Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
rupe 001 História da Arquitetura : Moderna e Contemporânea. 2021-1. AM5AU. Bacharelado em arquitetura e urbanismo. FEBASP-SP. EDITORIAL: QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE HISTÓRIA DA ARQUITETRA? ENTREVISTA COM TERRA E TUMA: A HABITAÇÃO PARA POPULAÇÃO DE BAI- XA RENDA: COMO FAZER MUITO , COM POUCO LINHA DO TEMPO: PANORAMA DA AR- QUITETURA PRODU- ZIDA DESDE O FIM DO SÉCULO XVIII ATE DIAS ATUAIS A REVISTA | QUEM SOMOS LINHA DO TEMPO ARQUITETURA MODERNA E CON- TEMPORÂNEA ARQUITETURA INTERNACIONAL RESIDÊNCIAS MODERNAS ENNIS HOUSE VILLA TUGENDHAT RESIDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS CASA VI CASA GEHRY SUMÁRIO 06 04 10 12 22 32 42 52 54 64 74 82 84 94 96 REFERÊNCIAS EDITORIAL PORQUE ESTUDAR HISTÓRIA DA AR- QUITETURA? CASA PARATY ENTREVISTA TERRA E TUMA CASA VILA MATILDE RESIDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS RESIDÊNCIA ELZA BERQUÓ RESIDÊNCIA JOSÉ MARIO BITTEN- COURTY RESIDÊNCIAS MODERNA ARQUITETURA NACIONAL a revISTA Rupe, do latim “rocha”, remete a nosso modo de morar antes mesmo da inovação da escrita: nossos abrigos em meio as pedras, as cavernas. Desde então muitos anos se passaram e a humanidade acumulou história, experiências, invenções, guerras, os sistemas construtivos passaram por renovações, mas ainda assim, moramos em meio a pedras, essas por sua vez, moldadas ao gosto do toque humano, maiores em escala e conforto, mas ainda grandes pedregulhos, aconchegados em meio a nossa experiência primitiva, as rupes atuais são em concreto armado, alvenaria, e tantos outros sistemas construtivos existentes, da pedra a pedra, do abrigo ao morar. A revista que traz em seu foco residências com exteriores que apresentam uma estética que busque essa aparência “rochosa”, ou seja, mais dura, irreverente ou que causam impacto ao serem vistas num primeiro momento, não poderia ter então outro nome. introdução quem somos 4 5rupe edição 001 Bruno Santos Redator Mayara Fernandes Fotógrafa Naama Malaquias Designer Gráfico Samuel Aragão Articulista 6 7rupe edição 001 BAHAUS Fundação da escola. *Prédio inaugurado em 1925 RESIDÊNCIA SCHRODER Gerrit Ritveld 5 PONTOS DA ARQUITETURA MODERNA Le Courbusier VILLA SAVOYE Le Courbusier CASA MODERNISTA R. SANTA CRUZ Gregori Warchavchik INAUGURAÇÃO DE BRASÍLIA Lúcio Costa (Projeto) PAVILHÃO DO BRASIL Lúcio Costa e Oscar Niemeyer FAU USP Villa Nova Artigas CASA CASCATA Frank Lloyd Wright CASA FARNSWORTH Mies Van Der Rohe UNITÉ D’ HABITACION Le Courbusier SEAGRAM BUILDING Mies Van Der Rohe PAVILHÃO DO INAUGURAÇÃO UNITÉ D’ linha do tempo Séculos XX 1919 1924 1926 19291928 19511935 1937 1952 1958 1960 1961 8 9rupe edição 001 CENTRO COMUNITÁRIO MASON’S BEND Samuel Mockbee MILWAUKEE ART MUSEUM Santiago Calatrava SEDE DA CCTV PEQUIM Reem Koolhas GHERKIN Norman Foster CENTRO HEYDAR ALIYEV Zaha Haddid CAPELA BOSJES Steyn Studio CASA QUAREN- TENER HiperStudio MUSEU GUGGENHEIM Frank Gehry. Bilbao, Espanha. CENTRO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL Severiano Porto MASP 1968 PAVILHÃO DE OSAKA 1968 1997 2000 2001 2004 2008 2013 2016 2020 linha do tempo Séculos XX e XXI 19831968 1970 10 11 ARQUITETURA ARQUITETURA ARQUITETURA internacional internacional internacional 1 2 3 12 13rupe edição 001 RESIDÊNCIAS modernas ennis house ennis HOUSE Arquiteto: Frank Lloyd Wright Data de Construção: 1923 Tipo de Projeto: Residencial (Textile House) Material: Bloco de concreto texturizado Localização: Los Angeles,Califórnia, EUA Uma das quatro ‘Textiles Houses ‘ de Frank Lloyd Wright, tem uma aparência forte que remete a arquitetura maia, a qual Lloyd admirava. Foi produzida para um casal por sobrenome Ennis, daí o nome da casa. É feita inteiramente de blocos de concreto que são de um molde único, feito para ela, com dimensões de 40mcx40cmx9cm, totalizando cerca de 27 000 blocos apoiados em uma plataforma principal de concreto. O concreto era um material que estava surgindo e o arquiteto viu um potencial construtivo forte, além de considerar que o material ainda tinha sido pouco explorado. Deslumbrando por sua distinta característica visual, foi cenários de mais de 80 fi lmes, entre eles Blade Runner (1982). A Ennis House Foundation, que cuida da residência, tem buscado apoio fi nanceiro parar reparar os danos sofridos pela casa com o passar do tempo. 