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Mathus Mllo PELVE A pelve é dividida em pelve maior e pelve menor, separadas pela linha terminal, uma margem óssea encurvada que vai do promontório (articulação da 5ª vértebra lombar com a 1ª sacral) até a margem superior da sínfise púbica. A pelve é constituída por: • 01 Sacro, localizado na região posterior; • 01 Cóccix, que juntamente com o sacro forma a parte inferior da coluna vertebral; • 02 ossos ilíacos laterais o O osso ilíaco é constituído pela fusão de três ossos (ílio, ísquio e púbis) o Articulações ▪ Sínfises púbica: Permite a mobilidade bidimensional e rotação de uns poucos milímetros em conjunto com a deformação da pelve quando na sustentação de carga ▪ Sacrilíaca: Permite o deslizamento do sacro sobre a pelve em conjunto com a deformação da pelve durante a sustentação de carga ▪ Sacrococcígea: ▪ Coxo femural: Responsável pela flexão, extensão, adução, abdução, rotação interna e rotação externa do quadril. DIFERENÇAS EM RELAÇÃO AO SEXO Mathus Mllo PELVEMETRIA O estudo da capacidade e forma da pelve é imprescindível para avaliação do prognóstico do parto. A pelvimetria externa apresenta apenas importância histórica, sendo realizada por instrumentos, não mais adotados. Já a pelvimetria interna faz parte do exame físico do obstetra e deve ser realizada de forma ordenada e sequencial. PELVE MAIOR • É limitada lateralmente pelas fossas ilíacas internas e posteriormente pela coluna vertebral. • O limite anterior se faz com os músculos da parede anterior do abdome • Diâmetros o Transverso ▪ Diâmetro biespinha: estende-se da espinha ilíaca ântero-superior à do lado oposto e mede 24 cm; ▪ Diâmetro bicrista vai do ponto mais alto da crista ilíaca até o lado oposto, medindo 28 cm. o Diâmetro ântero-posterior ▪ Diâmetro sacropúbico externo, ou conjugata externa (diâmetro de Baudelocque), estende-se da fosseta situada abaixo do processo espinhoso da última vértebra lombar até a borda superior da sínfise púbica e mede 20 cm. PELVE MENOR • Também denominada escava, escavação ou bacia obstétrica. • O tamanho da pelve menor é muito importante em obstetrícia porque esse é o canal ósseo que o feto atravessa durante um parto vaginal. • Dividida em: ➢ ESTREITO SUPERIOR: delimitado, no sentido póstero-anterior, pelo promontório, pela borda anterior da asa do sacro, pela articulação sacroilíaca, pela linha inominada, pela eminência ileopectínea e pela borda superior da sínfise púbica. ▪ DIÂMETRO ANTEROPOSTERIOR: corresponde a menor distância entre o promontório e a sínfise púbica. ❖ CONJUGATA VERA ANATÔMICA “FALSA” Mathus Mllo o Entre o promontório e a borda superior da sínfise púbica (arco isquiático) o mede 11 cm. o Menor interesse obstétrico ❖ CONJUGATA VERA OBSTÉTRICA OU DIÂMETRO ÚTIL DE PINARD “VERDADEIRA” o Entre o promontório e a face interna da sínfise púbica, mais precisamente até o ponto retrossinfisário de Crouzat, situado 3 a 4 mm abaixo da borda superior da sínfise púbica. o Mede 10,5 cm a 11 cm o Mais curta, podendo impedir a passagem do feto ❖ CONJUGATA DIAGONALIS o Entre o promontório e a borda inferior do púbis o Mede 12 cm o Na avaliação pelo toque vaginal, esta é a medida empregada para estimativa do diâmetro da conjugata obstétrica (vera obstétrica) na pelvimetria clínica. Em geral, o diâmetro da conjugata obstétrica é 1,5 cm menor que a conjugata diagonalis. ▪ DIÂMETROS OBLÍQUOS: começam nas eminências iliopectíneas e terminam na articulação sacroilíaca. Medem cerca de 12,5 cm. São denominados primeiro e segundo oblíquo. - O primeiro oblíquo se refere ao diâmetro oblíquo da pelve que sai da iminência iliopectínea esquerda em direção à sinostose sacroilíaca direita e segundo oblíquo se refere ao diâmetro oblíquo que sai da iminência iliopectínea direita em direção à sinostose sacroilíaca esquerda. ▪ DIÂMETRO TRANSVERSO: estende-se da linha inominada (ou terminal) de um lado até o outro lado da pelve. Em outras palavras, representa a maior distância entre a linha terminal de cada lado, geralmente a 4 cm do promontório. Define uma distância de 13 cm. Este diâmetro faz um ângulo reto com o diâmetro anteroposterior ➢ ESTREITO MÉDIO: é delimitado pela borda inferior do osso púbico e pelas espinhas ciáticas (isquiáticas). As espinhas ciáticas são importantes pontos de referência e representam o plano “0” de De Lee. Delas emergem os nervos pudendos que são comumente anestesiados no parto vaginal. A avaliação direta não é possível, de forma que o obstetra deve avaliar alguns parâmetros, tais como: 1. Espinhas ciáticas e paredes pélvicas: espinhas ciáticas proeminentes e paredes pélvicas convergentes representam um provável estreitamento nesta região, que resulta em um pior prognóstico ao parto transpélvico. 