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MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA SAIR I. Semiologia do aparelho respiratório INTRODUÇÃO O fornecimento continuo de oxigénio (O2) as células e essencial para o processo de respiração. A principal função do sistema respiratório é promover a troca gasosa, ofertando O2 às estruturas terminais de troca e removendo os produtos residuais do metabolismo oxidativo. as moléculas de dióxido de carbono (CO2) As unidades de troca gasosa constituem-se nas estruturas terminais do sistema respiratório, os alvéolos. No homem, são aproximadamente 480 milhões de alvéolos compondo uma extensa e fina barreira entre o ar inspirado e o sangue proveniente de rica rede de capilares. Para colocar ar e sangue em íntimo contato. o sistema respiratório é composto de um sistema tubular, que se ramifica de modo dicotômico e irregular, com redução progressiva dos diâmetros subsequentes. Essa progressiva diminuição da área de seção transversal de cada ramo é compensada pela multiplicação de tais ramos, resultando em aumento da área de seção transversal final. As sucessivas ramificações da árvore brônquica produzem redução da resistência ao fluxo aéreo, da velocidade e do turbilho-nameino do ar inspirado. ESTRUTURA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Durante o trajeto que o ar inspirado percorre das narinas aos alvéolos, as estruturas do sistema respiratório vão sofrendo modificações cujo objetivo é garantir o melhor desempenho de suas funções nos processos de ventilação e troca gasosa. Essas modificações, que têm implicações funcionais, caracterizam zonas com MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 1 of 54 02/09/2019 19:42 funções específicas, que didaticamente podem ser divididas em três: zona de condução, zona de transição e zona respiratória A) Zona de Condução A zona de condução inicia- se nas vias aéreas superiores, que suo compostas pela nasofaringe, orofaringe e seios paranasais. As vias aéreas superiores têm como principais funções o aquecimento, a umidificaçao e a filtragem do ar inspirado. Os pêlos nasais e o turbilhonamento do fluxo aéreo formam a primeira barreira de defesa do sistema respiratório, retendo partículas com dimensões superiores a 10 micrometros Depois de aquecido, umidificado e filtrado, o ar inspirado é conduzido através da laringe, traquéia, brônquios e suas ramificações, até os bronquíolos terminais. Ramificação das vias aéreas e composição das zonas de condução, transição e respiratória. Z = gerações de ramos. A traquéia é um tubo flexível de aproximadamente 10 cm de comprimento, formado por anéis cartilaginosos em formato de ferradura, incompletos posteriormente, onde se dispõe o músculo traqueal. Ao seu término, na carina. a traquéia se divide em dois brônquios principais, direito e esquerdo. O brônquio fonte direito divide-se em três ramos que irão formar os lobos do pulmão direito: brônquio do lobo superior, brônquio do lobo médio e brônquio do lobo inferior. 1. À esquerda, o brônquio fonte se ramifica em dois, os brônquios dos lobos superior e inferior. 2. Sucedem-se, então, ramificações que darão origem aos segmentos pulmonares. O conhecimento da divisão segmentar permite a descrição mais precisa da localização de uma lesão pulmonar. Em determinadas doenças pulmonares, essa localização apresenta-se como manifestação clínica e radio-lógica característica. Como exemplo, podem-se citar os segmentos apical e posterior do lobo superior direito e o apical posterior do lobo superior esquerdo como localizações mais frequentes das cavidades tuberculosas. Na zona de condução, a estrutura cartilaginosa das vias respiratórias vai diminuindo à medida que se reduz o diâmetro dos brônquios. A perda de cartilagem, associada à falta de glândulas submucosas, define a passagem de brônquio para bronquíolos. Os bronquíolos terminais são estruturas com diâmetro menor que 2 mm. Distais aos bronquíolos terminais surgem os ácinos pulmonares, que são compostos pêlos bronquíolos respiratórios, duetos e sacos alveolares e os alvéolos. Um grupo de MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 2 of 54 02/09/2019 19:42 três a cinco bronquíolos terminais com seus respectivos ácinos constitui um lóbulo pulmonar, cuja estrutura está implicada na definição de algumas formas de enfisema pulmonar. Tomando a traquéia como ponto de partida, a zona de condução finda-se por volta da 16 - geração de ramos da árvore respiratória, nos bronquíolos terminais. Ultra-estrutura da Zona de Condução Até o nível dos bronquíolos - epitélio colunar pseudo-estratificado, entremeando: células colunares ciliadas1. células caliciformes2. Esses dois tipos de células atuam em conjunto, promovendo o clearance de partículas que adentram a árvore respiratória. As células caliciformes produzem um muco espesso, que se espalha sobre os cílios, formando uma fina camada. Os movimentos ciliares rítmicos e unidirecionais conduzem o muco rumo à laringe, em seguida à faringe, na qual é eliminado pela deglutição. Completam a estrutura da parede das vias respiratórias, na zona de condução, as células neuroendocrinas, capazes de secretar serotonina e calcitonina, as células ricas em microvilos em sua porção apical, e as células basais, que têm a capacidade de se diferenciar em outras células do epilélio respiratório e são responsáveis pela renovação desse tecido. À medida que ocorre redução do diâmetro dos brônquios, ocorrem também alterações do epitelio, que passa a cilíndrico simples ainda com células ciliadas e caliciformes. Nos bronquíolos. o epitelio passa a ser cúbico, com redução do número das células ciliadas e caliciformes B) Zona de Transição Essa zona praticamente se funde com a zona respiratória, ou de troca. É composta pêlos bronqíuolos respiratórios, que possuem alguns alvéolos em sua parede. Nesse segmento de transição, o epitelio de células cúbicas diferencia-se nas: células alveolares tipo I, que formarão a maior parte da superfície alveolar (as células caliciformes já não mais existem e surge um novo tipo de célula secretora) 1. as células Clara.2. C) Zona Respiratória A área de troca gasosa compreende os dutos alveolares1. os alvéolos2. a rede de capilares3. Em conjunto, formam uma delgada camada, opondo: de um lado, o ar inspirado1. de outro, o sangue proveniente das ramificações das artérias pulmonarés 2. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 3 of 54 02/09/2019 19:42 Há poucos tipos de células nessa região, constituindo o que se denomina parênquima pulmonar. O parênquima pulmonar compreende a porção respiratória do tecido pulmonar e é formado: células alveolares - ou pneumócitos - tipos I e II1. células endoteliais2. macrófagos alveolares3. células intersticiais4. Os ductos alveolares se ramificam, terminando em sacos alveolares. A fina estrutura alveolocapilar resulta em uma superfície de troca de aproximadamente 130 m2. O fluxo sanguíneo pêlos capilares é praticamente constante durante todo o ciclo respiratório. CELULAS ALVEOLARES TIPO I: O lado alveolar da interface alveolocapilar é formado pelas células alveolares tipo l, com citoplasma adelgaçado, que se projeta e se justapõe ao citoplasma de outras células tipo I, formando o revestimento dos alvéolos e conferindo aspecto de placas não nucleadas. CÉLULAS ALVEOLARES TIPO II: Ocupando área menor da superfície alveolar, estão as células alveolares tipo II., com as seguintes propriedades: são cubóides1. sua porção apical salienta-se na lumen do alvéolo.2. são responsáveis pela síntese, armazenamento e secreção de surfactante por toda a superfície alveolar. O QUE E O SURFACTANTE? O surfactante, um complexo formado por 3. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php4 of 54 02/09/2019 19:42 fosfolipídeos e proteínas, promove grande redução da tensão superficial na interface ar- tecidual, impedindo que os alvéolos colabem. são capazes de se diferenciar em células tipo I, assumindo a responsabilidade pela renovação e reparação do tecido alveolar. 4. CELULAS ENDOTELIAIS: Em íntimo contato com as células alveolares tipos l e II estão as células endoteliais. De fato, as membranas basais das células endoteliais e das células epiteliais - células lipo I - parecem fundir-se, o que confere o aspeclo de estrutura alveolocapilar única composta por três camadas: o citoplasma das células epileliais, a membrana basal das duas células o citoplasma das células endoteliais Essa fusão das membranas basais é notada nas porções mais finas do septo alveolar ao passo que, em outras porções mais densas, elas são separadas por um espaço que abriga fibras elásticas, fibras de colágeno, fibroblastos, mastócitos e, ocasionalmente, linfocitos e monócitos. Esse espaço constitua o interstício pulmonar, sede de um grupo de doenças difusas do parênquima pulmonar, as doenças intersticiais pulmonares. MACRÓFAGOS: Sobre a superfície dos alvéolos, o macrófago alveolar e outro tipo de célula que habita o espaço alveolar. Provavelmente originários dos monócitos. esses macrófagos têm capacidade de se movimentar livremente e fagocitar bactérias e micropartículas que superaram as barreiras de defesa anteriores e conseguiram atingir os alvéolos. ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PLEURA Embora não participe diretamente no processo de troca gasosa, a pleura desempenha papel importante na redução do atrito entre o pulmão e a caixa torácica, durante a expansão pulmonar. na inspiração, e retorno à posição de repouso ao final da expiração. A pleura é composta por duas membranas: a pleura visceral. que reveste o pulmão e estende-se pelas fissuras interlobares 1. pleura parietal, que cobre internamente a parede torácica e o diafragma. 