCO3; Quando é acidose metabólica, só com a hemogasometria não é possível saber se produziu ácido ou se perdeu HCO3 – fazer a conta do Ânion Gap; Valores normais: 1. Para cães: 12 a 24 mEq/L 2. Para gatos: 13 a 27 mEq/L Ex: Na = 150, K = 5, Cl = 110 e HCO3 = 10 AG = (150 + 5) – (110 + 10) = 35 mEq/L Não dar HCO3 = está acima dos valores de referência. Reposição de HCO3 no diabético Se o Ânion Gap estiver aumentado só repor em casos extremos – pH abaixo de 7,2; Acidose paradoxal no SNC; Hipóxia tecidual; Alcalose metabólica após aporte de insulina; Aumento da mortalidade e retarda a recuperação. Ânion Gap = (Na + K) – (Cl + HCO3) Exemplos: 1. Canino, SRD, 8 anos, (há 4 dias): pH = 7,2 PaCO2 = 80 mmHg e HCO3 = 22 mEq/L (considerando que a média de PaCO2 = 37 e HCO3 = 22) pH baixo = acidemia PaCO2 alto = acidose respiratória = DOENÇA PRIMÁRIA HCO3 dentro do valor de referência O valor de PaCO2 foi de 37 para 80 = + 43 = PROBLEMA Precisamos saber se o valor de HCO3 está dentro do esperado HCO3esperado = 22 + 43 x 0,15 = 28,45 então o esperado vai de 26,45 a 30,45 HCO3 não está dentro do valor esperado, está abaixo = acidose metabólica mesmo estando dentro do valor de referência. Conclusão: acidose respiratória e acidose metabólica padrão misto 2. Canino, SRD, macho, 12 anos (há 5 dias): pH = 7,52 PaCO2 = 26 mmHg e HCO3 = 21 mEq/L (considerando que a média de PaCO2 = 37 e HCO3 = 22): pH alto = alcalemia PaCO2 baixo = alcalose respiratória = DOENÇA PRIMÁRIA HCO3 dentro do valor de referência O valor de PaCO2 caiu de 37 para 26 = -11 = PROBLEMA HCO3esperado = 22 – 11 x 0,25 = 19,25, então o esperado vai de 17,25 a 21,25 Conclusão: alcalose respiratória simples 3. Canino, SRD, 6m, vômito agudo: pH = 7,47 PaCO2 = 40 mmHhg e HCO3 = 27 mEq/L (considerando que a média de PaCO2 = 37 e HCO3 = 22): pH alto = alcalemia PaCO2 dentro do valor de referência HCO3 alto = alcalose metabólica = DOENÇA PRIMÁRIA O valor de HCO3 subiu de 22 para 27 = + 5 = PROBLEMA PaCO2esperado = 37 + 5 x 0,7 = 40,5, então o esperado vai de 38,5 a 42,5 Conclusão: alcalose metabólica simples 4. Can, rottweiller, f, 13a (há 15 dias): pH = 7,2 PaCO2: 20 mmHg e HCO3 = 5 mEq/L (considerando que a média de PaCO2 = 37 e HCO3 = 22): pH baixo = acidemia PaCO2 baixo = alcalose respiratória HCO3 baizo = acidose metabólica = DOENÇA PRIMÁRIA O valor de HCO3 caiu de 22 para 5 = -17 = PROBLEMA PaCO2esperado = 37 – 17 x 0,7 = 25,10, então o esperado vai de 23,10 a 27,10 Conclusão: Acidose metabólica com alcalose respiratória padrão misto * Se o valor do PaCO2 fosse 28, teríamos que olhar o esperado e ai, sendo maior que o esperado, seria uma acidose respiratória.* 5. Can, rottweiller, f, 13 a: pH = 7,2 PaCO2 = 55 mH e HCO3 = 15 mEq/L (considerando que a média de PaCO2 = 37 e HCO3 = 22): pH baixo = acidemia PaCO2 = acidose respiratória HCO3 = acidose metabólica Conclusão: Acidose respiratória com acidose metabólica padrão misto 6. Canina, spitz, m, 6a: pH = 7,29 PaCO2 = 42,4 mmHg HCO3 = 20,4 Na = 125 mmol/L K = 6,5 mmol/L Cl = 97 mmol/L (considerando que a média de PaCO2 = 37 e HCO3 = 22): pH baixo = acidemia PaCO2 = acidose respiratória HCO3 = acidose metabólica Ânion Gap = (Na + K) – (Cl + HCO3) = (125 + 6,5) – (97 + 20,4) = 131,5 – 117,4 = 14,1 Conclusão: Acidose respiratória com acidose metabólica padrão misto com necessidade de reposição de bicarbonato. 7. Can, york, m, 1 a, 0,8 kg: pH = 6,933 PaCO2 = 54,6 HCO3 = 11,6 Na = 137 K = 5,8 Cl = 119 (considerando que a média de PaCO2 = 37 e HCO3 = 22): pH baixo = acidemia PaCO2 alto = acidose respiratória HCO3 baixo = acidose metabólica Ânion Gap = (Na + K) – (Cl + HCO3) = (137 + 5,8) – (119 + 11,6) = 12,2 Conclusão: Acidose respiratória com acidose metabólica padrão misto com necessidade de reposição de bicarbonato. HEMOGASOMETRIA NA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA/PULMONAR (Aula 23/09) Válido apenas para hemogasometria arterial; CaO2: quantidade de O2 que tem no sangue/ml; CaO2 – conteúdo arterial de O2 carreado Em pacientes hemodinamicamente estáveis, a SaO2 pode ser substituída pela SpO2 (saturação periférica) através da medição da saturação com oxímetro – exame de triagem; Se a hemoglobina está baixa, a SaO2 abaixa mas a PaO2 não (ex: intoxicação); O problema é respiratório se abaixar tanto a SaO2 como a PaO2. Avaliação de O2 SaO2 – entre 92 e 98% - se estiver abaixo de 90% (dessaturação) o paciente está em hipoxemia – falta de O2 para os tecidos (emergência); Com a saturação baixa, precisamos descobrir se o problema é na hemoglobina ou se é um problema respiratório – olhando a relação PaO2 / FiO2; PaO2 – Pressão parcial arterial de O2 - vem no exame; FiO2 – Quantos % de O2 o animal está respirando que depende de quanto de O2 está sendo fornecido ao paciente. Em ar ambiente = 0,21 ou 21%; Com máscara ou cateter nasal = 0,35 ou 35%; Em gaiola de O2 ou entubado – precisamos da informação (ex: com O2 puro = 100%); Ligado na hemoglobina = SaO2 – saturação arterial de O2 = % de O2 presente na hemoglobina Diluído no plasma = PaO2 – pressão parcial arterial de O2 CaO2 = (SaO2 x hemoglobina x 1,34) + (0,0031 x PaO2) PaO2 / FiO2 > 200: Exemplos: SaO2 = 82%, PaO2 = 80 mmHg com suporte de cateter nasal 80 / 0,35 = 228 = função anormal com dispneia SaO2 =82%, PaO2 = 350 mmHg entubado a 60% 350 / 0,60 = 583 = função respiratória normal, ou seja, o problema não é no sistema respiratório (provável intoxicação) Animal que chegou cianótico, foi colocado no suporte de O2 e ficou confortável e foi realizado diurético – o ideal é rodar uma hemogasometria, se a função estiver > 400 o problema não vai voltar mas se tiver < 400 pode voltar – desmamar o O2 aos poucos não é o ideal porque pode agudizar o problema; AaO2 – Gradiente alvéolo arterial de O2 – é a diferença de O2 no alvéolo e na artéria. Em um paciente saudável esses valores são iguais (ou seja, gradiente = 0); Exemplos: SaO2: 87% = dessaturado PaO2: 120 com cateter nasal = 120 / 0,35 = 342 – função anormal mas eupneica AaO2: 30 = pneumopatia grave SaO2: 87% = dessaturado PaO2: 120 entubado a 60% = 120 / 0,6 = 200 – falência respiratória AaO2: 10 = pulmão normal Ou seja, é um problema respiratório fora do pulmão (vias aéreas superiores, alteração neurológica, etc). > 400 = função respiratória normal 301 a 400 = função anormal mas eupneica 201 a 300 = função anormal com dispneia < 200 = falência respiratória < 15: pulmão normal 15 – 25: pneumopatia discreta (alteração que não justifica a dessaturação) > 25: pneumopatias graves PaCO2 – ventilação = Com baixa saturação tem chances de estabilizar com oxigenioterapia; = Com baixa saturação pode tentar oxigenioterapia mas tem grandes chances de precisar de ventilação mecânica; = Ventilação mecânica obrigatória. Principal função do sistema respiratório: pegar ar do ambiente e levar para artéria para oxigenar o sangue; Paciente com suporte de O2 pode ter até 5x mais O2 no corpo do que quando está no ar ambiente; PaO2 / FiO2 = eficiência do sistema respiratório. Avaliação de ventilação PaCO2: Hipoventilação = PaCO2 aumentado – acúmulo de CO2 (está reventilando pouco porque não está removendo CO2) e Hiperventilando = PaCO2 diminuído – removendo demais o CO2. < 31: hiperventilação (respirando demais – pode desencadear uma alcalose respiratória normalmente secundária a alguma doença primária) 31 – 43: ventilação normal 44 – 55: hipoventilação > 55: hipoventilação com necessidade de ventilação mecânica RESUMINDO PaCO2: Indica problemas de ventilação – nos diz se o ar está entrando direito nos pulmões; AaO2: Indica se existe alguma pneumopatia – nos diz se o ar que entrou está indo para a artéria = responsabilidade dos alvéolos pulmonares, ou seja, problema no gradiente significa problema no pulmão (ar entra mas não chega na artéria); PaO2/FiO2: Indica se o sistema respiratória funciona ou não, ou seja, se tem algum problema respiratório (mas não indica onde está o problema); SaO2: Indica se tem ou não oxigênio no sangue. Exemplos: 1. Boxer, f, 2 anos, cianótica, ar ambiente: pH = 7,25 PaCO2 = 80 mmHg HCO3 = 24 mEq/L e PaO2 = 50 mmHg PaO2 / FiO2 = 50 / 0,21 = 238 (> 200) = FUNÇÃO ANORMAL COM DISPNÉIA = problema respiratório Cianótico = DESSATURADO AaO2 = (PiO2 – 1,25 x PaCO2) – PaO2 = (150 – 1,25 x 80) – 50 = 0 = PROBLEMA É EXTRAPULMONAR PaCO2 = 80 = ACIDOSE RESPIRATÓRIA E HIPOVENTILANDO COM NECESSIDADE DE VENTILAÇÃO MECÂNICA. 2. Poodle, fêmea, 9 meses, cianótica, ar ambiente: pH = 7,4 PaCO2 = 30 mmHg HCO3 = 18 mEq/L e PaO2 = 60 mmHg PaO2 / FiO2 = 60 / 0,21 = 285 (>200) = FUNÇÃO ANORMAL COM DISPNÉIA = problema respiratório Cianótico = DESSATURADO AaO2 = 62,5 = PROBLEMA PULMONAR PaCO2 = 30 = HIPERVENTILAÇÃO – NECESSIDADE DE OXIGENIOTERAPIA (tem chances de ficar bem só com oxigenioterapia, se não melhorar ai sim vai para ventilação mecânica). 3. Boxer, f, 2a, ar ambiente: pH = 7,15 PaCO2 = 80 mmHg HCO3 = 27 mEq/L PaO2 = 38 mmHg PaO2 / FiO2 = 38 / 0,21 = 181 (< 200) = FALÊNCIA RESPIRATÓRIA AaO2 = 12 = PROBLEMA EXTRAPULMONAR. VARIÁVEIS CARDIORRESPIRATÓRIAS (Aula 30/09) Variáveis cardiorrespiratórias: o que será monitorado no paciente; FC, PAS, SpO2, hemoglobina, etc; Primeira preocupação na emergência; UTI: São essas variáveis que vão aparecer no monitor. Oferta de O2 Quanto de oxigênio o sistema cardiorrespiratório consegue oferecer para as células; Quanto maior a oferta, melhor a eficiência do sistema cardiorrespiratório; DO2: delivery de O2 – quanto de O2 está sendo fornecido para as células; VO2: quantidade de O2 que a célula usa; TO2: extração de O2 – quanto que o sistema cardiovascular está trabalhando para distribuir o oxigênio; Doença que afeta a oferta de O2 faz o organismo trabalhar mais (esforço) – taquicardia, taquipneia, etc; Oferta cai muito – mesmo sobrecarregando o organismo, o consumo também cai; Ex: DO2 = 200 e VO2 = 40 quanto será a TO2? 200 --------- 100% 40 -------------------- X TO2 = 20% Ex: DO2 = 160 , VO2 = 40, TO2 = ? 160 --------- 100% 40 -------------------- X TO2 = 25% Ex: DO2 = 100 , VO2 = 30 , TO2 = ? 100 --------- 100% 30 -------------------- X TO2 = 30% Para melhor avaliação de prognóstico – monitorar o consumo de O2 (não é prático); Monitorização da oferta de O2 no dia a dia – se a oferta estiver boa, todas as células estarão oxigenadas e sempre que essa oferta cair precisamos fazer voltar ao normal; Pra que a oferta de oxigênio seja boa o sangue precisa estar bem oxigenado e com bom débito cardíaco; CaO2 = (SaO2 x hemoglobina x 1,34) + (0,00031 x PaO2); DC = FC + VS. Hemoglobina Anêmicos – hemoglobina baixa; Valor de hematócrito é sempre 3x maior que da hemoglobina; HEMATÓCRITO HEMOGLOBINA CONSIDERAÇÕES < 12% < 4 g/dL Transfundir imediatamente – causa danos nas células (emergência). Não fazer fluidoterapia (dilui ainda mais o sangue) e nem anestesiar (diminui o DC e deprime a respiração). Entre 12 – 21% Entre 4 – 7 g/dL Fazer soro lento e o ideal é transfundir mas pode ser que sobreviva sem transfusão (em caso de cirurgia). DO2 muito baixa. Entre 21 – 30% Entre 7 - 10 g/dL Acompanhar a evolução e tranfundir se necessário, se tiver complicações (seja cirúrgica ou clínica). > 30% > 10 g/dL Não transfundir – aumenta a mortalidade. Hemorragia aguda: hematocrito está sempre normal porque demora até 8 hora para cair (hemodiluição). Só transfundir se a PAS estiver baixa, se a PAS estiver normal só fazer fluidoterapia de suporte. Em caso de hemorragia aguda, esse sangue perdido é reposta em até 24 horas – reserva medular; Hemorragia em um paciente anêmico crônico (ex: úlcera, gastroenterite hemorrágica, etc): Sempre transfundir, esse paciente não tem reserva na medula então a reposição é muito lenta. SaO2 Hemogasometria: diagnóstico diferencial; Grau de utilização da hemoglobina; DO2 (ml de o2/min) = CaO2 (ml de o2/dL) x DC (dL/min) Sendo CaO2 = conteúdo arterial de O2 e DC = débito cardíaco > 90% (94 a 98% é o normal com margem de segurança); Baixa FiO2; Disfunção da hemoglobina quando a PaO2 está normal (ex: intoxicação por paracetamol ou por cebola – lesão oxidativa na hemoglobina); Depressão respiratória: doença pulmonares, hipoventilação (PaO2 alta); Oxímetria: saber a oxigenação do paciente (SpO2) – não da pra fazer diagnóstico diferencial. Não funciona se a PAS está baixa (má perfusão), em casos de intoxicação por CO (incêndio) e hipotermia. Para aumentar a SaO2: Aumentar a FiO2 (oxigenioterapia / ventilação mecânica) até tratar a causa de base; Para avaliar a oxigenação do paciente é sempre melhor rodar uma hemogasometria para identificar se é um problema respiratório, pulmonar, etc. PaCO2 Parte mecânica da respiração = ventilação; Se não tem hemogasometria pode ser monitorada pela