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SOI V – APG Duda Campos O Sr. S. era um advogado bem-sucedido que se apresentou para tratamento após sua firma, para a qual anteriormente era capaz de ir caminhando de casa, ter mudado para um novo local ao qual ele podia chegar apenas de carro. Ele relatou que ficava “aterrorizado” por ter de dirigir, sobretudo em rodovias. Até mesmo o pensamento de entrar em um carro o levava à preocupação de que morreria em um acidente. Seus pensamentos eram associados a um medo intenso e a inúmeros sintomas somáticos, incluindo coração acelerado, náusea e sudorese. Embora o pensamento de dirigir fosse aterrorizante em si, o Sr. S. ficava praticamente incapacitado quando dirigia em estradas movimentadas, com frequência tendo que estacionar para vomitar. • Medo excessivo de objeto, circunstância ou situação específicos • Desenvolvimento de ansiedade intensa, mesmo a ponto de pânico, quando da exposição ao objeto temido • Podem ficar em pânico ante o pensamento de perder o controle – por exemplo, se têm medo de andar de elevador, também podem se preocupar com a possibilidade de desmaiar após a porta se fechar • Associa um objeto ou situação à emoções de medo e pânico EPIDEMIOLOGIA • Prevalência de 10% ao longo da vida • Transtorno mais comum entre as mulheres e o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas dos transtornos relacionados às substâncias • Idade de pico de início de fobias do tipo ambiente natural e do tipo sangue-injeção- ferimentos é dos 5 aos 9 anos, podendo ocorrer mais tarde • A idade de pico para o início das fobias do tipo situacional (exceto medo de altura) é mais alta, em torno dos 20 anos, idade mais próxima daquela para princípio de agorafobia • As mais comuns: animais, tempestades, altura, doença, ferimento, morte COMORBIDADE • Variam de 50 a 80% • Os transtornos associados com fobia específica: ansiedade, humor, e relacionados a substâncias ETIOLOGIA PRINCÍPIOS GERAIS DAS FOBIAS FATORES COMPORTAMENTAIS • A ansiedade é desencadeada por um estímulo naturalmente assustador que ocorre em contiguidade com um segundo estímulo inerentemente neutro • Como resultado da contiguidade, sobretudo quando os dois estímulos são pareados em ocasiões sucessivas, o estímulo neutro original se torna capaz de desencadear ansiedade por si próprio. Assim, passa a ser um estímulo condicionado para produção de ansiedade. • A ansiedade é um impulso que motiva o organismo a fazer o que puder para evitar o afeto doloroso – ele aprende coisas que permitem que ele evite o estímulo provocador de ansiedade • A esquiva do objeto ou da situação que provoca ansiedade desempenha um papel central FATORES PSICANALÍTICOS • A fobia é o resultado de conflitos centrados em uma situação edípica da infância não resolvida • Quando a repressão deixa de ser bem-sucedida em sua totalidade, o ego precisa convocar defesas auxiliares – em pacientes com fobias, a principal delas é o deslocamento – o conflito sexual é deslocado da pessoa que o evoca para Fobia específica SOI V – APG Duda Campos um objeto ou uma situação, que passa a ter o poder de despertar uma constelação de afetos, um dos quais se denomina ansiedade- sinal • O objeto ou a situação fóbica podem ter uma conexão associativa direta com a fonte primária do conflito e, assim, simbolizá-lo Temas psicodinâmicos nas fobias: • Os principais mecanismos de defesa incluem deslocamento, projeção e esquiva. • Estressores ambientais, incluindo humilhação e crítica de um irmão mais velho, brigas dos pais, ou perda ou separação dos pais, interagem com uma diátese genético-constitucional. • Um padrão característico de relações objetais internas é exteriorizado em situações sociais, no caso da fobia social. • A antecipação de humilhação, crítica e ridículo é projetada nos indivíduos no ambiente. • Vergonha e embaraço são os principais estados afetivos. • Os membros da família podem encorajar o comportamento fóbico e servir como obstáculos a qualquer plano de tratamento. • A autoexposição à situação temida é o princípio básico do tratamento. ATITUDE CONTRAFÓBICA: • O indivíduo inverte a situação e tenta confrontar e dominar qualquer coisa que seja temida • Indivíduos com atitudes contrafóbicas procuram situações de perigo e se envolvem nelas com entusiasmo • Quem pratica esportes perigosos, como saltos de paraquedas e escaladas de montanhas, podem estar exibindo um comportamento contrafóbico. • Esses padrões podem ser secundários a ansiedade fóbica ou ser meios normais de lidar com uma situação realisticamente perigosa. • Pode ser um mecanismo de defesa FATORES GENÉTICOS • As fobias específicas tendem a ocorrer m famílias, principalmente a do tipo sangue- injeção-ferimentos DIAGNÓSTICO • O aspecto fundamental é que os sintomas de medo ocorrem apenas na presença de um objeto específico • O tipo sangue- -injeção-ferimentos é diferenciado dos outros, porque bradicardia e hipotensão com frequência seguem a taquicardia inicial, que é comum a todas as fobias. Critérios do DSM-5: 1. Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação – exemplo: voar, alturas, animais, tomar uma injeção, ver sangue 2. O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca uma resposta imediata de medo ou ansiedade 3. O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou suportado com intensa ansiedade ou sofrimento 4. O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao perigo real imposto pelo objeto ou situação específica e ao contexto sociocultural 5. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente com duração mínima de seis meses 6. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo 7. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental, incluindo medo, ansiedade e esquiva de situações associadas a sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes, objetos ou situações relacionadas a obsessões, evocação de eventos traumáticos, separação de casa ou de figuras de apego ou situações sociais QUADRO CLÍNICO • Ansiedade grave quando é exposto a situações ou objetos específicos ou mesmo quando antecipam a exposição às situações ou aos objetos • A exposição ao estímulo fóbico ou a antecipação podem gerar ataque de pânico • Pessoas com fobias tentam evitar o estímulo fóbico • Presença de medo irracional e egodistônico de uma situação, uma atividade ou um objeto específico • Com frequência, está associada à depressão DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Uso de substâncias – alucinógenos e simpatomiméticos • Tumores do SNC • Doenças cerebrovasculares • Esquizofrenia • Transtorno de pânico • Agorafobia SOI V – APG Duda Campos • Transtorno de personalidade esquiva • Hipocondria • TOC • Transtorno de personalidade paranoide CURSO E PROGNÓSTICO • Idade de início bimodal • Pico na infância para fobia de animais, fobia de ambiente natural e fobia de sangue-injeção- ferimentos • Pico no início da idade adulta para outras fobias, como a situacional TRATAMENTO FOBIAS • Terapia comportamental • Psicoterapia orientada ao insight • Terapia virtual – simulações de transtornos fóbicos • Hipnose, terapia de apoio, terapia familiar FOBIA ESPECÍFICA • Terapia de exposição • Ensinar técnicas para lidar com a ansiedade – relaxamento, controle da respiração, abordagens cognitivas • Podem ser usados agonistas de receptores beta- adrenérgicos, benzodiazepínicos, psicoterapia ou terapia combinada dirigida aos ataques
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