1. Fotografi a por trás do jadrdim mostrando a relaçã da casa com o entorno. Fonte: Frank Lloyd Wright Foundation 2. Face sul da casa onde se concentra o programa íntimo. Fonte: The Atlantic 3.Mapa de localização. Fonte: Google Maps Fonte: Experience Fonte: Frank Lloyd Wright 14 15rupe edição 001 ennis houseRESIDÊNCIAS modernas Planta Pavimento Térreo Sem escala Corte Transversal Sem escala Corte Longitudinal Sem escala A casa é composta por dois pavimentos: a casa principal, que fi ca no nível de acesso com a rua e um apartamento / garagem menor com motorista no andar inferior. Ao contrário da orientação vertical das outras três casas de bloco têxtil - Textile Houses - projetadas pro Wright, a Ennis House tem uma longa loggia horizontal, que conecta no lado norte salas públicas e as privadas ao sul, e é bastante extensa, com 930 m. A casa conta com 3 dormitórios e 3 banheiros, um lavabo, uma sala de estar e uma de jantar que se abre para a cozinha A área de lazer fi ca na face norte, contendo uma piscina. O acesso de pedestres da casa é marcado por uma marquise e ao passar por ela o usuário entra em um grande pátio, que se abre para a cidade , com visuais privilegiadas, alcançadas graças a localização do terreno e sua topografi a, a qual Wright soube bem aproveitar. Do pátio de entrada o usuário tem 3 possibilidades de entrada na casa: uma por um hall que dá na loggia, outra para a área de lazer e um ainda para a sala de jantar. 1 2 3 4 16 17rupe edição 001 ennis houseRESIDÊNCIAS modernas A residência é bem diferente do convencional: tem traços pertinentes a arquitetura moderna, com linhas ortogonais bem marcadas e, ao mesmto tempo, traços que relembram um templo antigo. Possuindo um desenho assimétrico, a linguagem estética vai sendo construída pelos blocos de concreto aparente, ora lisos ora vazados com desenhos decorativos. A horizontalidade da casa também é bem marcada: a residência vai se espargindo pela costa de Los Feliz, garantindo vistas para a cidade de Los Angeles. Como as outras 3 textile houses projetadas por Wright na região, a similiaridade com arquitetura pré-colombiana maia é bem marcada, presente na forma da residência, seus traços externos e internamente em pontos específicos como presentes na lareira e também nos candelários. 1. Área externa de lazer da residência. Fonte: LA Times 2. Vista protegida por marquise. Fonte: LA Times 3. Sala de jantar com desenho dos blocos texturizados marcados. Fonte: Architect Magazine 4. Sala de estar, candelários e presença da mesma estética do exteriror.. Fonte: Architect Magazine 18 19rupe edição 001 Wright então assume o desafi o de criar um material quente e decorativo a partir do concreto industrial frio padrão, e consegue isso por meio de entalhes de um desenho geométrico repetido. Como as paredes são sólidas de concreto, tem-se a visão que a penetração da luz em seu interior seja mínima. Mas, após olhar de forma mais apurada, é aparente que muitas das peças de blocos têxteis são perfuradas para criar espaços através dos quais a luz é revelada. Fora o concreto, Wright usa vidro para as esquadrias e madeira em abundância nos caixilhos e internamente, no forro, piso de determinadas áreas e mobiliário. O Sistema construtivo e então estrutral é em blocos de concreto aparente, feitos a partir de granito e cascalho já presentes in loco, característica na