capnografia - ECO2 – que mede o CO2da expiração. ECO2 < 35% = hiperventilação e ECO2 > 45% = hipoventilação; Nunca tratar hipoventilação com aumento da FiO2; Para reduzir a PaCo2 – ventilação caso a SaO2 continuar baixa mesmo após oxigenioterapia ou se PaCo2 alta (> 55) SEMPRE – mesmo se a SaO2 estiver boa e tratar a causa base. Suplementação de O2 4. Máscara: Limitado – máscaras improvisadas e paciente fica fugindo. É indicado para pacientes que já estão acostumados ou pacientes com o nível de consciência rebaixado. Fluxo: 100 a 200 mL/kg/min; 5. Cateter nasal: Mais eficiente porém deve-se tomar cuidado com o estresse na hora de sondar. Fluxo varia de 0,5 a 2 L/min dependendo do tamanho da sonda. Maioria dos casos é utilizado uma sonda uretral (uni ou bilateral) com a grossura igual a mais ou menos a metade do diâmetro da narina e o tamanho é a distância da ponta do focinho até o olho (menos que isso, o ar volta pela narina e se colocar mais risco de aerofagia – dilatação gástrica) e é fixado grudada no pêlo com superbonder (para não soltar). Não é muito indicado para animais braquicefálicos porque não oxigena direito devido a curta distância do focinho para o olho e nunca deve ser utilizado em animais com trauma craniano – se o paciente espirrar na hora de sondar pode causa um aumento na PIC (pressão intracraniana) – risco de óbito. 6. Colar protetor filmado: Fecha quase toda a boca do colar elizabetano e deixa um fresta em cima – ar que entra é fresco e fica mais perto do focinho e o ar expirado (quente) sobe e sai pela fresta. É muito incomodo e estressante para alguns animais e eficiente para outros. Não deve-se usar em animais hipertérmicos porque piora o prognóstico. 7. Gaiola: O2 puro – quantidade inspirada é grande. É caro, bom para pacientes que não permitem manipulação mas não deve ser utilizado em animais hipertérmicos. 8. Outros métodos: Piora do diagnóstico – métodos não efetivos (estresse); 9. Intubação ortotraqueal: Necessária anestesia prévia (fenta + mida + queta + propofol) e manutenção anestésica prolongada (infusão contínua). Muito efetiva mas exige mão de obra experiente, é caro e tem alto índica de mortalidade. Exemplos: Considerando a tabela com os valores de referência, explique a conduta necessária em cada caso: VALORES DE REFERÊNCIA Variável Valor FiO2 (%) 21 Hemoglobina (g/dL) 16 SaO2 (%) 95 PaO2 (mmHg) 100 CaO2 (mlO2/dL) 20,68 1. Animal com: FiO2 = 21, Hemoglobina = 10, SaO2 = 70, PaO2 = 100 e CaO2 = 9,70. Nessa caso não precisamos transfundir de cara porque se a hemoglobina é 10, o hematócrito está em 30%. Realizar oxigenioterapia e fluidoterapia lenta e procurar a causa base. A saturação está baixa, devemos fazer a relação PaO2 / FiO2 (100 ÷ 0,21) que nesse caso deu 476, ou seja, não é um problema respiratório e sim uma disfunção na hemoglobina – utilizar acetilcisteína. 2. Canina, fêmea, 2 anos em ar ambiente apresenta: SaO2 = 78%, Hb = 14 g/dL, PaCO2 = 71 mmHg, PaO2 = 60 mmHg, PaO2 / FiO2 = 285 e AaO2 = 10. Paciente com acidose respiratória e hiperventilando – precisa encontrar a causa base. Se conseguirmos resolver a hiperventilação tudo bem, se não deve-se entubar. É um problema respiratório (animal tem função anormal com dispneia de acordo com o valor da relação PaO2/FiO2) mas não está no pulmão o problema (AaO2 está normal – provavelmente problema nas vias aéreas superiores). 3. Canina, fêmea com cateter nasal apresenta: SaO2 = 78%, Hb = 5 g/dL, PaCO2 = 40 mmHg, PaO2 = 90 mmHg, PaO2 / FiO2 = 257 e AaO2 = 50. Paciente em oxigenioterapia sem melhora da saturação – vai para a ventilação mecânica e é melhor transfundir porque o hematócrito está baixo também. Devemos esquecer o valor de PaO2 em animais com oxigenioterapia e considerar a relação PaO2 / FiO2 – essa animal tem uma função anormal com dispneia, é um problema no pulmão de acordo com o valor de AaO2 e anêmico. SISTEMA CARDIOVASCULAR (Aula 07/10) O débito cardíaco é o volume de sangue por minuto que sai do coração; O volume sistólico é dividido em: pré carga, contratilidade e pós carga; Quanto maior a frequência cardíaca, maior o débito cardíaco – mas existe um limite em que se acelera muito, o débito cardíaco pode cair porque não dá tempo do coração encher; Em cães: toda vez que a FC for > 180 bpm isso causa um efeito negativo no coração – diminui o débito cardíaco; Em gatos: toda vez que a FC for > 240 bpm isso causa um efeito negativo no coração – diminui o débito cardíaco; Bradicardia: também diminui o débito cardíaco. Pré-carga Enchimento do coração; Hemorragia: diminui a pré-carga Motivos que prejudicam a pré-carga: insuficiência valvar venosa, perda sanguínea, vasoplegia, vasodilatação periférica (arteríolas tão dilatadas que o sangue fica na periferia e não tem pressão pra voltar), compressão, tempo de enchimento das câmaras cardíacas, dor (gera resposta do organismo que pioram o retorno venoso – ex: taquicardia, taquipneia, etc); Para avaliar a pré-carga o ideal é fazer o ecocardiograma: avalia o tamanho do átrio esquerdo – átrio esquerdo “gordo” = pré-carga alta, normal = pré-carga normal e “murcho” = pré-carga baixa. Se não é possível relizar eco, fazer a chamada prova de carga: volume de fluidoterapia pra ver se melhora o DC – se melhorar: responsividade a fluidoterapia então o problema está na pré-carga. Contratilidade Boa anatomia com estruturas preservadas e bom inotropistmo (força de contração); Problemas na contratilidade – indicam problemas no coração ou em alguma estrutura que não deixa o sangue bombear direito: Cardiomiopatias, radicais livres,distúrbios hidroeletrolíticos, acidose/alcalose, hipóxia, insuficiência valvar, fármacos/drogas, arritmias, infarto agudo do miocárdio, tamponamento cardíaco, dor; Para avarliar a contratilidade o ideal é fazer ecocardiograma. Pós-carga Dificuldade ou resistência pro sangue sair do coração; Pós-carga alta: significa que é muito difícil para o sangue sair do coração – sai pouco sangue (hipertensão por vasoconstrição); DC = FC x VS Pós-carga baixa: significa que é fácil o sangue sair do coração (ex: sepse por vasodilatação); Motivos que prejudicam a pós-carga: vasoconstrição periférica (obesos: gordura distende o abdomem e aperta os órgãos internos), viscosidade sanguínea (diabético, policitemia), compressões/estenoses (tumor, trombo, síndrome de