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Anlonio Marco Viuri Cipclli Paulo Roberto Alves Waldir João $,111drini Eduardo Cesar Alves Cruz Celso de Araujo Salomão Choucri Junior Eduardo Ccsar Alves Cruz Rosana Arrudci da Silva Érica Regina Antonio Fábio Belém Pedro Paulo Vieira Herruzo Grazicla M. L Gonçalves Mauricio Sccrvianinas de íranç.a Marlenc reresa Santin Alves Copyright © 1998 da Editora Érica Ltda. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câm<ira Brasileira do Livro, SP, Brasil) ------------·~--------------- Silveir;i, Paulo Rogério da, 1968 - /\utom;ição e controle discreto / P;iulo Rogério da SilvcirJ, Windcrson E. dos S<intos. - São Paulo: Érica, 1998. - (Coleção Estude e Use. Série Automação Industrial) Bibliografia ISBN BS-7194-591-8 1. Automação. 2. Control<idores progr<imáveis. 3. Controle automático. 1. Santos, Winderson E. dos Santos, 1964. li. Título. Ili. Série. 98-49 50 CIJU-629.8 Índices para catálogo sistemático 1. Controle Automático: Engenharia 629.8 2. Controle Discreto: Engenharia de automação 629.8 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotogr;íficos. reprográficos, fonográficos, vidcográlicos. Vedada a mcrnorizaçõo e/ou a recuplera~.ão tot;d ou parcial cm qualquer sistema de procf'ss;irnenlo de dados e a inclusão de qualquer parle da obra cm qualquer programa juscibernético. Essas proibiç.ões aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17.12.80) com pena de prisão e multa, juntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (artigos t 22, 123, 121, 126, da Lei n'' S.988, de 11.12..73, Lei dos Direitos Autor ais). As imagens da abertura do livro, aberturas de capítulo e algumas no interior do livro foram retiradas dos ClipArts do CorelDRAW e Mega Galle1y da Cmel. Os Autores e a Edito1a acreditam que todas as informaçõ~s aqui apresentadas estão corretas e podem ser utilizadas para qualquer fim lc3al. Ent1etanto, não existe qualquer garantia, quer explícita ou implícita, de 'lue o uso de tais informaçiíes conduzirá sempre ao 1esultado desejado. --ERICA Editora Érica l.tda. Rua Jar inu, 594 - latuapé - Cx. P. 14577 CEP: 03306-000 - São Paulo - SP Fone: (011) 295-3066 - Fax: (011) 217-4060 Home-Page: www.erica.com.br "Uma máquina pode fazer o trabalho de cinqlienta pessoas comuns. Máquina alguma pode fazer o trabalho de um homem incomum." Elbert Hubbard Editor Americano 1365-1915 DEDICATÓRIA Aos meus pais, João Thomaz Silveira Netto (in memóriam) e Gertrudes Elisa Lüpges Silveira, pela garra, determinação e exemplo demonstrados ao longo de suas vidas e pelo carinho e dedicação para com seus filhos. Paulo Silveira Aos meus pais, Sebastião Eugônio dos Santos (in memúriam) e Nilma dos Santos, por todo estímulo que deram à minha educação, maior patrimônio que os pais podem deixar a scus filhos. Winderson Santos AGRADECIMENTOS Caio Nabshima, mestre cm redes de compuladores e professor do Oeparlamenlo de Informática, pela decJicada contribuição; • Amaury Pessoa Cebran, amigo e professor do Departamento cJe Eletrotécnica, pelo auxílio na interpretação de textos cm francês; • Dr. Paulo C. Slaozisz, professor do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática lncJustrial, pelas sugestões no capítulo 1; • Valério Galcazzi, da empresa Elipse, pela prestatividade e rapidez com ciue atendeu à nossa solicitação; • /\os nossos ;ilunos, que cm muito colaboraram e nos molivar<im na consecução deste objetivo; • Cassiana Caldini Ribas, pelas valiosas opiniões prestadas à elaboração do livro. • • • Luciani, esposa rle Paulo, pelo incentivo e paciência demonstrada nas inúmeras horas incansávcis que os separaram para a realinc)fo de rn<1is este desafio; Tereza Cristina Karam, esposa de Winderson, pelo apoio im onteste sempre oferecido, e Ralph e Gustavo, filhos do casal, pelas irnímeras horas de ausência do pai; Aos demais parentes, amigos e colegas de trab<Jlho não nominados m;:is que, direta ou indiret<Jmente, conlrihuír<im e acreditaram na realizaç.ão deste tr;:ibalho; A Deus, que por sua misericórdia torna tudo possível. ESCOJ 11T~· 1 ;:·;1 i!f'1'J':hiTO!!ISH - C:Tr.R - lll!JU(JJ l:.Ct\ SAN Hl 11.l'ONSO -- PREFÁCIO A obra Automação e Controle Discreto é constituída por seis capítulos, seguidos por três apêndices, nos quais procur;imos conc;iten<.1r toda uma experiência adquirida dentro e fora do ambiente acadêmico. Tal projeto durou três anos, sendo que neste último, coube-nos o trabalho final de sua criação e digitação. Destinado a técnicos, engenheiros e a todos os profissionais envolvidos na área de automação industrial, o conteúdo é explorado de forma simples, com informações técnicas valiosas para que se possa suscitar uma reflexão mais aprofundada a respeito do assunto abordado. Inicialmente, foi inserido o tema da evolução histórica e económica da Revolução Industrial, ressaltando o papel da criação de um invento tecnológico, passando pela evoluc,;ão do controle industrial e seu conceito, <Jté se estabelecer um perfil para a Tecnologia de Informação, processo que está presente de forma perspícua no atual estágio de evolução_ Integração e flexibilização são inseridas na forma de representação de sistemas, chegando por fim na automação propriamente dita, em que o enío4ue enfatiza a compreensão do papel do controle discreto nos mais diferentes níveis do controle automático. Uma discussão sobre o paradigma do desemprego, diante do estado de mecanização e cvoluç.ão tecnológica em que nos encontramos, fez-se altamente necessária. O assunto nos traz ainda uma rev1sao da técnica digital. Trata da aplicação e conceito de sinais analógicos e digitais, mostrando as relações entre os sistemas de numeração mais utilizados em controle, bern como a importância do sistema bin{irio na lógica de contatos. Cita os códigos especiais e suas aplicações, associados ao tratamento da álgebra booleana na solução de problemas combinacionais. Apresentam-se os conceitos relativos ao principal equipamento de controle discreto da atualidade, o PLC São abordados aspectos de hardware, tais como sua CPU e seus circuitos e interfaces de entrada e saída. Abordam-se os principais tipos de linguagem de programação, para fins de aprendizado, nas estruturas em diagrama de conta!os e em mnemónicos booleanos_ Optamos pelo uso de um PLC fictício e genérico, denominado Educal. Com esse equipamento, é possível compreender os principais conceitos de programação encontrados na prática, tais corno: instruções de entrada e saída, instruções de lógica booleana, temporizadores e contadores_ Aos que optarem por este método para o ensino da programação de PLC, será muito f;Jcil adaptar a linguagem do Educa 1 ao equipamento real disponível em laboratório, pois ele segue princípios idênticos aos implementados cm tais equipamentos. O livro ainda detém a descrição de uma ferramenta gráfica para a modelagem de processos seqüenciais, denominada Grafcet. O Grafcet tem suas ... --~··~···· ...... ..._ ... _,,, 111\..UUV.:> UV::> dlHJ~ JU, por urn grupo de pcsquis;idores e gerentes industriais envolvidos corri sistemas discretos de gr·andc complexidade. Por meio dessa ferramenta pode-se facilmente modelar situaç.õcs de controle que envolvam seqüenciamentos simples, paralelos ou tomadas de decisão sobre os quais a seqiiência deva ser acompanhada. A abordagem é feita de fonn<i clara e o comporiamento dinâmico do Gr<Jket é amplamente ilustrado por grafos e diagramas temporais. Após discorrer sobre aspectos teóricos e conceituais, o assunto é contemplarlo pelos exemplos práticos dos principais cc1sos de sequenciamento encontrados no ambiente de manufatura. Por se tratar de um assunto conceituai, (~ recomendável que o leitor ceriifique-se de sua completa compreensão antes de passar a novo tópico. A próxima parte é, sob o ponto rle vista de projetistas, o capítulo mais importante relativo ao tema Controle Discreto. Nele é apresentada ao leitor uma nova metodologia ele programação de estruturas lógicas scqlienciais em PLC. ULilizam-se exemplos de implementação em linguagem de diagrama de contatos, podendo, entretanto, ser facilmente convertidos pelo leitor em outras formas de linguagem. Tal metodologia, resultante da experi(~ncia aelquirida pelos autores ao longo de vários anos de ensino de programação de PLC (nos cursos Técnicos e de Graduac,ão do Centro Federal de Educação Tecnológic;i do Paran{1), vem contribuir para a elisseminação de boas práticas ele programação, cuja aprendizagem é fácil e rápida, gerando sistemas ele fácil manutenção com documentação detalhada. O ú !timo tópico é referente às tecnologias associadas à automação, contendo uma abordagem de caráter emergencial. O controlador lógico programável é visto como um dispositivo associado a umél rede de comunicação de dados, dentro de urna tendência de parlrão internacional de intercomunicabilidade. São inseridos conceitos de sistemas integrados, mostranelo a importância do computador, fazendo uma análise das técnicas utilizadas para a engenharia de produção em nível corpmativo e operacional Tratamos ainda das interfaces gráficas projetadas' para tornar o ambiente industrial mais amigável, por meio da supervisão de processos, e por fim, apresentamos um tópico sobre Teoria Ceral de Sistemas. Ao final de cada capítulo encontra-se uma list;1 de exerc1c1os minuciosamente selecionados pelos autores. Tais exercícios crescem, cm sua maioria, seqücncialmente em ordem de complexidade, acompanhando " forma como o texto foi desenvolvido ao longo cio capítulo. Curitiba, outubro de f 998. ()s Autores SUMARIO Capítulo 1 - Automação Industrial: Uma Retrospcctiva Histórico-Social .......... 