2. Diâmetro interespinhoso: o estreitamento do estreito médio deve ser cogitado, numericamente, caso seja menor que 10 cm. A impossibilidade ao parto vaginal pode ser assegurada se este diâmetro é inferior a 8 cm. ▪ Diâmetro anteroposterior - Vai do meio da face anterior da 3ª vértebra sacral até o meio da face posterior da sínfise púbica - Mede 12 cm; ▪ Bi-isquiático (transverso) - Se estende de uma espinha isquiática à outra Mathus Mllo - Mede 10,5 cm - É o ponto de maior estreitamento do canal de parto. ➢ ESTREITO INFERIOR: Os pontos de referência dessa região são as partes moles. É limitado pelos músculos que unem o osso sacro às espinhas isquiáticas (músculos sacrociáticos) e pelos músculos que unem o ísquio ao coccige (músculo isquiococcígeo). Assim, é delimitado anteriormente pela borda inferior do osso púbico, lateralmente pelos músculos sacroilíacos e, posteriormente pelo músculo isquiococcígeo. ▪ Diâmetro cóccix-subpúbico - Com disposição anteroposterior, se estende da ponta do cóccix à borda inferior da sínfise púbica - Mede 9,5 cm chegando a 11 cm graças ao fenômeno de retropulsão do cóccix. - É de interesse obstétrico e na fase final da expulsão fetal, após a retropulsão do sacro, amplia-se em 2 a 3 cm, recebendo o nome de conjugata exitus. ▪ Diâmetro transverso “bi-isquiático ou bituberoso” - se situa entre as duas faces internas da tuberosidade isquiática - Mede 11 cm MÚSCULOS DA PAREDE E DO ASSOALHO DA PELVE Mathus Mllo TIPOS DE BACIA BACIA GINECOIDE • Constitui a pelve feminina típica. • Corresponde aproximadamente a 50% das bacias femininas. • O estreito superior tem a forma arredondada e a porção posterior é bastante espaçosa. • As paredes pélvicas não são paralelas e as espinhas ciáticas não são proeminentes. • A chanfradura ciática e a escavação são amplas e o diâmetro bi-isquiático é grande. • A bacia que apresenta melhor prognóstico para o parto vaginal. BACIA ANDROIDE • Possui as características da bacia masculina normal. • Representa aproximadamente 20% das bacias femininas. • Apresenta o estreito superior triangular, com o diâmetro transverso máximo deslocado para a região posterior. • As paredes pélvicas são convergentes, as espinhas ciáticas salientes, o ângulo subpúbico é estreito e o estreito superior reduzido. • O parto por via baixa não tem bom prognóstico. A bacia androide apresenta um aumento da incidência de posteriores (oblíquas e diretas) e distocias crescentes com a progressão da apresentação. - Rezende – Obstetrícia (12ª edição, 2013 e 13ª edição, 2016)- Mathus Mllo BACIA ANTROPOIDE • É semelhante à bacia dos antropoides superiores (gorilas). • Representa aproximadamente 25% das bacias femininas. • Apresenta o estreito superior elíptico e alongado no sentido anteroposterior e o diâmetro transverso diminuído (o diâmetro anteroposterior é maior que o transverso). • As chanfraduras sacrociáticas são amplas, as paredes laterais convergem ocasionalmente eas espinhas ciáticas não são proeminentes. • A bacia antropoide apresenta um aumento da incidência de posteriores (oblíquas e diretas). No entanto, todas as referências concordam que se não houver distocia no estreito superior, não haverá no resto da bacia, e o parto possui bom prognóstico. BACIA PLATIPELOIDE • É o tipo mais raro de bacia, e está presente em aproximadamente 5% dos casos. • Possui a forma achatada, estreito superior ovalado, pequeno diâmetro anteroposterior e amplo diâmetro transverso. • A chanfradura sacrociática é angustiada, o sacro é côncavo e largo, o ângulo subpúbico muito amplo, as paredes da escavação divergem e o estreito inferior é semelhante ao da bacia ginecoide. • Este tipo de bacia é achatado no sentido anteroposterior. • Esta bacia apresenta diâmetros transversos maiores que os anteroposteriores. • Caracteristicamente, a apresentação se insinua nos diâmetros transversos. • A distocia é maior na insinuação, e posteriormente se ameniza. PELVES ASSIMÉTRICAS Mathus Mllo • São as que não se enquadram exatamente em nenhum tipo fundamental classificado acima. OUTRA CLASSIFICAÇÃO DE BACIAS • Normal: correspondendo à ginecoide. • Bacia regular e igualmente estreitada: dimensões reduzidas de forma regular. • Bacia infundibuliforme: em forma de funil, com estreitamento do estreito inferior. • Bacia chata: correspondente à platipeloide. • Bacia irregular: correspondente às assimétricas. PLANOS DA BACIA Constituem planos imaginários que foram descritos com o intuito de facilitar a avaliação da altura da apresentação na pelve feminina. PLANOS DE DE LEE: é uma forma para definir a altura da apresentação. O diâmetro biespinha isquiática ou terceiro plano de Hodge (explicado a seguir) é o plano de referência “0”. A partir deste plano, a apresentação é estimada em centímetros positivos caso a apresentação fetal o tenha ultrapassado, e em centímetros negativos caso a apresentação não o tenha alcançado. Atualmente, é o plano mais empregado no acompanhamento do trabalho de parto. PLANOS DE HODGE: são planos paralelos que já não possuem grande aceitação. São quatro planos, a saber: • Primeiro plano: é delimitado pela borda superior do pube e promontório. Corresponde ao estreito superior da bacia. • Segundo plano: vai da borda inferior do pube ao meio da segunda vértebra sacra. • Terceiro plano: delimita-se nas espinhas ciáticas e corresponde ao estreito médio. • Quarto plano: é traçado pela ponta do coccige.
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