compartimentação abdominal), dor; Sabemos que o problema é na pós-carga quando o eco está estável mas o paciente não está bem clinicamente. Pressão arterial A pressão arterial, assim como a frequência cardíaca, são variáveis utilizadas para avaliar o débito cardíaco; Se FC e PA estiverem ruim é certeza que o DC também está ruim mas se FC e PA estiverem estáveis, não é certeza que o DC também está – avaliar a clínica do paciente; Mais viável que o ecocardiograma; PAS: Pressão arterial sistólica – monitora a função contrátil do miocárdio (+ utilizada); PAD: Pressão arterial diastólica – monitora o volume circulante e as alterações vasculares; PAM: Pressão arterial média = PAS + 2 PAD ÷ 3; Monitorização da PA: 1. Técnicas oscilométricas: monitoradas pelo monitor com manguitos que inflam, murcham e medem – nos dá os 3 valores de PA mas é o método menos confiável; 2. Doppler: Dá somente a PAS e a PAD, mas a PAD não é confiável, a PAS é muito confiável. Preferível em pacientes conscientes porque canular artéria dói muito; 3. Invasiva: Canula a artéria e dependendo do equipamento dá os 3 valores (monitor) ou só a PAS (esfigmomanômetro). É a técnica mais confiável de todas mas é preferível em pacientes anestesiados; Monitorização de rotina: PA CAUSA TRATAMENTO Hipotensão Hipovolemia (prejudica a pré- carga – ex: hemorragia) Prova de carga Hipotensão Déficit de contratilidade (prejudica a contratilidade– problema no coração, ex: cardiomiopatia dilatada) Inotrópicos / antiarrítimicos Hipotensão Vasodilatação (prejudica a pós-carga – ex: trauma craniano) Vasoconstritores / vasoativos Hipertensão Vasoconstrição (prejudica a pós-carga) Vasodilatadores Hipotensão: PAS < 90 em cães e <100 em gatos e PAM < 65; Hipertensão: PAS > 150 e PAM > 100 em ambos; A diferença entre a PAS e a PAD diz respeito a contratilidade e prognóstico: se essa diferença for > 50 significa tem grande trabalho cardíaco, se for entre 30 – 50 o prognóstico é bom e se for < 30 o prognóstico é reservado; Se não tiver como medir a PAS – avaliar o pulso; Pulso forte significa bom prognóstico (diferença entre pressões distante) e pulso fraco significa prognóstico reservado (diferença entre pressões próximas); Sempre avaliar a PAS primeiro. Exemplos: 1. 120 x 80 = não é nem hipertenso e nem hipotenso, é um paciente normotenso com boa contratilidade e bom prognóstico (porque 120 – 80 = 40); 2. 100 x 80 = não é nem hipertenso e nem hipotenso, é um paciente normotenso com contratilidade baixa e prognóstico reservado (porque 100 – 80 = 20). O tratamento para esse paciente seria utlização de inotrópicos; 3. 80 x 40 = paciente hipotenso com contratilidade normal e bom prognóstico (porque 80 – 40 = 40). 4. 60 x 40 = paciente hipotenso com contratilidade baixa e prognóstico reservado (porque 60 – 40 = 20). 5. 200 x 160 = paciente hipertenso com contratilidade normal e bom prognóstico ( porque 200 – 160 = 40). O tratamento para esse paciente seria utilização de vasodilatadores em casa. 6. 220 x 200 = paciente hipertenso com contratilidade baixa e prognóstico reservado (porque 220 – 200 = 20). O tratamento para esse paciente seria utilização de vasodilatadores internado. Sempre que o paciente for hipotenso (como nos exemplos 3 e 4) deve-se seguir o seguinte protocolo de tratamento: Se trocar essa ordem – alta chance de óbito; Inotrópico: estimula o receptor beta1; Vasoconstritor estimula o receptor alfa 1; PA menor que 90 – não consegue chegar no capilar; Com o DC abaixando o organismo gera uma resposta de proteção chamada vasoconstrição seletiva: vai tirando o sangue de órgaos menos importantes ou com maior capacidade de regeneração e redistribuindo o sangue para os órgãos mais importantes; Pele > intestino > músculos > rins > fígado > pulmão > coração e cérebro; Para avaliação da função renal utilizamos a monitorização de débito urinário (animal sondado) – é o primeiro parâmetro renal que altera (CREAT e UREIA demoram um pouco mais a alterar). D.U. < 0,5 ml/kg/hr = anúria; entre 0,5 e 1 = oligúria; entre 1 e 2 = urina normal e > 2 = poliúria. Para encontrar o valor é dividido a quantidade de ml produzido pelo número de horas e pelo peso; Avaliação da função hepática: bilirrubinas; Avaliação da função pulmonar: hemogasometria. 1. Teste de carga 2. Inotrópico 3. Vasoconstritores Exemplo: 1. FC = 200, PAS x PAD = 120 X 80, TPC > 4s e D.U = < 0,5 ml/kg/hr. É um animal com vasoconstrição com hipovolemia. D.U. está baixo, o que significa que já atingiu o rim – DC ruim mesmo com a PAS boa. Tratamento: teste de carga, inotrópico e vasoconstritor. Fármacos vasoativos Exerce função nos vasos direta (age diretamente no receptor – ex: dobutamina) ou indiretamente (altera algum neurotransmissor – ex: efedrina); Inotrópicos, vasoconstritores e vasodilatadores; São dose-dependente: normalmente mantidos em infusão contínua; Efeito curto e rápido; Atuam em receptores endoteliais da musculatura; Atuam na contratilidade ou na pós-carga; Beta1: aumenta a contratilidade (hemodinamicamente); Alfa1: faz vasoconstrição (hemodinamicamente); Dopamina Mais utilizada no mundo, mais barata e a pior de todas; Meia vida: 1,7 min; Utilizada em casos menos graves; Em dose baixa (5-10 mcg/kg/min) – estimula receptor beta – inotropismo +; Em dose alta (10-20 mcg/kg/min) – estimula receptor alfa – vasoconstrição; Se houver extravasamento vascular pode causar necrose. Dobutamina Age rápido ( 2 min) e tem pico de ação rápido (10 min); Em infusão prolongada perde a efetividade; Estimula o máximo da força cardíaca – ideal para cardiopatas e casos refratários a prova de carga; Estimula receptor beta: inotropismo + e vasoconstrição discreta; Efedrina Parecida com noradrenalina; Dura pouco e tem efeito curto – mais eficiente em problemas na anestesia; Liberação de noradrenalina endógena mas fisiológica; Efeito misto: atua em todos os receptores e aumenta a noradrenalina; Noradrenalina Usada caso nenhum outro vasoativo responde; É a mais potente e mais utilizada na UTI; Precisa de desmame; Faz vasoconstrição visceral (evitar doses muito altas porque pode causar falência renal); Atua no receptor beta também; Se o paciente não responder significa que ele é refratário a vasoativos; Adrenalina Última opção em caso de hipotensão; Fármaco de escolha em casos de PCR e choque anafilático; Provoca lesões teciduais