1 1 .1 Introduç.ão ................................................................................................. 1 1.2 A Importância de um Invento ..................................................................... 2 1 .3 A Revoluç.ão Industrial ........................................................................... 4 1 .3.1 Na Inglaterra ..................................................................................... 6 1 .3.2 A Contribuição Norte-Americana .................................................... 9 Acontecimentos que Alavancaram a Industrialização Norte--Americana ........................................................................... ·1 O Enquanto isto, ... no Brasil. .............................................................. 1 O 1.4 Evolução do Controle Industrial ............................................................. 13 O Controle Numérico ............................................................................ 14 Os Rohôs .................................................................................................. 1 5 O Processo Industrial ............................................................................. 16 Do Controle Centralizarlo ao Distribuído .............................................. 18 1.5 A Tecnologia da Informação ..................................................................... 20 1 .6 A Automação Industrial ......... , ................................................................ 22 1.7 A Maldição do Emprego cfa Máquina ................................................... 26 r>or que Automalizar ................................................................................ 29 Por que Não Automatizar ......................................................................... "30 Perfil para o Profissional elo Século XXI .................................................. 30 1.8 Exercícios Propostos ................................... , .......................................... "31 Capítulo 2 - Lógica Combinacional .............................................................. 33 2. 1 lnlroduç5o ............................................................................................... 33 2.1. 1 Sinais Analógicos e Digitais ........................................................... 33 Sinais Analógicos ............................................................................ 34 Sinais Digitais .................................................................................. .34 2.2 Sislem;J.s Numéricos ................................................................................ 35 2.2..1 Decimal .......................................................................................... .36 2.2.2 Ginário ........................................................................................... 36 2.2.3 Oc.tal ............................................................................................... 39 2.2.4 Hex;idecimal ................................................................................. 40 2.2.5 Códigos Especiais ........................................................................... 41 2.2.6 Conversões Complementares .......................................................... 46 2.3 Métodos Científicos .............................................................................. 48 Método Indutivo .................................................................................. 43 Método Dedutivo .................................................................................... .49 Outros Métodos ....................................................................................... 51 2.4 Estados Lógicos ......................................................................................... 52 2.4.1 Operações Lógicas ......................................................................... 53 Tabela Verdade ............................................................................... 53 !'unções Lógicas .............................................................................. 54 função "Sirn ou Identidade" ............................................................ 55 Função "OU" .................................................................................. 55 !'unção "E" ..................................................................................... 56 Fun\ão "Não" ................................................................................. 56 2.4.2 Álgebra de Boole .. : ................................................................... 59 Postulados ......................................................................................... 60 Teoremas ................ , ........................................................................ 60 2 .4.3 Funçôes Booleanas ......................................................................... 62 Tabela de Combinações ................................................................. 63 Método da Soma dos Produtos ............................................ ,. ......... 64 MC::·todo do Produto das Sornas ......................................................... 66 Minimização de Funções Booleanas ............................................... 67 2.4.4 Mapas de Karnaugh ......................................................................... 67 Representação da Função ................................................................ 70 2.5 Exercícios Propostos ................................................................................. 75 Problemas de Lógica Combinacional ...................................................... 77 Capítulo 3 - Controlador Lógico Programável ................................................ .79 3.1 Introdução ................................................................................................ 79 Definições Importantes ............................................................................. 81 3.2 Princípio de Funcionamento ..................................................................... 82 3.3 Elementos do Harrlware .................................. : ....................................... 84 3.3.1 A CPU ............................................................................................. 84 3.3.2 Interfaces de Entra<fa/Saída .............................................................. 89 3.4 Linguagens de Programação ..................................................................... 92 3.5 O PLC Educa_l ......................................................................................... 94 3.6 Instruções de Entrada e Saída .................................................................. 95 3.7 Circuitos com Lógica Negativa ................................................................. 96 3.8 Instruções Booleanas ................................................................................ 97 3.9 Elaboração de Circuitos .......................................................................... 99 3.10 Circuitos de lntertravarnento .................................................................. 101 3.11 Circuito de Dctecção de Borda .............................................................. 1 04 3.12 Temporizador ....................................................................................... 106 3.13 Contador ................................................................................................. 11 3 3.14 Exercícios Propostos .............................................................................. 114 Capítulo 4 - Lógica Seqüencial .. .... ........... .. . ............................................... 11 7 4. 1 Introdução ................................................................................................ 1 1 7 4.2 O Grafcet .................................................................................................. 119 4.2.1 Etapas .............................................................................................. 119 4.2.2 Transição., ....................................................................................... 119 4.2.3 Arcos Orientados ............................................................................. 120 4.2.4 Ac,:ão . ., ............................................................................................. 120 4.2.5 Receptividade ................................................................................. 124 4.3 Comportamento Dinâmico ............................ ., ......................................... 126 4.3.1 Situação Inicial ............................................................................... 126 4.3.2 Evolução entre Situações ................................................................. 128 4.3.3 Estrulura Seqücncial ....................................................................... 130 4.3.4 Seleção entre Seqüéncias ........................................... ., .................. 1 32 4.3.5 Paralelismo ...................................................................................... 138 4.3.6 Exercícios Propostos ........................................................................ 141 Capítulo 5 - Do Grafcet à Linguagem de Relês ............................................. 147 5.1 Introdução ................................................................................................ 147 5.2 Metodologia ............................................................................................. 