Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Raquel Bueno – 73 A Patologia Médica I Vasos sanguíneos (normalidade) • Paredes mais espessas: artérias (têm camada muscular mais proeminente) em função da PA mais alta e do fluxo pulsátil • Aterosclerose afeta principalmente as artérias elásticas e musculares • Hipertensão afeta artérias e arteríolas musculares pequenas • Camadas de um vaso: Íntima: única camada de células endoteliais repousando em uma membrana basal; separada da média pela lâmina elástica interna Média: principalmente muscular Adventícia: tecidos conjuntivos soltos, contendo fibras neurais e vasa vasorum; separada da média pela lâmina elástica externa • Vasa vasorum: “vasos do vaso” – nutrição da metade externa de vasos de grande calibre • Nutrição da metade interna dos vasos: difusão do sangue do lúmen • 3 tipos de artérias: Elásticas (grande calibre): aorta e seus grandes ramos (pulmonares, carótidas...) Musculares (médio calibre): coronárias, renais... Pequeno calibre e arteríolas • Obs.: as arteríolas são os principais pontos de resistência fisiológica ao fluxo sanguíneo • Capilares: têm um revestimento de células endoteliais, porém não têm camada média. Têm pericitos. Paredes finas e fluxo lento → trocas rápidas de substâncias difusíveis • Veias têm diâmetros maiores, luz maior e paredes mais finas e menos organizadas. Maior capacidade. • Veias estão sujeitas a dilatação e compressão, e também a infiltração neoplásica e processos inflamatórios. Arteriosclerose • Arteriosclerose = endurecimento das artérias; espessamento e perda da elasticidade • 3 padrões: Esclerose média de Monckeberg: calcificação das paredes das artérias musculares; não são clinicamente significativas, pois o lúmen não é atingido Depósito de cálcio na camada média Arteriolosclerose: afeta pequenas artérias e arteríolas; muito relacionada à hipertensão arterial; pode ocorrer hialinose ou hiperplasia muscular - Hiperplásica: hiperplasia das células da camada muscular (lesão em casca de cebola); - Hialina: em decorrência da lesão no endotélio vascular Aterosclerose Aterosclerose • É um tipo de arteriosclerose • Formação de placas ateromatosas na íntima vascular de artérias de médio e grande calibre → obstrução do lúmen • Placa ateromatosa = lesão elevada com centro mole e grumoso de lipídios (principalmente colesterol e ésteres de colesterol), coberta por uma capa fibrosa • Fatores de risco: genética, idade avançada, gênero, hiperlipidemia, hipertensão, tabagismo, diabetes, inflamação, hiper-homocistinemia, síndrome metabólica (obesidade + diabetes + hipertensão + dislipidemia), fatores que afetam a hemostasia... Morfologia: Estrias lipídicas (gordurosas): • Macroscopia: manchas ou pequenas elevações lineares, amareladas na íntima • Microscopia: células espumosas (histiócitos – xantomizadas) → macrófagos contendo lipídeos Placas ateromatosas (ateromas) • Espessamento da íntima com acúmulo progressivo de lipídeos • Macroscopia: lesões elevadas que fazem saliência na luz vascular, de tamanhos e formas variáveis, por vezes confluentes e de coloração branco-amarelada. • Lesões ateroscleróticas são focais • Os vasos mais amplamente envolvidos são: aorta abdominal inferior, artérias coronárias, artérias poplíteas, artérias carótidas internas e vasos do círculo de Willis • Microscopia: Capa fibrosa: colágeno e músculo liso Núcleo (centro necrótico): lipídeos, células espumosas, leucócitos e restos celulares Neovasos na periferia da lesão Placas/lesões complicadas • Calcificações • Ruptura → erosão ou ulceração • Hemorragia • Trombose Patogenia da aterosclerose • Resposta crônica inflamatória adaptativa do vaso à lesão endotelial 1. Lesão e disfunção endoteliais: aumento da permeabilidade vascular, adesão de leucócitos e trombose 2. Acúmulo de lipoproteínas (principalmente LDL) na parede do vaso 3. Adesão de monócitos ao endotélio; migração para a íntima; transformação para macrófagos e células espumosas 4. Adesão plaquetária 5. Fatores liberados por plaquetas, macrófagos e células da parede do vaso: recrutamento de células musculares lisas 6. Proliferação de células musculares lisas, produção de matriz extracelular e recrutamento de células T 7. Acúmulo de lipídeos • Placas estáveis (duras): menor chance de romper, pois predomina componente fibroso com pouco componente lipídico • Placas instáveis (mole): mais chance de romper e dar complicações, pois predomina componente lipídico, com pouco tecido conjuntivo Consequências da doença aterosclerótica 1. Estenose aterosclerótica • Expansão da placa com redução progressiva e acentuada da luz • Oclusão de 75%: eventos