2. A pleura é formada por uma camada unicelular de células mesoteliais, cujos formatos variam de cuboidais a colunares Subjacente a essa camada de células dispõe-se tecido conjuntivo frouxo, que abriga vasos sanguíneos e linfáticos e se une com o tecido conjuntivo do pulmão. Mais do que tomar parte na composição dos folhetos de revestimento da cavidade pleural. as células mesoteliais são células ativas no desempenho de funções metabólicas e de defesa, participando também do processo de resposta inflamatória. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 5 of 54 02/09/2019 19:42 Algumas das funções das células mesoteliais: sintese de macromoléculas do tecido conjuntivo sobre o qual estão, 1. produção e liberação de fatores quimiotacticos para neutrofilos e monócitos. 2. produção de fibrinoliticos e fatores pro-coagulantes.3. Microvilosidades na superfície dessas celulus parecem ter a função de aumentar a área de contato com o espaço pleural para melhor desempenho das funções metabólicas. As pleuras visceral e parietal delimitam o espaço pleural que abriga exíguo volume de líquido. No homem, esse volume é estimado em 0,26 mL/kg e sua composição está: Volume: 0,26 mL/kg1. Leucócitos: 1.716/mL2. Contagem diferencial (%) Macrófagos: 75a. Linfódtos: 23b. Mesoteliais: 1c. Neutrófilos e eosinófilos: 0 - 1d. 3. A presença desse líquido cumpre a função de proporcionar o deslizamento entre os dois folhetos. permitindo, assim, a adequada expansão do pulmão sobre a caixa torácica e o diafragma. O volume final do líquido pleural resulta de um processo contínuo de transudação e absorção de fluidos a partir da interação entre as pressões hidrostática, coloidosmótica. pleural e tecidual (equação de Starling). O acumulo de líquido no espaço pleural — derrame pleural e consequência do desequilíbrio nesse processo. O líquido formado pode apresentar características inflamatórias (exsudato) ou não inflamatórias (transudato). A irrigação sanguínea da pleura é feita de forma distinta para os dois folhetos. A pleura parietal é nutrida pela circulação sistémica, sendo em grande parte por meio das artérias intercostais. A pleura visceral recebe seu suprimento sanguíneo da circulação brônquica através de uma rede de capilares subpleurais. A drenagem venosa se faz somente por tributárias das veias pulmonares, e a MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 6 of 54 02/09/2019 19:42 drenagem linfática do espaço pleural é realizada por extensa rede de linfáticos presente na pleura parietal. FUNÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO O sistema respiratório desempenha grande número de funções na fisiologia humana. Algumas funções, ditas respiratórias, são assim chamadas por estarem ligadas diretamente aos processos de troca gasosa e ventilação alveolar. Outras funções não diretamente relacionadas à respiração também são desempenhadas pelo sistema respiratório (funções não respiratórias). Funções Respiratórias do Pulmão Como mencionado no início deste capítulo, o sistema respiratório conduz o ar inspirado por meio de tubulações que se ramificam e têm seus diâmetros progressivamente reduzidos (zona de condução) até estruturas terminais, que, equipadas para expor ar e sangue em contato próximo, promovem o fornecimento de O, e retirada de CO, do organismo (zona respiratória). Esse processo de mobilização de volumes de gases através das ramificações brônquicas envolve o relacionamento adequado entre as estruturas do sistema respiratório: os pulmões, a parede torácica, o diafragma e a parede abdominal. Tal inter-relacionamento é governado por conceitos de mecânica respiratória, como elasticidade do tecido pulmonar, resistência à passagem do ar pelas vias aéreas, complacência pulmonar e da caixa torácica e capacidade de difusão de gases pela barreira alveolocapilar. Volumes e Capacidades Pulmonares O estudo dos volumes e capacidades pulmonares fornece importantes informações sobre o funcionamento do sistema respiratório. Essa avaliação pode ser feita em grande parte mediante espiromctria. que permite também a medida dos fluxos respiratórios. São quatro os volumes pulmonares: • Volume corrente (VC): volume inspirado e expirado em cada ciclo respiratório. • Volume de reserva expiratório (VRE): volume máximo que pode ser expirado a partir do final da expiração. • Volume de reserva inspiratório (VRI): volume máximo que pode ser inspirado a partir do final da inspiração. • Volume residual (VR): volume de ar que permanece nos pulmões mesmo após uma MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 7 of 54 02/09/2019 19:42 expiração máxima. Esse volume não pode ser mobilizado por meio dos movimentos respiratórios, e por isso não pode ser aferido pela espirometria. A soma de dois ou mais desses volumes determina mais quatro volumes, também chamados capacidades pulmonares: • Capacidade vital (CV): é o volume máximo de ar que pode ser expirado após uma inspiração máxima. Obtém- se pela soma do volume corrente mais VRI mais VRE. • Capacidade inspiratória (Cl): é o volume máximo de ar que pode ser inspirado após uma expiração espontânea. Determina-se pela soma do volume corrente mais VIR. • Capacidade residual funcional (CRF): é o volume que permanece nos pulmões ao final de uma expiração espontânea. É obtido pela soma do VR mais VRE. • Capacidade pulmonar total (CPT): volume total de ar presente nos pulmões após uma inspiração máxima. Compreende a soma de todos os volumes pulmonares. As capacidades pulmonares que têm o VR residual na sua composição, capacidade residual funcional e CPT, também não podem ser medidas pela espirometria. A medida do volume residual e, conseqüentemente, da capacidaderesidual funcional e da CPT pode ser feita por meio de outros métodos, como a diluição de gases inertes e a pletismografia. A avaliação dos volumes e capacidades pulmonares, bem como dos fluxos respiratórios e sua comparação com valores de referência adequados às populações estudadas, permite diagnosticar doenças, acompanhar sua evolução e realizar avaliações funcionais com ohjetivos pré-operatorios. Complementando o estudo funcional pulmonar, a avaliação de como está processando-se a troca gasosa pode ser inferida a partir da análise da difusão de gases através da membrana alveolocapilar. Capacidade de Difusão MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 8 of 54 02/09/2019 19:42 Por difusão de um gás entende-se o trânsito de moléculas atrás de um gradiente de pressão, seguindo o sentido da região de maior pressão para a de menor pressão parcial do gás. até que ocorra o equilíbrio. O gás que melhor espelha a difusão através da membrana aheoloeapilar e o monóxido de carbono (CO), pelo falo de a afinidade pela hemoglobina ser 250 vezes maior que a do oxigénio. Algumas doenças pulmonares podem comprometer a difusão dos gases respiratórios, e a análise da capacidade de difusão destes é significativa no diagnóstico funcional das pneumopatias. Distúrbios detectados na medição da capacidade de difusão de CO retratam distúrbios na adequação entre a ventilação e a perfusão pulmonares, problemas na membrana alveolocapilar ou no volume de sangue circulante no capilar pulmonar. Equilíbrio Ácido-básico Outra função respiratória de suma importância desempenhada pelo pulmão é a contribuição para a manutenção do equilíbrio ácido-básico do organismo. Como resultado do metabolismo diário, são produzidos cerca de 20.000 mEq/L íons hidrogénio. Grande parte da produção desses íons origina-se do ácido carbónico. Regulado por quimiorreceptores atuando no centro respiratório, o controle da ventilação tem papel fundamental na homeostase áeido-básica pela eliminação do CO, no ar expirado. As relações entre os mecanismos tampões para a manutenção do pH em estreita faixa de normalidade são complexas. Funções Não-Respiratórias do Pulmão Além de suas funções relacionadas à troca gasosa, o sistema respiratório desempenha outras funções importantes na fisiologia humana. Defesa Mobilizando a cada hora mais de 400 litros de ar ambiente que são colocados em contato com uma área de 130 mp, o sistema respiratório necessita dispor de um sistema de defesa complexo e eficiente para fazer frente à grande quantidade de partículas orgânicas e inorgânicas inaladas. O sistema de defesa das vias respiratórias estrutura-se em mecanismos de barreira, como os pêlos nasais e o turbilhonamento do fluxo de ar nas vias aéreas superiores. O sistema mucociliar também tem importante papel como barreira à invasão pulmonar por antígenos. O filme de muco, em conjunto com a movimentação ciliar, contribui para retenção, mobilização e eliminação das partículas inaladas. Respostas imunológícas a antígenos específicos ocorrem mediadas pela produção de imunoglobulina A (IgA), na sua forma secretora, a partir de linfócilos U presentes no epitélio respiratório. Partículas estranhas que chegam até os alvéolos são fagocitadas pêlos macrófugos alveolares. Filtro MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 9 of 54 02/09/2019 19:42 Sendo o único órgão que recebe todo o débito cardíaco distribuído através da densa rede capilar, o pulmão atua como filtro de partículas com diâmetros maiores que 75 micronos. símbolos de várias origens, como aglomerados de células sanguíneas, gordurosas, tumorais e coágulos de fibrina, são aprisionados nas artérias de pequeno calibre e, em graus variáveis, são eliminados do pulmão pela ação de enzimas proteolíticas e