148 5.3 Exemplo com Seleção entre Seqüéncias .................................................... 152 5.4 Exemplo com Paralelismo ......................................................................... 156 5. 5 Exercícios Propostos ................................................................................. 160 Capítulo 6 - Tecnologias Associadas à Automação ...................................... 1 69 6.1 Introdução ................................................................................................. 169 6.2 Sistemas Integrados de Produção .............................................................. 171 6.2. l Manufatura Integrada por Computador .................................................. 172 6.3 Sistemas Flexíveis .............................................. ., .................................... 179 6.4 Redes de Computadores .......................................................................... 181 6.4. l Protocolos de Comunicação ........................................................... 183 6.4.2 Modelo de Referência 051 ............................................................. 185 6.4.3 Estrutura das Redes de Comunicação .............................................. 189 6.4.4 Topqlogias de Rede ........................................................................ 1 91 6.4.5 Métodos de Acesso ao Meio ..... ,. .................................................... 194 6.4.6 Componentes de urna Rede ............................................................. 196 o.::> unenac.es 1·1omem-Maquma ..................................................................... 197 6.5.1 Interfaces Gráficas de Usuário (GUI) .............................................. 199 6.5.2 Armazenamento de Receitas ........................................................... 200 6.5.3 Alarmes e Eventos ............................................................................ 200 6.5.4 Comunicação ................................................................................ 201 6.6 Outros Equipamentos para Controle Discreto ........................................... 201 6.6.1 Relés Lógicos lnteligen\es .............................................................. 202 6.6.2 Computadores lnduslriais ................................................................. 202 6.6.3 Softlogic .......................................................................................... 203 6.7 Teoria Geral de Sistemas ........................................................................... 203 6.7. 1 Os Sistemas Abertos ...................................................................... 205 6.8 Exercícios Propostos ................................. , ................................................ 209 Apêndice 1 -Anunciadores de Alarmcs ............................................................. 21 ·1 AI .1 Introdução ................... ,. .......................................................................... 211 A 1.2 Retenção .................................................................................................. 21.3 A 1.3 Seqüência com Rearme Automático ........................................................... 214 A 1.4 Seqüênc.ia com Rearme Manual ............................................................. 214 A 1.5 SeqLiência com Rechamada ................................................................... 215 /\ 1.6 Seqüência com Indicação de Primeira Ocorrência ............................... 21 5 Apêndice 2 - O Padrão Internacional IEC 1131-3 ........................................... 217 /\2.1 Introdução ............................................................................................... 217 A2.2 Características IEC 1 1 .31-3 ...................................................................... 218 A2.3 Configuração de Enrlereçamento cm Rede ................... ., ......................... 219 A2.4 Exemplos de Rlocos de Funções .............................................................. 224 Apêndice 3 - Protocolo de Comunicação Profibus .... ~ ................... .................. 225 A.3.1 Introdução ................................................................................................ 225 A.3 2 Ciracterísticas do Protocolo ................................................................... 225 AL3 A í'amília Profibus ................................................................................... 227 1 .1 lntroduç5o 1.2 A importância de um Invento 1.3 A Revolução lnJu,lrial L.l .1 Na Inglaterra 1.3.2 A Contribuição Norte-Americana 1.1 1 NTRODUÇÃO 1.4 A [volução cio Controle Industrial 1.5 A Tecnologia da lnforrn.1<;ão 1.6 A Automação Industrial 1.7 A Maldii,cão do Emprego d<i Máquina 1 .8 Ex"rcicios l'ropostos A palavra controle, de origem francesa (contrôler), denota o J!o ou poder de exercer domínio, fisc<Jlizar, supervisisonar, manter o equilíbrio. Esta compreensão é milenar e sempre foi alvo da consecuc;.5o de objetivos comuns de uma naç:ío, região ou comunidilde como um todo .. Variavelmente encontrada como um trunfo na mcnle do indivíduo: controlar para não ser controlado O con1role, na escala tecnológica, assume papel primordial e decisivo dentre os modelos e processos existentes, sejam eles simples, modestos, robuslos ou de extrema complexidade no plano das aç.ôes. O controle discreto que se está preconizando, é finito, de valores absolutos, coerentes com tecnologias citadas neste livro, entretanto, vale estender este conceito buscando as origens e as necessidades de seu emprego, caracterizando assim sua real importância. A necessidade de controlar processos dá origem :Js técnicas de controle, que também não se constituem novidades nos tempos modernos. Observe a figura 1. 1 na qual o controle ele nível de uma barragem era feito de forma ainda rudimentar. Figura 1.1 - Histórico A arte de controlar é tão antiga quanto as ner.essidades humanas de desenvolver seus próprios sentidos. Mesmo não dispondo de grandes tecnologias, o homem mantinha a qualidade em seus artcfatos e desenvolvia projetos c(icaxes direcionados ao controle de suas exigências. Automação lndustra/: Uma Retrospcr:tiva Histórico-Social Para que se possa entender a evolução desse processo, é preciso compreender seu contexto histórico e económico. F;:iz-se necessário citar quais for~un ;:is principais transformações que modificaram brutalmete a divisão social do trabalho, decorrentes de inventos que marcaram profundamente os dois últimos séculos, bem como o estabelecimento de paradigmas que se construíram cm torno do "emprego", principalmente após a primeira grande revolução industrial. A fim de que se possam tirar conclusões factuais da verdildeira revolução industrial a qual se pass;:i nesta virada de sérnlo, e se consiga definir um novo perfil para o trabalho e emprego de sua mão-de-obra, diante das opções de controle de um sistema automático que evoluiu para o conceito do que se conhece hoje como automa,;ão, urn breve histórico de corno o mundo resistiu a tais lransformações tecnológicas lorna-se fundamental. 1.2 A IMPORTÂNCIA DE UM INVENTO Os inventos produzidos pela humanidade sempre trouxeram, além da grande dúvida de suas conseqüências e impacto social, um estilo de vida decorrente de novos hábitos assumidos diante de novos desafios e necessidades. O homem sempre buscou simplificar seu trabalho de forma a substituir o esforço brac;;il por outros meios e mecanismos, sendo que o seu tempo disponível para outros ;ifazeres seja mais bem-empregado e valorizado nas atividades do intelecto, das artes, lazer, pesquisa ou simplesmente no gozo de novas formas de entretenimento. Desde a primeira utilização da roda de que há conhecimento, ocorrida na Ásia entre 3.500 e 3.200 a.C., o mundo vem procurando "controlar e otimizar" o tempo. Aprendeu, com o decorrer da história, que criar novos modelos ou mesmo novas máquinas dar-lhe-i<i a chave para o sucesso, a consecução de objetivos de forma muito mais rápida. Porém, su;:is descobertas também puderam significar urn certo atraso quando suas. c;onquistas na ciência foram usadas de forma incorreta e inconseqtiente, corno é o caso do emprego da tecnologia no advento dos dispositivos de estado sólido' forlalecendo a parafernália elelrônic;:i utilizada para fins bélicos. Com a promessa pautada na esperanç·;i da melhoria da qualidade de vida de seus descendentes, outro tipo de retrocesso que pode trazer conseqiiências sociais desastrosas é verificado por meio do desemprego imediato, mesmo sendo este um efeito gerado de form;i temporária. 2 Cristai.' reguladores de fluxo de corrente pur meio da técnica de dopagcm de matctiais scn1icondutorcs. Aulomação e Controle DiscrelU As gr;mdes descobertas trouxeram riquezas e marcaram época, como por exemplo: os moinhos de água cm 1086, na Inglaterra ao sul do rio Trent que somavam um lotai de Sf,24 postos para produzir energia de forma revolucionária e barata. Sendo urna época em que a porulação era de aproximadamente um quinto da <Jlual, seu crescimento demogrMico só pode ser verificado, entre outros fatores, JJela geração de empregos decorrentes do desenvolvimento de novJs tecnologias. Os moinhos foram criados, inicialmente, para moer ce1 eais, contudo conduziram à mecanização de muitos outros processos, tais como: trabalho com metais, elevação de 5gua para irrigar os campos e abastecer grandes povoados, serrarias e britagern de minério. A invenção do estribo, criado na China, veio para fortalecer a montaria de um guerreiro na busca de suas conquistas. Ofereceu ao sistema feudal a importância de uma cJv?laria no domínio do poder político. O arado foi, sem dúvida, <J maior invenção para as atividades primar1<Js desenvolvidas no século VIL Permitia uma economia de tempo no corte do solo para a fixação de raízes mais fortes, além de ser responsável pela formação de sociedades entre famílias para o melhor aproveitamento dos animais (que sempre foram utilizados, desde a Grécia antiga, para mover máquinas simples, permitindo ao homem executar tarefas rnais especializadas e difíceis), que puxavam o arado, de forma a sustentarem um novo sistema senhorial b<Jseado em conselhos de aldeias necessárias para gerenciar a ação de distribuiç.