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1 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia Patologia HIPERTENSÃO HIPERTENSÃO ARTERIAL 25% da população em geral apresenta hipertensão. Herança genética multifatorial caracterizada pelo aumento da pressão arterial: determinantes genéticos e ambientais. HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA Causas: Renais, endócrinas, cardiovasculares e neurológicas DOENÇA VASCULAR HIPERTENSIVA Problema de saúde pública – assintomática até fases mais tardias. Fator de risco: doença coronariana, acidente vascular cerebral, hipertrofia cardíaca. Pressão Arterial = Débito cardíaco (DC) X resistência vascular periférica (RVP). Fatores: idade, IMC, dieta (Na). HIPERTENSÃO Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona Angiotensina II: Aumenta a resistência vascular periférica e aumenta a volemia (aldosterona). Rins: Secretam prostaglandinas, potentes vasodilatadores. SISTEMA NERVOSO AU TÔNOMO: TÔNU S VASCULAR Aumento da pressão arterial provoca distensão na parede arterial, estimulando barorreceptores que, por meio de reflexo (centro vagal no bulbo), ativam o nervo vago, inibindo a atividade simpática. Em idosos, a perda de elasticidade da parede arterial compromete esse sistema. ÁTRIOS (EM ALGUNS CASOS TB M O MIOCÁRDIO VENTRICULAR) Síntese e liberação de fatores natriuréticos, que induzem diurese e vasodilatação. VASOS Endotélio libera endotelinas (potentes vasoconstrictores), prostaciclina e NO (vasodilatadores). FEOCROMOCITOMA • Tumores raros que se desenvolvem na região medular das glândulas suprarrenais. • Composto de células cromafínicas, que sintetizam e liberam catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e em alguns casos hormônios peptídicos; • Importante porque dão origem a formas de hipertensão corrigíveis cirurgicamente. • A hipertensão pode ser fatal se o tumor não for identificado. • Regra de 10: ➢ 10% estão ligados a uma síndrome familiar. ➢ 10% estão localizados fora das suprarrenais. ➢ 10% não familiares são bilaterais. ➢ 10% dos feocromocitomas suprarrenais são biologicamente malignos. ➢ 10% aparecem na infância. • A principal manifestação clínica dos feocromocitomas é hipertensão arterial sistêmica. • O paciente pode ser normotenso com picos hipertensivos, apresentar hipertensão em níveis estáveis, ou ser hipertenso com picos hipertensivos superajuntados. • Prognóstico: na grande maioria, os feocromocitomas são benignos e só é possível falar em malignidade se ocorrerem metástases (cerca de 10% dos casos). • A variação na forma e tamanho das células, bem como hipercromatismo ou mitoses (estes últimos ausentes aqui) não significam que o tumor será agressivo (lembrar que, em tumores endócrinos, é muito difícil predizer o comportamento biológico a partir do aspecto morfológico). • Lesões pequenas e circunscritas confinadas a suprarrenal ou massas hemorrágicas pesando quilos. • Padrão lobular: lesões maiores tendem a ser hemorrágicas, necróticas e císticas. 2 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia • A incubação do tecido fresco em uma solução de dicromato de potássio muda a cor do tumor para marrom escuro devido a oxidação das catecolaminas. Daí o termo cromafim. MORFOL OGIA (MICROSCOPIA) ➢ Bastante variável. Composto por células cromafins ou células principais; ➢ Formato varia de poligonal a fusiforme. ➢ Aglomeradas com as células de sustentação, formando pequenos ninhos ou alvéolos (zelballen, bolas de células em alemão). ➢ Com uma rede vascular muito rica. ➢ Mais raramente, a célula predominante é fusiforme ou pequena. ➢ Citoplasma granular ➢ Núcleos redondos e ovais, cromatina tem um padrão pontilhado (característica “sal e pimenta”) PATOL OGIA VASCULAR Acelera a aterogênese (provoca alterações degenerativas nas paredes das artérias de grande e médio calibre); Associada com duas doenças de vasos de pequeno calibre: arteriolosclerose hialina e arterioloesclerose hiperplásica. ARTERIOLOSCLEROSE HIALINA • As arteríolas possuem somente uma ou duas camadas de células musculares, e por isso não se adaptam ao aumento da PA como as artérias. No início da hipertensão, as células endoteliais reforçam seu citoesqueleto e criam mais desmossomos, porém estes são, muitas vezes, defeituosos, sendo fácil a penetração de componentes do plasma, como fibrinogênio, na parede do vaso. • Pode ocorrer necrose de células durante o processo, enfraquecendo a parede do vaso. Isso inicia um processo de reparo, com proliferação de fibroblastos (colágeno). • Em casos mais graves, também há aumento na síntese de proteoglicanos na parede dos vasos. • Mais comum nos rins, podendo ocorrer em qualquer parte do corpo. • Deposição de substância hialina, lipídeos e material fibrinóide entre o endotélio e a média, causando espessamento intimal e redução da luz. Mais grave em pacientes diabéticos. • Espessamento róseo e hialino das paredes das arteríolas. • Perda do detalhe estrutural subadjacente. • Estreitamento do lúmen. ARTERIOLOSCLEROSE HIPERPLÁSICA • Principalmente em indivíduos com quadro de hipertensão grave (maligna). • Hiperplasia de células musculares, com espessamento e reduplicação da membrana basal. • Espessamento laminado concêntrico das paredes das arteríolas, tipo casca de cebola. • Estreitamento progressivo do lúmen. ARTERIOLOSCLEROSE NECROSANTE • Predominante nos indivíduos com quadro de hipertensão maligna (acima de 230/130mmHg). • Necrose de células musculares (fibrinóide). • Deposição de fibrina. • Formação de trombos. DISSECÇÃO DA AORTA • Ocorre quando o sangue separa em leque os planos laminares da média, formando canais cheios de sangue dentro da parede aórtica. • Pode ocorrer ruptura e hemorragia. • Relação direta com hipertensão e anormalidades do tecido conjuntivo (fragilidade da MEC vascular). • A aorta de pacientes hipertensos apresenta alterações degenerativas da média e perda variável de células musculares lisas, o que sugere que ocorra lesão mecânica relacionada com a pressão elevada. • Vasa vasorum: pequenas arteríolas que se originam fora do vaso, e nutrem a parte externa da média de vasos grandes, como a aorta. • Em indivíduos hipertensos, ocorre hipertrofia da média dos vasa vasorum, o que causa lesão isquêmica e fragilidade do vaso, favorecendo a formação de aneurismas e dissecção. CLASSIFICAÇÃO • Tipo A: mais comuns e mais perigosas, são proximais, envolvendo apenas a aorta ascendente ou ambas, ascendente e descendente. • Tipo B: Lesões distais que não envolvem a parte ascendente e geralmente começam distal à artéria subclávia. 3 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia MORFOL OGIA • Degeneração cística da média (formação cística na área comprometida). • Normalmente sem inflamação. • Lacerações na íntima. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL Parte do cérebro é privado de oxigênio e nutrientes → morte celular. A tensão arterial elevada pode causar a formação de coágulos nas artérias que conduzem sangue ao seu cérebro, bloqueando o fluxo de sangue e potencialmente causar um acidente vascular cerebral (AVC). A pressão arterial elevada também pode provocar um aneurisma – uma protuberância na parede dos vasos sanguíneos que pode romper, provocando um derrame potencialmente fatal no cérebro. 4 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONG ESTIVA O coração é incapaz de bombear sangue a uma taxa suficiente para atender às demandas metabólicas dos tecidos. Processo lento é o desfecho da maior parte das doenças cardíacascrônicas (sobrecarga, isquemia), embora possa ocorrer como consequência de processos agudos (infarto maciço) TIPOS E TERMINOL OGIA Disfunção sistólica: o coração não pode gerar força suficiente para bombear sangue. Função contrátil inadequada do miocárdio. Ex: cardiopatia isquêmica, hipertensão. Disfunção diastólica: o coração não pode dilatar-se adequadamente para encher com sangue. Ex: hipertrofia maciça do ventrículo esquerdo, na fibrose do miocárdio, na deposição de amiloide e na pericardite constritiva. Insuficiência cardíaca do lado esquerdo: ICC devido a uma condição que envolve ou afeta o lado esquerdo do coração. Insuficiência cardíaca do lado direito: ICC devido a uma condição que afeta todo ou afeta o lado direito do coração. A causa mais comum de insuficiência cardíaca direita é insuficiência cardíaca esquerda. Outras causas de insuficiência cardíaca direita: Doença pulmonar (por exemplo, doenças pulmonares obstrutivas e restritivas; hipertensão pulmonar). Falha de alta saída: não devido a um problema intrínseco ao coração. O coração pode bombear uma quantidade adequada de sangue em circunstâncias normais, mas algum processo extrínseco ao coração impõe exigências adicionais. As causas incluem anemia, hipertireoidismo, malformação arteriovenosa e deficiência de tiamina (beribéri úmido). Falha de baixo débito: o coração simplesmente não pode bombear uma quantidade suficiente de sangue. Insuficiência aguda ou crônica: depende da rapidez do desenvolvimento dos sintomas. O sistema cardiovascular tenta compensar a redução da contratilidade miocárdica ou o aumento da carga hemodinâmica utilizando vários mecanismos homeostáticos: MECANISMOS HOMEOSTÁTICOS MECANISMOS DE FRANK-STARLING (CURTO PRAZO) Contudo, a dilatação ventricular ocorre à custa de aumento na tensão das paredes e intensifica as necessidades de oxigênio de um miocárdio já