durante uso. Vasodilatadores Isossorbiada Quando não tem outra coisa; Compra em qualquer fármacia; Vasodilatador misto; Inibe receptor alfa; Amlodipino Primeira escolha; Vasodilatador e melhora a oxigenação do miocárdio; Tratamento contínuo; Hidralazina Segura e tem ação rápida; Pode causar mais hipotensão depois e não exerce proteção cardíaca; Tratamento contínuo; Nitroprussiato Mais potente; Vasodilatador misto; Infusão contínua e fotossensível; Monitorização de PA o tempo todo – invasiva. SÍNDROME CHOQUE (Aula 21/10) Alguns sintomas se repetem em todos os tipos de choque; Definição: diminuição do fluxo sanguíneo efetivo (problema circulatório) e da distribuição de oxigênio aos tecidos, resultando em bauxa demanda tecidual; Estado no qual a redução ampla e profunda da perfusão tecidual efetiva ocasiona inicialmente lesão tecidual reversível que, mais tarde, torna-se irreversível; Ou seja, alguma situação que impede o sistema circulatório de trabalhar direito; Tempo para diagnosticar o choque e tratar antes que seja irreversível; O tratamento e o prognóstico mudam dependendo do tipo de choque mas as manifestações clínicas mudam muito pouco; Para o organismo qualquer tipo de choque = hipovolemia; Desencadeia uma série de mecanismos de defesa contra a hipovolemia que permite o diagnóstico da síndrome choque. Tipos de choque Definições inespecíficas: hipovolêmico, cardiogênico, distributivo e obstrutivo – tratamento das alterações cardiovasculares; Definições específicas: hemorrágico, anafilático, etc – tratamento da causa de base; Deve-se classificar pelos dois (ex: hipovolêmico por causa de desidratação – repor volume; hipovolêmico e hemorrágico – repor sangue e volume, etc); Definir o tipo de choque é essencial para estabelecer tratamento e prognóstico. Hipovolêmico Choque causado pela perda de grande quantidade de líquido e sangue, prejudicando o bombeamento do coração; Repor volume; Choque Hemorrágico: perde de grande volume sanguíneo quem impede o coração de bombear sangue para o resto do corpo (ex: animal politraumatizado). Choque anafilático: grave reação alérgica (é considerado também um tipo de choque obstrutivo); Cardiogênico Hipoperfusão tecidual sistêmica na presença de adequado volume intravascular que ocorre em função da incapacidade do músculo cardíaco em fornecer débito adequado as necessidades do organismo; Tratar a doença cardíaca de base; Distributivo Quando há má perfusão tecidual em decorrência da vasodilatação periférica global, ou seja, tem volemia normal mas não está bem distribuída; Choque séptico:paciente tem uma infecção, está vasodilatado, o sangue fica na periferia e não volta para o coração – uso de antibiótico é imprescindível para o tratamento; Choque neurogênico: falha de comunicação entre o cérebro e o corpo (paciente tem alguma neuropatia) que dilatam os vasos sanguíneos dificultando a circulação do sangue pelo corpo – neuro proteção é imprescindível para o tratamento; Uso de vasoconstritores. Obstrutivo Redução do débito cardíaco secundário a uma obstrução importante ou no sistema venoso ou no arterial; Tratamento cirúrgico; Exemplo: torção gástrica (estômago incha comprimindo a cava), trombo, tumor, etc. Fisiopatologia Em todos os casos de choque a fisiopatologia é a mesma; Única excessão é o choque séptico que pode apresentar hipoglicemia – bactérias consomem a glicose rapidamente; A glicemia também serve como índice prognóstico porque quanto maior a glicemia mais grave é o choque – glicemia muito alta significa que a ativação simpática foi muito grande – casos mais grave; Sintomas de acordo com a fisiopatologia: taquicardia, taquipneia, mucosas hipocoradas, extremidades frias, TPC aumentado, hiperglicemia, oligúria ou anúria; Muita vasoconstrição faz faltar volume nos capilares, cai a pressão na entrada do capilar e falta oxigenação nas células aumentando o lactato – quanto maior o lactato maior a mortalidade; A baixa oxigenação causa disfunção nos órgaos (na ordem: pele, intestino, músculo, rins, fígado, pulmão, coração/cérebro); Hipovolemia ativa o sistema nervoso autônomo simpático > Liberação de dois hormônios que são também neurotransmissores > 1˚ cortisol: é hiperglicêmio dando suporte energético para todos os outros mecanismos de defesa > 2˚ adrenalina: descarregada rapidamente fazendo vasoconstrição (mais periférica) deixando o animal com mucosas hipocoradas, TPC aumentado e extremidades frias > 3˚ noradrenalina: potencializa a vasoconstrição potencializando os sintomas, causa inotropismo (coração bate mais forte) e cronotropismo (coração bate mais rápido) > má oxigenação do paciente estimulando o centro respiratório causando taquipneia. Sistema nervoso central também ativa dois hormônios importantes: 1˚ ACTH: liberação de aldosterona que vai reabsorver a água (oligúria) na tentativa de aumentar a volemia e libera também cortisol > 2˚ ADH/vasopressina: ajuda a reter líquido e causa vasoconstrição intensa, podendo passar de oligúria para anúria. Rins: liberam renina ativando o sistema renina-angiotensina-aldosterona. Quando acontece disfunção de múltiplos orgãos pode levar a falência de múltiplos órgãos – óbito. Estágios do choque Choque não acontece com uma evolução tão rápida (com excessão de choque anafilático grave); Animal vai chocando podendo evoluir para óbito. Estágio compensado Ativação do SNA de uma forma discreta, não muito intensa, e o animal consegue manter ainda a oferta de O2 por algum tempo, gerando gasto das reservas biológicas podendo sair de controle em horas; Não aumenta muito o lactato; Nesse estágio, os sintomas (ex: edema no local de pancada, etc) podem demorar a aparecer, então o ideal é internar o paciente para ficar em observação com analgésico e fluidoterapia bem lenta e parâmetros de hora em hora; Mínimo internação 24 hrs com estabilização dos parâmetros em 8 horas; Se não estabilizar em 8 horas o ideal é manter por 48 horas que é o pico da inflamação; Hipermetabolismo: cronotropismo positivo discreto (taquicardia mas ainda dentro do valor normal – ex: 130 bpm), inotropismo positivo, taquipneia discreta (mas ainda dentro do valor normal – ex: 30), aumento da resistência vascular sistêmica, aumento do consumo de O2 (hemogasometria arterial ou venosa), TPC < 1 seg, mucosas hipercoradas, atividade mental normal. Estágio descompensado