Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ALTERAÇÕES CONGÊNITAS E HEREDITÁRIAS ➔ As alterações ocorrem durante a diferenciação sexual e o desenvolvimento embrionário do aparelho reprodutor e podem estar relacionadas a fatores genéticos. Alterações congênitas: ➔ Qualquer deformação na constituição de algum órgão que determine uma anomalia morfológica estrutural presente no nascimento. Alterações hereditárias: ➔ Caracterizadas por transmitir-se de geração em geração, podendo ou não se manifestar em algum momento de suas vidas. Toda doença hereditária é congênita (mas pode não se manifestar à nascença), no entanto, nem todas as doenças congênitas são hereditárias (ex: freemartismo). HIPOPLASIA OVARIANA ➔ Importante causa de falha reprodutiva/comum; ➔ Congênita; ➔ Alteração hereditária: ◆ Gene autossômico recessivo de penetrância incompleta: não está ligado aos cromossomos sexuais, é autossômico, por ser recessiva precisa de 2 pares para a manifestação e penetrância incompleta ele pode se apresentar fenotipicamente ou não; ➔ Bilateral total/parcial ou unilateral total/parcial; ➔ Geralmente bilateral, varia em severidade e simetria; ➔ Poucos folículos primordiais no ovário funcional (hipoplasia unilateral); ➔ Subfertilidade e infertilidade; ➔ Ovários são pequenos, consistentes e lisos; ➔ Cios irregulares (hipoplasia parcial); ➔ No caso de hipoplasia total e bilateral os animais apresentam trato reprodutivo infantil e não manifestam cio. 1 Diagnóstico: ➔ Palpação retal: ovários diminuídos, semelhantes a grão de ervilha, de consistência firme e superfície achatada. ➔ Nas formas unilaterais o ovário contralateral e funcional é de tamanho normal. Tratamento: ➔ Não há tratamento por ser genético! ➔ Descarte do animal para evitar a transmissão aos descendentes. Diferenciação sexual no desenvolvimento embrionário e fetal: ➔ Paradigma de Jost (1974): ◆ Sexo cromossômico: que é o XX ou XY, que é o que define o sexo gonodal que posteriormente definirá o sexo fenotípico que serão as características que o macho ou a fêmea vão ter; ◆ Sexo gonadal; ◆ Sexo fenotípico. 2 O fator de determinação testicular que é produzido por uma porção genética no cromossoma Y que induz a formação tubular dos testículos e inibir através do hormônio anti mulleriano a formação do trato reprodutivo feminino. 45 dias. Sexo cromossômico: determinado na fertilização: oócito X + espermatozoide X ou Y (presença do Y). 3 Sexo gonadal: determinação sexual primaria; ➔ Gene SRY do cromossomo Y é responsável pela diferenciação da gônada masculina. ◆ Indivíduo XX (não possui o gene SRY): a gônada se diferencia em ovário. ➔ SRY "Sex Determining Region” (1990); ➔ O SRY produz o TDF (Testis Determining Factor): produz o fator de determinação testicular. Sexo fenotípico: se desenvolve de forma ativa no macho, estimulado pela testosterona produzida pelas gônadas. ➔ Hormônios masculinos ausentes, ou tecidos não respondem a eles, a tendência é de diferenciação em genitália externa feminina. ➔ A disposição natural é que qualquer feto desenvolva uma genitália externa e conformação corporal feminina na ausência dos efeitos masculinizantes dos andrógenos. 