comprometido. Com o tempo, o músculo em falência não consegue mais impelir sangue suficiente para satisfazer as necessidades do corpo, e o paciente desenvolve insuficiência cardíaca descompensada. ATIVAÇÃO DOS SISTEMAS NEURO-HUMORAIS (CURTO PRAZO) A liberação do neurotransmissor norepinefrina pelo sistema nervoso autônomo eleva a frequência cardíaca e aumenta a contratilidade do miocárdio e a resistência vascular. A liberação do peptídio natriurético atrial equilibra o sistema renina-angiotensina-aldosterona por meio da diurese e do relaxamento do músculo liso vascular. A ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona estimula a retenção de sal e água (o que aumenta o volume circulatório) e eleva o tônus vascular. O débito cardíaco inadequado na insuficiência cardíaca congestiva causa diminuição da filtração glomerular e aumento da secreção de renina. Este último ativa a angiotensina, induzindo a liberação de aldosterona, subsequente reabsorção de sódio e retenção de líquidos. O fluxo sanguíneo hepático reduzido prejudica o catabolismo da aldosterona, aumentando ainda mais sua concentração no sangue. Como mecanismo compensatório, o aumento do volume de líquidos preserva uma pressão intracardíaca adequada. Alterações na estrutura do miocárdio, que incluem o aumento da massa muscular (longo prazo). - Os miócitos cardíacos não são capazes de proliferar, mas conseguem se adaptar a um aumento da carga de trabalho reunindo número maior de sarcômeros - uma alteração que é acompanhada pelo aumento de tamanho dos miócitos (hipertrofia). Alterações na estrutura do miocárdio, que incluem o aumento da massa muscular. 5 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia Sobrecarga de pressão: novos sarcômeros tendem a ser adicionados em paralelo ao eixo maior dos miócitos, adjacentes aos sarcômeros preexistentes. Sobrecarga de volume: os novos sarcômeros são adicionados em série aos sarcômeros preexistentes, de modo que o comprimento das fibras musculares aumenta. Após uma longa parada cardíaca, esses mecanismos compensatórios falham e, nesse caso, a retenção renal de sódio torna-se novamente importante. A expansão posterior do volume plasmático aumenta a pressão venosa pulmonar e sistêmica, aumentando a pressão hidrostática nos respectivos leitos capilares. O aumento da pressão capilar, juntamente com a diminuição da pressão oncótica do plasma, resulta no edema da insuficiência cardíaca congestiva Se a hipoperfusão do rim se tornar suficientemente severa, a excreção diminuída de produtos nitrogenados pode causar azotemia (chamada azotemia pré-renal devido à sua origem vascular). Na ICC muito avançada, a hipoperfusão cerebral pode dar origem a encefalopatia hipóxica, com irritabilidade, perda de atenção e inquietação, que podem progredir para estupor e coma com lesão cerebral isquêmica. INSU FICIÊN CIA CARDÍACA ESQU ERDA As causas mais comuns da insuficiência cardíaca esquerda são a cardiopatia isquêmica (CI), a hipertensão sistêmica, a doença da valva da aorta ou da valva atrioventricular esquerda (mitral) e as doenças primárias do miocárdio (p. ex., amiloidose). Os efeitos morfológicos e clínicos da ICC esquerda provêm da diminuição da perfusão sistêmica e da elevação das pressões de retorno dentro da circulação pulmonar. CAU SAS DA INSU FICIÊNCIA VENTRICULAR ESQUERDA INSU FICIÊNCIA SISTÓLICA Definida por fração de ejeção insuficiente (falha na bomba) e pode ser causada por qualquer um dos muitos distúrbios que danificam ou desorganizam a função contrátil do ventrículo esquerdo. INSU FICIÊNCIA DIASTÓL ICA O ventrículo esquerdo está anormalmente rígido e não pode relaxar durante a diástole. O coração é incapaz de aumentar o seu débito em resposta a aumentos nas exigências metabólicas dos tecidos periféricos (por exemplo, durante o exercício). Como o ventrículo esquerdo não pode se expandir normalmente, qualquer aumento na pressão de enchimento é imediatamente transferido de volta para a circulação pulmonar, produzindo edema pulmonar de início rápido (edema pulmonar de flash). A hipertensão é a etiologia subjacente mais comum; diabetes mellitus, obesidade e estenose da artéria renal bilateral também podem contribuir. SINTOMAS Falta de ar, ortopnéia, dispnéia paroxística noturna - aumento nas pressões capilares pulmonares como consequência de pressões ventriculares e atriais esquerdas elevadas. Aumento da pressão capilar pulmonar em relação á pressão oncótica no plasma → fluido se move para o interstício pulmonar → Edema. O edema provavelmente estimula os receptores J justapacilares, o que, por sua vez, causa a respiração superficial e rápida reflexa. O edema das paredes brônquicas pode levar a uma pequena obstrução das vias aéreas e produzir sibilos ("asma cardíaca"). Ortopnéia (falta de ar em decúbito): devido à redução do acúmulo de sangue nas extremidades e abdômen. Dispneia paroxística noturna: devido ao reduzido suporte adrenérgico da função ventricular que ocorre com o sono, ao aumento do retorno sanguíneo. Fadiga, confusão - devido à incapacidade do coração de fornecer quantidades adequadas de sangue aos músculos esqueléticos. Confusão pode surgir em insuficiência cardíaca avançada por causa da má perfusão do cérebro. Noctúria - redução da perfusão renal durante o dia, enquanto o paciente está em pé, o que normaliza apenas à noite, enquanto o paciente está em decúbito dorsal, com consequente diurese. 6 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia Dor torácica - Se a causa da falha for doença arterial coronariana (DAC), os pacientes podem apresentar dor precordial secundária à isquemia (angina pectoris). MORFOL OGIA CORAÇÃO Infartos do miocárdioVálvulas estenóticas ou regurgitantes → Ventrículo esquerdo hipertrófico e frequentemente dilatado. Dilatação secundária do átrio esquerdo. Formação de trombos. Alterações microscópicas: Hipertrofia de miócitos e Fibrose Intersticial. PUL MÃO Pulmões pesados e úmidos Edema perivascular e intersticial, particularmente nos septos interlobulares. Alargamento edematoso progressivo septos alveolares. Acúmulo de fluido edema nos espaços alveolares. Derrames pleurais. Alterações microscópicas: Macrófagos contendo hemossiderina (células de insuficiência cardíaca) INSU FICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA Geralmente é a consequência da insuficiência cardíaca esquerda, visto que qualquer aumento de pressão na circulação pulmonar produz inevitavelmente aumento da carga do lado direito do coração. A insuficiência cardíaca direita isolada também pode ocorrer em algumas doenças. A mais comum é a hipertensão pulmonar grave (cor pulmonale) No cor pulmonale, a hipertrofia e a dilatação do miocárdio geralmente estão confinadas ao átrio e ventrículo direitos, embora a projeção do septo ventricular para a esquerda possa causar uma disfunção do ventrículo esquerdo. CAU SAS DA INSU FICIÊNCIA VENTRICULAR DIREITA Cor pulmonale Resultado da sobrecarga de pressão do ventrículo direito. Pode ser agudo ou crônico - Agudo: após embolia pulmonar maciça. - Crônico: resultado de hipertrofia e dilatação do ventrículo direito secundária a uma sobrecarga de pressão prolongada (doenças pulmonares crônicas). CARDIOPATIA HIPERTENSIVA PULMONAR MORFOL OGIA Agudo: dilatação importante do ventrículo direito, sem hipertrofia. O ventrículo fica com formato ovóide dilatado, parede flácida e contratilidade reduzida. Crônico: espessamento da parede do ventrículo direito devido à hipertrofia, que pode chegar a comprimir o ventrículo esquerdo, ou levar à regurgitação e espessamento fibroso da tricúspide. A gordura transmural vista no coração normal pode desaparecer, e as fibras, normalmente difusas, podem se tornar circunferenciais. SINTOMAS Falta de ar Edema pulmonar em casos de ICE Manifestação de doença pulmonar (embolia, DPOC) Comprometimento da movimentação do diafragma (ascite) Pressão venosa jugular elevada Indicação de que a pré-carga do ventrículo é adequada, mas a função ventricular está diminuída e o líquido está se acumulando no sistema venoso. Anasarca, ascites, edema de extremidades Acúmulo de líquido na circulação venosa sistêmica. Refluxo hepatojugular Pressionar o fígado por 5 segundos pode levar ao deslocamento de sangue para a veia cava; quando o ventrículo direito não pode acomodar esse volume adicional, observa-se um aumento na pressão venosa jugular. Dor abdominal A expansão do fígado a partir do acúmulo de líquido pode causar distensão da cápsula do fígado acompanhada de dor abdominal no quadrante superior direito. MORFOL OGIA Coração Hipertrofia e dilatação de átrio e ventrículo direitos Pleura, pericárdio e peritônio Efusões 7 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia Atelectasia pulmonar (compressão) Tecidos subcutâneos Edema Fígado e sistema porta Hepatomegalia congestiva (fígado em noz-moscada) Necrose centrolobular Fibrose central, podendo evoluir para cirrose Hipertensão venosa portal pode causar esplenomegalia congestiva e congestão das paredes do intestino. DILATAÇÃO MIOCÁRDICA • Caracterizada por: Dilatação cardíaca progressiva Disfunção contrátil (sistólica) • Predisposição genética (proteínas do citoesqueleto dos miócitos) • Miocardite (infecções virais) • Intoxicação (quimioterapia, álcool) • Gestação • Sinais lentamente progressivos de insuficiência cardíaca Fôlego curto Cansaço Fadiga aos esforços • Regurgitação mitral secundária • Ritmo cardíaco anormal • Embolia HIPERTROFIA MIOCÁRDICA • Hipertrofia do miocárdio • Enchimento diastólico anormal • Obstrução intermitente ao fluxo de saída do ventrículo (menos comum) • Mutações dos genes que codificam proteínas do sarcômero • Coração pesado • Hipercontrátil • Disfunção diastólica • Limitação do débito cardíaco • Aumento secundário da pressão venosa pulmonar (dispnéia) • Sopro sistólico de ejeção (obstrução da saída pelo folheto mitral) • Isquemia focal • Fibrilação atrial • Tromboembolismo • Insuficiência cardíaca • Arritmias Redução de tamanho e a complacência do ventrículo esquerdo → Enchimento diastólica deficiente → Redução do volume sistólica. Dilatação: Contratilidade deficiente. Disfunção sistólica. Hipertrofia: Complacência deficiente. Disfunção diastólica. 