fagocitose. Reservatório de Células do Sangue O pulmão desempenha também papel no controle do número de leucócitos e plaquetas circulantes, por meio da retenção e liberação dessas células em função da demanda. Eliminação de Substâncias Voláteis Os pulmões podem eliminar substâncias voláteis no ar expirado. A eliminação de acetona pelo paciente com cetoacidose diabética é um dos exemplos mais comuns na prática clínica. No paciente que apresenta insuficiência hepática, a exalação do metilmercaptano caracteriza um achado semiológico. o fetor hepático. Outras substâncias voláteis eliminadas pelo pulmão são etanol e metanol. Síntese e Ativacão/lnativacão de Substâncias O pulmão participa ativamente nos processos metabólicos, seja pela produção de compostos, seja por meio da ativação ou inativação de substâncias que desempenham suas funções de forma local ou sistémica. Como exemplo, pode-se citar a produção, por parte das células tipo II, dos fosfolipídeos, que são essenciais na composição do surfactante nos alvéolos. Interagindo com substâncias endógenas transportadas pelo sangue, o endotélio dos capilares pulmonares, mediante ação da enzima de conversão, inativa a bradicinina (vasodilatadora) e converte a angiotensina l em angiotensina II (potente vaso- constritor). Dessa forma, o pulmão participa do controle pressorico e contribui para a regulagem do equilíbrio hidrossalino. Os pulmões sào importame tonto do produção de histamina o prostaglandinas, dois mediadores de respostas alérgica e inflamatória, EXAME DO SISTEMA RESPIRATÓRIO A. Inspeção Inspeção Estática Presença de depressões, abaulamentos ou nodulações ou lesões à nível de tórax Mamilos: número implantação simetria Tipos torácicos: MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 10 of 54 02/09/2019 19:42 Enfisematoso: em tonel Chato: parte anterior perde sua concavidade (portanto há diminuição do diâmetro AP). Ângulo de Louis torna-se mais visível. Típico dos longilíneos e portadores de doença pulmonar crônica. Quilha ou Pectus carinatum: Tórax de pombo. É congênito ou devido ao raquitismo na infância. Sapateiro ou Pectus Escavatum: depressão da parte inferior do esterno na região epigástrica. Natureza congênita Inspeção Dinâmica Tipos respiratórios e Uso da Musculatura Acessória: abdominal torácico tóraco-abdominal Ritmos respiratórios : Normal: inspiração com duração e intensidade semelhante a expiração Suspiroso (ansiedade, tensão emocional): movimentos inspiratórios de amplitude crescente seguidos de expirações breves e rápidas Cheyne-Stokes (TCE, AVC, Insuficiência Cardíaca, Hipertensão intracraniana): fase de apnéia seguida de inspiração e expiração cada vez mais intensas Biot (mesma causas acima): apnéia seguida de inspirações e expirações anárquicas Kussmaul (Acidose Diabética): desencadeada via acidose. Possui 04 fases. Agônico (Insuficiência Respiratória Aguda): semelhante a um peixe fora d’água. Freqüência respiratória : normal bradipnéia taquipnéia Amplitude respiratória : normal hipopnéia hiperpnéia Cornagem ou Estridor Laríngeo : respiração ruidosa. Tiragem : é a depressão dos espaços intercostais que ocorre dinamicamente durante a inspiração. Expressa dispnéia inspiratória por obstrução brônquica. Pode ser intercostal e/ou subcostal. Sinal de Lemos Torres : é um abaulamento expiratório visto nas bases pulmonares, na face lateral do hemitórax . Traduz a presença de um derrame pleural livre. Sinal ou fenômeno de Litten : é a visualização do diafragma quando o mesmo faz sua incursão durante a inspiração e expiração. Está abolido nos derrames pleurais moderados e volumosos. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 11 of 54 02/09/2019 19:42 B. Palpação Temperatura e Sensibilidade Torácica Gânglios, Lesões de Pele, Tumorações e Abaulamentos Expansibilidade (usar a manobra de Rualt ) Elasticidade Frêmitos FRÊMITO TORACO VOCAL (FTV)- é mais intenso na base direita frêmito brônquico e frêmito pleural C. Percussão Ruídos e sons a serem pesquisados: som claro pulmonar ou atimpânico (NORMAL) som submaciço ( pode estar presente no precórdio) maciço (exemplo é o fígado) timpânico (espaço de Traube) hipersonoridade (condições patológicas; lembra um tambor) D. Ausculta Ruídos normais : Respiração traqueal ou brônquica - auscultada abaixo da cartilagem tireóide Respiração bronco-vesicular - região supra/infra-clavicular e supra-escapular Respiração vesicular ou murmúrio vesicular (MV) - (demais regiões) auscultar a parede posterior do tórax (método de barras gregas), bases, região axilar e parede anterior. Variações patológicas : aumento, diminuição ou abolição do MV Estertores secos : - Roncos: traduzem a estenose de grandes brônquios, são intensos, audíveis à distância, dão frêmitos e são contínuos; - Sibilos: traduzem a estenose de pequenos brônquios, são intensos, agudos e contínuos. Estertores úmidos : - Crepitantes: são alveolares, inspiratórios, e lembram o “roçar de cabelos” - Subcrepitantes: têm o ruído de bolhas e são produzidos pelo conflito ar-líquido na luz dos médios e pequenos brônquios. Ocorrem na ins/expiração e se modificam com a tosse. Atrito pleural : traduz inflamação aguda e fibrinosa das pleuras ou neoplasia pleural. É um ruído irregular, grosseiro, não muda com a tosse e lembra o “ranger de couro cru”; é ventilatório-dependente. Sopros : Quando, em zonas de auscultação do MV normal for encontrado um ruído intenso, ins/expiratório, mas com a exp > inspiração e também com a expiração mais aguda, denomina-se este ruído de sopro. É a respiração tráqueo- MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 12 of 54 02/09/2019 19:42 brônquica auscultada em áreas de MV, o que ocorre devido a meios de propagação mais adequados, que são a condensação e a cavidade. Tipos de sopros - Brônquico, Tubário, Pleurítico, Cavernoso e Anfórico. Ausculta da voz: Ressonância Vocal Normal: ausculta-se um rumor indistinto na maioria das vezes. Ela pode estar aumentada ou diminuída. Brocofonia: ausculta distinta da voz, pode ser: - Pectorilóquia fônica - é a ausculta da voz falada. - Pectorilóquia áfona - é a ausculta da voz sussurrada. II. Radiologia torácica (técnicas e densidades) Métodos de Imagem INTRODUÇÃO Os exames de imagem são fundamentais na investigação diagnostica e acompanhamento de doenças pulmonares. A investigação por imagem deve ter início com a radiografia simples de tórax, método de menor custo e maior disponibilidade. Os demais métodos de investigação por imagem estão indicados quando os achados radiográficos iniciais forem insuficientes para caracterizar ou determinar a extensão do processo patológico. 1. RADIOGRAFIA DO TÓRAX Incidências Básicas As duas incidências básicas, póstero-anterior e perfil em posição ortostática, devem ser realizadas sempre em que há suspeita clínica de doença. A radiografia simples apenas em incidência póstero-anterior deve ser restrita à avaliação de indivíduos assintomáticos. A incidência ântero-posterior, com o paciente sentado ou em decúbito dorsal, é limitada, devendo ser utilizada apenas em pacientes incapacitados para posicionamento ortostático. Incidência Lordótica Trata-se de incidência complementar, que projeta as clavículas acima do tórax e permite melhor avaliação dos ápices • pulmonares, mediastino superior, intróito torácico e identificação da pequena fissura na suspeita de atelectasia do lobo médio. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 13 of 54 02/09/2019 19:42 Incidência em Decúbito Lateral com Raios Horizontais É indicada na identificação de derrame pleural livre. Tem maior sensibilidade que a radiografia em posição ortostática, já que menos de lOOmL de líquido podem ser demonstrados por essa incidência i20()mL, no mínimo, são necessários em ortostática). O paciente é mantido em decúbito lateral com hemitórax suspeito para baixo, e o derrame, quando presente, se distribuirá ao longo da parede lateral do espaço pleural. Está indicada também na avaliação de pneumotórax em pacientes impossibilitados para o posicionamento ortostático e. nesse caso, o hemitórax suspeito deve ficar para cima, procurando-se identificar a linha pleural, sob as costelas e o ar, na tace lateral do hemitórax. Radiografia em Expiração É uma radiografia em incidência póstero-anterior (ou ântero-posterior), reatada em expiração máxima. Está indicada na suspeita de pneumotórax, quando não evidenciado na radiografía inspiratória. Com a expiração, o volume de ar nos pulmões fica reduzido, havendo um aumento relativo do volume de ar no espaço pleural. facilitando a identificação da linha pleural. Está indicada também na investigação de aprisionamento de ar, que pode ser difuso, como nos quadros de asma e enfisema, ou localizado, nos casos de obstrução brônquica (por exemplo. por tumor ou corpo estranho) 2. ULTRA-SONOGRAFIA Trata-se de método de exame de custo relativamente baixo e ampla disponibilidade. É inócuo, já que utiliza ondas sonoras para produzir imagens. Tem as vantagens de poder ser realizado à beira do leito, permitir aquisição de imagens em diversos planos e não haver interferência do ciclo respiratório sobre a qualidade da imagem. Pode ser utilizado em pacientes inconscientes e com dificuldades respiratórias. A principal limitação do método está na barreira que o ar e estruturas ósseas constituem à penetração das ondas sonoras, não sendo possível avaliar os pulmões (exceto no caso de lesões pulmonares junto à superfície pleural). São indicações de ultra-sonografia torácica: • Avaliar opacidades pleurais diferenciando derrame de espessamento ou tumor pleural. • Avaliar a existência e localização de lojas pleurais (derrame pleural loculado). • Guiar toracocentese em derrame pleural de pequeno volume. • Guiar punção ou biópsia de lesões de parede torácica, pleura ou pulmonar subpleural. 3. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA A tomogratïa computadorizada e um método de imagem importante na investigação de doenças torácicas, com maiores sensibilidade e especificidade que a radiografia simples, porém de maior custo e, portanto, com acesso mais restrito. Assim como a radiografia simples, não é um método diagnóstico inócuo, pois também MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 14 of 54 02/09/2019 19:42 utiliza raios X para produzir imagens. As imagens na tomografia computadorizada correspondem a secções transversais do corpo, com espessura determinada de acordo com o tipo de estrutura ou lesão que se pretende estudar. A tomografia computadorizada tem as vantagens de eliminar a sobreposição de imagens que ocorre nu radiografia simples, de produzir imagens com melhor resolução, de definir densidades teciduais caracterizando líquidos, sólidos, gordura e calcificação, além de permitir mensuracão de dimensões com precisão. Existem basicamente duas modalidades de tomografia computadorizada: • Convencional: a cada apnéia é feita aquisição de uma imagem, sem movimentação da mesa tomográfica em relação ao gantry (o lugar aonde são instalados fontes emissoras de raios X e detectores) • Helicoidal: a aquisição de imagens é feita com movimentação simultânea da mesa de tomografia. o que possibilita aquisição de dados volumétricos. Durante uma apnéia é capaz de obter diversas imagens É mais rápida e permite obter cortes de menor espessura. Executa estudos vasculares e reconstruções multiplanares de alta qualidade, além de reconstruções tridimensionais. TÉCNICAS TOMOGRAFICAS PARA ESTUDO DE TÓRAX Há diferentes técnicas de tomografia computadorizada para estudo do tórax. De acordo como tipo de doença que se deseja investigar, determinada técnica deverá ser aplicada. A utilização de técnica inadequada pode dificultar ou mesmo impossibilitar o diagnóstico. Os dados clínicos, juntamente com os achados da radiografia simples do tórax, servem de base para seleção da técnica tomográfica e é fundamental informá-los ao radiologista. Técnica de Alta Resolução Essa técnica é indicada para avaliação mais detalhada do parènquima pulmonar. Utiliza-se principalmente: na investigação de doenças intersticiais1. bronquiectasias2. pneumopatius difusas3. Caracterizada por cortes finos 1 a 2 mm não contínuos e com algoritmo de reconstrução de alta resolução, o que permite melhor definição de contornos e caracterização de estruturas de pequenas dimensões, como aquelas que compõem o tecido pulmonar. Técnica de Avaliação Mediastinal MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 15 of 54 02/09/2019 19:42 Indica-se tal técnica principalmente para investigação de processos expansivos intratorácicos e estagiamento de neoplasias. Os cortes tomográficos são mais espessos (5 a 10 mm) e contínuos, geralmente a cada 5 mm na região dos hilos pulmonares e a cada 10 mm nas demais regiões. A administração de contraste intravenoso, desde que não haja contra-indicação à sua utilização, auxilia na definição das estruturas vasculares. Técnica de Avaliação Pleural As doenças pleurais devem ser investigadas também com cortes espessos (10 mm) e contínuos. O contraste intravenoso é útil na maioria dos casos, auxiliando na diferenciação entre empiemas e abscessos pulmonares e entre lesões sólidas e císticas. Técnica de Avaliação de Nódulos Pulmonares Por meio dessa técnica verifica-se existência, número e localização de nódulos pulmonares. E indicada na pesquisa de melásiases pulmonares e avaliação de nódulos detectados peia radiografia simples. Os cortes são espessos (7 a 10 mm) e contínuos, dos ápices às bases pulmonares. No caso de nódulo pulmonar único, é necessário utilizar também cortes de menor espessura (1 a 2 mm) para caracterizar sua morfologia, contornos, dimensões e aspecto interno (presença de calcificação ou gordura). Angiotomografia Técnica de exame dirigida a estudos vasculares, é indicada na avaliação de anomalias vasculares congénitas, tromboembolismo pulmonar e estudos da aorta. É realizada apenas em tomógralos helicoidais. Biópsia ou Punção Orientada por Tomografia Computadorizada A tomografia computadorizada é utilizada para orientar punção e biópsia percutâneas. Não há necessidade de proximidade da lesão à parede torácica, como ocorre quando se utiliza a ultra-sonografia, podendo orientar a coleta de material de lesões mediastinais e pulmonares localizadas mais profundamente. 4. RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA Trata-se de método de exame que utiliza basicamente um campo magnético e sinais de radiofreqüência para produzir imagens, não havendo documentação de efeitos deletérios sobre o paciente. É contra-indicada em: portadores de marca-passos1. clipes de aneurismas2. próteses valvares cardíacas3. objetos metálicos intra-oculares4. próximos à medula espinhal5. implantes cocleares6. neuroestimuladores conectados7. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 16 of 54 02/09/2019 19:42 Tem as vantagens de demonstrar fluxo vascular sem necessidade de contraste venoso, de obter imagens corporais em diferentes planos corporais sem necessidade de reconstrução como na tomografia computadorizada, além de ter alta capacidade de diferenciação de tecidos. É utilizada principalmente na investigação de anormalidades cardíacas e vasculares (congénitas ou adquiridas), avaliação de lesões de parede torácica ou próximas aos vasos mediastinais e regiões peridiafragmáticas. No estagiamento de neoplasia primária de pulmão, é indicada nos casos em que a tomografia deixa dúvidas em relação à invasão das paredes torácica e mediastinal. É capaz de caracterizar lesões císticas que pareçam sólidas à tomografia (por exemplo: cistos broncogênicos). e de auxiliar na diferenciação entre fibrose e tumor. Não tem boa resolução de imagens dos pulmões e. portanto não é indicada para avaliação do parènquima pulmonar. A utilização da ressonância nuclear magnética e limitada pelo alto custo e baixa disponibilidade. 5. ANGIOGRAFIA A angiografia é um método de imasiem invasivo. que utiliza raios X e meio de contraste iodado administrado por cateteres intravasculares. A angiografia pulmonar no adulto esta indicada na afiliação de tromboembolismo pulmonar e na afiliação e uaiunterito de malformações arteriovenosas e aneurismas. Além de reações alérgicas e nefroloxicidade ao moio do contraste, a angiografia podo levar a complicações fatáis nos pacientes com hipertensão arterial pulmonar grave ou insuficiênciacardíaca secundaria a elevação da pressão arterial pulmonar e subrecarga do volume resultante da injecção de contraste). A manipulação intracardíaca de cateter pode tembém induzir arritmias, por vezes graves, e com parada cardíaca em cerca de 1% dos casos. 6. MEDICINA NUCLEAR As principais técnicas utilizadas na investigação pulmonar são: cintilografia de ventilação-perfusão1. cintilografia gálio-672. tomografia por emissão de pósilrons com FDG3. Cintilografia de Ventilação-perfusão Para os estudos de perfusão são utilizados macroagregados ou microesferas de albumina marcados com tecnécio 99m (99mTc) administrados por via endovenosa. As imagens de ventilação são obtidas após inalação de gás xenónio ou radiofármacos em aerossol. As principais indicações dos estudos de ventilaçào-perfusão são: Diagnóstico de tromboembolismo pulmonar agudo. Avaliação pré-cirúrgica da função de determinadas regiões pulmonares em candidatos a ressecções pulmonarés ou transplante. Tomografia com Emissão de Pósltrons É conhecida pela sigla PET sendo util para a avaliação de nódulos pulmonares e no MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 17 of 54 02/09/2019 19:42 estagiamenlo de neoplasias primárias do pulmão, A fluorodesoxiglicose (FDG), um metabolito da glicose, concenlra-se mais intensamenle nas células com maior taxa metabólica, entre as quais as células neoplasicas. É um método de exame de custo elevado e ainda pouco disponível, o que limita sua ulilizaçào. Cintilografia com Gálio-67 A cintilografia com gálio 67 e ulilizada na investigação de processos inflamatórios e neoplasicos. Pode ser empregada para: estagiamento e acompanhamento da resposta terapêutica de linfomas 1. avaliação de tumor primário de pulmão residual (quando a FDG não for disponível) 2. estagiamento de melanoma e mesotelioma de pleura3. Pode contribuir para diagnóstico de sarcoidose em alguns casos e é um indicador sensível, porém pouco específico, de toxicidade pulmonar a drogas, podendo preceder alterações radiograficas. Pode auxiliar também na avaliação diagnostica de pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS e doença pulmonar. III. Espirometria (volumes e capacidades funcionais) Os testes de função pulmonar constituem importantes componentes do arsenal propedêutico atual, permitindo, além do próprio diagnóstico, a abordagem da história natural de uma determinada patologia respiratória ou sistémica, a classificação da sua gravidade e a resposta ao tratamento instituído. O estudo da função pulmonar é antigo; o primeiro trabalho notório sobre o assunto foi publicado em Londres, em 1846, por John Hutchinson, um cirurgião inglês. A título de curiosidade, os princípios da função pulmonar foram descritos cerca de meio século antes dos princípios da radiologia e eletrocardiografia. Hutchinson criou uma campânula calibrada, imersa em água, com a finalidade de coletar e medir o volume de ar exalado dos pulmõesapós plenamente insuflados. Ele estabeleceu o termo capacidade vital (CV), ou seja, a capacidade para viver, porque observou que essa medida era inversamente relacionada à mortalidade. Naquela época a tuberculose era frequente na Europa, e Hutchinson reconheceu que as complicações fibróticas da doença reduziam a CV e levavam à morte precoce, com conclusões semelhantes em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e mineradores. Tiffeneau, farmacologista francês, e Gaensler, médico americano, um século após Hutchinson, adicionaram um segundo parâmetro funcional, posteriormente denominado volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1, que representa o fluxo aéreo no início da manobra expiratória forçada, muito útil na detecção e avaliação da gravidade das doenças ventilatórias obstrutivas. Desde então, a análise das curvas volume-tempo e fluxo-voiume, obtidas por manobras expiratórias forçadas a partir de uma inspiração máxima, tornou-se o MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 18 of 54 02/09/2019 19:42 exame mais utilizado para a abordagem da mecânica respiratória. Existem diversos testes de função pulmonar, sendo os mais úteis, do ponto de vista clínico: Espirometria com estudo dos fluxos e prova com broncodilatador (o exame clássico, realizado com mais frequência). 