inicial Paciente começa a disparar o sistema nervoso simpático e mesmo assim não consegue estabilizar, Perda de perfusão dos órgãos – hipóxia tecidual, taquicardia (somente em cães) inotropismo positivo (coração bate bem forte); quebra da parede intestinal (por má perfusão do intestino, bactérias caem na circulação – entrar com atb profilático), taquipneia importante, PAS cai, redução do consumo de oxigênio, TPC aumentado, mucosa hipocorada, oligúria ou anúria, hiportermia e paciente deprimido; Tratamento precisa ser agressivo; Hipovolêmico – fazer fluidoterapia agressiva por tempo curto – peso do animal x 20. Estágio descompensado Já passou pelas duas outras fases e acabou a reserva energética; Vasodilatação generalizada, bradicardia, inotropismo negativo (coração bate fraco), hipotensão grave (difícil de palpar o pulso), mucosa pálida ou cianótica, TPC inviável, anúria, hipotermia, coma; Prognóstico ruim. Dosagem de lactato Marcador tardio de anaerobiose (quando não tem O2 suficiente para as células ela fazem respiração anaeróbica e liberam lactato na circulação); Índice prognóstico; É caro; Lactato aumenta a medida que vai diminuindo a pressão na entrada do capilar e ai não fornece O2 para célula; Se a pressão cai, não fornece oxigênio para as células então tem a produção de lactato pela respiração anaeróbica. Lactato é um ácido, deixando o tecido ácido e mudando o formato do capilar (formato de cone) e assim o sangue não consegue voltar ao coração, abaixando o DC e fazendo com que chegue menos sangue na periferia. O organismo faz vasoconstrição e abre uma comunicação direta de arteríola para vênula sem passar pelo capilar – formando o chamado shunt – melhorando assim o DC porque tem retorno venoso. Assim, a clínica do paciente melhora – “melhora da morte” – todas as células da região do capilar em todos os órgãos morrem – paciente vem a óbito; Quando abre o shunt, temos pouco tempo para reverter o quadro; Lactato alto – shunt aberto – precisa melhorar o DC para voltar a oxigenar o tecido, se oxigenar onde tem lactato ele se transforma em glicose, o Ph volta ao normal e o capilar abre; Se demorar para tratar, o sangue que está no capilar coagula = CID (coagulação intravascular disseminada) – lactato alto com plaqueta baixa – associar anticoagulante (formação de trombo) ao protocolo porém tem alto índice de mortalidade: fase irreversível do choque. Dois grandes protocolos mundiais de dosagem de lactato 1. Dosagem de lactato quando o animal chega (quanto maior o valor mais grave o quadro), entrar com o tratamento e reavaliar o valor a cada hora. O valor tem que estar 20% menor que o do anterior, e se não tiver, deve-se potencializar o tratamento (ex: chegou com 10 de lactato, na próxima hora o valor tem que estar menor que 8); 2. Protocolo “golden hours”: Dosagem quando o animal chega, 6 horas depois e 24 horas depois do início do tratamento. a) Admissão: quanto mais alto o valor mais grave é (mortalidade é diretamente proporcional ao valor de admissão do paciente); b) 6 horas: valor tem que estar menos da metade do valor de chegada (mínimo 50%) – se não tiver, precisa fazer um tratamento mais agressivo; c) 24 horas: pacientes de bom prognóstico devem ter o lactato dentro da normalidade (< 2). Se o valor de 24 horas estiver maior que o de 6 horas = alto índice de mortalida, paciente se mostrou arresponsivo ao tratamento. Tratamento Base do tratamento em qualquer tipo de choque: Oxigenioterapia e fluidoterapia; Exceção – choque cardiogênico; 4 tipos de fluidoterapia: cristalóides isotônicos, cristalóides hipertônicos,colóides sintéticos e hemocomponentes. Cristalóides isotônicos Ringer com lactato, solução fisiológica 0,9%, ringer simples, glicofisiológica e glicosa 5%; Utilizar sempre independente do tipo de choque; Único tipo capaz de hidratar as células, os outros só melhoram o volume intravascular mas não melhoram o volume extravascular; Preciso de volumesgrandes em pouco tempo, entre 3 a 4x a mais da perda; Problema: 2/3 a ¾ de tudo que fizer na veia vai virar edema; Não se deve fazer volumes tão grandes de soro (acidose, dilue os fatores plasmáticos com fatores antiinflamatórios e fatores de coagulação, etc); Afeta rins, intestino e coração; Prova de carga: volume pequeno de forma rápida pra testar se o animal responde ou não ao soro; Velocidade: 60 mL/kg/hr feito de 10 a 15 min; No gato: 10 mL/kg em 10 min (ex: 3kg = 3x10 = 30 mL em 10 min); No cão: 15 mL/kg em 15 min (ex: 10kg = 10x15 = 150 mL em 15 min); O ideal é usar bomba de infusão, mas se não tiver fazer em equipo macrogotas na velocidade de 20 x P, em gotas/min (ex: 10 kg = 20x10 = 200 gotas/min durante 15 min se for cão e 10 min em gato); Ringer lactato é a fluido de escolha e se não tiver, utilizar solução fisiológica; Ringer simples – aumenta a mortalidade – não utilizar nunca; Soluções com glicose também não utilizar porque o paciente em choque já está hiperglicêmico (exceto em casos de hipoglicemia); Prova de carga: se souber o histórico do paciente e descartar hipovolemia, não fazer o teste de carga; Em caso de hipovolemia: tentar 3 testes de carga antes de entrar com vasoativo; Em outros casos, entrar com fármaco vasoativo após o primeiro teste podendo repetir mais 2x mas já com vasoativo em dose baixa. Cristalóides hipertônicos Cheias de sal; Cloreto de sódio a 7,5%; Muito mais sal do que tem no sangue – sal atrai água do corpo inteiro e encher os vasos, estabilizando a pressão; Volume de 2 a 4 mL/kg; Em casos de difícil acesso venoso é uma boa escolha; Efeito transitório: dura só 1 hora. Colóides sintéticos Segura o líquido dentro do vaso – melhora da pressão sem efeito transitório (dura muitas horas); Organiza ataca como se fosse corpo estranho – alta mortalidade; Só utilizado em pacientes sem processo inflamatório instalado; Pouco usado – utilizado de última opção quando nada mais funciona; Quando utiliza colóide, faz só metade do ringuer lactato; Melhores resultados com base de amido – amido hidroxietílico. Hemocomponentes Derivados de sangue – repõe componentes importantes do sangue; Utilizados em pacientes com hemorragia grave que perderam mais de 30% de volemia; Menos de 30% não se beneficiam ou é prejudicial; Problemas: reações transfusionais e encontrar doador ; Albumina: utilizada em casos de proteína baixa (albumina abaixo de 1) ou hipotensão. 