8 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA Homem, 64 anos. Dor precordial aos esforços há alguns meses, que se irradia para membro superior esquerdo e para o dorso, intensa, constritiva, precipitada por esforços físicos, tendo que parar o que estiver fazendo para alívio; a dor dura cerca de 10 minutos e passa. A cada dia, a dor surge com menor esforço: antes, conseguia subir os dois lances de escada de seu apartamento; agora, no meio do primeiro lance, tem que parar por causa da dor. História pregressa de hipertensão e dislipidemia. Foi tabagista durante 40 anos (10 cigarros/dia), tendo parado há 5 anos. ENDOTÉL IO Revestimento contínuo de todo o sistema cardiovascular. Sua integridade estrutural e funcional é fundamental para a manutenção da homeostase nas paredes dos vasos e para a função circulatória normal. CARACTERÍSTICAS DO ENDOTÉL IO VASCUL AR Tecido versátil e multifuncional. Controle de transferência de moléculas pequenas e grandes através da parede vascular. Papel importante na manutenção da interface sangue- tecido não trombogênica. Modulação do fluxo sanguíneo. Resistência vascular. Variabilidade fenotípica conforme região O endotélio é uma barreira física entre os espaços extravascular e intravascular, e é um mediador importante da distribuição do fluido, a hemostasia, inflamação. Células endoteliais estruturalmente intactas podem responder a estímulos fisiopatológicos ajustando suas funções habituais (constitutivas) e expressando novas propriedades adquiridas (induzidas) → ATIVAÇÃO ENDOTELIAL. Indutores de ativação endotelial: Citocinas, produtos bacterianos (provocam inflamação e choque séptico), estresse hemodinâmico e produtos lipídicos. Células endoteliais ativadas: Expressam molécula de adesão, produzem citocinas, fatores de crescimento, moléculas vasoativas (vasoconstricção ou vasodilatação), pro- coagulantes e anticoagulante. DISFU NÇÃO E NDOTELIAL Caracteriza-se por um fenótipo alterado que prejudica a vasorreatividade, induz uma superfície trombogênica ou é anormalmente aderente a células inflamatórias. É responsável, em parte, pelo início da formação do trombo, aterosclerose e lesões vasculares da hipertensão ou outros transtornos. O tabagismo acelera e agrava a aterosclerose e aumenta o risco de doenças arteriais coronárias. A nicotina estimula as lesões no endotélio arterial e promove a aterogênese. DISFU NÇÃO ENDOTELIAL E TABAGISMO Radicais livres e compostos aromáticos diminuem a síntese de óxido nítrico no endotélio, prejudicando o relaxamento dependente do endotélio nas artérias, sinal precoce da disfunção endotelial. A nicotina diminui a produção do óxido nítrico, importante na desagregação e dispersão das plaquetas, facilitando a formação de trombos. Nas doses usadas pelos fumantes, a nicotina é tóxica e um importante fator, ao lado da angiogênese,de danos como disfunção vascular e da aterosclerose. Em suma, as placas de ateroma progridem pela ação da nicotina que provoca neovascularização, somada a vários outros fatores que desenvolvem aterosclerose. ATEROSCLERO SE Lesões nas íntimas chamadas ateromas, que fazem protrusões na luz dos vasos. Placa ateromatosa: lesão elevada, com centro mole, amarelo e grumoso de lipídios, coberta por uma cápsula fibras. 9 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia Componentes: Células, incluindo células musculares lisas, macrófagos e células T. MEC, incluindo colágeno, fibras elásticas, e proteoglicanos. Lipídios intracelulares e extracelulares ATEROMATOSE PATOG ENIA Resposta inflamatória e de resolução crônica da parede do vaso à lesão endotelial - Lesão endotelial (desequilíbrios hemodinâmicos, lipídios, inflamação, infecções). - Adesão de monócitos ao endotélio. - Adesão plaquetária. - Liberação de fatores. - Proliferação de células musculares lisas e matriz extracelular. - Acúmulo de lipídios (intra e extracelular). MORFOL OGIA – ESTRIAS GORDUROSAS - Macrófagos espumosos cheios de lipídios. - Não causam perturbação no fluxo de sangue. - Relação de estrias gordurosas para placas ateroscleróticas é incerta, embora possam evoluir em precursores de placas, nem todas as estrias gordurosas são destinadas a tornar-se lesões ateroscleróticas avançadas. MACROSCOPIA Invadem a luz da artéria e macroscopicamente são branco amareladas; trombose sobreposta sobre a superfície de placas ulceradas é vermelha amarronzada. As placas variam de 0,3 a 1,5 cm de diâmetro, mas podem coalescer para formar massas maiores. Em seção transversal, as lesões parecem excêntricas. Perturbações de fluxo locais, tais como turbulência em pontos de ramificação, faz com que certas partes da parede de um vaso sejam mais susceptíveis à formação de placas. Embora focais e esparsamente distribuídas no início, lesões ateroscleróticas tornam-se mais numerosas e mais difusas com o tempo. Podem sofrer calcificação. MICROSCOPIA Cápsula fibrosa superficial composta por células musculares lisas e colágeno relativamente denso. Abaixo, uma área mais celular contendo macrófagos, células T e células musculares lisas. Profundamente, núcleo de necrose, contendo lipídios (principalmente colesterol e ésteres de colesterol), restos de células mortas, macrófagos espumosos, fibrina, trombos variáveis organizados, e outras proteínas plasmáticas. Colesterol presente na forma de agregados cristalinos (fendas vazias). Na periferia das lesões, há geralmente neovascularização (proliferação de pequenos vasos sanguíneos). PLACAS ATEROSCL ERÓTICAS SÃO SU SCETÍVEIS ÀS SEGU INTES AL TERAÇÕES PATOLÓGICAS COM SIG NIFICADO CL ÍNICO: Ruptura, ulceração, ou erosão da superfície luminal de placas de ateroma expõe a corrente sanguínea para substâncias altamente trombogênicas e induz a formação de trombos. Hemorragia em placa: ruptura dos vasos da neovascularização. Hematoma intraplaca pode aumentar o volume ou levar à ruptura. Embolia. Aneurisma: enfraquecimento de tecido adjacente. 10 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia CARDIOPATIA ISQUÊMICA DESIGNAÇÃO G ENÉRICA DE UM GRU PO DE SÍNDROMES RELACIONADAS RESULTANTES DE ISQUEMIA MIOCÁRDICA. Aumento da demanda (Ex: aumento da frequência cardíaca ou hipertensão). Capacidade de transporte de oxigênio diminuída (Ex: anemia, envenenamento por monóxido de carbono) Doença aterosclerótica obstrutiva. FATORES Idade: meia idade e pessoas idosas Gênero: homens e mulheres após a menopausa. Genética: histórico familiar. AS MA NI FES T AÇÕ ES CL Í NI CAS DA DIC S ÃO U MA CO NS EQ U ÊNCI A DI R E T A DO FO R NE CI M ENT O I NS U FI CI E NT E DE S A NG U E P AR A O CO R AÇÃO . Angina (literalmente dor no peito): isquemia provoca dor, mas é insuficiente para provocar necrose do miocárdio. Infarto agudo do miocárdio (IAM): a gravidade ou duração da isquemia é suficiente para fazer com que o músculo cardíaco morra. CI crônica: descompensação cardíaca progressiva (insuficiência cardíaca), após infarto. Morte súbita pode resultar de uma arritmia letal após isquemia do miocárdio. INFARTO DO MIOCÁRDIO Também conhecido como “ataque cardíaco”, é a morte do músculo cardíaco como resultado de uma isquemia grave e prolongada. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequente com o aumento da idade e hábitos que levam a uma predisposição para aterosclerose. CAU SAS - Perfusão coronária insuficiente em relação à demanda do miocárdio. - Trombose - Vasoespasmo - Aterosclerose Lesão obstruindo 70% a 75 % ou mais de um vaso de lume crítico geralmente provoca isquemia sintomática (angina de peito), apenas no contexto do aumento da procura. Estenose de 90% pode levar a um fluxo sanguíneo coronariano inadequado mesmo em repouso. A oclusão arterial coronária aterosclerótica lenta pode ser capaz de estimular o fluxo de sangue colateral, e tal perfusão colateral pode proteger contra infarto mesmo em uma oclusão vascular completa. Oclusões coronárias agudas não recrutam fluxo colateral e resultam em infarto. Ocorre uma alteração na morfologia da placa ateromatosa, o que leva a uma exposição do conteúdo necrótico da placa, iniciando o processo de adesão, agregação e ativação de plaquetas. Isso leva à formação de microtrombo. Ocorre vasoespasmo em resposta aos mediadores químicos liberados pelas plaquetas ativadas. Ocorre ativação da cascata de coagulação, o que aumenta o trombo, que evolui e oclui completamente o lúmen do vaso. Além desses mecanismos, o IM também pode ser causado por vasospasmo (ativação de plaquetas, uso de cocaína), embolia, vasculites, falcemia, amiloidose. RESPOSTA DO MIOCÁRDIO À ISQUEMIA Interrupção do metabolismo aeróbico em segundos, levando à produção de fosfatos e acúmulo de produtos potencialmente nocivos (Ex: ácido lático). A isquemia leva à perda de contratilidade (1 minuto), o que pode (a depender do grau de isquemia) levar à uma insuficiência cardíaca aguda antes mesmo da morte celular. A morte celular não é imediata, e as alterações iniciais (relaxamento miofibrilar, tumefação celular) podem ser reversíveis. Apenas a isquemia intensa (20 a 30 minutos) leva a dano irreversível e necrose de miocardiócitos, bem como lesão da microvasculatura. Dano miocárdico permanente ocorre com isquemia grave após 2 a 4 horas, o que dá a chance de intervenção se o diagnóstico for imediato. Progressão da necrose (coagulativa) - Mais grave e mais rápida no subendocárdio, e vai avançando pelo músculo. - A necrose se completa em torno de 6 horas após o início da isquemia grave, podendo ser mais lenta quanto maior a circulação colateral. AS CARACTERÍSTICAS DE LOCAL IZ AÇÃO, TAMANHO E MORFOL OGIA DEPENDEM : - Local, intensidade e taxa de desenvolvimento da obstrução. - Tamanho do leito vascular irrigado pelos vasos afetados. - Duração da obstrução. - Vasos colaterais. - Frequência cardíaca, oxigenação do sangue. 