obra presente de Wright. Com esses blocos, Frank criou um sistema que modular que gera uma grande integração com o contexto em que está inserido. ennis houseennis house Fonte:Frank Lloyd Wright Foundation Fonte: FLW Foundation Fonte: FLW Foundation Fonte: FLW Foundation Fonte: Architec Digest MATERIALIDADE E ESTRUTURA RESIDÊNCIAS modernas Por que blocos de concreto? “Era a coisa mais barata (e mais feia) do mundo da construção”, diz Wright. “Ele vivia principalmente na sarjeta arquitetônica como uma imitação de pedra com face rochosa. Por que não ver o que pode ser feito com aquele rato de sarjeta? ” 20 21rupe edição 001 Frank Lloyd Wright nasceu em 8 de junho de 1867, em Richland Center, Wisconsin, cresceu em um ambiente com fazendas, campos e vales, o que o influenciou futuramente a pensar formas de conciliar o projeto construído e a paisagem. Em 1897 após dois anos de faculdade e um baixo resultado, saiu e foi estudar além do núcleo acadêmico, se mudando para tentar ser arquiteto em Chicago, onde entrou para o escritório de Louis Sullivan, onde trabalhou por cinco anos e saiu após Sullivan descobrir clientes desviados por Wright, egocêntrico, cria seu próprio escritório e inicia a carreira solo com muitos projetos das ‘Prairie Houses’, residências que buscavam integração entre interior e exterior, com uma forte presença de horizontalidade, o arquiteto 1. Robbie House. Prairie House. Chicago, IL. 1906. 2. Millard House. Textile House. Pesadena, CA. 1923 3. Rosenbaum House. Usonian House. Florence, AL. 1923 4. Waterfall House. Usonian House. Pittsburg, PA. 1936 ennis house 1 2 4 Com a investigação de maneiras construtivas, desenvolveu seu próprio bloco estrutural, que deu origem as ‘Textiles Houses’, umas das fases mais curtas e destoantes do arquiteto. Por fim, sua terceira e última fase, a Usoniana, se deu após novas reflexões se acumularem e culminarem em casas para a classe média, menores. RESIDÊNCIAS modernas 22 23rupe edição 001 1 2 3 RESIDÊNCIAS modernas villa tugendhat villa TUGENDHAT Arquiteto: Ludwig Mies Van der Rohe Contexto: Subúrbio Finalidade: Residencial Sistema construtivo: Esqueleto de aço Área total de piso: Aprox. 2000 m Período de Construção: 1928-1930 Proprietários: Grete e Fritz Tugendhat (indústria têxtil) A casa se deu pelo interesse do casal Grete e Fritz Tugendhat, logo após conhecer o renomeado Mies Van Der Rohe, assim a casa deveria abrigar 11 pessoas tratando- se do casal, três fi lhos e seis empregados (babá, duas funcionárias domésticas, cozinheiro e o chofer juntamente a sua esposa) em uma extensão de 2000m2 e um declive alto, teve como resultado uma das primeiras residência a ser representante do movimento modernista, contribuindo para aceitação no mundo, de tal maneira que levou o tombamento pela Unesco, em 2001. A residência conta com equipamentos técnicos, que, por sua vez, foi inovador à época, comportando laboratório fotográfi co e ambiente para projeção de fi lmes a qual o proprietário era amador. 1. Fundos da residência. Fonte: Metalocus 2. Inserção da casa no terreno e acertos topográfi cos. Fonte: Archdaily 3. Mapa de localização. Fonte: Google Maps Fonte: TurboSquid 24 25rupe edição 001 villa tugendhatRESIDÊNCIAS modernas Em 1927 através do projeto Zehlendorf House de Edward Fuchs, os futuros proprietários da Villa Tugendhat Grete e Fritz conheceram Mies Van Der Rohe em Berlim. Foi a partir da identifi cação com estilo arquitetônico que surgiu o interesse do casal em contratar o arquiteto para projetar uma residência espaçosa e de forma simples, ideias que condiziam com o conceito de planta livre dos projetos de Mies. Pensando nas necessidades do casal e na topografi a, o arquiteto projetou a distribuição espacial em três níveis: O pavimento térreo conta com duas entradas a partir da área externa e é transitável na área interna através de uma