20ml/kg em até 16 horas – caro; Plasma: utilizada em casos de hipoproteinemia e não tiver albumina disponível e é a melhor opção em casos de coagulopatias (repõe fatores de coagulação). 10ml/kg em até 18 horas – mais barato; Concentrado de hemáceas: utilizada para perda de sangue e anemias; Sangue total: quando não tem concentrado de hemáceas em hemorragias agudas – última alternativa. Tratamento do choque hemorrágico Hemorragia grave = emergencial, deve ter o primeiro atendimento em até 2 minutos – se passar disso, veterinário pode ser responsabilizado em caso de óbito; Estabilização do paciente: oxigenioterapia e acesso venoso, interromper o sangramento (quando possível – estancar a ferida, pinçar o vaso, etc) e se for hemorragia interna, manter a PAS de 80 a 90 – não passar disso até parar a hemorragia. Acima de 90, fazer analgésico e abaixo de 80 fazer prova de carga ou hipertônica e solicitar bolsa de sangue (todo animal com hemorragia e hipotenso, significa que o animal perdeu mais de 30% de sangue no corpo); Ringer Lactato: até 3 provas de carga; Hipertônica: 1 vez – 2 a 4 mL/kg; Fármacos vasoativos: inotrópicos primeiro ou vasoconstritores (dobutamina, Fórmula para repor sangue total: V (mL) = 70 (para gatos) / 90 (para cães) x Peso x % de sangue que perdeu ÷ 100 Ex: Cão que perdeu 40% da volemia e pesa 10 kg 90 x 10 x 40 ÷ 100 = 360 mL efedrina, noradrenalina); Se não estabilizou – fazer colóide como última opção; Mensurar lactato e parâmetros que estimem a oferta de O2. Quanto sangrou? I – todos os parâmetros normais, só fazer fluidoterapia; II – pressão normal, tratar só com fluidoterapia; III – consegue contar a FC pelo pulso - transfusão urgente (na fórmula, utilizar 40% de perda sanguínea); IV – não é possível contar a FC pelo pulso – transfusão urgente (na fórmula, utilizar 50% de perda sanguínea); Principal parâmetro para determinar se precisa ou não de transfusão: pressão arterial; O pulso determina só o volume de sangue a ser transfundido. RESUMO 1. Oxigênioterapia e acesso venoso (com o maior cateter possível); 2. Conter hemorragia; 3. Aferir pressão a) Pressão normal: RL + analgesia + monitoração; b) Pressão entre 80 e 90: deixar quieto até parar hemorragia, depois RL + transfusão + analgesia; c) Pressão <80: Prova de carga com RL ou hipertônica e transfusão + analgesia mantendo PA entre 80 e 90 até parar a hemorragia. Se a PA ainda estiver abaixo de 90 fazer primeiro inotrópico e se não responder, fazer vasoconstritor e de última tentativa colóide. SEPSE (Aula 28/10) Complexo, não segue um padrão; Alta mortalidade; Uso indiscrimando de antibiótico – bactérias resistentes; Definição: disfunção orgânica ameaçadora a vida causada pela desregulação orgânica frente a infecção; Disfunção em algum sistema – infecção que gera processo inflamatório e o organismo na tentativa de controlar essa infecção potencializa essa inflamação a ponto de prejudicar algum órgão/sistema a ponto de ameaçar a vida do paciente; Manifesta em sistemas que já são mais “fracos” no paciente (ex: pacientes com covid – sistema respiratório). Sistema cardiovascular Fatores depressores do miocárdio – causa arritmias cardíacas (≠ mioocardite); Redução de fibrinólise: dificuldade de desfazer coágulo; Ativição plaquetária; CID (coagulação intravascular disseminada): trombo (principal causa de óbito) e hemorragias difusas (hematúria, hematêmese, etc); Vasodilatação: maior problema hemodinâmico – perda da atividade de receptores adrenérgicos e bloqueio do receptor alfa-1 – quando isso acontece, tem grande queda na pressão arterial, deixando de ser sepse e passando a ser choque séptico – arresponsivo a fluidoterapia. Sistema respiratório 1. Lesão do endotélio pulmonar; 2. Hemorragia e trombose pulmonar; 3. Edema pulmonar; 4. Redução da complacência pulmonar; 5. Reduz ventilação; 6. Reduz perfusão; 7. Reduz surfactantes; 8. SARA – Síndrome da Angustia Respiratória Aguda). Sistema digestório Intestino: Hipoperfusão intestinal > isquemia e necrose > translocação bacteriana > prolongamento do estímulo inflamatório > último sistema a ser reperfundido (último a melhorar por ter maior carga de bactérias); Hepatopatias: coagulopatias, hipoglicemia, icterícia, encefalopatia hepática. Sistema endócrino Capacidade limitada de cortisol > inflamações pequenas aumentam o cortisol > síndrome de esgotamento da adrenal – paciente fica sem cortisol no corpo e gera uma inflamação muito grande e paciente para de responder aos fármacos vasoativos; Hiperglicemia no ínicio: com o cortisol aumentado, da resistência insulínica aumentando a glicemia, mas por um curto período porque as bactérias consomem essa glicose e o fígado não consegue manter a transformação de outras fontes de energia em glicose, Sistema renal Formação de imunocomplexo; Hipoperfusão; Alterações na microcirculação; Agentes nefrotóxicos; Resposta imune; IRA. Sistema neurológico Hipoperfusão: hipotensão, hipovolemia, microtrombos; Encefalopatias: urêmica, hepáticas; Hipoglicemia. Três padronizações de sepse 1. SEPSIS 1 Valores adaptados a veterinária; Ideal para pacientes comrestrição financeira – diagóstico baseado em exame físico + hemograma; Pouco específica. VARIÁVEIS CRITÉRIOS FC Cão: <70 bpm ou >160 bpm Gato: <100 bpm ou >250 bpm FR > 20 mrpm PaCO2 <32 mmHg Temperatura <37,5 ou >39,7 ˚C Leucócitos <4.000/mm3 ou >12.000/mm3 com 10% de desvio a esquerda Paciente sem dor com dois desses parâmetros alterados = SIRS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica); Não é considerado sepse, e sim inflamação sistêmica mas se for causada por alguma fonte de infecção é sepse; Exemplo: Paciente medicado para dor com pancreatite e dois desses parâmetros alterados – inflamação sistêmica; Exemplo: Paciente com piometra e com dois desses parâmetros aumentados – sepse Exemplo: Paciente com piometra e só com um desses parâmetros aumentados – infecção; Se for SIRS ou sepse, paciente deve ficar internado, só libera para casa se for infecção; Antigo conceito de sepse grave: Paciente com sepse junto com alguma disfunção orgânica importante (tabela); Hoje em dia, todo quadro de sepse é grave. 2. SEPSIS 2 Avalia o paciente de várias maneiras; Tabela PIRO = Predisposição, Infecção, Resposta e Disfunção Orgânica; Nunca entrou em vigor. 