1. Testes de provocação brônquica2. Determinação dos volumes pulmonares estáticos3. Prova de difusão do monóxido de carbono.4. Teste de exercício cardiopulmonar (ou ergoespirometria).5. Cabe aqui a definição da simbologia e nomenclatura em pneumologia. As grandezas funcionais são expressas em litros nas condições de temperatura corporal (37 graus), pressão ambiente e saturação com vapor de água. Capacidade pulmonar total (CPT): representa o volume de gás nos pulmões após inspiração máxima. a. Volume residual (VR): é o volume de ar que permanece nos pulmões após expiração máxima; b. Capacidade residual funcional (CRF): é o volume de ar que permanece nos pulmões ao final de uma expiração usual, em volume corrente. c. Capacidade vital (CV): representa o maior volume de ar mobilizado, podendo ser medido tanto na inspiração quanto na expiração. d. Capacidade vital forçada (CVF): representa o volume máximo de ar exalado com esforço máximo, a partir do ponto de máxima inspiração e. Volume expiratório forcado no tempo (VEFt): representa o volume de ar exalado num tempo especificado durante a manobra de CVF; por exemplo, o VEF1 é o volume de ar exalado no primeiro segundo da manobra da CVF f. Fluxo (FEFx ou FIFx): representa o fluxo expiratório ou inspiratório forçado instantâneo (EF ou IF, respectivamente) relacionado a um determinado volume na manobra forçada (L/s). g. Fluxo expiratório forçado máximo (FEFmax): representa o fluxo máximo de ar durante a manobra de CVF (L/s). É também denominado pico de fluxo expiratório (PFE). h. Fluxo expiratório forçado médio (FEF x-y%): representa o fluxo expiratório forçado médio de um segmento obtido da manobra da CVF (L/s). Por exemplo. FEF(25-75%) é o fluxo expiratório forçado médio na faixa intermediária da CVF, isto é, entre 25 e 75% da curva da CVF. i. Ventilação voluntária máxima (VVM): é o volume máximo de ar ventilado em um período de tempo a partir de manobras respiratórias forçadas j. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 19 of 54 02/09/2019 19:42 ESPIROMETRIA A espirometria é a medida do ar que entra e sai dos pulmões. Pode ser realizada durante respiração lenta (CV) ou durante manobras expiratórias forçadas (CVF). A espirometria deve ser parte integrante da avaliação de pacientes com sintomas respiratórios ou doença respiratória conhecida. É um exame peculiar em medicina, visto que exige compreensão e colaboração do paciente, equipamentos exatos e emprego de técnicas padronizadas aplicadas por pessoal especialmente treinado. Os valores obtidos no exame devem ser comparados a valores de referência adequados para a população avaliada, e existem valores de referência brasileiros. Sua interpretação deve ser feita à luz dos dados clínicos e epidemiológicos. A espirometria permite medir os volumes de ar inspirado e expirado e os fluxos respiratórios, sendo especialmente útil a análise dos dados derivados da manobra expiratória forçada. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 20 of 54 02/09/2019 19:42 É o teste de função pulmonar mais importante porque, num dado indivíduo, durante a expiração forçada, existe um limite para o fluxo máximo de ar que pode ser atingido em qualquer volume pulmonar. Infelizmente, entretanto, a CPT não pode ser medida pela espirometria, já que, apôs a expiração máxima, um volume de ar permanece nos pulmões (VR), evitando que haja colapso alveolar. Os resultados espirometncos devem ser expressos em gráficos volume-tempo e fluxo-volume. Um esforço inicial submáximo será claramente demonstrado na curva fluxo-volume (redução do FEFmax, por exemplo), mas será bem menos evidente na curva volume-tempo. Já a detecção de um fluxo constante próximo ou igual a zero no final da curva expiratória forçada será facilmente perceptível na curva volume-tempo e será menos evidente na curva fluxo- volume. E essencial, portanto, que um registro gráfico acompanhe os valores numéricos obtidos no teste. Vários fatores, atém da qualidade do espirômetro, influenciam a acurada e a reprodutibilidade dos testes espirometncos no munod real, Esses fatores incluem: experiência, número de testes realizados por mês, motivação, habilidade e paciência. Do lado do paciente, coordenação, cooperação, força e motivação. Cabe salientar que a responsabilidade para a realizaçào, acurácia e interpretarão da espirometria ê prerrogativa dos pneumologistas. Cada laboratório de função pulmonar deve ter um diretor medico ao qual caberá supervisionar os exames na rotina diária e ser responsável por treinamento do pessoal, qualidade e estado funcional do equipamento, estabelecimento de rotinas, bem como acurácia e interpretarão dos resultados, os quais devem ser fornecidos de maneira simples e clara aos médicos que solicitam os testes. IV. Distúrbios ventilatórios DEFINIÇÃO DOS DISTÚRBIOS VENTILATÓRIOS Secundo a última Diretriz Brasileira sobre Testes de Função Pulmonar, seis padrões de espirornetria podem ser encontrados: normal1. distúrbio ventilatório (DV) restritivo2. inespecífico3. obstrutivo4. obstrutivo com C V (F) reduzida5. misto ou combinado6. Pela variabilidade observada em diferentes países, valores de referências nacionais de normalidade devem ser preferidos, especialmente se os testes são feitos para detecção precoce de doença, exposição ocupacional e avaliação de incapacidade. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 21 of 54 02/09/2019 19:42 A espirometria mede volumes e fluxos aéreos, principalmente: a capacidade vital lenta (CV), capacidade vital forçada (CVF), o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) suas relações (VEF1/CV e VEF1/CVF). Teste após broncodilatador deve ser repetido para avaliar a reversibilidade da obstrução ao fluxo aéreo. 1) Distúrbio Ventilatório Restritivo Doença pulmonar restritiva, à semelhança da obstrução das vias aereas. ocorre em grande variedade de doenças pulmonares não relacionadas. Qualquer processo que interfira na ação de fole dos pulmões ou da parede torácica pode ser considerado uma afecção restritiva. Diferentemente da obstrução, na qual a limitação ao fluxo é o problema primário, a restrição resulta em volumes pulmonares reduzidos ("pulmões pequenos"). A perda de volume pulmonar pode ocorrer quando o parênquima pulmonar é deslocado (tumores,derrames pleurais) ou removido (ressecção). I) A causa mais comum seja a alteração do próprio tecido pulmonar que ocorre MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 22 of 54 02/09/2019 19:42 em doenças causadoras de fïbrose ou que infiltram os tecidos. Redução dos volumes pulmonares: asbestose doenças fibrosantes silicose doenças inflamatórias difusas Afecções que acometem a parede torácica ou os músculos respiratórios também comumente resultam em restrição. Exemplos incluem: doenças neuromusculares, como miastenia gravis anormalidades de desenvolvimento, como cifoescoliose Restrição também é um achado em condições não pulmonares, como obesidade ou gravidez, porém muitos obesos, mesmo mórbidos, têm volumes pulmonares na faixa prevista. Um distúrbio ventilatório restritivo (DVR) é caracterizado fisiologicamente por redução na CPT, uma medida que, como visto, não pode ser obtida pela espirometria. Entretanto, equipamentos que permitem a aferição da CPT (como um pletismógrafo de corpo inteiro - ver Medida dos Volumes Pulmonares Estáticos) têm custo muito elevado, quando comparados aos espirómetros. Dessa forma, quando não se dispõe da medida da CPT, um distúrbio restritivo é inferido por: CV e CVF reduzidas (abaixo do limite inferior previsto). Relações VEF1/CVF% e FEF25-75%/CVF normais ou elevadas, ou seja, há expiração rápida de um volume reduzido de ar A presença de probabilidade pré-teste elevada para DVR por exemplo, paciente com infiltrado intersticial difuso) deve ser valorizada. Na falta de informações sobre o diagnóstico, o laudo poderá registrar possível distúrbio ventilatório restritivo. 