escada em formato de espiral. A residência é composta por áreas de serviços domésticos contendo dormitórios para os funcionários. Além disso, comporta áreas de manutenção, operação técnica e um laboratório de fotografi a. O primeiro andar conta com acesso por escada e pela parte frontal que se da pela sala principal e sala social com uma conexão ao jardim, contendo também um quarto junto a uma mini biblioteca e junto a uma sala semicircular. Na outra parte da planta se encontra a cozinha conjugada com uma sala de preparativos, em outra parte é composto por separação de salas com o intuito de serviço pessoal. O segundo andar contém acesso direto com a rua. Sua escada é escondida a partir de uma parede semi circular de vidro, criando uma sala para os hóspedes e um corredor que leva para os quartos das crianças, lavanderia e a casa de banhos. Planta 1° Nível Fonte: Holodeck Planta 2° Nível Fonte: Holodeck Planta 3° Nível Fonte: Holodeck A residência foi construída com 3 volumes assimétricos, um pavimento visível na rua contendo a área íntima o quarto dos donos e a das crianças. e os outros dois pavimentos ficam em parte enterrados no solo tendo acessos diferentes acessos para cada um, sendo um separado para as áreas de serviço e outro para áreas sociais. A forma que foi feita a implantação da casa no terreno permitiu grandes aberturas, o aquecimento da casa durante as épocas mais frias do ano, e ao mesmo tempo garantido a privacidade dos moradores pois essas aberturas são feitas para parte interna do terreno criando uma parede de vidro. Sendo assim, o sol pode penetrar profundamente no interior da casa que se encontra elevada. Já nas épocas mais quentes foi instalado elementos para sombreamento e um ar condicionado para manter a temperatura agradável. Proporcionando ambientes Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily26 27rupe edição 001 RESIDÊNCIAS modernas villa tugendhat Fonte: Open House Magazine 28 29rupe edição 001 A área principal e área social são divididos por divisórias de cinco peças feitas de ônix amarelo, parcialmente transparentes quando recebem luz direta. A madeira de Ébano de Makassar com veios de marrom escuro e amarelo para o meio cilindro na sala de jantar e para a biblioteca embutida (preservada até o presente em seu estado original). Utilizando a cor natural do material (areia) o reboco foi feito sem utilizar revestimento por cima, que costumeiramente é feito na cor branca. O gesso na parte interna conta com um brilho aveludado por causa do estuque lustro na camada fi nal. As escadas são revestidas com pedra travertino exterior de vários tipos e cores. MATERIALIDADE E ESTRUTURA A estrutura da Villa Tugendhat é metálica, uma inovação para a construção de casas no período. Mas ,Mies ousou para conseguir grandes ambientes livres e paredes pouca espessas, trazendo janelas maiores dando conectivdade ao jardim. A estrutura é formada por pequenos pilares metálicos cruciformes que liberam a área da planta. A estrutura deixa bem claro o minimalismo de Mies Van der Rohe: pilares elegantes com pequena seção, poucas paredes, grandes aberturas, compondo um visual limpo. Se fosse necessário defi nir a casa em uma frase, sem dúvida, seria: “menos é mais” 1. Vista ‘voo de passáro’ dos fundos da edifi cação. Fonte: Czechtourism 2. Pilar metálico cruciforme independente para possibilitar grandes panos de vidro. Fonte: Divisare 3. Permeabilidade visual Fonte: Archdaily 4. Sala de estar com cadeiras projetadas por Mies para a residência Fonte: Divisare 5. Divisória de madeira. Fonte: Divisare 1 2 3 4 5 RESIDÊNCIAS modernas villa tugendhat 30 3130 rupe edição 001 Nascido em 27 de março de 1886, em Aachen, na Alemanha. cresceu seguindo os passos do pai na construção civil que influenciou suas primeiras obras de residências populares em estilos medievais tradicionais alemães, isso se