3. SEPSIS 3 Qualquer paciente com fonte de infecção deve passar por avaliação; Alteração em qualquer um dos parâmetros = sepse; Funciona fazendo a avaliação mas não considerando os valores da tabela (referência para humanos, não existe valor para veterinária); Muito parecido com sepsis 1 mas da mais certo na veterinária porém é mais caro; Quick SOFA: exame de triagem, se der dois desses valores alterados ai sim faz todos (não é o ideal para veterinária) – FR/PaCO2, Glasgow e Hipotensão: VARIÁVEIS CRITÉRIO FR >22 mrpm PaCO2 <32 mmHg Escala de Glasgow < 14 Hipotensão arterial PAS < 100 mmHg Diagnóstico de sepse: SEPSIS 1 (pacientes com restrição financeira) e SEPSIS 3; Antibioticoterapia o mais rápido possível: até 45 minutos após o diagnóstico fechado, mais que isso aumenta a mortalidade; Cefalosporina (pega bactérias gram+ e gram-) + Metronidazol (bactérias anaeróbias); Discussão a respeito do uso de metronidazol: locais que mais tem bactérias anaeróbicas – trato gastroentestinal, então não tem sentido utilizar em infecções no trato respiratório. Porém, pode ter translocação bacteriana (bactérias do intestino que migram para outros sistemas); Com o uso indiscriminado de antibiótico, eles não funcionam tão bem quanto funcionava antes; 36 horas para entrar com antibióticos = 100% de chance de vir a óbito; Oxigenioterapia + acesso venoso; PAS: ideal perto de 120 mmHg para melhorar a distribuição do antibiótico; Animal hipotenso: precisa vasodilatar 1. Prova de carga com RL (1x); 2. Se não adiantar, associa com noradrenalina + 1 teste de carga (fazer até 3x); 3. Paciente com choque séptico, vai aumentando a dose de noradrenalina; 4. Se não responder, fazer hidrocortisona em dose baixa; 5. Se não responder, associar dobutamina ou fenilefrina. ESTABILIZAÇÃO DO PACIENTE SÉPTICO 1. Acesso venoso + antibioticoterapia + oxigenioterapia; 2. Pressão arterial: se tiver normal vai monitorar a função orgânica do paciente, se tiver baixa faz a primeira prova de carga; 3. Segunda prova de carga + noradrenalina; 4. Terceira prova de carga; 5. Aumento gradativo da noradrenalina; 6. Dose máxima de noradrenalina e não responder, fazer uma dose de hidrocortisona ou fludocortisona; 7. Associar dobutamina ou fenilefrina. TRATAMENTO EMERGENCIAL DA ICCE (Insuficiência Cardíaca Congestiva Esquerda) Edema pulmonar; Tratamento clínico: 4D’s – Diurético (furosemida/espironolactona), Dieta (comida hiposódica), Digitalicos (digoxina/pimobendam) e Dilatadores (inibidores da ECA/hidralazina); Substituição de algumas medicações na emergência; Dispneia: principal sintoma – oxigenioterapia; Diurético: furosemida; Inotrópico (digitálico): pimobendam e dobutamina ou noradrenalina; Dilatadores: Amlodipino, hidralazina ou nitroprussiato; Dieta: na emergência é fluidoterapia (glicose 5%); Analgesia e tranquilização do paciente: butorfanol/morfina; Porque acontece o edema na ICCE: Na ICCE a mitral não está funcionando, então quando o ventrículo contrai ao invés de todo sangue ir para aorta ele volta para o átrio esquerdo, do átrio esquerdo ele volta para a veia pulmonar e da veia pulmonar ele volta para o pulmão com um gradiente de pressão e esse refluxo gera hipertensão pulmonar – pressão dentro do capilar é muito maior do que a pressão dentro do áveolo, saindo grande quantidade de líquido de dentro dos capilares em direção ao áveolo causando o edema pulmonar; Abaixar a pressão dentro do capilar – diminuo o volume (diuréticos ou vasodilato de forma sistêmica); Oxigênio não é tratamento; Inotrópico e fluidoterapia serve para manter PAS estável; Se a PAS estiver boa não fazer fluido e nem inotrópico; Necessidade de oxigênio: distrição respiratória – esforço e boca aberta, cianose, taquipneia, SpO2 < 90 e PaCO2 < 60, evidente esforço respiratório. Tratar o edema pulmonar Oxigenioterapia + acesso venoso Furosemida: em cães na dose de 4mg/kg e gatos na dose de 2 mg/kg – fazer um bolus e colocar em infusão contínua; Reaplicação: diurese irregular; Bolus + infusão contínua é o mais eficiente; Tranquilização e analgesia: muito importante – morfina (dose de 0,1 a 0,2 mg/kg), metadona (0,1 mg/kg) ou butorfanol; Manutenção da pressão arterial: doppler ou invasiva; PAS >90 e PAM >70; Se a PAS estiver boa, fazer apenas fluidoterapia de manutenção; Se estiver hipotenso – prova de carga de 5 a 10 mg/kg; Se não funcionar, entrar primeiro com dobutamina e se não responder associar com dose baixa de noradrenalina; PA estabilizada, entra com vasodilatador – isossorbida, amlodipino, hidralazina ou nitroprussiato. TRAUMA CRANIANO (Aula 04/11) Principal emergência neurológica; Normalmente o animal chega com vários traumas associados; Feridas abertas na cabeça - Risco de piorar a lesão; Primeiro estabilizar o paciente e depois bater uma radiografia; Tempo certo para fazer manitol e corticóide: aumento da mortalidade; Injúria primária Tecido afetado pela pancada; É a lesão inicial; Se for fatal: não tem indicação de reanimação; Na maioria das vezes não é fatal; Animal teve a pancada e começou a apresentar sintomas neurológicos que começa a evoluir nas próximas horas. Injúria secundária Processo de lesão secundária a injúria primária; Pancada no cérebro que desencadeia um processo inflamatória que aumenta a área de lesão; Nas primeiras 2 horas = edema citotóxico (edema intracelular) – não funciona o manitol; 6 a 8 horas depois do trauma = predomina o edema vasogênico (edema intersticial – líquido de dentro do vaso para fora do vaso) – manitol funciona bem. RESUMO 1. Oxigênio + acesso; 2. Bolus de furosemida + infusão contínua; 3. Analgesia + tranquilização; 4. PAS: 5. Se PAS estiver baixa, fazer fluidoterapia agressiva; 6. Associar com dobutamina; 7. Associar com dose baixa de noradrenalina; 8. Vasodilatador. Se tiver boa faz fluidoterapia de manutenção e entrar com vasodilatador Complicações que devem ser evitadas na injúria secundária: hipóxia e hipotensão – aumenta a chance de óbito; Trauma craniano normalmente vem associado a lesões em outros órgãos – maior chances de hipotensão; Exames mais importantes: PAS e oximetria; PPC (Pressão de Perfusão Cerebral) = quanto de oxigenio chega no cérebro e é representado pela fórmula (considerando PAM = pressão arterial média e PIC = pressão intracraniana): Trauma (injúria primária) Edema local e hemorragia
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