11 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia INFARTO TRANSMU RAL - Necrose isquêmica envolvendo toda ou quase toda a espessura da parte da parede ventricular irrigada por uma única artéria coronária. - Geralmente associado com arteriosclerose coronariana, alteração aguda da placa ateromatosa, trombose. - Quase sempre envolve o ventrículo esquerdo, e uma borda estreita (0,1mm) é preservada pela difusão de oxigênio e nutrientes do lúmen ventricular. INFARTO SUBENDOCÁRDICO (NÃO TRANSMURAL) - Necrose isquêmica limitada ao terço interior ou no máximo a metade da parede ventricular.- Zona subendocárdica é a região com menor irrigação, por isso muito vulnerável a redução do fluxo coronariano; - Resultado da ruptura de uma placa seguida da formação de um trombo. - Resultado da redução prolongada e intensa da pressão arterial sistêmica. MORFOL OGIA - As fibras do miocárdio necróticas caracterizam-se por ausência de núcleos. Interstício edema e células inflamatórias, constituídas por neutrófilos e macrófagos. Ambos são responsáveis pela fagocitose das fibras necróticas. Os neutrófilos têm núcleo polilobado e citoplasma róseo pálido. - A necrose pode ser classificada como coagulativa por que as fibras necróticas permanecem no local por vários dias até serem eliminadas. Infarto anêmico envolvendo o músculo papilar (cor mais pálida). Externamente a este há uma área mais escura, de hiperemia reativa ao infarto. Isto ocorre porque a área necrótica funciona como estímulo inflamatório, causando vasodilatação nos tecidos vizinhos. Uma consequência benéfica é que isto facilita a chegada de células fagocitárias, que participam na eliminação do produto necrótico. CONSEQUÊNCIAS DO IM A propensão para um determinado tipo de complicação e o prognóstico dependem de fatores como: - Tamanho da área lesada - Espessura do infarto Infartos transmurais: choque cardiogênico, arritmias, ICC, ruptura, expansão, trombos murais, aneurisma. Infartos subendocárdicos: raramente pericardite, ruptura e formação de aneurismas. Áreas adjacentes ao infarto sofrem hipertrofia e dilatação (remodelamento ventricular). Formação de cicatriz e hipertrofia: comprometimento da função. DISFU NÇÃO CONTRÁTIL - Alterações da função do ventrículo esquerdo, proporcionais ao tamanha da isquemia. - Normalmente ocorre insuficiência ventricular esquerda, que causa hipotensão, congestão vascular pulmonar (pode evoluir para edema). - Choque cardiogênico: insuficiência intensa na função de bombeamento. Ocorre em 10% a 15%, geralmente em infartos grandes (+ de 40% do ventrículo esquerdo). Arritmia - Irritabilidade miocárdica (instabilidade elétrica) ou distúrbios de condução. - Bradicardia sinusal, assístole, taquicardia, contrações prematuras do ventrículo, fibrilação ventricular. Ruptura - Enfraquecimento mecânico da parede. - Ruptura da parede ventricular causa hemopericárdio e tamponamento cardíaco. Mais comum entre 3 a 7 dias após o infarto, após a reação inflamatória, com lise do tecido necrosado (perda do tecido conjuntivo). Mais comum em idosos, mulheres e pessoas com histórico de hipertensão. - Em pessoas com IM anteriores, é menos comum, pela fibrose pré-existente. - Ruptura do septo ventricular causa um shunt. - Ruptura dos músculos papilares causa regurgitação mitral aguda. Pericardite - Fibrinosa ou fibrino-hemorrágica - 2 ou 3 dias após o IM - Resultado da inflamação do miocárdio Infarto do ventrículo direito - Em casos de isquemia do ventrículo esquerdo posterior e do septo. - Pode causar insuficiência cardíaca aguda direita e hipotensão sistêmica. Extensão e expansão da área lesada - Extensão: necrose posterior na área adjacente à afetada no IM. - Expansão: enfraquecimento do músculo necrosado, que pode sofrer estiramento, adelgaçamento, dilatação. Trombo mural - Anormalidade na capacidade de contração do miocárdio (estase). - Dano ao endocárdio (cascata de coagulação). - Pode causar tromboembolismo. Aneurisma ventricular - Complicação tardia. - Limitados pelo miocárdio cicatrizado, que, por ser delgado, se projeta durante a sístole. - Pode desencadear a formação de trombos, arritmia, IC. - Não sofre ruptura – aumento da resistência pela fibrose. 12 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia Disfunção dos músculos papilares - Regurgitação mitral – disfunção isquêmica de um músculo papilar. - Fibrose, com encurtamento dos músculos papilares. ASPECTO DO MIOCÁRDIO APÓS INFARTO Em casos de recuperação, o miocárdio passa por processo de cicatrização. Além das diversas complicações, o coração que sobrevive a um infarto pode apresentar alterações na forma, em decorrência da necrose do miocárdio e fibrose. O que faltou em alguma parte do arquivo: - A primeira mudança histológica vista é a necrose dos feixes. As fibras miocárdicas estão começando a perder estrias transversais e os núcleos não são claramente visíveis na maioria das células. - Infarto recente do miocárdio, com extensa hemorragia juntamente com necrose das fibras miocárdicas, com perda de núcleos. - Infarto do miocárdio é de cerca de 3-4 dias. Há um extenso infiltrado inflamatório agudo e fibras miocárdicas são tão necróticas que os contornos são pouco visíveis. - Infarto do miocárdio de 1 a 2 semanas de idade. Restam fibras miocárdicas normais no topo. Abaixo dessas fibras estão muitos macrófagos, juntamente com numerosos capilares e pouca colagenização. 13 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia FIBROSE CÍSTICA • Distúrbio no transporte de íons nas células epiteliais secreção de fluidos das glândulas exócrinas e do revestimento epitelial dos tratos respiratório, gastrointestinal e reprodutivo • Doença genética letal mais comum em indivíduos brancos • Autossômica recessiva • Gene associado à fibrose cística CFTR (gene regulador de condução transmembrana) • Proteína componente dos canais de cloreto epiteliais Atua em outros canais de íons e processos celulares: • Canal de potássio internamente retificado (Kir6.1) • Canais epiteliais de sódio (ENaC) • Canais de junção comunicante envolvidos no transporte de ATP e secreções mucosas • Medeia transporte de íons bicarbonato • Mais de 1.300 mutações associadas à doença Classes de mutações do CFTR • Classe I: síntese defeituosa de proteínas • Classe II: dobramento, processamento e transporte anormal da proteína • Classe III: regulação defeituosa • Classe IV: condução diminuída • Classe V: abundância reduzida • Classe VI: regulação alterada de canais iônicos distintos SISTEMA RESPIRATÓRIO • CFTR: funções específicas do tecido • Ductos das glândulas sudoríparas: reabsorver íons de cloreto luminal e aumentar a reabsorção de sódio via ENaC. Suor hipertônico. • Epitélio respiratório e intestinal: secreção luminal ativa de cloreto. Mutações resultam em perda ou redução da secreção de cloreto no lúmen e aumento na absorção ativa de sódio luminal, aumentando a reabsorção passiva de água do lúmen. ➢ Vias aéreas superiores • Sinusites • Alteração de desenvolvimento dos seios da face • Espessamento das mucosas • Formação de pólipos nasais, em decorrência da constante inflamação. ➢ Distensão dos bronquíolos por muco espesso, associada à hiperplasia e hipertrofia das células secretoras de muco. ➢ Abscesso pulmonares. 