ão de terras. Lembrando que a cultura agrícola mediterrânica era do tipo individualista .. A descoberta da agulha magnética tornou víavel a nevegação de longo curso, sendo possível viagens de exploração que iriam ampliar novos horizontes e trazer outras fontes de riqueza em terras desconhecidas. A agricultura é a responsável pelo crescimento de pequenos povoados e oficinas de atividades artesanais. Bens industriais são fabricados em pequenas oficinas comandados por artesãos e seus familiares. A estrutura agrícola, com a utilização da enxada, da gadanha e do mangual2, caracteriza-se como uma atividade artesanal. Gadanha é uma espécie de ancinho, de cabo longo e dotado de uma g1andc t1avessa dentada de feno utilizado pa1a airasta1 estrume e outros serviços ag1icolas Mangual é um instrumento que serve para malhar cercais, composto de dois paus (o mango e o pcrtigo) ligados por uma correia. Automação lnduslral: Uma Retrospecliva Histórico-Social 3 Já a invenção da máquina a vapor, pelo físico e engenheiro escocês James Watt, em 1781, foi sem dúvida a principal responsável pelo êxodo rural, dando origem a grandes aglomerações urbanas, as quais são conhecidas, hoje, como grandes metrópoles. Lembrando que em meados do século XVIII a sociedade ainda era essencialmente agrícola~ Até se chegar ao nível de automação1 que se verifica hoje na indústria moderna, com seus diferentes níveis hierárquicos e diferentes técnicas de controle, preconizando a terceira revolução industrial do fim do século, tem-se que entender um pouco das implicações que as outras duas revoluções industriais tiveram no impacto social produzido a partir de inúmeros inventos e descobertas que a humanidade fez ou produziu em sua existência. A cada invenção o homem desencadeava um processo de desenvolvimento, descobria novos papéis na sociedade e redefinia suas novas necessidades, e é por este motivo que a maior dessas necessidades talvez tenha sido: a primeira Revolução Industrial, também conhecida como a "revolução das máquinas". 1.3 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A Revolução Industrial estabeleceu um marco transitório de uma sociedade, predominantemente, agrícola e organizada na produção de bens de consumo de forma artesanal, para uma sociedade, industrialmente, mais produtiva, voltada ao consumo e organizada dentro de um novo modelo econômico de sucesso financeiro, associados às novas técnicas contábeis e ao mercado de capitais. Uma sociedade comprometida com os avanços tecnológicos, pautados no aumento de qualidade de vida e o surgimento de novas frentes de trabalho juntamente com as diferenças sociais cada vez mais acentuadas. A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, em meados do século XVIII. Caracterizou-se, basicamente, pela introdução de máquinas simples que surgiram para a substituição da força muscular pela mecânica e tarefas repetitivas executadas pelo homem. Com efeito, essas atividades produtiva's passaram por urna evolução mais rápida, dando origem, na Inglaterra, à era industrial. Segundo Jean Fourastié os setores de atividades podem ser classificados em três grandes categorias: primárias.. - atividades do tipo agrícola; s.ccundáriél.'i_- atividades industriais; teu:iári.as_ - prestação de serviços, como o ensino, as artes, consultorias, corte e costura, entre outros. A distribuição da ocupação de mão- Conceito introduzido nos Estados Unidos em 1946 4 Automação e Controle Discreto -de-obra antes da revolução era basicamente centrada nas atividades pr imanas ver figura 1.2), sendo que a atividade produtiva ainda era lenta sem muita técnica e, conseqüenlemente, o controle na produção era feito de forma singular, não havia a preocupação com a produtividarle, termo que iria surgir posteriormente, com a era industrial em franca expansão. Ocupação de Mão-de-Obra 90 1700 1800 Ano 1900 2000 80 ~ ;;: 70 ·liso "' -s g- 50 o.. "' u 40 (ij => ~ 30 u ~ 20 10 o --..._ _ ... '"' / ,; " / !'.. , ~ ... ~· -.. --:- ...... .... !°"...._ -.. ~ .. ,.. .. - -- - ~ .... -........... -- -- - - --- ---- -- --. - L Atividade Pnmária - - - • Atividade s~_::j - - -- Atividade Terciária ···-- . . . .... ________ Figura 1.2 - Gráfico de Tendência de ocupação de mtío-de-obra. Importante observar que a ativirlade terciária passou a crescer a partir de 1800 efetivamente, juntamente com a queda na agricultura, sendo que a tendência atual é o constante crescimento para as atividades relacionadas às prestações de serviço. O gráfico da figura 1.2 pode servir como ponto de análise para confirmar a influência dessa revolução industrial diante das novas necessidades de competitividade da sociedade aluai. Com a separação dos fatores de produção em "capital" e "trabalho", as novas técnicas contábeis e o novo conceito de mercado de capitais originaram as bases da teoria económica, que moldaram o mundo no século XX. É importante ressaltar que no final deste século, uma nova relação sócio-econômica de trabalho é estabelecida por meio da tecnologia da informação4 , explorada no item 1 .5 deste capítulo. Existem, basicamente, dois tipos de indústria: a extrativista, quando o agente se limita a extrair da natureza substâncias úteis, sem alterar sua estrutura; A sociedade vivencia um momento de mudança de paradigma tecnológico e histórico, período caracterizado pela ocorrência de mudanças capazes de afetar as técnicas e os processos de produção, como também, alterar as relações de mercado, além de modificar radicalmente as formas de organizaç,'io social e de provocar uma descontinuidade no .statu5 quo político, económico e cultural de parte significativa da humanidade, AutomaçfüJ lndustral: 1 lma Retrospectiva Histórico-Social 5 e aquela compreendida corno um conjunto de operações ralizadas pelo homem para transformar matérias-primas em bens de produção e consumo, conhecida como a indústria de transformação, que nasceu e se desenvolveu graças à divisão social do trabalho como consequência dessa primeira revolução das máquinas, que separou as atividades industriais das agrícolas. O termo "mão-de- -obra" se constitui um marco histórico na denominação do elemento humano como força de trabalho dentro do modelo industrial vigente. 1.3.1 NA INGLATERRA A condição sócio-econômica na Inglaterra nos anos que antecederam a grande revolução, era de uma popula\·ão distribuída em aldeias, fazendas e pequenas propriedades rurais. Dedicados à lavoura, as técnicas de cultivo eram rudimentares, as técnicas de produção de alimentos eram desconhecidas, o ciclo produtivo ainda era pequeno e o padrão de vida era baixo. Com urna agricultura típica de subsistência, o grande alicerce da prosperidade inglesa era a manufatura da lã, na produção de fios e tecidos. Todo o processo de beneficiamento da lã era feito artesanalmente, em pequenas oficinas, na própria casa do artesão, o qual era chamado de "mestre tecelão". Os grandes tecelões habitavam em aldeias ou no campo, cultivavam para subsistir, manufaturavam os tecidos de lã, que os vestiam, e satisfaziam suas demais necessidades com a venda dos produtos por eles manufaturados. Realizavam seus negócios com recursos próprios, mantinham a família como centro e fornecedora de mão-de-obra, e possuíam empregados que eram denominados artesãos e aprendizes. Aprendizes e artesãos se alimentavam e dormiam na casa de seu mestre; desenvolviam, portanto, com o passar dos tempos, um laço afetivo. As condições sócio-econômicas da época determinavam que os trabalhadores tivessem um único emprego. Era comum um artesão morrer no mesmo lugar onde nascera, pois passava a trabalhar numa mesma casa para uma única família durante toda a sua vida, ganhavam muito pouco e não tinham direitos a urna reivindicação salarial mais justa pela greve. Viviam como servo-cidadãos. Com a chegada das máquinas, aldeias transformaram-se em vilas, vilas em cidades e a manufatura foi transferida das tranqüilas propriedades rurais para as fábricas. O rompimento com o velho mundo para um salto histórico sem precedentes para o desconhecido. 