isquêmicos • Oclusão mesentérica e isquemia intestinal • IAM • Doença cardíaca isquêmica crônica • Encefalopatia isquêmica • Claudicação intermitente 2. Alteração aguda da placa • Ruptura/fissura, expondo os constituintes trombogênicos da placa • Erosão/ulceração, expondo ao sangue a membrana basal subendotelial trombogênica • Hemorragia no ateroma, expandindo seu volume 3. Vasoconstrição • Espasmo anormal e vigoroso (obstrução) • Redução de agentes vasodilatadores (NO e prostaciclina) • Aumento de vasoconstritores: tromboxano A2 4. Aneurisma • Dilatação arterial localizada • Redução da elasticidade e resistência da parede (pontos de fraqueza) Cardiopatia Isquêmica • Cardiopatia isquêmica (CI): grupo de síndromes que resultam da isquemia miocárdica = desequilíbrio entre a perfusão e a demanda cardíaca • Isquemia é geralmente menos tolerada que a hipóxia já que também reduz a remoção de resíduos metabólicos • 90% dos casos: isquemia miocárdica resultante de lesões ateroscleróticas obstrutivas nas artérias coronárias e epicárdicas; por isso a CI é frequentemente denominada doença arterial coronariana (DAC) • CI é frequentemente a manifestação tardia da aterosclerose coronariana • Desenvolvimento lento e progressivo • Sintomas surgem com obstruções superiores a 75% • Principais coronárias atingidas: CX: ramo circunflexo; irriga a parede lateral do VE DA: descendente anterior; irriga a parede anterior CD: coronária direita; irriga a parede posterior • Fatores de risco: predisposição genética, tabagismo, ansiedade, estresse, dieta, sedentarismo, síndrome metabólica • Causas de diminuição da oferta: aterosclerose coronariana com ou sem trombose, vasoespasmos, vasculites... • Causas de aumento da demanda: Sobrecarga aguda: ex.: atividade física, estresse Sobrecarga crônica: ex.: hipertrofia miocárdica • Quadros clínicos da CI: Angina pectoris Infarto do miocárdio Morte súbita Cardiopatia isquêmica crônica Angina Pectoris • Ataques paroxísticos e recorrentes de desconforto/dor precoridal • Isquemia de curta duração: 15 segundos a 15 minutos • Insuficiente para provocar necrose • Sem lesão morfológica • 3 formas: angina estável, angina instável e angina de Prinzmetal Estável (típica) Instável (crescente) Prinzmetal (de repouso) Mais comum Dor aos pequenos esforços ou repouso Ocorre no repouso, sem relação com esforço Sintomatologia surge por maior demanda cardíaca Duração prolongada (>10min) Resultante do espasmo coronariano Melhora com repouso e uso de vasodilatadores Advém da ruptura de placas c/ trombose parcial Responde rapidamente aos vasodilatadores Grave, mas transitória Geralmente antecede o IAM Infarto do Miocárdio (IAM) • Morte do músculo cardíaco devido à isquemia grave prolongada • Necrose isquêmica do tipo “coagulação” • Ocorre perda de contratilidade 2 minutos após aisquemia • 20-40 min depois da isquemia o dano é irreversível • Alterações morfológicas não surgem imediatamente Diagnóstico: • Clínico: Dor precordial em aperto/opressão/pontada Irradiação para MSE, cervical E, abdome Palidez, mal-estar Dispnéia Taquicardia • ECG: Supra de ST e onda Q patológica • Alterações bioquímicas: Marcadores de lesão miocárdica (CK- MB e Troponina) Padrões de IAM • Subendocárdico x Transmural Morfologia do IAM • “Morreu, limpou, cicatrizou” Tratamento do IAM • Trombolíticos; angioplastia; cirúrgico • Reperfusão não é sempre benéfica!! Tempo limite de 3 horas • Miocárdio atordoado: há perfusão em tempo hábil para impedir a necrose, mas o miocárdio demora a retornar ao seu estado bioquímico e funcional normal → disfunção ventricular pós- isquemia prolongada • Lesão de reperfusão: reperfusão após a necrose já ter se estabelecido torna o infarto hemorrágico Complicações do IAM • Insuficiência cardíaca • Choque cardiogênico • Edema pulmonar • Aneurisma cardíaco • Ruptura do miocárdio (tamponamento cardíaco; CIV) • Insuficiência valvar aguda • Fenômenos tromboembólicos • Arritmias cardíacas Cardiopatia Isquêmica Crônica • Insuficiência cardíaca congestiva progressiva, em decorrência do dano acumulado ao miocárdio com alterações isquêmicas • Geralmente por IAMs prévios • Corresponde a uma exaustão da hipertrofia do miocárdio viável • Morfologia: cardiomegalia com hipertrofia e dilatação do VE; áreas de fibrose Morte Súbita Cardíaca (MSC) • O evento decisivo é, geralmente, uma arritmia fatal (FV) • Óbito ocorre em minutos ou até 24 horas após o evento isquêmico Referências: Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças - 9ª edição – Elsevier Site Anatpat – Unicamp (http://anatpat.unicamp.br/pecasdc.html) Aulas de patologia médica I da FCMMG
Compartilhar