14 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia B RONQUIECTASIAS ➢ Dilatação permanente de brônquios e bronquíolos ➢ Destruição do tecido muscular elástico ➢ Infecções necrotizantes crônicas Associada a condições como: × Congênitas e hereditárias (fibrose cística, imunodeficiências, discinesia ciliar primária) × Pós-infecciosas: pneumonias necrotizantes (redução pelo melhor controle) × Obstrução brônquica (tumores, corpo estranho) × Outras (artrite reumatoide, lúpus, doença intestinal inflamatória, pós-transplante, DPOC) × Idiopática: ¼ dos casos. OB STRU TIVA S × Após obstrução de um segmento da árvore brônquica × Ocorre retenção de secreções no segmento distal à obstrução,favorecendo infecções. × Infecções repetidas resultam em danos e enfraquecimento da parede brônquica, levando à dilatação. × Neste caso, é restrita ao segmento obstruído. NÃO OBSTRU TIVA × Menos compreendida × Normalmente associada a outras doenças, cicatrizes. × Geralmente afeta os lobos inferiores, bilateralmente MORFOL OGIA ➢ Dilatação dos brônquios, podendo ser: × Cilíndricas (uniforme) × Saculares (dilatação maior na porção distal do brônquio dilatado) × Varicosas (alguns segmentos) ➢ Brônquios podem ser vistos na superfície pleural ➢ Pode ser seca ou úmida (relação com a causa), com secreção contendo neutrófilos, macrófagos e células descamadas. ➢ Ulceração do epitélio ➢ Metaplasia escamosa de células basais ➢ Infiltrado inflamatório na parede brônquica (mononuclear, podendo formar agregados linfoides – bronquiectasia folicular) ➢ Erosão na cartilagem ➢ Anastomose e ruptura vascular, gerando hemoptise ➢ Fibrose (longa duração) × Brônquios dilatados podem chegar bem próximos da superfície pleural. Pleurite crônica secundária é comum, podendo formar tecido de granulação subpleural e eventualmente paquipleuris, com fibrose pulmonar subjacente. × Brônquio dilatado, mucosa e parede não são vistas claramente por causa da inflamação necrotizante com destruição. × Pleura espessada por tecido de granulação e fibrose, constituindo um paquipleuris × Ausência de cartilagem, músculo liso e glândulas, que foram destruídos pelo processo inflamatório crônico. × Superfície desprovida de epitélio e recoberta por exsudato purulento (abundância de neutrófilos). × Ao redor das bronquiectasias há frequentemente fibrose intersticial pulmonar, consequência das infecções recorrentes. A fibrose é a evolução natural do tecido de granulação TGI E PÂNCREAS ➢ Regulação do transporte de íons de bicarbonato × O transporte de cloreto é completamente ou substancialmente preservado, enquanto o transporte de bicarbonato é marcadamente anormal. × A acidez das secreções resulta em diminuição do pH luminal que pode causar aumento da precipitação de mucina e entupimento de dutos, e aumento da ligação de bactérias a mucinas entupidas. × Insuficiência pancreática 15 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia A CFTR, localizada na membrana apical das células do ducto pancreático, secreta Cl– e HCO3–no lúmen dos ductos pancreáticos. Isso mantém o pH alcalino correto, garantindo que o ácido estomacal seja neutralizado pelo bicarbonato do pâncreas e que um ambiente ideal seja criado para a atividade das enzimas pancreáticas. Disfunção do CFTR prejudica ou interrompe a secreção de Cl– e HCO3–no lúmen. A secreção de água também é prejudicada, pois não há mais um gradiente osmótico suficiente para "conduzir" a água para o duto. Obstrução dos ductos por uma secreção viscosa que impede que as enzimas pancreáticas atinjam o intestino e funcionem em um pH ótimo. Com o tempo ocorre autólise e inflamação do pâncreas exócrino, o que pode levar à má absorção de nutrientes, desnutrição e incapacidade de desenvolvimento. Como consequência, muitos pacientes com FC são dependentes da terapia de reposição enzimática. ➢ Acúmulo de muco viscoso e material fecal no íleo terminal, no ceco e no cólon ascendente, levando à obstrução. ➢ De fato, até 15% dos recém-nascidos com FC sofrem de obstrução intestinal e até 18% dos adultos sofrem de uma obstrução intestinal recorrente conhecida como síndrome obstrutiva intestinal distal (DIOS). ➢ Como resultado, seus intestinos não podem absorver completamente gorduras e proteínas. Isso pode causar diarreia contínua ou fezes volumosas, fedorentas e gordurosas. Gás demais ou constipação grave no intestino pode causar dor e desconforto abdominal. ➢ Íleo meconial × Obstrução intestinal no recém nascido × A porção anterior à obstrução fica distendida e repleta de fluido, com colapso na porção posterior à obstrução. ➢ DIOS (síndrome obstrutiva intestinal distal) × Equivalente ao íleo meconial em adultos ➢ Intussuscepção 16 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia PÂNCREAS ➢ Acúmulo de muco nos pequenos ductos com alguma dilatação das glândulas exócrinas. ➢ Obstrução dos ductos ➢ Atrofia das glândulas exócrinas ➢ Fibrose progressiva ➢ Atrofia da porção exócrina do pâncreas pode ocorrer, deixando apenas as ilhotas dentro de um estroma fibrogorduroso. ➢ Metaplasia escamosa do epitélio de revestimento dos ductos do pâncreas ➢ Atrofia acinar avançada, reposição gordurosa e super crescimento endócrino periductal. ➢ Fibrose intensa FÍG ADO ➢ Obstrução canalicular ➢ Proliferação ductular ➢ Inflamação portal ➢ Esteatose hepática ➢ Cirrose biliar focal ➢ Fibrose biliar ➢ Fibrose portal e proliferação ductular GL ÂNDUL AS SAL IVARES × Dilatação progressiva dos ductos. × Metaplasia escamosa do epitélio de revestimento. × Atrofia glandular seguida de fibrose. OU TRAS AL TERAÇÕES ➢ Azoospermia × Ausência congênita bilateral do ducto deferente ➢ Baqueteamento digital (hipocratismo digital) × Hipertrofia das falanges distais associada a um aumento da convexidade do leito ungueal (unhas em vidro de relógio) × VEGF (Fator de crescimento endotelial vascular): hiperplasia vascular, edema e proliferação de fibroblastos ou osteoblastos em nível periférico nas unhas. Em decorrência de hipóxia. ➢ Baixa densidade óssea 17 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia HIPERTENSÃO PULMONAR CASO ▪ Mulher, 36 anos ▪ Investigação de sincope ▪ Quadro súbito de perda de consciência, com recuperação, sem déficits neurológicos, ou perda das funções esfincterianas. ▪ Dispneia aos esforços extra habituais, com início há 03 meses. ▪ Há 01 mês, vem notando edema em MMII bilateralmente, que piora ao longo do dia. ▪ Em uso de Anticoncepcional há 10 anos, sem intercorrências. ▪ Atividade física regular, 5 vezes por semana, com atividade aeróbica intensa, que vem diminuindo a intensidade há 03 meses, com dispneia importante. ▪ Nega tabagismo e etilismo. HIPERTENSÃO PULMONAR ▪ Em condições normais, a pressão arterial pulmonar corresponde a 1/6 da pressão arterial sistêmica. ▪ Pela pressão ser normalmente mais baixa, os vasos pulmonares têm paredes mais finas e lúmens maiores. ▪ Valores acima de 40mmHg definem hipertensão pulmonar grave. ▪ Cursa com insuficiência respiratória progressiva e hipertrofia ventricular direita. ▪ Em situações de hipóxia, os vasos pulmonares respondem com vasoconstrição, ao contrário dos sistêmicos, que respondem com vasodilatação. ▪ Isso ocorre para otimizar a oxigenação do sangue, fazendo com que áreas pouco ventiladas sejam também pouco perfundidas. ▪ Em casos de hipóxia crônica, a vasoconstricção permanente leva a um aumento da resistência vascular, com consequente sobrecarga cardíaca direita. A ETIO LOG IA É VA RIAD A E NEM SE MP RE CONHEC IDA ➢ Idiopática ou primária: principalmente mulheres entre 20 e 40 anos, geralmente esporádica. ➢ Secundária: causas diversas Cardiopatias congênitas com shunt esquerda-direita e hiperfluxo pulmonar. Tromboembolia pulmonar recorrente. Doença pulmonar veno-oclusiva (pouco frequente, mais comum em crianças e jovens. Causa desconhecida, com implicação de alguns vírus, toxinas e quimioterápicos. Ocorre fibrose intimal e estreitamento em veias e vênulas pulmonares) IC esquerda → DPOC → Outras condições: fármacos, autoimunidade, hipertensão portal, cirrose hepática, infecção por HIV PATOG ENIA ▪ Idiopática e familiar: mutações emgenes (BMPR-2 e ALK- 1) que codificam proteínas da família TGF-do receptor de β. ➢ BMPR-2: inibe a proliferação e estimula a apoptose nas células musculares dos vasos. A inativação favorece a sinalização para a rota promotora do crescimento celular, levando à proliferação das células musculares lisas e redução do lúmen vascular. ➢ ALK-1: vista em pacientes com a telangiectasia hemorrágica hereditária e hipertensão pulmonar. ▪ Secundária: agressão ao endotélio. A hipóxia causa vasoconstrição, que é observada, juntamente com trombose e proliferação de células endoteliais. MECANISMOS ▪ Aumento do fluxo pulmonar: defeitos do septo atrial e ventricular ou persistência do canal arterial. ▪ Pressão venosa pulmonar elevada: insuficiência ventricular esquerda ou estenose mitral ou regurgitação. ▪ Vasoconstrição pulmonar crônica em reação à hipóxia, comumente observada na doença pulmonar obstrutiva crônica e na apneia obstrutiva do sono. ▪ Anormalidades das artérias pulmonares, incluindo doença embólica pulmonar e doença pulmonar parenquimatosa (fibrose). ▪ Múltiplos estímulos como hipóxia, estresse cisalhante, estresse oxidativo, mitógenos e inflamação (citocinas e quimiocinas) desencadeiam cascatas de sinalização que modulam o recrutamento e ativação de fatores de transcrição e co-reguladores transcricionais que determinam as respostas transcricionais específicas do estímulo na HP. 18 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia MANIFESTAÇÕES ▪ Dispneia de esforço ▪ Fraqueza ▪ Síncope (marcador de gravidade) ▪ Cianose ▪ Baqueteamento digital ▪ Distensão venosa jugular ▪ Dor no peito Tudo isso é consequência direta de hipóxia tecidual. MORFOL OGIA ▪ Os achados variam de acordo com a duração e a intensidade do quadro. ▪ Lesões progressivas, podendo chegar até a arteriopatia pulmonar plexogênica. ▪ As formas idiopática (familiar) e cardiopatias congênitas com shunt esquerda-direita são as que mais frequentemente mostram as alterações histopatológicas clássicas, chamadas de arteriopatia pulmonar plexogênica. ▪ Na vida fetal, as paredes arteriais pulmonares são espessas, pois a pressão arterial pulmonar é alta. ▪ O sangue é oxigenado através da placenta, não dos pulmões, e a alta resistência arterial pulmonar fetal ajuda a desviar a