2) Distúrbio Ventilatório Obstrutivo Obstrução das vias aéreas é comum em muitas afecções pulmonares. Por definição, obstrução é qualquer processo que interfira na taxa de esvaziamento ou enchimento dos pulmões. Entretanto, a obstrução é mais facilmente identificada na expiração, já que: (1) ao assoprar-se, a positivação da pressão pleural tende a comprimir as vias aéreas; (2) os músculos inspiratórios podem vencer, com certa facilidade, a obstrução. Obstrução de grandes vias aéreas é o termo usado para descrever o fluxo aéreo reduzido que ocorre por redução de calibre nas vias aéreas superiores (acima das MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 23 of 54 02/09/2019 19:42 cordas vocais), traquéia e brônquios principais. Disfunção de corda vocal, lesões traqueais, como estenose ou malacia, tumores, ou aspiração de corpo estranho são exemplos de processos que podem apresentar-se com obstrução de grandes vias aéreas. Obstrução de pequenas vias aéreas refere-se à limitação ao fluxo que ocorre nas vias aéreas com menos de 2mm de diâmetro. As paredes das pequenas vias aéreas contêm músculo liso e o tônus deste músculo exerce papel importante em sua permeabilidade. Em razão da grande área de secção transversal das pequenas vias aéreas, mudanças patológicas significativas podem ocorrer antes que a limitação ao fluxo cause sintomas. A obstrução de pequenas vias aéreas é característica de asma enfisema bronquite crónica bronquiolite bronquiectasias em geral Algumas doenças podem afetar tanto as grandes como as pequenas vias aéreas (a asma é um exemplo). O distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO) pode ser identificado na presença de: VEF1/CVF% e VEF1% reduzidos: o VEF, e a razão VEF e CVF% são os índices mais usados e mais bem padronizados para caracterizar a presença de distúrbio obstrutivo. Tais achados refletem o processo de lentidão do fluxo aéreo, ou seja, relativamente pouco ar é expirado após 1 s (VEF1) em relação ao total de ar a ser eliminado na manobra (CVF). Redução da razão VEF1/CVF% em sintomáticos respiratórios, mesmo com VEF1% normal. Outras medidas de fluxo expiratório como FEF25 75 devem ser consideradas apenas depois que a presença e a gravidade de obstrução forem determinadas a partir dessas variáveis primárias. Se a razão VEF1/CVF% é limítrofe, uma redução do FEF25 75, ou outros fluxos terminais, corrigidos para a CVF, indicam obstrução ao fluxo aéreo em indivíduos sintomáticos respiratórios. Quando a obstrução é difusa e incipiente, os fluxos terminais são mais afetados Quando estes são isoladamente anormais, a obstrução deve ser caracterizada como leve. Tais pacientes devem ser seguidos funcionalmente, para verificação de piora funcional. 3. Distúrbio Ventilatório Misto ou combinado 4. Distúrbio Obstrutivo com Capacidade Vital (Forçada) Reduzida Como citado, a espirometria é frequentemente realizada sem a medida de todos os volumes pulmonares. O diagnóstico de DVO na presença de CV normal e razão VEF1/CVF% é simples. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 24 of 54 02/09/2019 19:42 A confusão ocorre na presença de DVO, quando a CVF é reduzida antes e após broncodilatador (se qualquer medida, tanto da CV como da CVF, pré ou pós- broncodilatador for normal, DVR pode ser excluído mesmo sem medida da CPT) CVF reduzida pode-se dever apenas ao processo obstrutivo (porque as vias aéreas fecham-se precocemente e não permitem a saída de todo o ar) ou à restrição associada (porque há pouco ar a ser expirado). Em tais casos, a medida da CPT deve, sempre que possível, ser feita, porque a CPT, ao contrário da CV(F), varia em direções opostas no DVR (CPT reduzida - "pulmões pequenos") e DVO (CPT aumentada - "pulmões hiperinsuflados"). Na presença de achados de obstrução (razão VEF1/CVF% reduzida), na impossibilidade de medir a CPT, o distúrbio não deve ser chamado de misto ou combinado (isto é, obstrução e restrição concomitantes) apenas porque a CV e a CVF estão reduzidas. Esse distúrbio pode ser mais bem caracterizado como "obstrutivo com CV(F) reduzida". Uma interpretação alternativa considera que a extensão da queda da CV(F) pode ser de auxílio na caracterização do distúrbio. A CV(F) cai nos distúrbios restritivos proporcionalmente à queda do VEF1, mas cai menos nos distúrbios obstrutivos, e, nos distúrbios mistos, a queda é intermediária. O distúrbio ventilatório combinado (DVC) pode ser decorrente de doença única ou de uma combinação de doenças. No primeiro caso, estão doenças granulomatosas. como: sarcoidose1. tuberculose2. paracoccidioidomicose3. bronquiectasias4. insuficiência cardíaca crónica5. linfangioleiomiomatose6. Na combinação de doenças destaca-se em nosso meio a associação de tuberculose residual com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). Outras combinações comuns envolvem afecções pleurais com asma e/ou DPOC. O achado de DVC pode levar à reconsideração do diagnóstico clínico ou ajudar a explicar dispneia. Em tossidor crónico, por exemplo, deve-se considerar o diagnóstico de bronquiectasias. Em DPOC. pode indicar o desenvolvimento de congestão pulmonar por insuficiência cardíaca crónica associada. 5) Distúrbio Ventilatório Inespecífico Tradicionalmente, os distúrbios ventilatórios têm sido classificados em obstrutivos, restritivos, ou uma combinação de ambos. A redução da CV(F) na ausência de obstrução ao fluxo aéreo (relação VEF1/CVF preservada) é utilizada para inferir a presença de distúrbio ventilatório restritivo, mas o diagnóstico de um processo restritivo não pode ser feito com confiança, a menos que haja evidência de uma CPT reduzida. Em um estudo recente, demonstrou-se que em 42% dos casos tidos como restritivos pela espirometria, a CPT não estava reduzida, Esses distúrbios devem ser chamados de "inespecíficos"'. Por outro lado, a CPT e raramente reduzida em casos com CV MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 25 of 54 02/09/2019 19:42 na faixa prevista. Distúrbio ventilatório inespecífico (DVI) foi eomumenteassociado com diagnóstico clínico de doença obstrutiva e obesidade. A obesidade é um fator que pode causar confusão nesses casos, por impedir o aumento da CPT na presença de obstrução (pelo peso da caixa torácica), reduzir potencialmente a CV(F) e, por outro lado, se associar com maior frequência a limitação ao fluxo aéreo. Na asma, o padrão pseudo-restritivo é comum por broncoconstrição com fechamento completo de vias aéreas e aprisionamento de ar. Portanto, na presença de aparente distúrbio restritivo, pela espirometria. e na falta de medida da CPT. o laudo de DVI será preferível se todos os itens seguintes estiverem presentes: Ausência de dados indicativos de doença restritiva (especialmente intersticiais), ou se a suspeita clínica for de asma ou DPOC. 1. CV maior que 50% do previsto (abaixo disto, sugere DVR).2. CV(F) após broncodilatador ainda reduzida (a normalização após broncodilatador exclui DVR). 3. Relação FEF25 75/CVF não elevada (menor que 150% do previsto). 4. Capacidade de difusão normal (ver adiante). Neste contexto, se a medida da difusão estiver reduzida, provavelmente se tratará de doença intersticial. 5. PROVA BRONCODILATADORA Embora seja etapa opcional do exame espirométrico, quando um paciente é submetido pela primeira vez ao teste, a realização da prova broncodilatadora é altamente recomendável, sendo praticamente obrigatória na suspeita ou presença de DVO. As utilidades da prova broncodilatadora: Na presença de resposta considerada significativa, justifica-se um tratamento mais agressivo com broncodilatadores e possivelmente com corticóides 1. A melhora pode ser mostrada ao paciente, aumentando-se a adesão deste ao tratamento 2. A reversão completa de um distúrbio obstrutivo confirma o diagnóstico de asma brônquica 3. A variação significativa nos casos em que a espirometria basal apresenta valores dentro dos padrões da normalidade é indicativa de distúrbio obstrutivo (asma brônquica) 4. Avaliação da tolerância do paciente à medicação, inclusive "desmistificando" os preconceitos relativos ao broncodilatador perante o paciente 5. Ainda nos pacientes com DPOC, o estagiamento da doença ë feito com base no VEF1 pos-broncodilatador (o qual se correlaciona com o prognostico) 6. Avaliação da eficácia comparativa e duração do efeito de diversos broncodilatadores 7. Possibilidade de reclassificação potencial de um distúrbio8. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 26 of 54 02/09/2019 19:42 ventilatório inicialmente considerado como restritivo ou inespecifico em urn distúrbio obstrutivo A prova broncodilatadora habitualmente é realizada com 400 mcg de salbutamol ou fenoterol (drogas beta-2-adrenérgicas), aplicados por via inalatória. preferivelmente por câmara de expansão. O teste é realizado 15 a 20 min após a administração. Essa dose resulta em melhora máxima ou próxima desta, sendo aplicada tanto em adultos como em crianças. Os testes devem preencher os critérios de aceitação e reprodutibilidade preconizados. Vários testes e parâmetros são utilizados para avaliar a resposta ao broncodilatador. Os parâmetros clássicos utilizados mundialmente continuam sendo o VEF, e a CVF, nos quais a variação é considerada significativa por meios estatísticos, com correlação clínica discutível. Estudos recentes demonstraram que outros parâmetros, obtidos da manobra lenta (CV e capacidade inspiratória - Cl), apresentam melhor correlação com a capacidade de exercício após broncodilatador em pacientes com DPOC. Isto provavelmente porque refletem um esvaziamento pulmonar mais completo. A resposta ao broncodilaíador deve ser aferida com base nos parâmetros: VEF (variações de fluxo)1. CVF2. CV3. Cl (variações de volume)4. TESTES DE PROVOCAÇÃO BRÔNQUICA Esses testes medem a resposta das vias aéreas quando expostas a agentes farmacológicos inalatórios que causam broncoespasmo, como