6 Automação e Controle Discreto Costuma-se dizer que a invenç·ão de três tipos de máquinas marcou esse período de transição da revolução industrial, destruindo o velho mundo e ajudando a construir o novo mundo. São elas: 1. Máquina de fiação, 2. Tear mecânico e 3. Motor a vapor. Foi na Idade Média que passou-se a utilizar a roda de fiar, uma roca e um fuso. Uma roda de fiar mais aperfeiçoada surge na Saxônia, atual região ao leste da Alemanha, no século XV. Depois veio a lançadeira volante, inventada em 1733, pelo tecelão inglês John Day, e por volta de 1767, James Hargrcaves, tecelão inglês do Lancashire, construiu uma máquina que fiava o fio simultaneamente em oito fusos, denominada máquina de fiar rotativa. Essa máquina possuía a manivela e fiava oito fios simultaneamente, porém, após ler sido destruída por seus colegas fiandeiros, que temiam perder o trabalho por causa da máquina, construiu posteriormente uma com 16 fusos, que substituía o trabalho que era executado por 100 homens, com roda que até uma criança poderia operar. Esse evento deu início aos primeiros passos de uma produc:,ão , • .5 em sene. Em 1769, Richard Arkwright, , um inventor inglês considerado como um dos precursores das técnicas de produção em série, acelerou o processo de industrialização utilizando a força da água corrente para a movimentação de uma máquina de tecer. Com uma máquina movida por urna correia acionada por uma roda hidráulica, estava criado o tear mecânico. Dentro de urna evolução histórica, o tear mecânico foi aperfeiçoado por Samuel Crompton em 1779, podendo contar com 48 fusos e em 1828, com o surgimento da fiadoura de anéis, a quantidade de fusos chega ao número fantástico de 1000. A máquina criada por Arkwright era robusta e cara para o tecelão comum. Os mestres tecelões passaram a fomentar grandes sociedades e juntaram vários teares num único local de trabalho, havendo uma grande concentração de máquinas, dando origem às Indústrias, e aos poucos foram mudando os hábitos do trabalho. Foram instituídas as jornadas de trabalho e o trabalhador passou a morar num local e a trabalhar em outro. Método revolucionário empregado por Henry Ford, conhecido como pai da indústria automobilíslica norte-americana, que originou-se das linhas de produção e permitia maior rapidez nas montagens de automóveis. Em 1909, produziam-se 2000 carros por mês nas linhas de montagem da fábrica em Detroit. Automação lndustral: Uma Retrospectiva Histórico-Social 7 A mecanização foi, principalmente entre 1811 e ·1816, duramente combatida pelos operários têxteis, que se mostravam indignados com a ocupação da máquina pelo homem. Além de perderem seus negócios nas fábricas, uma vez que alguns gozavam de trabalho próprio, eram obrigados a dividir o campo de trabalho com homens não especializados, e como o trabalho na indústria não era tão pesado, o ingresso de mulheres e crianças tornava-se mais freqüente. Nos tempos atuais, a indústria têxtil se modernizou, possibilitando um maior nível de controle durante todas as etapas do processo de beneficiamento de fibras de um modo geral. O fluxo de materiais durante as etapas do beneficiamento é regulado e ajustado ele modo integrado. O transporte de material é supervisionado; toda a limpeza é feita com um controle rígido dentro dos padrões de qualidade exigidos. As instalações misturadoras de flocos, nas quais se misturam fibras sintéticas, como o algodão, fibras minerais e residuais, são feitas de modo a obterem misturas exatas e mais homogêneas para a fiação. O pentear das fibras, necessário no século XVIII para dispô-las paralelamente e providenciar uma limpeza contínua, processo conhecido como cardação, modernizou-se e passou a incorporar soluções inovadoras como ajustagem servo-automática da quantidade de resíduos durante a produção, baixo índice de manutenção, alto rendimento e conseqüente maior disponibilidade da máquina, sistema de comunicação de dados da produção integrada, comando automático, flexibilidade de projetos quanto ao layout de instalação, operações simplificadas, visualização e supervisão do processo, entre outras. O primeiro motor a vapor foi criado em 1712, pelo ferreiro Thomas Newcomen. Era de baixa potência e utilizado para tirar água das minas de carvão. Um dos motores de Newcomen fora parar na oficina do escocês e fabricante de instrumentos James Watt para conserto, e foi então que Watt constatou que tal máquina poderia ser muito mais eficiente. A partir de então, a verdadeira máquina a vapor tinha sido inventada. A máquina a vapor foi a principal responsável pela transformação social dessa época tecnológica, contribuindo para qu€ a Inglaterra se solidificasse como um país industrializado. Com os motores de Watt e o aperfeiçoamento das técnicas do beneficiamento do ferro e aço, a Revolução Industrial era um fato consumado e a Inglaterra se torna a fábrica do mundo no século XIX. Um aumento demográfico torna-se constante ao redor das cidades que se formaram perto das fábricas. A própria agricultura adquire novas técnicas de produção e controle. Depois das máquinas a vapor, são os motores de explosão e combustão interna e a energia elétrica que dão origem a novos desenvolvimentos industriais. 8 Automaç;lo e Controle Oiscrelo Mesmo que não tivesse esse intuito, a civilização prometida pela maquinaria foi sustentada pela exploração de mão-de-obra, miséria do proletariado e moradias sub-humanas. Com a maior parte da população vivendo na indigência e miséria absoluta, a classe proletariada sendo escravizada em seus trabalhos, mulheres e crianças sendo exploradas, os problemas decorrentes do capitalismo tornaram-se insuportáveis e foi assim que a supremacia inglesa surgia no cenário mundial. Com a utilização de mão-de-obra infantil e feminina nas fábricas, explodiu, na Inglaterra, um sentimento de revolta popular o qual culminou em importantes leis estabelecidas para regulamentação dos direitos do trabalho. Esse pacote de medidas adotadas pelo governo da época caracterizou a "reforma", evitando-se assim uma revolução civil sangrenta como a que se verificou na França anos mais tarde. Tais medidas vieram a somar com outras, que também representaram ganhos conquistados ao longo de todo o processo de mecanização, tais como: proibição de empregar menores de nove anos; redução da jornada de trabalho para as crianças maiores de idade, estimulando e providenciando sua escolaridade; proibido o trabalho da mulher em minas de carvão; entre outras. Surgem, no século XIX, as primeiras organizações sindicais. 1.3.2 A CONTRIBUIÇÃO NORTE·AMERICANA O contexto sócio-econômico norte-americano não se diferencia muito daquele apresentado pela sociedade inglesa do século XVIII; o artesão especializado trabalhava em sua oficina. Quem possuia posses importava roupas da Inglaterra e quem não possuía dinheiro, tecia seu próprio fio de algodão e fazia suas próprias roupas. O objetivo do trabalho era a satisfação das modestas necessidades de uma Nação essencialmente agrícola. Os navios americanos transportavam algodão, linho, madeira, fumo e lã para a Europa e retornavam com produtos industrializados. Até que, no início do século XIX, França e Inglaterra entram em guerra ameaçando a frota mercante americana. Thomas Jeferson1', que outrora acreditava que a América eslava destinada a permanecer uma terra de fazendeiros e negociantes élluando na importação exportação por via marítima, rapidamente fortalece a idéia da industrialização norte--amcricana. Em retaliação, os Estados Unidos decretaram embargo às importações de produtos vindos da Europa. Estadista norte-americano que se tornou o principal redator da declaração de independência (/ 776) dos EUA. Constituiu-se o terceiro presidente americano (1801-1 {J()')) Automação lndustral: Uma Retrospectiva Histórico-Social 9 Acontecimentos que alavancaram a industrialização norte-americana .! 179 f, Samuel 5/ater aos 20 anos de idade embarca para Nova York e reproduz uma máquina para fiação de algod,'io . .! 1798, o conceito de fabricar peças de reposição de forma permut/1vel e intercambiável para promover uma manutenção rápida e adequada, torna-se uma realidade por meio de peças de reposição de um mosquete apresentado ao secretário do tesouro norte-americano por Eli Whitney . .! 7 8 7 3, a família Louro de Muschuster cumpre um papel importante dando o primeiro passo para a industrialização daquele país q~tando da inaugiiraç,fo de sua fábrica têxtil . .! 7 8 7 41 etapas de produ~·ão são realizados num mesmo local de trabalho, possibilitando a confecção do produto acabado em uma única fábrica, além de empreendimentos grandiosos. Grandes investimentos são direcionados neste sentido, poi5 a América não tinha tradição em promover "quebra" financeira; a capacidade fluvial para movimentar v,irios teares era imensa; na Inglaterra, a força hidr,íulica ficou dividida em pequenas quotas e as empresas eram fadadas a continuar pequenas . .! As cidades começ-am a crescer e o êxodo rural se intensifica . .! !?evolução na área dos transportes se verifica pata que o produto industrializado possa chegar até o consumidor mais afastado . .! 7 8601 consolida1,,1o da indústria americana. Processo que durou aproximadamente .50 anos. Enquanto isto, . • . no Brasil Quando da descoberta do Brasil, o rn'undo respirava o apogeu Mercantilista, isto é, dos grandes negócios, das iniciativas arrojadas. E o Brasil participou desse momento histórico por meio da expl.or:açãD_~_.suas_riquezas natur..a.is, despindo-se do que ele possuía, para o comércio no "mundo civilizado". Na época colonial, o progresso da técnica e da indústria foi muito reduzido, não indo além de realizações indispensáveis e corno que natwalmente obrigatórias, tais corno: aquelas encontradas na produção do Automação e Controle Discreto açúcar; em alguma fundiç:ão de ferro; na fabricação de tecidos de algodão e no aproveitamento da madeira. As fábricas, insuficientes para o mercado luso-brasileiro, haviam sido proibidas por alvará régio de 1785, que visava proteger as manufaturas portuguesas. Tal alvará foi revogado no início do século XIX, por D. João VI, visando ao desenvolvimento industrial, quando de sua vinda ao Brasil. Tentou-se desenvolver, inicialmente, a indústria siderúrgica, mas apesar do início promissor, não prosperou por falta de mercado suficiente, como conseqüência do declínio da mineração. As exportações da indústria têxtil nacional foram atingidas pelas fortes quedas dos preços dos tecidos ingleses, beneficiados pelas fracas tarifas de importação impostas pela Inglaterra. A indústria têxtil só foi se estabelecer, ao norte do país, por volta de 1844, quando do momento econômico ascendente do café, e mesmo assim, foi abatida pela crise inflacionária que atingiu o mundo em 1850. O país continuava essencialmente agrícola, inteiramente entregue às leis inflexíveis das estações, sendo que o aumento de produção também não se verificaria pelo emprego de novas técnicas de cultivo, oriundas de avanços tecnológicos para o setor, pois tal desenvolvimento é lento. Com a crise na lavoma em 1880, com a diminuição das safras de açúcar e de algodão, baixando o preço do café, observa-se um surto industrial e, em 1882, é formada uma associação em prol da industrialização no Brasil. Para que se possa verificar o atraso do nível de industrialização na América Latina em relação ao resto do mundo, basta observar urna das conseqüências sociais e econômicas provocadas pela mecanização e evolução técnica do século XVIII, no que diz respeito à distribuição da atividade agrícola da população ativa de alguns países. 