saída do ventrículo direito através do ducto arterioso para a circulação sistêmica. ▪ Após o nascimento, o ducto arterioso fecha e os pulmões devem oxigenar o sangue venoso. ▪ No terceiro dia de vida, as artérias pulmonares se dilatam, suas paredes tornam-se finas e a pressão arterial pulmonar diminui. ▪ O sistema de graduação de Heath e Edwards: ➢ Criado para determinar se as alterações arteriais da hipertensão pulmonar poderiam ser revertidas com cirurgia cardíaca corretiva. ➢ Os graus 1, 2 e 3 são geralmente reversíveis; graus 4 e acima geralmente não são. ➢ Grau 1: hipertrofia medial das artérias pulmonares e aparecimento de músculo liso nas arteríolas pulmonares. ➢ Grau 2: proliferação intimal com hipertrofia medial crescente. ➢ Grau 3: Fibrose intimal de artérias pulmonares e arteríolas, que podem ser ocluídas. ➢ Grau 4: Lesões plexiformes, dilatação e afilamento das artérias pulmonares. ➢ Grau 5: Lesões plexiformes em combinação com dilatação ou lesões angiomatóides. A ruptura do vaso dilatado de parede fina, com hemorragia parenquimatosa e hemossiderose, também está presente. ➢ Grau 6: necrose fibrinóide das artérias e arteríolas. ▪ Inicialmente, observa-se hipertrofia da média e muscularização de pequenas arteríolas do parênquima distal. ▪ Com o tempo, surge fibrose concêntrica laminar na íntima, que pode ocluir o lúmen vascular. ▪ Nos casos mais graves, observa-se necrose fibrinóide da parede arterial, com posterior formação das lesões plexiformes (ou angiomatóides), aterosclerose nos grandes ramos da artéria pulmonar e possivelmente êmbolos. ▪ Lesões plexiformes: dilatação focal da artéria, ficando a luz preenchida por tufos capilares com luzes dilatadas, separados por células com núcleo hipercromático. Pode ocorrer e qualquer nível da árvore vascular pulmonar. AL TERAÇÕES DAS LÂMINAS × Lesão plexiforme × Lesão plexiforme clássica. Em fases tardias da hipertensão, são vistos vasos com paredes finas e lesões semelhantes a angioma × Muscularização e espessamento de pequenos vasos × Muscularização das arteríolas: imuno-histoquímica para actina de músculo liso × Hiperplasia da média e fibrose rica em colágeno da adventícia × Fibrose concêntrica laminar na íntima × Fibrose na íntima × Necrose fibrinóide × Necrose fibrinóide e inflamação × Trombo em organização 19 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia CARDIOPATIA HIPERTENSIVA PULMONAR COR PULMONALE ▪ Resultado da sobrecarga de pressão do ventrículo direito ▪ Pode ser agudo ou crônico ➢ Agudo: após embolia pulmonar maciça. ➢ Crônico: resultado de hipertrofia e dilatação do ventrículo direito secundária a uma sobrecarga de pressão prolongada (doenças pulmonares crônicas). MORFOLOGIA (PROVA) ▪ Agudo: dilatação importante do ventrículo direito, sem hipertrofia. O ventrículo fica com formato ovóide dilatado, parede flácida e contratilidade reduzida. ▪ Crônico: espessamento da parede do ventrículo direito devido à hipertrofia, que pode chegar à comprimir o ventrículo esquerdo, ou levar à regurgitação e espessamento fibroso da tricúspide. A gordura transmural vista no coração normal pode desaparecer, e as fibras, normalmente difusas, podem se tornar circunferenciais. ANTICONCEPCIONAL E C OAGULAÇÃO SANGU ÍNEA COAGULAÇÃO ▪ Cascata de coagulação é a terceira parte do processo de hemostasia. ▪ É uma série de conversões enzimáticas amplificadas, em que cada etapa proteolítica cliva uma proenzima inativa em uma enzima ativada, culminando na formação da trombina, que ao final converte fibrinogênio em fibrina, que se polimeriza em um gel insolúvel, fundamental para a formação do coágulo. ▪ Trombina também possui papel pró-inflamatório ▪ Classificada em vias extrínseca (desencadeador exógeno, normalmente do tecido afetado) e intrínseca (exposição do fator XII para uma superfície trombogênica, inclusive vidro). Mas na realidade, as duas vias se interligam em diversas situações. ▪ A cascata de coagulação deve ser contida ao local da lesão, para evitar a formação de trombos potencialmente fatais. ▪ Anticoagulantes endógenos: ➢ Antitrombinas: inibem a atividade da trombina e outras serina-proteases, incluindo fatores IXa, Xa, XIa e XIIa. A antitrombina III é ativada pela ligação a moléculas semelhantes à heparina presentes nas células endoteliais. ➢ Proteínas C e S: proteínas dependentes de vitamina K e fazem parte do complexo proteolítico que inativa os fatores Va e VIIIa. ➢ Inibidor da via do fator tecidual (TPPI): proteína produzida pelo endotélio e outras células que inativa o complexo fator tecidual – fator VIIa. CONTRACEPTIVOS ORAIS E TROMBOSE VENOSA ▪ Uso de contraceptivos orais aumenta em aproximadamente 3 vezes o risco de trombose venosa e tromboembolismo pulmonar. ▪ O aumento no risco de formação de trombos parece ser consequência da resposta de fase aguda, com aumento de fatores de coagulação (VII, IX, X, XII e XIII), e redução de fatores anticoagulantes (proteína S e antitrombina) ▪ Inicialmente, o componente estrógeno dos contraceptivos orais foi apontado como responsável pelo efeito trombótico da contracepção hormonal. ▪ Uma diminuição progressiva da dose de estrógeno para o valor mais baixo (15-30mcg de etinilestradiol) necessário para a contracepção eficaz e controle do ciclo resultou em uma redução de efeitos colaterais. ▪ No entanto, CO contendo dose baixa de estrogênio permanecem pró-trombóticose não há provas conclusivas de que a redução da dose de estrogênio abaixo de 15-30mg diminui ainda mais o risco de TV. ▪ Mostrou-se que contraceptivos orais reduzem a sensibilidade à proteína C ativada, bem como a concentração plasmática e a atividade da antitrombina III (10 % de redução em comparação com pessoas que não fazem uso) e proteína S (20 % de redução). O efeito parece ser mais pronunciado com dose elevada (50 mg de etinilestradiol). Com a redução da dose pode haver a redução dos efeitos. ▪ Mostrou-se também que o uso de CO aumenta os níveis de fibrinogênio (10 %), protrombina (10 %), e fator VIII (20 %). Mais uma vez, essas mudanças são mais pronunciadas com os compostos com altas doses de estrógenos. ▪ A interpretação dos efeitos OC sobre estes fatores de coagulação é difícil. ▪ Estudos observaram um fenômeno interessante relacionado com o sistema de proteína C em usuárias de anticoncepcionais orais: elas mostraram-se mais resistentes ao efeito anticoagulante da proteína C ativada do que as não-usuárias. ▪ A alta resistência à proteína C ativada foi proposta como um mecanismo biológico plausível do aumento do risco de TV durante o uso de contraceptivos orais. No entanto, a base molecular da resistência à proteína C ativada adquirida em usuárias de CO não é totalmente compreendida. EFEITOS DOS CRONTRACEPTIVOS ORAIS EM PARÂMETROS HEMOSTÁTICOS Aumento de pró-trombina e fibrinogênio. Redução do fator V. 20 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO Colonização da urina e infecção das estruturas do aparelho urinário, da uretra ao parênquima renal. Agente etiológico: bacteriano, fúngico. ITU recorrente: mais de 3 episódios de ITU por ano. LOCALIZ AÇÃO ➢ ITU Inferior: cistites, uretrites. ➢ ITU Superior: pielonefrites. FATORES ➢ Idade. ➢ Sexo (feminino). ➢ Comorbidades. ➢ Tipo e grau de imunossupressão. ➢ Instrumentação urológica e / ou tempo de seguimento após o transplante renal (uso prolongado de cateter, traumas durante cirurgia). - O turnover celular acelerado da superfície da mucosa do trato urinário, com esfoliação celular, e o próprio fluxo urinário consistem em mecanismos de defesa contra a aderência de bactérias à superfície mucosa, impedindo que a ascensão das mesmas determine um quadro de infecção. SINAIS ➢ Dor abdominal inferior ou pressão ➢ Micção frequente e urgente (polaciúria e urgência) ➢ Queimação ou ardor durante a micção (disúria). Resultado da inflamação da uretra (quando tiver uma uretrite). ➢ Sangue na urina (hematúria). Resultado da vasodilatação e irritação da mucosa. ➢ Se os rins estão envolvidos, dor nas costas e / ou febre AGENTES MAIS COMUNS ➢ Klebsiellaspp. ➢ Pseudomonasspp. ➢ Enterobacterspp. ➢ Serratiaspp. ➢ Proteusspp. ➢ Enterococcusspp ➢ Escherichia coli (60 a 80%) A via normal é a ascendente. URETRITE • Inflamação (aguda ou crônica) da uretra. • A uretrite é classicamente dividida em causas gonocócicas e não gonocócicas. Uretrite gonocócica: uma das primeiras manifestações dessa infecção venérea. ➢ Neisseria gonorrhoeae Uretrite não-gonocócica: comum e pode ser causada por vários organismos diferentes. ➢ Chlamydia (C. trachomatis): 25% a 60% das uretrites não gonocócicas em homens e cerca de 20% em mulheres. Mulheres tem uretrite com maior frequência pelo fato de ter a uretra mais curta. ➢ Mycoplasma (Ureaplasmaurealyticum): também responsável pelos sintomas da uretrite em muitos casos. 