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Amanda Dias Pereira – LII Palestra prof. Lucas Porto – SOI V MORTE ENCEFÁLICA → MORTE ENCEFÁLICA NO MUNDO: • Analise dos critérios em 91 países. • Legislação para determinação de ME em 70%. • Participação de médicos com treinamento em neurologia, neurociência ou terapia intensiva exigida em 2/3 dos casos. • Critérios específicos para crianças em 56%. • Diferenças importantes no tempo de observação entre os exames, no teste de apneia e nos exames complementares. → ESPECTRO BIOLÓGICO DA CONSCIÊNCIA: Cérebro sem lesão → estado de consciência mínima (intermitente) → estado vegetativo permanente (inconsciência irreversível) → morte encefálica (inconsciência irreversível + apneia) → cérebro necrótico liquefeito (ausência de função). Quando se tem a morte encefálica é o momento que se dá a morte. → IMPORTÂNCIA DA DEFINIÇÃO DE MORTE PARA A SOCIEDADE: Necessidade de uma linha clara de distinção entre estar vivo ou morto. • Definir a real situação do paciente (vivo ou morto) • Quando uma pessoa pode ser enterrada ou cremada? • Quando seu testamento pode ser executado • Estabelecimento de linha sucessória • Quando chamar uma esposa de viúva • Quando um crie é um homicídio? • Informar familiares adequadamente, restringir tratamento fúteis (não tratar cadáveres) • Racionalizar custo e utilização de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) • Quando se pode doar seus órgãos • Recurso jurídico/”legal fiction” o Definição de maioridade penal o Quando pode dirigir o Conceito de legalmente cego → MORTE ENCEFÁLICA: A morte encefálica (ME) ocorre quando há cessação irreversível de todas as funções geradas no sistema nervoso central (SNC) acima do nível do forame magno. Aumento da PIC → diminuição do fluxo sanguíneo cerebral → hipóxia. Causas mais frequentes: • Traumatismo encefálico (mais comum) • AVE • Neoplasias intracranianas • Ferimento por arma de fogo • Encefalopatia anóxico-isquêmica → LEGISLAÇÃO: • 1991: regulamentação CFM da resolução 1.396/91. • 1997: lei nº 9.343/9719 cap. II, art. 3º “A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.” → CFM: A nova resolução estabelece que os procedimentos para a determinação da morte encefálica devem ser iniciados em todos os pacientes que apresentem coma não perceptivo, ausência de reatividade supraespinhal e apneia persistente. O quadro clinico do paciente também deve apresentar todos os seguintes pré-requisitos: • Presença de lesão encefálica de causa conhecida e irreversível • Ausência de fatores tratáveis que possam confundir o diagnostico • Tratamento e observação no hospital pelo período mínimo de 6h • Temperatura corporal superior a 35° • Saturação arterial de acordo com critérios estabelecidos pela resolução. Questionamentos: • Temperatura corporal mínima. • Segurança do teste de apneia. • Hipernatremia. • Uso de drogas depressoras do sistema nervoso central. • Lesões congênitas ou adquiridas que prejudiquem parte do exame clinico. • Experiência e incorporação de novas tecnologias → intervalo mínimo de tempo para a determinação da ME pode ser reduzido, mantendo-se a segurança e acurácia do procedimento. → PROCEDIMENTOS PARA O DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA: Além do exame clinico, que deve ser realizado por dois médicos diferentes, o novo protocolo reduz o intervalo entre os testes clínicos para o mínimo de 1h entre a primeira e a segunda bateria de testes. Além disso, é necessário apenas um teste de apneia e um exame complementar. Anteriormente, o exame clinico era vedado a um neurologista e outro médico não- especialista. Com a nova resolução, podem fazer os exames médicos neurologistas, neurocirurgiões, intensivistas e emergencistas que tenham experiencia com os testes clínicos. Entre os exames complementares recomendados, estão a angiografia cerebral, o eletroencefalograma, o doppler transcraniano e a cintilografia cerebral. O laudo deve ser assinado por profissional com comprovada experiencia e capacitação para a realização desse tipo de exame. → CRITÉRIOS PARA ABERTURA DO PROTOCOLO DE MORTE ENCEFÁLICA: Presença de pré-condições: • Coma com Glasgow 3 • Total entrega à ventilação mecânica • Lesão estrutural encefálica irreversível documentada + Assegurar que causas reversíveis de um tronco não funcionante foram excluídas: • Ausência de hipotermia • Depressores de SNC • Distúrbios endócrino-metabólicos graves + Testes que demonstrem ausência de reflexo de tronco e apneia e viabilidade encefálica: • 2 exames clínicos • Teste de apneia • Exame complementar → EXAME CLÍNICO NEUROLÓGICO NA MORTE ENCEFÁLICA: Exame físico: • Reflexo fotomotor e consensual • Reflexo córneo-palpebral • Reflexo óculo-cefálico • Reflexo de tosse • Reflexo vestíbulo-calórico • Apneia Escala de coma de Glasgow = 3. Escala FOUR (full outline of unresponsiveness). Ausência de resposta aos estímulos dolorosos. 1. Reflexo pupilar fotomotor: • Via aferente – nervo óptico (II) – tálamo. • Via eferente – nervo óculo-motor (III) – mesencéfalo. • Ausência de resposta à estimulação luminosa. • Atenção: historia de cirurgia oftalmológica, midriáticos tópicos, atropina venosa (não altera contração) e trauma ocular ou da face. 2. Reflexo córneo-palpebral: • Via aferente – nervo trigêmeo (V) – ponte. • Via eferente – nervo facial (VII). • Ausência de resposta de defesa ou fechamento ocular. 