1750 J820 1950 1965 EúA •, Jür'opa Ç~nfr~1 · ·::AinêriêaÜtina ·· Tabela 1.1. Distribuição da população ativa segundo a atividade primáría. Automação lndustral: Uma R.elrospectiva Histórico-Social 11 Observa-se na América Latina que, em quase dois séculos (1750-1965), ocorreu um êxodo rural de apenas 10% na população ativa, provando que naqueles países a atividade agrícola foi predominante nesse período, observando um desenvolvimento industrial praticamente inexistente. É importante frisar que, por fontes históricas, o Brasil durante a última fase do reinado de O. Pedro 11, em 1872, contava com um percentual de analfabetos estimado em quase 70°/.,, num país com 1 O milhões de habitantes aproximadamente. Certas datas tornaram-se importantes na caminhadél para o despertar da industrialização. Observe algumas delas: .1 1888, libertação da escravatura. O Brasil conhecia seu segundo grilo de independência e se estabelecia aqui, uma nova relaçc'ío entre empregado e empregador . .1 1889, proclamada a República, iniciam-se os investimentos externo.s, empréstimos e facilidades de obtenção de crédito. A reforma da educação tão prometida pelo estado provisório foi frustada pelo descaso com que seus dirigentes desenvolveram seu plano de governo . .1 1914- 18, com a / Guerra Mundial acentuou-se o desenvolvimento industrial no sul do País . .1 J 939-4S, depois da li Guerra Mundial é que se toma impulso decisivo para a industrialização favorecida pelo controle relativo às importações ocorridas por meio de grandes inversões de capitais e mão-de-obra, juntamente com a consolidação do modo de produç,fo capitalista, favorecido pela nova restruturação ocorrida na estrutura social vigente. À medida que o processo produtivo passou a exigir urna maior qualificação e diversificação da força de trabalho, foi proposto pela constituição de 1937 em seu artigo 129, como "dever das indústrias e dos -sindicatos económicos uiar, na esfera de sua especialidade, escolas de aprendizes destinadas aos filhos de oprerários e de seus associados". Desta forma, foi assumida pelos empresários a formação do trabalhador industrial por meio da criação do Senai - Serviço Nacional de Aprendi;".agem em 1942, e do Senac - Serviço Nacional de Aprendizagem_ Comercial em 1946. A industrialização brasileira decolou de maneira concreta no governo de Juscelino Kubitschek ( 1955-60) que tornava o sonho brasileiro em realidade. Uma política protecionista foi essencial para que o Brasil pudesse definitivamente, industrializar-se. Foram contidas as importações estimulando as exportações, representando um acréscimo na balança comercial que gerava empregos e mantinha a moeda estável. Pode-se dizer que a industrialização do · Brasil se desenvolveu somente nas últimas cinco décadas do século XX. 12 Automação e Controle Discreto 1.4 A EVOLUÇÃO DO CONTROLE INDUSTRIAL Aos primeiros reguladores mecânicos do tipo desenvolvido por James Watt, 1788, seguiram-se a instrumentação e reguladores do tipo pneumático7 e hidráulicoº e, após as guerras mundiais, do tipo eletrônico com tecnologia analógica. Desde a construção de máquinas simples e da consequente mecanização, a partir de 1770, somente no século XIX é que surgiram os mecanismos automáticos fixos e as linhas de montagem para a produção em massa. Com o decorrer das necessidades da própria evolução, foram desenvolvidas máquinas-ferramentas9 com controle automático simples para executarem uma seqüência simples de operação. Em 1950, tais máquinas são comandadas por circuitos transistorizados e, em 1960, por computadores, passando a trabalhar segundo instruções codificadas que lhes são transmitidas por fita perfurada ou fitas magnéticas. Uma das primeiras mc'lquinas-fe1 ramentas que se tem notícia é o Torno de abrir roscas, inventado cm 1 568, pelo engenheiro francês Jacques Besson. Mesmo sendo primitivo, o torno abria mscas de parafusos com razoável precisão. O motor a vapor não teria tido tanto sucesso em sua época, se não fosse o projeto do técnico de siderurgia inglês, John Wilkinson, em 1775, para aperfeiçoar uma máquina de mandrilar cilindros, de tal modo que os cilindms mandrilados e furados com precisão faziam com que as máquinas a vapor desenvolvessem maior potência associada a uma economia de combustível. O desenvolvimento de todos os equipamentos dos quais depende a civilização moderna não aconteceria caso as mc'lquinas-ferramentas de precisão 1 ipo de acionamento que se uciliza da energia do ar comprimido. /\ partir de 1950, foi utilizado pela primeira vez industrialmente, e hoje é largamente empregado. Po.ssui haixa controlabilidade de eventos, uma vez que possui elevado tempo ele resposta. Não siio po/11entes. Tipo ele acionamento q11e se utiliza da energia do escoamento de {/uidos. Sua principal característica é a de posSL1ir elevado torquc de saída, porém possui baixa velocidade e baixa controlabilidade. Máquinas-ferramentas, ou máquinas opcratrizes, constituem-se artcfatos que dão forma ao5 materiais por corte, esmerilamento, martelagem, furação, torneamento, polimento, fresagem, soldagem, entre outros. ------------ Automaçiío lndustral: Uma Rctrospectiva 1-Iislórico--Social 13 não fossem empregadas nas inúmeras fábricas dos mais diferentes ramos de atividades que se conhece atualmente. A aplicação de tais ferramentas na indústria m1uou-se nos Estados Unidos pelo inventor Eli Whitney, desenvolvendo o conceito e a necessidade de produzir peças de reposição para a fabricação de mosquetes. Peças permutáveis e intercambiáveis eram geradas de forma idêntica por meio de uma máquina-ferramenta, possibilitando um aumento na produção de mosquetes, uma vez que tais espingardas poderiam ser fabricadas sem a necessidade de um artesão, além de sua fácil manutenção dada a possibilidade de troca rápida da peça defeituosa. O Controle Numérico A máquina-ferramenta foi aprimorada até a concepção do comando numérico - CN. Tais máquinas são comandadas numericamente e viabilizam a fabricação, em pequenos e variados lotes, de peças com geometrias muito complexas por meio do recurso de programaç·ão eletrônica das seqüências de usinagem. O controle numérico ocorreu no início da década de 50, propiciando o desenvolvimento na indústria manufatureira e foi a partir de 1952, por meio de importantes pesquisas desenvolvidas pelos institutos de tecnologia no mundo, como por exemplo: projeto desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts - MIT que usava uma fresadora de três eixos para demonstrar o protótipo de um comando numérico. Uma nova era abre-se para a automação industrial. Constituindo-se um sistema em que as ações são controladas pela aplicação direta de dados numéricos em algum ponto, segundo o EIA (Eletronic Industries Association - Associação de Indústrias Eletrônicas dos EUA), na indústria moderna, as máquinas-ferramentas automáticas estão presentes sempre que um sistema autômato (ou sistemas automáticos) se faz presente no processo de produção. No Brasil, o primeiro torno fabricado por controle numérico data de 1971 pela ROMI. O princípio de funcionamento de um co~ando nurnerico consiste no recebimento de um programa pela unidade de entrada, na leitura, interpretação, armazenamento e sua execução. A extensão lógica do controle numérico, com o advento dos microprocessadores10, foi o controle numérico computadorizado - CNC, voltado para máquinas-ferramentas e máquinas operatrizes. Tal comando propicia uma maior uniformidade e usinagem de maior complexidade, reduzindo os tempos improdutivos utilizando todos os recursos das máquinas. 10 Os primeiros microprocessadores foram produzidos pela American Intel Corporation e a Iexas lnstrnments em 1971. 