21 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia - É frequentemente acompanhada por cistite em mulheres e por prostatite em homens. - Em muitos casos de suspeita de uretrite bacteriana, nenhum organismo pode ser isolado. - Alterações morfológicas: típicas da inflamação em outros locais dentro do trato urinário. - Não é, por si só, um problema clínico sério, mas pode causar dor local, coceira e frequência consideráveis, e pode alertar para doenças mais graves em níveis mais elevados do trato urogenital. U RETRITE SEXU AL MENTE TRANSMISSÍVEL • Início agudo, relacionada à relação sexual recente. • A descarga é tipicamente purulenta e amarelo- esverdeada. • Sintomas incluem dor ou formigamento no meato da uretra e dor na micção (disúria). Vermelhidão e inchaço são comuns em ambos os sexos. • A uretrite aguda pode se tornar crônica. U RETRITE INFECCIOSA NÃO ESPECÍFICA • E. coli e P. Aeruginosa. • Tipicamente associada a cistite, mas pode ser causada por outras doenças. • Hiperplasia prostática ou urólitos • Em homens pode ser o único sinal de prostatite. • Em mulheres, pode ser uma complicação da vaginite e da vulvite. • Pacientes hospitalizados: quase inevitável em pacientes com cateteres uretrais internos. • Manifesta-se clinicamente com urgência e sensação de queimação durante a micção. Geralmente não há corrimento, mas os homens podem expressar algum líquido leitoso “descascando” ou “ordenhando” a uretra. CARÚNCULAS URETRAIS - Lesões inflamatórias polipoides perto do meato uretral feminino, que causam dor e sangramento. - Idiopáticas e ocorrem apenas em mulheres, principalmente após a menopausa. - Pode envolver prolapso da mucosa uretral e a inflamação crônica concomitante. - Massas exofíticas de 1 a 2 cm, muitas vezes ulceradas, polipóides, no meato uretral ou perto dele. - Tecido de granulação agudamente e cronicamente inflamado e ulceração e hiperplasia de células transicionais ou epitélio escamoso. - Padrões complexos de papilomatose e epitélio displásico ocasional podem sugerir uma semelhança superficial ao carcinoma, mas essa lesão inflamatória não leva ao câncer. O tratamento é a excisão cirúrgica. CISTITE - Inflamação da bexiga - Pode ser aguda ou crônica - É a infecção do trato urinário mais comum - Geralmente ocorre em pacientes hospitalizados, especialmente aqueles que tiveram cateteres vesicais por longo tempo • Frequência urinária excessiva. • Dor ao urinar (disúria). • Desconforto abdominal ou pélvico inferior. ETIOLOGIA Os fatores incluem: ➢ Idade e sexo do paciente (mais comum em mulheres e homens com hiperplasia prostática) ➢ Presença de cálculos na bexiga ➢ Obstrução ➢ Diabetes mellitus ➢ Imunodeficiência ➢ Instrumentação prévia ou cateterismo ➢ Radioterapia e quimioterapia. - Bactérias coliformes: causa mais comum, principalmente E. coli, Proteus vulgaris, Pseudomonas aeruginosa e Enterobacterspp. - A tuberculose da bexiga raramente é vista no mundo ocidental hoje e quase sempre acompanha a tuberculose renal. Cistite fúngica: pacientes imunossuprimidos. Cistite enfisematosa: bacilos formadores de gás, geralmente em pessoas com diabetes, podem produzir bolhas intersticiais características na lâmina própria da bexiga. - A esquistossomose é uma causa comum de cistite no norte da África e no Oriente Médio, onde o Schistosoma é endêmico. Cistite iatrogênica: comum após radioterapia e quimioterapia. ➢ Cistite por radiação: geralmente de 4 a 6 semanas após o tratamento com radiação dos tumores pélvicos, e é mais frequentemente vista em pacientes com câncer de útero, reto ou bexiga. ➢ A inflamação da bexiga geralmente está associada à atipia das células epiteliais, que geralmente é transitória e não deve ser confundida com malignidade. ➢ As consequências tardias da cistite por radiação incluem fibrose extensa, que pode ser transmural e incapacitante. Cistite induzida por drogas: mais comum após o tratamento com ciclofosfamida, que tipicamente produz cistite hemorrágica. 22 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia ➢ Outras drogas citotóxicas também podem causar cistite, mas a lesão é menos proeminente. Essas drogas também induzem atipia citológica, que geralmente étransitória. PATOLOGIA Edema estromal, hemorragia e infiltrado neutrofílicode intensidade variável são típicos da cistite aguda Cistite hemorrágica: hemorragias petequeais focais da mucosa, comum na cistite bacteriana aguda. - As diáteses hemorrágicas (leucemia ou tratamento com fármacos citotóxicos) e coagulação intravascular disseminada causam frequentemente cistite hemorrágica extensa. - A cistite aguda que não resolve está associada à cistite crônica, incluindo um infiltrado principalmente de linfócitos e plasmócitos e fibrose da lâmina própria. - Ocasionalmente, uma mucosa da bexiga inflamada pode conter folículos linfocíticos (cistite folicular) ou densos infiltrados de eosinófilos (cistite eosinofílica). -A cistite granulomatosa é característica da tuberculose, mas também pode ser observada em pacientes com câncer de bexiga tratados com instilação intravesical de Mycobacterium atenuado, bacilo Calmette-Guerin(BCG). Os ovos do Schistosoma hematobium podem causar reações granulomatosas simultâneas e infiltrados eosinofílicos. Cistite ulcerativa ➢ Irritação crônica causada, por cateteres permanentes ou cistoscopia traumática pode levar à ulceração e hemorragia focal da mucosa. ➢ A úlcera solitária da mucosa também é encontrada na cistite intersticial Cistite supurativa ➢ Pus recobrindo a mucosa da bexiga, preenchendo o lúmen ou permeando a parede da bexiga. ➢ Pode se desenvolver durante a infecção local, mas mais frequentemente é uma complicação da sepse, pielonefrite ou infecções purulentas após a cirurgia da bexiga. Cistite pseudomembranosa ➢ Pseudomembranas às vezes cobrem a mucosa da bexiga. ➢ A mucosa subjacente é hemorrágica e ulcerada. ➢ A cistite pseudomembranosa normalmente complica infecções que se seguem ao tratamento com drogas citotóxicas, como a ciclofosfamida. Cistite Calcificante ➢ Tipicamente encontrada na esquistossomose. ➢ A calcificação dos óvulos produz incrustações na parede da bexiga que se assemelham a grãos de areia. ➢ Estes gradualmente coalescem, para transformar toda a bexiga urinária em um vaso rígido calcificado. Cistite Intersticial Crônica ➢ Inflamação dolorosa persistente da bexiga ➢ Não tem causa conhecida e apresenta dor suprapúbica, desejo de micção frequente, hematúria e disúria. ➢ Durante a dilatação cistoscópica da bexiga, a mucosa tipicamente desenvolve fissuras hemorrágicas e hemorragias petequeais. ➢ Uroculturas são quase sempre negativas. ➢ Nos estágios crônicos da doença, a inflamação transmural da parede da bexiga é ocasionalmente associada à ulceração da mucosa (úlcera de Hunner) ➢ A inflamação crônica, incluindo fibrose e aumento de mastócitos, é comum na mucosa e na musculatura. ➢ As úlceras de Hunnerr contêm inflamação aguda intensa. ➢ A doença é tipicamente persistente e refratária à terapia. O defeito hemorrágico na mucosa edematosa da parede posterior da bexiga é clinicamente conhecido como úlcera de Hunner. URETERITE - Complicação de infecções descendentes dos rins ou infecções ascendentes devido ao refluxo vesicoureteral. - É frequentemente associada à obstrução ureteral, que pode ser intrínseca ou extrínseca. Obstrução ureteral intrínseca ➢ Cálculos, coágulos sanguíneos intraluminais, pólipos fibroepiteliais, estenoses inflamatórias, amiloidose ou tumores do ureter. Obstrução ureteral extrínseca ➢ Útero aumentado durante a gravidez, vasos renais aberrantes para o polo inferior do rim que atravessa o ureter ou a endometriose. ➢ Os tumores que comprimem os ureteres geralmente se originam dos tratos genital e digestivo feminino, e podem comprimir os ureteres por extensão direta ou através de metástases para linfonodos retroperitoneais. A obstrução ureteral também pode resultar de doenças da bexiga urinária, próstata e uretra. ➢ Câncer de bexiga perto de um orifício ureteral ou do colo da bexiga, bexiga neurogênica e hiperplasia prostática ou câncer As causas proximais da obstrução ureteral tendem a ser unilaterais, enquanto as mais distais, como as doenças prostáticas, levam à hidronefrose bilateral, com possibilidade de insuficiência renal nos casos não tratados. PIELONEFRITE Transtorno renal que afeta os túbulos, interstício e pelve renal. 23 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia ➢ Pielonefrite aguda: infecção bacteriana. É a lesão renal associada a infecções do sistema urinário ➢ Pielonefrite crônica: infecções bacterianas têm participação mas outros fatores estão envolvidos, como refluxo vesicoureteral, obstrução. É uma complicação séria comum de infecções do sistema urinário que afetam a bexiga (cistite), rins, sistemas coletores. A infecção bacteriana do sistema urinário inferior pode ser assintomática (bacteriúria assintomática) ou permanecer na bexiga sem infecção renal. PATOGENIA - Agentes etiológicos 85% dos casos: bacilos gram-negativos do sistema urinário que habitam normalmente a flora do sistema intestinal. A mais comum é E. coli - Na maioria dos pacientes com infecção do sistema urinário, os organismos infectantes são derivados da própria flora fecal do paciente –infecção endógena. Há duas formas pelas quais as bactérias podem atingir os rins: ➢ Através da corrente sanguínea (infecção hematogênica): menos comum, ocorre em septicemia e endocardite infecciosa. ➢ A partir do sistema urinário inferior (infecção ascendente): causa mais comum. Resultado de uma infecção da bexiga urinária, refluxo vesicoureteral. PIELONEFRITE AGUDA Inflamação supurativa aguda do rim causada por infecção bacteriana, podendo ser viral. Morfologia ➢ Inflamação supurativa intersticial focal. Abscessos focais e discretos ou grandes área de supuração (forma de cunha). ➢ Agregados intratubulares de neutrófilos e necrose tubular Morfologia – Complicações ➢ Necrose papilar: comum em diabéticos e casos de obstrução. Pode ser bi ou unilateral (mais frequente bi). Áreas