metacolina, carbacol e histamina. Uma resposta broncoconstritora limitada e esperada em qualquer pessoa hígida, mas em um paciente asmático essa resposta é exagerada, sendo indicativa de hiper-responsividade das vias aéreas. A hiper-responsividade também pode ocorrerem pacientes com quadro de: infecção respiratória1. rinite alérgica2. tabagistas assintomáticos3. O exame consiste na inalação de concentrações crescentes do fármaco broncoconstritor e é considerado positivo quando a queda do VEF, atinge 20% do valor inicial - a variável principal é a dose cumulativa da substância que levou a esse decréscimo funcional (PD20). Uma alternativa é o teste de provocação brônquica por esforço, para o diagnóstico de asma por exercício. Cabe salientar que, caso no exame inicial já seja detectada obstrução das vias aéreas, não é realizada a provocação brônquica, e sim a MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 27 of 54 02/09/2019 19:42 administração de broncodilatador. O teste de provocação brônquica é útil para o diagnóstico de asma. principalmente nos pacientes com história clínica compatível, mas com exame e espirometria normais no momento da avaliação médica. O teste tem alto valor preditivo negativo, ou seja, a ausência de queda significativa do VEF, praticamente exclui a hipótese de asma. A broncoprovocação também pode ser valiosa para o esclarecimento dos casos de tosse crónica de etiologia inaparente, em que a hiper-reatividade brônquica é causa frequente. MEDIDA DOS VOLUMES PULMONARES ESTÁTICOS Os volumes pulmonares são estabelecidos por manobras que prescindem das condições vigentes do fluxo aéreo - embora muitos determinantes dos volumes pulmonares tenham origens dinâmicas, isto é. sejam influenciados pela habilidade pulmonar em se esvaziar adequadamente. Como visto, alguns volumes e capacidades podem ser obtidos pela espirometria. principalmente a partir das manobras lentas: volume corrente1. volume de reserva inspiratório (VRI)2. volume de reserva expiratório (VRE)3. CV4. Cl5. Entretanto, o VR não pode, por definição, ser determinado diretamente. As diferentes técnicas de medida dos volumes pulmonares permitem que os volumes que incorporam o VR sejam estimados (capacidade residual funcional e CPT). Essas medidas podem acrescentar importantes informações à espirometria: Podem permitir a identificação correta de componente ventilatório restritivo. Por exemplo, no DVO pela espirometria, a CVF pode estar reduzida devido ao aumento do VR perante uma CPT inalterada; por outro lado. a presença de DVO e CPT inalterada, ou diminuída, caracteriza o DVC. Caracterização da hiperinsuflação pulmonar e aprisionamento aéreo. Correção volumétrica da mensuracão da capacidade de difusão pulmonar (ver a seguir). Determinação da resposta a intervenções terapêuticas clínicas (broncodilatadores, por exemplo) ou cirúrgicas (cirurgia redutora de volume pulmonar) Avaliação da disfunção e incapacidade. Existem, basicamente, três tipos de testes: Testes que exploram as relações inversas entre volume e pressão (pletismografia corporal). Testes que estimam o volume de ar intratorácico a partir da diluição de gases inertes (isto é, aqueles que não são absorvidos nem produzidos pelo organismo). Técnicas radiográficas. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 28 of 54 02/09/2019 19:42 A maior vantagem da pletismografia corporal é de que todo ar intratorácico é realmente medido - embora se considere como "volume pulmonar" qualquer coleção aérea intratorácica, isto é. essa técnica pode superestimar a CPT na presença de pneumotórax ou grandes hérnias diafragmáticas. Em contraste, as medidas por diluição assumem que todas as vias aéreas comunicam-se entre si. Algumascondições obstrutivas com baixa CVF estão associadas com extensas áreas mal-ventiladas ou não-ventiladas; nessas circunstâncias, as técnicas de diluição tendem a subestimar os volumes pulmonares. Tal diferença pode ser útil clinicamente nos pacientes com doença bolhosa sem enfisema difuso: uma diferença de capacidade residual funcional entre as técnicas maior do que 1 L (maior na pletismografia) sugere que as bolhas ocupam grande espaço e a conduta cirúrgica seria provavelmente bem indicada. Interpretação das Modificações nos Volumes Pulmonares Estáticos Hiperinsuflação É caracterizada por CPT maior que 120%, do previsto, geralmente com aumento concomitante da capacidade residual funcional (maior que 130%), do VR (maior que 140%) e das relações capacidade residual funeional/CPT (maior que 0.55) e VR/CPT (maior que 0,4). Alçaponamento Aéreo Caracleriza-se por VR maior que 140% do previsto e relação VR/CPT maior que 0,4, na presença de DVO. Restrição É caracterizada por CPT menor que 80% do previsto, geralmente com capacidade residual funcional e VR menos reduzidos ou mesmo próximos da normalidade (70 a 130% e 60 a 140%. respectivamente), isto é, as relações capacidade residual funcional/CPT e VR/CPT podem até aumentar. Interpretação na Capacidade Vital Forçada Reduzida Na presença de DVO pela espirometria: CPT menor que 90%, com VR maior que 140% do previsto e relação VR/CPT maior que 0,4 sugere DVC. Na ausência de sinais de DVO pela espirometria: CPT menor que 80% sugere DVR. Se a CPT for maior ou igual a 80% e a VR for maior que 130%, é possível o diagnóstico de DVO: caso contrário, as alterações seriam mais bem classificadas como DVI. MEDIDA DA CAPACIDADE DE DIFUSÃO PULMONAR A troca difusiva dos gases respiratórios depende das: pressões alveolares e capilares de O2 e CO2 presença de ampla interface de contato alveolocapilar MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 29 of 54 02/09/2019 19:42 volume e fluxo sanguíneos afinidade da hemoglobina pelo O2 Logo, variações ventilatórias. hemodinâmicas, da relação ventilação/perfusão e hematológicas poderão afetar as medidas de capacidade de difusão pulmonar. Portanto, a denominação "fator de transferência" parece bem mais adequada do que "capacidade de difusão". Todas as técnicas de medidas da capacidade de difusão de monóxido de carbono (DLCO) utilizam um gás cuja taxa de transferência pulmonar é limitada fundamentalmente pela difusão, o monóxido de carbono (CO). O procedimento mais utilizado é o de respiração única com analisadores de resposta rápida: após a expiração até o VR, o paciente inala profundamente um volume de gás teste (0,3% CO), sustentando a respiração com a glote aberta por 10 s. Os sistemas modernos medem a diferença entre a curva padrão de calibração e aquela obtida pela amostragem do gás alveolar expirado: a diferença entre ambas reflete a DLCO. Trata-se de teste funcional respiratório de ampla aplicabilidade, provavelmente inferior apenas á espirometria e à gasometria arterial: Como diversos falores podem afetar a DLCO, esta, embora bastante inespecífica, é particularmente sensível ao acometimenlo, mesmo incipiente, da área funcional de troca gasosa pulmonar. Quando combinada à espirometria, pode ser de particular utilidade. A DLCO (em papel central na avaliação de gravidade, prognóstico e resposta terapêutica nas doenças intersticiais pulmonares. Na avaliação pré-operatôria, a DLCO. junto com a espirometria, é o teste de repouso com maior poder preditivo para complicações. Em determinadas circunstancias clínicas, a reiliieíto da DLCO pode ser de valia para a separarão entre enfisema pulmonar (DLCO baixa) e asma brònquica persistente com obstrução fixa (DLCO normal ou aumentada). Avaliação da disfunção e incapacidade, no contexto ocupacional. TESTE DE EXERCÍCIO CARDIOPULMONAR (ERGOESPIROMETRIA) O teste de exercício cardiopulmonar (TECP ou ergoespirometria) adiciona: eletrocardiograma1. registro da freqiiència cardíaca,2. a mensuracão direta do volume de ar ventilado (habitualmente o expirado) 3. as respectivas travões expiradas de oxigénio e dióxido de carbono (FeO2 e FeCO2) 4. Essas medidas primárias são integradas em tempo real por tecnologia digital, permitindo a obtenção de diversas outras variáveis de interesse clinico. A aparelhagem mínima necessária para a realização do TECP apresenta-se comercialmente disponível na forma de sistemas metabólicos integrados ou "carros metabólicos". Esses sistemas caracterizam-se por apresentar um pacote de hardware e software dedicados ao teste, os quais medem e integram continuamente os diversos sinais por tecnologia microprocessada. Principais Indicações do Teste de Exercício Cardiopulmonar: MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 30 of 54 02/09/2019 19:42 a) O TECP deve ser entendido como um direcionador precoce da linha de investigação da dispneia crónica de origem indeterminada. O teste deve ser a alternativa imediatamente posterior à avaliação clínica, radiográfica, espirométrica e eletrocardiográfica de repouso. É útil para: diferenciar dispneia de origem cardiovascular de dispneia de etioloeia pulmonar: 1. identificar componente circulatório insuspeito:2. apontar componente psicogênico ou comportamental.3. O TECP parece não permitir uma diferenciação segura entre a limitação circulatória e a periférica (descondicionamento). b) Diversos estudos demonstraram que o TECP pode ser útil para determinar a necessidade e os efeitos de diversos medicamentos com atividade nos sistemas cardiovascular e/ou respiratório. c) A tolerância ao exercício dinâmico é um fator prognóstico bem estabelecido na insuficiência cardíaca crónica. O consumo de oxigénio no exercício máximo (VO2máx) tem sido largamente utilizado como parâmetro central para & indicação de transplante cardíaco (Tx). d) Diversos estudos demonstraram que parâmetros