14 Automação e Controle Discreto O processo de geração de movimentos coordenados nos eixos das máquinas é conduzido de tal forma, que a ferramenta desenvolve uma determinada trajetória por interpolação via hardware (a m<'iquina recebe um circuito dedicado, acoplado externamente ao CNC), ou via software (realizado por meio de rotinas de programação com algoritmos complexos). Os Robôs Simultaneamente às máquinas ele controle numérico, foram desenvolvidos os robôs, palavra esta, aportuguesada do Inglês Robot, que possui sua origem na palavra lcheca robota, que significa "servidão ao trabalhador forçado". Parte integrante da automação, a robótica se tornou urna das suas áreas mais fascinantes. Historicamente, sempre se imprimiu aos robôs uma aparência humana, inspirada dentro da ficç·ão científica pelas novelas, filmes, livros e peças teatrais. Tão logo os robôs adentraram as portas industriais, substituiu-se essa visão popular por uma máquina de um só braço, operando, muitas vezes, em locais fixos e de aparência robusta. A robótica pertence ao tipo de automação __ prngramávd que possui características de adaptabilidade ao produto, ou seja, torna o processo capaz de ser reprograrnado quando as especificações técnicas de fabricação de um artefato sofrem qualquer tipo de alteração. Tal característica de sistemas autômatos se verifica quando o volume de produção é relativamente baixo e há uma variedade de produtos a serem fabricados. Como exemplo de dispositivo de controle utilizado cm processos com essa característica, também conhecido corno processo por batel ada, encontra-se o controlador programável. A saber, existem, basicamente, outros dois tipos característicos de sistemas de automação: a automação fixa e a automação flexível, ambas definidas no item 1.6. Por meio da Associação Industrial de Robótica, a Robotíc Industrial Assocíatíon - RIA, a definição estabelecida para um robô é a de um "manipulador reprogramável, rnultifuncional, projetado para mover materiais, peças, ferramentas ou dispositivos especiais em movimentos variáveis programados para a realização de urna variedade de tarefas", tais corno: carregamento, descarregamento de máquinas e peças, soldagem por pontos e pintura à pistola ou por jateamento. Dentro de urna pequena contextualização histórica, em 1959, a Planet Corporatíon norte-americana, introduz o primeiro robô comercial controlado por chaves fins-de-curso e carnes. Na indústria, em 1960, a Ford Motor Company incorpora ao seu processo de produção o robô Unimate, produzido para atender a urna máquina de fundição sob pressão. O SRI (Stanfor Research Automação lndustral: Uma Retrospectíva /-fístórico-Socíal 15 /nstitule), em 1968, desenvolve seu primeiro robô móvel, desenvolvendo, em 197.3, a primeira linguagem de programação em computador para robôs, denominada Wave, seguida da linguagem AL, em 197 4. Uma das primeiras aplicações de um robô em uma operação de montagem aconteceu na Olivetti, pelo projeto Sigma. É exatamente durante a década de 70 que os robôs se tornam uma realidade concreta na indústria e se multiplicam em todas as áreas do conhecimento e do trabalho. Os robôs são considerados como uma evolução da máquina de controle numérico. São constituídos, basicamente, por uma unidadc__de__i:runando, que é a parte constituinte do sistema de controle, geralmente programada por meio de um computador industrial (computadores mais robustos e imunes às adversidades do ambiente industrial), um controlador programável (visto no capítulo 03), ou por uma máquina CN; atuadores, que são dispositivos que transformam sinais elétricos em ações efetivas a serem executadas, geralmente representados por motores, acionadores hidráulicos e pneumáticos; est111tur:<:L_t:11ecâoica, conferindo-lhes robustez e suporte p<ira os seus movimentos, de um modo gemi é esta a parle que define o grau de liberdade de um robô, estabelecendo o número de movimentos efetuados; sens.ores, de um modo geral são elementos responsáveis pela precisão de seus movimentos, determinando sua posição espacial e relativa, além da monitoração de variáveis ambientais, Lais como: pressão e umidade, também monitoram o nível de temperatura interna e externa. Existem quatro grandes grupos de classificação em que os robôs são customizados, ou seja, construídos de acordo com a aplicação específica: 1. Manipuladores - possuem articulação de encaixe em seus pontos terminais para manipulação. Atuam como integradores, posiciona- dores ou até transportadores de objetos. 2. Transporte . possuem sistemas de locomoção para sua movimentação. Atuam como veículos teleguiados (Automatic Guided Vehicle -AGV). 3. Medição - destinados a aferições finas, são dotados de sensores de alta precisão em seus terminais. 4. Interventores - indicados para operarem em lugares de difícil acesso. São utilizados para substituírem o homem e~ tarefas que ofereçam riscos. O Processo Industrial Existem, basicamente, dois tipos de processos industriais, segundo a manipulação das variáveis a serem controladas. Quando tais variáveis são, em sua grande maioria, do tipo analógicas, ou de tempo contínuo, tem-se um processo do tipo contínuo; caso as variáveis sejam do tipo discreta, ou digital, tem-se um processo do tipo discreto. 16 Automação e Controle Discreto Genericamente, rode-se definir um processo como sendo: .! Processo industrial constitui-se na aplicação do trabalho e do capital para transformar a matéria-prima cm bens de produção e consumo, por meios e lécnicas de controle, obtendo valor agregado ao produto, atingindo o objetivo de negócio. lncll'1strias que se caracterizam pelo controle de processo do tipo discreto, são as indLístrias manufatureiras, de fabricação por lote, cujo maior expoente é a indL'1slria automobilística. lndtístrias que se caracterizam pelo controle de processo do tipo contínuo, são as indt.'1strias de processos, de manipulação, cujo maior expoente é a indústria química, além da farmacêutica, petroquímica, entre outras . .! O controle do tipo discreto, voltado aos processos digitais, teve seu início marcado pela utilização de dispositivos elelromecânicos do tipo a relês. Contactares, temporizadores e dispositivos de proteção se constituem a base de projetos de intertravamentos elaborados cm diagrama a relés capazes de efetuar o controle discreto. Chaves e conta/os simulam os níveis lógicos baseados na lógica bin,íria e promovem um controle utizado na ind!Ístria até os dias de hoje. Ao serem acionados eletricamente por meio ele sua bobina, abrem e fecham seus contatos principais e auxiliares mecanicamente, o que os tornam lentos e susceptíveis ao desgaste. Quando utilizados em grandes números para efetuar intertravamentos e temporizações, são agrupados dentro de "quadros metálicos", em que a temperatura, umiclade, poeira, exigem um projeto com um grau de proteção associado. Além de serem robustos, ocuparem espaço, não devem ser instalados em locais onde coexistam gases inflamáveis pelo fato de proporcionarem faíscas em seus acionamentos. Até o início ela década de 60, a utilização de relês eletromecânicos era praticamente a linica opção possível. Com o advento dos dispositivos rnicroprocessados, vieram os controladores lógico programáveis, onde a forma básica de programação é oriunda da lógica de programação dos diagramas elétricos a relês. Próprio para ambientes industriais, os controladores realizam uma rotina cíclica de operação, o que lhes caracteriza seu princípio de funcionamento, e operam apenas variáveis digitais, efetuando controle discreto portanto. Quando tais equipamentos manipulam variáveis analógicas, são chamados de controladores programáveis . ./ Já o controle do tipo analógico desenvolveu-se, inicialmente, com o surgimento dos amplificadores operacionais, por meio das malhas específicas de ação de controle. Controladores de processos contínuos evoluíram juntamente com a microeletrônica e passaram a utilizar Automação lndustral: Uma f~elmspectiva /-listórico-Social 17 circuitos mais complexos, microprocessados de forma a poderem utilizar poderosos recursos e efetuar técnicas de ação de controle dos mais diversos tipos, tais quais: Proporcional-Integral-Derivativo - PIO, PIO adaptativo (não linear), lógica Fuzzi (lógica nebulosa), entre outras. Surgiram os controladores de processos contínuos de uma única malha de controle em loop, os single loop. Muito utilizados para o controle de temperatura de ambientes ou de processos, pressão em líquidos, e de vazão em tubulações de gases. Os controladores do tipo single loop evoluíram e passaram a controlar várias malhas do processo, originando assim os sistemas multi loops. Além de poderem implementar e executar todos os tipos de ações de controles possíveis existentes tecnologicamente, de forma simultânea, controlam inúmeros pontos do processo por meio de grandes concentradores de dados chamados de mainframes. Mainframes, ou quadros principais, eram conhecidos como os computadores de grande porte na década de 60. Eles eram dedicados ao armazenamento e concentração de dados para posteriori distribuição, auxiliavam todas as malhas de controle e podiam controlar dezenas de máquinas ao mesmo tempo. De uma forma esquemática, a figura 1.3 procura mostrar a evolução do controle discreto e analógico quanto ao tipo de equipamento utilizado. SINGLE-LOOP 1----1 .... SISTEMAS .• CENTRALIZADOS BASEADOS EM .