de necrose branco-acinzentadas ou amarelas na ponta ou 2/3 distais das pirâmides. Necrose coagulativa. Infiltrado linfocítico discreto na junção entre lesão e tecido sadio. ➢ Pielonefrose: obstrução total ou quase total. O exsudato purulento é incapaz de ser drenado, se acumulando na pelve, cálices e ureter. ➢ Abscesso perinéfrico: extensão da supuração através da cápsula renal para tecidos próximos. Manifestações clínicas ➢ Início súbito ➢ Dor no ângulo costovertebral ➢ Evidências de infecção: febre e mal-estar ➢ Disúria ➢ Piúria, com grumos de neutrófilos PIELONEFRITE CRÔNICA É um transtorno renal tubulointersticial crônico em que a inflamação tubulointersticial e cicatrização renal estão associadas com o envolvimento patológico dos cálices e da pelve. ➢ Nefropatia de Refluxo: forma mais comum. Precocemente na infância como resultado da sobreposição de infecção urinária ao refluxo vesico ureteral congênito. Pode ser uni ou bilateral. ➢ Pielonefrite Obstrutiva crônica: infecções recorrentes sobrepostas a lesões obstrutivas. Os efeitos contribuem para a atrofia do parênquima. Morfologia ➢ Rins irregularmente cicatrizados, com cicatrizes grosseiras, nítidas, corticomedulares. Microscopia ➢ Atrofia tubular em algumas áreas, e hipertrofia e dilatação em outras. ➢ Inflamação crônica e fibrose de córtex e medula. ➢ Pode haver neutrófilos no interstício e pus na luz tubular (infecção ativa) ➢ Esclerose obliterativa da íntima de vasos nas áreas cicatrizadas ➢ Hipertensão: arteriosclerose hialina, fibrose ao redor do epitélio caliceal, infiltrado inflamatório crônica, fibrose periglomerular. Manifestações clínicas ➢ Dor nas costas ➢ Disúria ➢ Poliúria (perda de função tubular) 24 Beatriz Machadode Almeida Resumo de patologia GLOMERULOPATIAS Caso clinico: - Homem, 18 anos - Previamente sadio e subitamente, há cerca de 10 dias, observou urina escura, como coca-cola e edema de face e de membros inferiores. Em seguida, começou a sentir cefaléia pulsátil. No terceiro dia de doença foi internado, com volume urinário muito baixo e edema crescente e falta de ar. - Negou ter tido outros episódios semelhantes. - Relata queda de moto, com escoriações nas pernas, cerca de duas semanas antes de começar sua doença; não procurou médico na época, porque não valorizou o evento, 2 ou 3 dias após o acidente, as escoriações estavam avermelhadas e cobertas de secreção purulenta e que o rapaz teve febre. - Refere que o volume e a cor da urina se normalizaram e o edema desapareceu. PATOGÊNESE SÍNDROME NEFRÍTICA • Caracterizada por insuficiência renal aguda (aumento de ureia e Cr combinada com oligúria) associada a hipertensão e hematúria (não necessariamente é associada a um dano renal. Ex. Cistite hemorrágica). Edema e proteinúria estão presentes, mas são muito menos graves do que na síndrome nefrótica. • O dano ao glomérulo é muito mais grave do que na síndrome nefrótica. Na síndrome nefrótica, o dano permite o vazamento de proteína; na síndrome nefrítica, permite o vazamento de hemácias. • As doenças glomerulares que apresentam uma síndrome nefrítica são frequentemente caracterizadas por inflamação nos glomérulos. • O paciente nefrítico geralmente se apresenta com hematúria, cilindros de eritrócitos na urina, azotemia, oligúria e hipertensão leve a moderada. • A síndrome nefrítica aguda pode ocorrer em doenças multissistêmicas como o LES e a poliangite microscópica. Tipicamente, entretanto, é característico da glomerulonefrite proliferativa e exsudativa aguda e é um componente importante da glomerulonefrite crescêntica, que é descrita posteriormente. SÍNDROME NEFRÓTICA É causada por um desarranjo nas paredes dos capilares glomerulares, resultando em aumento da permeabilidade às proteínas plasmáticas. AS MANIFESTAÇÕES DA SÍNDROME INCLUEM • Proteinúria maciça, com perda diária de 3,5g ou mais de proteína (menos em crianças). • Hipoalbuminemia, com níveis de albumina plasmática inferiores a 3g/dl. • Edema generalizado. • Hiperlipidemia e lipidúria. COMPLICAÇÕES DA SÍNDROME NEFRÓTICA • Infecções como resultado da perda de Ig • Trombose secundária à perda urinária de antitrombina III, proteína C e proteína S. CAU SAS GERAIS DA SÍNDROME NEFRÓTICA 25 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia Em adultos, a maioria dos casos de síndrome nefrótica é secundária a doenças sistêmicas, como diabetes mellitus, LED, amiloidose, síndrome de Goodpasture, poliartrite nodosa e granulomatose de Wegener. Em crianças, a maioria dos casos são doença glomerulares primárias. A causa mais comum de síndrome nefrótica em crianças é a doença de lesão mínima (85% dos casos) GLOMERULOPATIAS Alteração que acomete o glomérulo Primária: o rim é o único órgão acometido. Secundária: afetam mais de um órgão. Causas: ❖ Doenças imunológicas (LES) ❖ Doenças vasculares (hipertensão) ❖ Doenças metabólicas (diabetes melito) ❖ Doenças genéticas Amarelo: Epitélio parietal, Em contato com a região de cápsula. Azul: Epitélio visceral – podócitos. Constitui a barreira física de proteção glomerular. Vermelho: Membrana basal glomerular. Faz parte do processo de filtração por conta das cargas elétricas. Verde claro: Células mesangiais. Verde escuro: Células mensagiais. Laranja: Células endoteliais. PATOGENIA IMUNOLÓGICOS: mais comuns • Deposição de complexos envolvendo antígenos intrínsecos e in situ (antígenos que fazem parte daquele local): AC reagem diretamente com antígenos teciduais (intrínsecos ou “plantados”) no glomérulo a partir da circulação. As células do sistema imunológico não sabem a diferença entre um local que está infectado ou um local que está só ligando um anticorpo a um antígeno. • Nefrite de Heyneman: nefropatia membranosa induzida em ratos. Animais imunizados com Ag contido em preparações da borda em escova tubular proximal. Ligação dos AC à membrana das células epiteliais glomerulares, com ativação do complemento e liberação dos agregados imunológicos da superfície celular, formando depósitos subepiteliais. Padrão granular de deposição. É basicamente o que acontece com os antígenos ¨plantados¨ de forma geral. • Anticorpos contra antígenos plantados: antígenos que normalmente não estão presentes, como moléculas catiônicas que se ligam a componentes aniônicos do glomérulo, DNA e proteínas nucleares, produtos bacterianos, agregados proteicos, complexos imunes. Padrão granular. • Anti-MBG: componentes normais da membrana basal glomerular. Padrão linear difuso. Os AC podem reagir simultaneamente com outras membranas basais, como as dos alvéolos pulmonares (síndrome de Goodpasture). 26 Beatriz Machado de Almeida Resumo de patologia Imunofluorescência para diagnóstico histológico de glomerulonefrites. COMPLEXOS IMUNES CIRCULANTES • Aprisionamento de complexos circulantes. • Os ACs não possuem afinidade. Os complexos ficam no glomérulo por suas propriedades físico- químicas e fatores hemodinâmicos glomerulares. Fica preso por tamanho e por carga. • Lesões causadas pela ativação de complemento e pela ligação a receptores para Fc em leucócitos. • Apresenta infiltrado leucocitário, proliferação de células mesangiais e endoteliais. • Se o Ag que iniciou a reação for exógeno, a reação pode cessar após remoção do Ag. Com Ags endógenos (LES), a longa duração gera lesão membranosa ou membranoproliferativa. Não tem como tirar o que está causando a formação desse complexo. • A localização dos complexos depende do tamanho e carga do complexo, hemodinâmica do glomérulo, integridade da barreira glomerular. ANTICORPOS PARA CÉLULAS GLOMERULARES • Lesão direta das células por mecanismos citotóxicos ou outros, como indução de proliferação (Ex: células mesangiais – tentativa de reconstituição da estrutura), lesão endotelial (trombose). IMUNIDADE CELULAR • Células T ativadas de maneira inadequada contra o rim, contra componentes do glomérulo. Terapia com depleção de linfócitos leva à redução do processo. Pode ser um mecanismo secundário à ativação por anticorpos. LESÃO DE CÉLULAS EPITELIAIS • Induzida por anticorpos, toxinas, citocinas. • Alterações nas células epiteliais viscerais, como vacuolização, retração e destacamento das células da membrana basal glomerular. • Acredita-se que ocorre perda das interações adesivas com a membrana basal, o que contribui para o extravasamento de proteínas. Condição normal: a molécula tem que passar pelas fendas do endotélio, a membrana basal e os processos podais. Lesão de célula epitelial: perda de parte dessa barreira. Aumento da possibilidade da passagem de proteína (Ex. síndrome nefrótica). CÉLULAS • Neutrófilos e monócitos: penetram em resposta à ativação do complemento (c5a) e por anticorpos (receptores de Fc). Os neutrófilos liberam proteases (lesão da membrana basal glomerular), radicais livres (danos celulares), metabólitos do ácido araquidônico (redução na taxa de filtração glomerular). • Macrófagos, células T e NK: liberação de moléculas ativas. • Plaquetas: agregação - degranulação e liberação de eicosanoides e fatores de crescimento. • Células glomerulares: quando estimuladas, produzem mediadores inflamatórios (ROS, citocinas, quimiocinas, NO), iniciando resposta inflamatória. MEDIADORES • Complemento: componentes quimiotáticos induzem influxo de leucócitos e formação do complexo de ataque à membrana, causando lise celular, estimulando produção de mediadores (proteases,
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