derivados do TECP. particularmente o VO2máx, constituem-se em previsores importantes de morbidade e mortalidade pós-operatórios na toracotomia com ressecção. e) O TECP não deve ser rotineiramente realizado em pacientes com risco funcional baixo (por exemplo, VEF, e/ou DLCO maior que 60% ou. principalmente, maior que 80% do previsto); nesses pacientes, não existem evidências de que o TECP traga informações adicionais de suma importância. Vários pontos de corte do VO2 máx foram sugeridos como indicadores de risco cirúrgico aumentado e/ou baixa capacidade funcional pós-operatória: menor que 10 mE/min/kg, menor que 15mE/min/kg, menor que 50% do previsto ou menor que 60% do previsto. f) O teste de exercício incremental pré-reabilitação cardíaca ou pulmonar pode ser especialmente adequado para guiar a intensidade de treinamento, a qual se baseia na frequência cardíaca, carga ou intensidade de sintomas. g) Na avaliação ocupacional de disfunção e incapacidade, a indicação precípua do TECP envolve as situações nas quais a avaliação de repouso é inconclusiva ou há discordância entre as queixas clínicas e os testes de repouso, incluindo as alterações rudiológicas. V. Laboratório em pneumologia A) Gases Arteriais A gasometria arterial é um exame invasivo que mede as concentrações de oxigênio, a ventilação e o estado ácido-básico. Tipicamente, os valores gasométricos são obtidos quando o quadro clínico do paciente sugere uma anormalidade na oxigenação, na ventilação e no estado ácido-básico. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 31 of 54 02/09/2019 19:42 Os níveis dos gases arteriais também são obtidos para avaliar alterações na terapia que podem afetar a oxigenação, tal como a mudança na: concentração de oxigênio inspirado (FiO2)1. níveis aplicados de pressão expiratóriafinal positiva (PEEP)2. pressão das vias aéreas3. ventilação (mudança de freqüência da respiração, alterações do volume corrente) 4. equilíbrio ácido-básico (administração de bicarbonato de sódio ou terapia com acetazolamida) 5. Normalmente, essa amostra é coletada na artéria radial, perto do punho, mas também poderá ser coletada pela artéria braquial ou femoral. Através da amostra de sangue arterial, o laboratório pode determinar as concentrações de oxigênio e de dióxido de carbono, assim como a acidez do sangue, que não pode ser mensurada em uma amostra de sangue venoso. I) TRANSPORTE DE O2 Como se sabe, o O2 é transportado por dois mecanismos em série, desde a boca até os tecidos, a saber: por convecção e difusão molecular. O fluxo convectivo requer uma fonte de energia para construir uma diferença de pressão, sendo que em equilíbrio estável gases ou sangue fluem em direção à menor pressão. Em um sistema de tubos (vias aéreas ou vasos sanguíneos), a quantidade de fluido que passa pelo sistema por unidade de tempo (fluxo) é proporcional à diferença de pressão entre os extremos e à geometria dos tubos, de tal forma que a queda na pressão é causada por resistência friccional e pela necessidade de aumentar o fluxo molecular nos pontos de estreitamento. Para a troca gasosa, a energia para o fluxo convectivo de O2 é fornecida por duas bombas, a saber: os músculos respiratórios (principalmente o diafragma para ventilação) 1. o coração (para o fluxo sanguíneo).2. A ligação entre estas duas bombas é fornecida pela difusão molecular, onde as moléculas se movem para locais de menor pressão parcial por fluxo difusivo, sem utilização de energia externa. No fluxo convectivo todas as moléculas (O2, N2, CO2) se movem juntas, comandadas pela pressão total (pressão sanguínea para a circulação e pressão alveolar para a ventilação). 1. No fluxo difusivo o movimento das moléculas de O2 em uma direção é comandada pela diferença de pressão parcial (em um sistema fechado), sendo balanceado por igual número de moléculas de outra espécie, movendo em direção contrária. 2. As moléculas de O2, após cruzarem a membrana das células vermelhas por difusão molecular, se combinam quimicamente com a hemoglobina (Hb), sendo o processo reverso nos tecidos corporais, ou seja, se desligando da Hb e se difundindo para fora das células vermelhas. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 32 of 54 02/09/2019 19:42 Neste momento é importante lembrar que pressão parcial de um gás é equivalente a sua concentração apenas em meio gasoso ou quando dissolvido no plasma ou tecidos, e somente quando a pressão barométrica se mantém constante. Por exemplo, a concentração de O2 em grandes altitudes é a mesma que ao nível do mar, sendo a pressão barométrica muito menor, o que leva a uma menor pressão parcial de O2 naquelas altitudes. A visão convencional da troca gasosa pulmonar focaliza o fluxo convectivo do gás e sangue, e em suas relações através dos pulmões, negligenciando a difusão alvéolocapilar (nas fases gasosas e teciduais), que é a ligação entre ambos. Em pulmões normais a difusão não é fator limitante para a troca gasosa (exceção para indivíduos em grandes altitudes), porque a anatomia das unidades de troca é favorável a este transporte, em que o movimento gasoso se faz predominantemente por difusão molecular e não por convecção. O2 NO SANGUE ARTERIAL A capacidade do sangue em transportar diferentes gases varia grandemente, sendo que os gases de interesse clínico (O2, CO2, CO) formam ligações químicas no sangue, principalmente com a Hb. A relação entre a capacidade de transporte e a pressão parcial para o O2 é curvilínea (forma de S) e chamada de curva de dissociação do O2. A capacidade do sangue em transportar gases é chamada de coeficiente de capacitância (β) que corresponde à inclinação da curva de dissociação e que para o O2, β é maior no intervalo de PO2 entre zero e 50mmHg. O coeficiente de capacitância para o O2 representa sua solubilidade efetiva no sangue, para uma dada pressão parcial. Os gases que não combinam quimicamente, e que portanto são dissolvidos fisicamente, apresentam uma relação linear entre sua concentração e pressão e, portanto, um simples valor de β. CURVA DE DISSOCIAÇÃO DO O2 A curva de dissociação do O2 para HbA tem a forma sigmóide, sendo sua posição designada pela P50, que é definida como a PO2 a 50% de saturação da Hb, ou metade da concentração máxima, tendo como valor normal 26-28 mmHg. Um desvio da curva para a direita (aumento da P50) ocorre durante o exercício quando há hipercapnia tecidual ou com aumento do 2,3 DPG nas células vermelhas (uma via glicolítica intermediária). Esta maior P50 é benéfica no exercício porque uma quantidade maior de O2 pode ser oferecida aos tecidos. Um desvio na curva para a esquerda ocorre na presença de Hb fetal, que apresenta uma forma exponencial ao invés de sigmóide. O sangue fetal apresenta uma baixa P50 (± 19mmHg), significando que no sangue venoso fetal, onde a PO2 é de somente 30mmHg, a saturação da Hb é de 74%, o que é 16% maior que o sangue materno placentário, à mesma PO2. No que se refere ao conteúdo de O2 do sangue, este representa a soma de pequena quantidade dissolvida no plasma (cerca de 1,5% do ar inspirado, e 8% quando respirando O2 a 100%) e aquele combinado com Hb. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO EM PNEUMOLOGIA http://www.misodor.com/INTRESPIRATORIO.php 33 of 54 02/09/2019 19:42 Conteúdo de O2 = PO2 + SO2 x βPO2 x [Hb] x 1,39 Onde: βPO2 = capacidade de transporte de O2 pelo plasma; (0,003ml /dL x mmHg) [Hb] = concentração da Hb (g/dL); 1,39ml O2/g = capacidade da Hb para o O2. De uma forma geral o conteúdo de O2 é inferido a partir da SO2, PO2 e Hb, do que medido diretamente, sendo que seu valor típico, em uma pessoa saudável, respirando ar ambiente, é: Conteúdo de O2 = 100mmHg x 0,003 + 0,975 x 14,5 x 1,39 = 0,3ml/dL (plasma) + 19,65ml/dL (combinado com Hb) = 19,95ml/dL no sangue, onde 98,5% se encontram ligados à Hb. MEDIDAS DA OXIGENAÇÃO ARTERIAL A partir da curva de dissociação do O2 podemos observar que a diferença entre PaO2 normal (100mmHg) e uma claramente anormal (60mmHg) é de 40mmHg; a alteração na SaO2 é de apenas 8,5% (97,5-89%). Portanto, devido à forma da curva de dissociação do O2, a PaO2 é um índice mais sensível que a SaO2 na avaliação de hipoxemia de grau leve. Técnicas de medidas da PaO2 têm sido consideradas sempre como mais precisas, além do fato de também medir a PaCO2 e o pH. A SaO2 pode também ser calculada a partir da PaO2 assumindo uma curva de dissociação padrão. Isto é mais preciso que o contrário, ou seja, calcular a PaO2 a partir da SaO2, porque, neste caso, a PaCO2 e o pH não são considerados, sabendo que os mesmos podem desviar a curva de dissociação. O único argumento contra o uso corrente da medida da PaO2 é que ela é invasiva, já que requer punção arterial. Entretanto, ela pode ser avaliada a partir de amostra “capilar” de locais arterializados, como lóbulo da orelha. MEDIDA DA PAO2 A PARTIR DE SANGUE CAPILAR ARTERIALIZADO Esta técnica implica em fazer um pequeno corte no lóbulo da orelha após prévio aquecimento com creme vasodilatador. O sangue correndo livremente deve ser coletado em tubo capilar, o mais anaerobiamente possível, e analisado imediatamente. Este sangue é uma mistura de capilares e vênulas e portanto não pode ter a mesma PO2 do sangue arterial puro, porque há um gradiente entre 90-100 mmHg no final das arteríolas para 40 mmHg na terminação venosa. Entretanto, se a rede capilar é dilatada suficientemente e seu fluxo aumenta de 10-20 vezes, a diferença arteriovenosa fica tão pequena que a PO2 capilar e venosa se aproximam da PO2 arterial. Esta diferença ainda é menor, e
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