4 5 CRONOLOGIA DA DIFERENCIAÇÃO DO TRATO GENITAL: *M: MACHO; F: FÊMEA INTERSEXUALIDADE: Considerada uma alteração no desenvolvimento do animal, que se contrapõe às características determinadas pelo sexo genético (cromossômico), levando o mesmo indivíduo a apresentar características marcantes dos dois sexos. Classificação: ➔ Intersexos de origem cromossômica: quando as alterações estão relacionadas com aberrações cromossômicas numéricas; ➔ Intersexos gonadais: que não estão associados com aberrações cromossômicas; ➔ Intersexos fenotípicos: decorrentes de anomalias no desenvolvimento da genitália. A etiologia entre suínos e caprinos é hereditária, condicionada a um gene autossômico recessivo. Os termos pseudo-hermafrodita e intersexo são utilizados para se referir a animais com traços sexuais ambíguos. ➔ Anomalias congênitas do sistema genital; ➔ Características sexuais ambíguas; ➔ Hermafroditas verdadeiros: ◆ Tecido testicular e ovariano. ➔ Pseudo-hermafroditas: 6 ◆ Tecido gonadal (testicular ou ovariano); ◆ Genitália e características secundárias do sexo oposto. HERMAFRODITISMO ➔ Ocorre em todas as espécies domésticas; ➔ Maior frequência suínos (0,5-5%) e caprinos do que outras espécies Hermafrodita verdadeiro: ➔ Raro; ➔ Tecido ovariano e testicular ou ovotestis; ➔ Anomalias da genitália externa; ➔ Hermafrodita é o indivíduo que apresenta os dois sexos distintos anatômica e funcionalmente; ➔ As vias genitais externas são quase sempre femininas, com vulva rudimentar e clitóris hipertrofiado; ➔ Via genital interna de ambos os sexos; ➔ Confirmação: cariótipo, histopatológico. 7 Pseudo-hermafroditismo: ➔ As alterações ocorrem durante: ◆ Diferenciação sexual; ◆ Desenvolvimento embrionário do aparelho reprodutor; ➔ Podem estar relacionadas: ◆ Fatores genéticos; ◆ Administração de drogas teratogênicas; ◆ Hormônios durante a gestação. ● Ocorre em humanos, suínos, cães e ratos. ● Raramente em equinos e bovinos. Pseudo-hermafrodita masculino (XY ou XX): 8 ➔ Raro; ➔ Gônada masculina com vias internas femininas e vias genitais externas masculinas rudimentares; ➔ “Presença de testículos – fenótipo de fêmea”; ➔ Deficiência 5α redutase; ➔ Feminilização testicular; ➔ Cães, equinos. Foto macroscópica do trato reprodutivo do suíno compatível com pseudo-hermafrodita masculino: Testículo (T), plexo pampiniforme (P), útero (U), bexiga (B). 9 Pseudo-hermafrodita feminino (XX): ➔ Raríssimo; ➔ Gônada feminina, vias genitais internas femininas e vias genitais externas femininas rudimentares; ➔ Presença de ovários: fenótipo de macho; ➔ Na diferenciação: liberação ↑ testosterona. Diagnóstico: ➔ TESTE HORMONAL: coleta sangue e logo após 10.000UI hCG IV. Duas horas após uma nova coleta. Dosagem pareada de testosterona. Aumento= Pseudo Hermafrodita masculino; 10 ◆ Se administrar HCG que terá ação semelhante ao LH, vai se ligar às células produtoras de testosterona e na parte intersticial do parênquima testicular e terá aumento de testosterona, pela ação do HCG vai vai se ligar às células de leng induzindo a produção de testosterona. ➔ Diagnóstico molecular: sangue total para detecção do gene SRY no DNA; ➔ Citogenética: cariótipo – uso sangue total para a técnica de bandeamento G; ➔ Histopatologia. FREEMARTINISMO: ➔ “Vaca maninha”; ➔ Macho gêmeo – normal (fertilidade reduzida); ➔ Fêmea gêmea – masculinização e infertilidade (90%); ➔ A fusão da circulação placentária dos gêmeos permite trocas de sangue, hormônios e antígenos que carregam características únicas para cada sexo; ➔ A utilização de ECG nos protocolos de IATF a um aumento da incidência de partos gemelares, consequentemente maior incidência de freemartismos no rebanho. ➔ Quimerismo; ➔ 92% das fêmeas gêmeas de machos; ➔ 1-2% de gestação gemelar em bovinos. Freemartin: ➔ Condições para ocorrer: 11 ◆ Liberação de dois oócitos, sendo um deles fecundado por um espermatozóide X e outro por um Y; ◆ Implantação dos heterosexos no útero; ◆ Anastomose de vasos coriônicos; ◆ Modificação da organogênese feminina. Como ocorre? ➔ TEORIA HORMONAL: trocas recíprocas de componentes celulares e humorais (anastomose dos vasos das membranas cório-alantoidianas): testosterona, TDF, MIF, 5 alfa redutase (Tander e Keller, 1911, Lillie, 1917). ➔ TEORIA CELULAR: anastomose ocorre antes da migração dos gonócitos para a crista genital do embrião. Presença de células XY na crista genital primitiva do embrião fêmea. (Fechheimer et al., 1962, Ohno et al. 1962). ➔ TEORIA do ANTÍGENO H-Y: esse antígeno passa para a fêmea ocupando receptores específicos da membrana das células XX da gônada feminina (Ohno, 1976). ➔ TEORIA DO FATOR DE DIFERENCIAÇÃO TESTICULAR (TDF): gene SRY presente no cromossomo Y responsável pela diferenciação do blastema gonadal transformando a gônada indiferenciada em testiculo. Desenvolvimento gônadas masculinas é mais precoce doque na fêmea, havendo possibilidade de transferências e ações do gene SRY e TDF (Grunert et al. 2005). Órgãos genitais das fêmeas são severamente afetados: ➔ Vulva pequena (com tufos de pelos); ➔ Ovários não se desenvolvem (não manifestam estro); ➔ Tuba uterina ausente; ➔ Hipoplasia da porção anterior da vagina. Diagnóstico: ➔ Clínico: 3 ou 4 centímetros de profundidade normal: 10 a 15 centímetros. ➔ Laboratorial: coleta de sangue para cariótipo ou PCR 12 Teste do tubo de ensaio em bezerra sadia com vagina de 12 a 14 cm: Teste do tubo de ensaio em bezerra freemartin com vagina de 4 a 5 cm: NOVILHA SEM ALTERAÇÃO VAGINA: 13 NOVILHA FREEMARTIN: APLASIA SEGMENTAR: ➔ Doença da novilha branca; ➔ Desenvolvimento incompleto dos ductos de Muller por parada do desenvolvimento ou por não fusão desses ductos; ➔ Hereditária; ➔ Raça Shorthorn: gene recessivo ligado a pelagem; ➔ Pode ocorrer aplasia em vários níveis, incluindo a cérvix; ➔ Ambos os ovários estão presentes e funcionais. 14 APLASIA SEGMENTAR DOS DUCTOS PARAMESONÉFRICOS (MULLER): ➔ Total: útero unicorno; ➔ Parcial: ausência de segmento: ◆ Área próxima do corpo ◆ Área anterior à lesão > mucometra ➔ Sinais Clínicos pouco evidente: ◆ Corpo lúteo persistente e anestro prolongado ◆ Redução de fertilidade ➔ Palpação retal e inspeção vaginal > Acúmulo de líquidos no útero ➔ Descarte. 15 CÉRVIX DUPLA: ➔ Geralmente não é uma cérvix dupla completa; ➔ Etiologia: persistência da parede medial dos ductos de Muller; ➔ Abertura externa dupla com 2 canais cervicais que se encontram antes de atingir a abertura interna; ➔ Não tem efeito na fertilidade (encontrada durante exame genital); ➔ Hereditária. AGENESIA DE OVÁRIO/ÚTERO: ➔ Hereditária; ➔ Uni ou bilateral; ➔ Desenvolvimento de um só corno uterino. 16 OVÁRIOS SUPRANUMERÁRIOS: ➔ Raro em bovinos; ➔ Síndrome do ovário remanescente em cães e gatos: são animais que o procedimento de OSH foi realizado, foram retirados os dois ovários e o útero, mas a fêmea mantém o cio por ter um terceiro ovário presente. ➔ Separação de um ovário em dois; ➔ São responsáveis pela presença de cio em fêmeas com OSH: (Síndrome do Ovário Remanescente em cadelas e gatas). AGENESIA DE ANÉIS CERVICAIS: ➔ Subdesenvolvimento ou ausência (Agenesia) de um ou mais anéis cervicais; ➔ Aumenta a propensão a infecções uterinas. TORTUOSIDADE DO CANAL CERVICAL: ➔ Trajeto irregular do canal cervical: é uma irregularidade na conformação dos anéis cervicais; ➔ Hereditária; ➔ Raça bovina Bonsmara: possui grande tortuosidade no canal cervical que dificultava o processos da reprodução, como a inseminação/coleta de embriões/ transferência de embrião; ➔ Raças ovinas: as sem lã possuem maior tortuosidade no canal cervical, é possível a realização de inseminação transcervical nessas raças; ➔ Raças lanadas (com lã): raças mais do sul do estado, possuem maior tortuosidade no canal cervical. 17 ➔ Consequências: ◆ Falha no escoamento das secreções uterinas; ◆ Mucometra e hidrometra; ◆ Infertilidade; ◆ Distocia origem materna. 18
Compartilhar