• .. MAINFRAMES SISTEMAS DIGITAIS DE CONTROLE DISTRIBU(Dó SDCD CONTROLADORES . LÓGICOS PRüGRi\MA\/EIS CLP ..... CONTROLADORES PRÓGRAMAVEIS . CP Figura 1.3 - Evolução e Enlàcetecnológico. Do Controle Centralizado ao Distribuído Na indústria química ou de processos, foi introduzida a instrumentação eletrônica a qual possibilitou a instalação de salas de controle a grandes distâncias do núcleo operacional, ou chão de fábrica. Essas salas serviam para centralizar todo o controle efetuado ao longo do parque fabril. Mas, com o avanço das novas técnicas de transmissão, no lugar de urna única sala de 18 Automação e Controle Discreto controle central, diversas outras salas de controle distribuídos geograficamente foram interligadas entre si e conectadas a uma sala central de supervisão. Surgem as idéias básicas do controle hierárquico, evoluindo para o que hoje se conhece como controle distribuído. Juntamente com o aparecimento das técnicas digitais oriundas da revolução eletrônica em meados deste século XX, a técnica de controle distribuída propicia o aparecimento de uma filosofia_de_amtrole: o Sistema Digital de Controle Distribuído - SOCO. Caracterizada pelos diferentes níveis hierárquicos estabelecidos pela comunicabilidade entre uma máquina de estado (processo propriamente dito) e outra(s). Tais processos com suas unidades de controle se constituem verdadeiros "nós", que além de integrar todo sistema de supervisão com interfaces homem- máquina, o sistema distribuído abre caminho para a intercornunicabilidade e futura padronização de todos os equipamentos de sensoriarnento, controle e atuadores nos mais diferentes níveis. Um SDCD pode ser representado por uma sala central, gerenciadora de controle e supervisão global, microprocessada em rede com vários outros controladores de responsabilidade local, caracterizando-se pela transformação de processos automatizados em verdadeiros sistemas de automação supervisionados com a capacidade e rastreamento de todas as etapas do processo produtivo, bem corno a flexibilização e aumento da capacidade de integração de seus componentes, prevendo, p9rtanto, um aumento do processo e do nível de automação de forma natural e continuada. A figura 1.4 ilustra um sistema de controle de processos utilizando o conceito de sistema de produção por módulo - MPS (Modular Produclion Systcm), comercializado pela Festa Automação Uda., e aplicado ao treinamento de processos contínuos. O processo consiste em controlar o fluxo, temperatura e nível de um determinado líquido por meio de reservatórios distintos. Cada reservatório possui uma ação de controle PIO dedicado comunicando-se por urna rede profibus (protocolo padrão de comunicação lnduslrial de campo, desenvolvido e administrado pela Profibus User Organization) - FMS (Ficldbus Mcssage Spccification) com o sistema de supervisão. Urna vez que todos os dados de sensoriamento estão disponíveis em rede, intercornunicando cada estação de processo juntamente com um computador, por meio de seu software de supervisão, pode-se classificar a ilustração abaixo como um exemplo de sistema digital de controle distribuído. Automação lndustral: Uma Retmspectiva Hislórico-Social 19 fig111-.1 1.4 - Controle de um Processo Contín110 i/11stra11do um SDCD. · 1.5 A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO A tecnologia da informação é composta de computação associada à telecomunicação. Aquela formalizou-se com os avanços tecnológicos oriundos da microelctrônica, dando origem à Segunda Revolução Industrial em meados do século XX, enquanto estas formaram a segunda onda dessa revolução com a qual está sendo apreciada no final deste século. Quando dispositivos de estado sólido puderam ser integrados em larga escala e deram origem às pastilhas de silício, mais conhecidas como chips, que apareceram por volta de 1965 e à necessidade de redução de espaço associado a cálculos matemáticos mais rápidos e processamento em tempo real, iniciou-se a primeira onda dessa inovação tecnológica que possibilitou o aparecimento cio computador. Em 1971, aparecia o primeiro microprocessador da história da humanidade. Muito antes, porém, em 1834, Charles Babbage, cientista e inventor inglês, idealizou pela primeira vez um computador no sentido moderno da palavra. Era uma máquina analítica de calcular de utilização geral composta de um mecanismo de milhares de engrenagens, chamada de moinho e que corresponde ao processador moderno, capaz de operar qualquer cálculo que lhe era especificado de forma precisa. A máquina era programada por cartões perfurados contendo os dados e instruções que passavam por dispositivos de leitura. 20 Automação e Controle Discreto O computador passa a ser utilizado em grande escala na indC1slria como um todo e colabora em atividades das mais diversas á1eas. Para seu pronto estabelecimento, em 1962, a ICI (Imperial Chemica/ Industries) estabeleceu um marco histórico nessa tendência, pois toda a instrumentação analógica para o controle de processos foi substituída por um computador, o Ferranti Argus. O computador fazia a aquisição de dados sobre 224 variáveis e controlava 129 válvulas. Com o desenvolvimento dos microprocessadores em larga escala em 1972, o equipamento (hardware) analógico vem sendo substituído pelo digital. Todos os tipos de controladores vêm sendo substituídos pela tecnologia digital. Já o trabalho do computador, aluando como supervisor de um processo, fornece informações para o operador e executa funções para a determinação de referências operacionais para a instrumentação analógica. No final dos anos 60 chegam os microcomputadores, máquinas mais baratas e mais adequadas às indLístrias de pequeno e médio portes. O aumento da produção é caracterizado pelo aumento da confiabilidade e pela flexibilização introduzida com a progressiva padronização de linguagens de programação desenvolvidas para os computadores, conhecidas como softwares de programação. Com a precisão pretendida em cálculos de engenharia juntamente com o tempo cm que tais operações devem ser realizadas, não fica difícil de entender seu sucesso meteórico. O computador passou a trabalhar com processamento de imagens; controle de estoque; controle de variáveis industriais, uma vez que ele tem a possibilidade de aquisitar dados de um determinado processo, seja ele analógico ou digital; processamento de texto; banco ele dados; planilhas de dados; simulação e instrumentação de eventos; pmgramação IC1dica; supe1visão de processos; cálculos matemáticos e estatísticos. Enfim, sua funcionabilidade atingiu todas as áreas cientificamente conhecidas. Com ele pode-se operar um paciente a distância, comunicar-se com pessoas no mundo todo pela rede mundial ele computadores, efetuar compras em lojas de todos os segmentos, pagamentos, transferências de contas, extratos bancários, viagens ao espaço, tudo o que se possa imaginar. Seria um desperdício continuar a numerar as "infinitas" possibilidades alcançadas com seu advento. O importante é salientar que, sem o computador, não seria possível o nível ele automação em que se vive atualmente. Debates são freqüentes no que se refere ao impacto dos avanços da automação informatizada na aceleraç.ão dos processos decisórios, na eliminação de distâncias veriíicaclas pelas telecomunicações e do comportamento humano no trabalho, decorrente das inovaçôes tecnológicas. -------·---- ---- Automação lndustral: Uma Retrospectiv;1 /-list!Í1 ico-'iocial 21 Pode-se resumir toda esta euforia dentro de uma rnudanç·a profunda no comportamento das pessoas pela adequação ao uso que essa "maquininha" ofereceu, entendendo a chegada do computador ao mundo empresarial, colocando-o a serviço de todos, executando suas tarefas com o seu auxílio, para que mais tarde, pudesse colocá-lo a serviço dele próprio, ou seja, fazendo com que ele faça sozinho, controlando tudo sobre o seu comando. Deste modo, o homem é liberado para executar suas funções mais nobres e potencialmente mais humanas e gratificantes, fugindo de tarefas repetitivas e menos talentosas. O papel da tecnologia da informação não está pautado cm responder a velhas perguntas do tipo: o que você deseja? como pode melhorar? Tais indagações levam a respostas tradicionais; e sim: onde se pode usar? o que falta ser inventado para ? e como se pode utilizar a tecnologia para melhorar o que está se fazendo? O tráfego de informações entre computadores no rnundo todo, por meio de urna rede de comunicação de dados, faz com que a informação seja conhecida rapidamente por meio de um gráfico, texto, relatório, ou de urna simples instrução de caracteres que modifica e alua cm um parque industrial inteiro, manipulando variáveis de controle nos mais diferentes níveis. Com os avanç·os da tecnologia da informação, é possível monitorar, supervisionar, tomar decisões em função da análise crítica de dados obtidos graficamente, e atuar sobre o futuro de urna indústria de maneira eficiente, rápida e segura, permitindo assim, uma maior coerência estratégica de seu gerenciamento. A informação torna-se o insumo da nova indústria. Dada a importância dentro deste contexto, um pouco da teoria de redes e µrotocolos de comunicação é abordado no capítulo 6. Os sistemas de informações têm origem na coleta e armazenamento nos bancos de dados dos sistemas contábeis das empresas e adquirem maior impulso para se transformarem em "transmissoras do conhecimento", a partir do desenvolvimento de técnicas e ferramentas para a sua aquisição e tratamento, na década de 80. 1.6 A AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL A automação industrial se verifica sempre que novas técnicas de controle são introduzidas num processo. Associado ao aumento de produtividade, corno fator preponderante do aumento da qualidade de vida por meio do poder de compra adquirido pela sociedade, torna-se o maior poder gerador de riquezas que jamais existiu. Segundo alguns autores, "as técnicas de produção e a produtividade do trabalho são o fator preponderante do poder de compra". 22 Automação e Cont10fe Discreto Pode-se dizer que automação industrial é oferecer e gerenciar soluções, pois ela sai do nível de chão de fábrica para voltar seu foco para o gerenciamento da informação. Apesar da diferença sulil entre os termos, é importante salientar a existência de dois lermos muito difundidos popularmente: automatização e automaç·ão 11 • O termo automatização
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