3. Reflexo óculo-cefálico: • Via aferente – nervo vestíbulo-coclear (VIII) – ponte. • Via eferente – nervo oculomotor, abducente e troclear (III, IV, VI) – fascículo longitudinal medial. • Ausência de movimentos oculares. • Atenção: trauma raquimedular. 4. Reflexo óculo-vestibular: • Via aferente – nervo vestíbulo-coclear (VIII) – ponte. • Via eferente – nervo oculomotor, abducente, troclear (III, V) – fascículo longitudinal medial – mesencéfalo/ponte. Prova calórica: • Otoscopia (verificar se obstrução ou perfuração). • Cabeceira a 30º. • Instilar 50ml de soro gelado (próximo a 0º) ao longo de um minuto. • Observar por até 1 minuto após. Aguardar 5 minutos antes de testar o outro lado. • Ausência de movimentos oculares. 5. Reflexo de tosse: • Via aferente – nervo glossofaríngeo (IX) – bulbo. • Via eferente – nervo vago (X). • Ausência tosse ou movimento torácicos. • Ausência de náuseas ou vômitos ao estimulo da faringe posterior. 6. Teste da apneia: • Oxigenar paciente com FiO2 100% por 10min. • Coletar gasometria inicial (pCO2 entre 35 e 45mmHg). • Desconectar o ventilador e inserir um cateter de O2 com fluxo de 6-8l/min (traqueia-carina). • Observar a presença de movimentos respiratórios por 10min. • Coletar gasometria arterial final (pCO2 = ou > 55mmHg). • Reconectar o paciente à ventilação mecânica. → ACHADOS CLÍNICOS QUE NÃO EXCLUEM O DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA: • Movimentos involuntários (desencadeados por estimulo ou espontâneos = reflexos espinhais): o Sinal de Lázaro o Reflexos tendineos, abdominais, cremastéreo ou sinal de Babinski persistentes; movimentos ondulares dos dedos dos pés; contrações faciais (caretas). Atenção para síndrome de encerramento (“locked-in syndrme”) e para Guillain-Barré acometendo nervos periféricos e pares cranianos. → TEMPO PARA REPETIÇÃO DO EXAME CLÍNICO NEUROLÓGICODE ACORDO COM FAIXA ETÁRIA: • 7 dias a 2 meses incompletos: 24h. • 2 meses a 2 anos: 12h. • > 2 anos: 1h. → EXAMES COMPLEMENTARES PARA DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA: • Ausência de atividade elétrica cerebral: eletroencefalograma (EEG). • Ausência de atividade elétrica no tronco cerebral: potencial evocado multimodal. • Ausência de atividade metabólica cerebral: SPECT e PET – tomografia por emissão de pósitrons. • Ausência de perfusão sanguínea cerebral: angiografia cerebral de quatro vasos e/ou doppler transcraniano (DCT), angiografia isotópica cerebral. 1. Eletroencefalograma (EEG): Vantagens: • Avalia a atividade elétrica cerebral. • Fácil execução à beira leito. Desvantagens: • Avalia mal o treco subcortical e o tronco cerebral. • Sensível a droga depressoras do SNC. • Sensível a hipotermia (abaixo de 32,2ºC). • Integridade do sistema de registro e técnica. 2. Potencial evocado (PEV/PEA/PESS): • Avalia vias aferentes e eferentes. • Complementar ao EEG (tronco encefálico + subcortical). Desvantagens: • Tempo prolongado de avaliação. • Limitações em lesões traumáticas dos nervos ópticos (PEV), lesões dos nervos auditivos (PEA) e nas lesões da medula cervical (PESS). 3. Doppler transcraniano (DTC): Vantagens: • Avalia hemodinâmica cerebral. • Analise rápida, à beira do leito e não invasivo. • Sem necessidade do uso de drogas ou de equipe técnica. Desvantagens: • Dependente de um operador especializado. • Presença craniectomias descompressivas, derivações ventriculares, perdas intermitentes de tecido encefálico poderiam permitir a preservação da perfusão cerebral na presença de morte encefálica. 4. Spect cerebral: • Hipoperfusão (diminuição do metabolismo celular) ou hiperfusão (hiperatividade metabólica). • Ausência do radiofármaco (Tc) na zona de lesão = morte celular. • Remoção do paciente. 5. Arteriografia cerebral: • Avalia fluxo sanguíneo cerebral. • Remoção do paciente. • Contraste – função renal. Caso um primeiro exame complementar não seja compatível, esta indicada a repetição após 24-48h sem inviabilização do protocolo. O mesmo exame deve ser realizado na repetição. Não é necessário repetição dos exames clínicos. → CONDUTA APÓS O DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA: → RESOLUÇÃO CFM Nº 1.829, DE 24 DE OUTUBRO DE 2007: Art 1º: É legal e ética a suspensão dos procedimentos de suportes terapêuticos quando determinada a morte encefálica em não doador de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante, nos termos do disposto na Resolução CFM nº 1.480, de 21 de agosto de 1997, na forma de lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. → QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE ESTABELECER ESSE TIPO DE DIAGNOSTICO: • Evitar prolongar uma terapêutica sem qualquer benefício, elevando os custos (altíssimos) envolvidos na manutenção desse tipo de paciente. • Não desviar ou dividir recursos técnicos e de pessoal, que poderiam ser utilizados em um paciente com melhor prognostico. • Não aumentar desnecessariamente o período de ansiedade e expectativa dos familiares. • Possibilidade de transplante de órgãos.
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