deu após sua mudança para Berlim em 1908. Na segunda guerra serviu no corpo de engenharia, que o fez voltar com o objetivo de ser um grande arquiteto. Com o passar do tempo, começou a se interessar por novas tendências como o construtivismo russo que consequentemente transformouseu estilo passando a ter poucos projetos construídos mas muito elogiados. . Em 1930 chama a atenção do respeitado arquiteto Gropius que propõe que ele seja seu sócio na Bauhaus, ficando durante 3 anos na direção e então partindo para os Estados Unidos para residir em Chicago, onde após um ano se tornou diretor do Instituto de Tecnologia de Illinois. sendo responsável pela criação da nova cidade de Chicago que tinha como características vidro e aço Suas construções refletiam seu rigor das proporções, enaltecendo a infraestrutura como elemento estético e sua exatidão na resolução dos detalhes, se tornando os três pilares para a concepção de suas obras. Como frase marcante para justificar seus estilo ascético de projeto costumava dizer: ‘less is more’ (menos é mais). o arquiteto 1. Pavilhão Barcelona. Barcelona, Espanha. 1928. Fonte: Archdaily 2. Neue Nationalgalerie. Berlim, Alemanha. 1968.Fonte: Archdaily 3. Casa Farnsworth. Illinois, EUA. 1951. Fonte: Archdaily 4. Seagran Building. Nova York, EUA. Fonte: Archdaily RESIDÊNCIAS modernas villa tugendhat 1 2 3 32 33rupe edição 001 Arquiteto: Peter Eisenman Construção: 1972-1975 Área Construída: 185,8 m Localização: Cornwall, Connecticut, Estados Unidos Promotor: Suzanne Frank, Richard Frank A Casa VI de Peter Eisenman, à primeira vista, se assemelha a uma escultura contemporânea, geometrizada, com planos horizontais e verticais que se encontram, mas jamais uma casa , e foi justamente isso que Eisenman desejava: construir uma casa onde o homem era forçado a viver em uma obra de arte, uma escultura. A casa foi projetada para o Sr. e a Sra. Richard Frank, um casal de fotógrafos, entre 1972-1975, que encontraram grande admiração pelo trabalho do arquiteto, apesar de te-lo conhecido anteriormente como um arquiteto apenas teórico, sem projetos executados. Ao dar a Eisenman a chance de colocar suas teorias em prática, surgiu uma das casas mais conhecidas e complexas dos Estados Unidos, do período. Situada em um terreno plano na Cornualha, em Connecticut, a residência se destaca totalmente do entorno. 1. Uma das fachadas da residência. Fonte: Archi 1011 Jacky Yuen 2. Vista interna com plano caterisiano bem marcado, planos que se concectam. Fonte: Wikiarquitetura 3. Mapa de localização da casa. Fonte: Google Maps RESIDÊNCIAS contemporâneas casa VI casa VI 2 3 1 34 35rupe edição 001 casa VIRESIDÊNCIAS contemporâneas O partido arquitetônico surgiu de um processo conceitual que começou com uma malha, ou ‘grid’. Eisenman manipulou a malha de forma que a casa fosse dividida em quatro seções e, quando concluída, a própria construção poderia ser um ‘registro do processo de projeto’, ou seja, a residência é uma espécie de manifestação cinematográfi ca do processo de transformação, assim, o objeto não é apenas o resultado fi nal de sua própria história geradora, mas também retém essa história, servindo como um registro completo dela, o processo e produto se tornar intercambiáveis. A concepção começa a partir de um cubo, junto com a grade, 4 linhas são extrudadas e se tornam paredes que se cruzam. As paredes se estendem e se invertem, depis se esticam e 2 delas caem fazendo diferença de nível vertical. Em seguida, parte das paredes é removida e outra parte continua estendida, subtraída e deslocada. Finalmente, a sequência das paredes cria espaço e forma. A casa contempla uma justaposição de sólidos e vazios que produz uma situação que só é resolvida quando a mente descobre a necessidade de mudar sua posição. Essa tentativa mental de reordenar os elementos é desencadeada por causa da propensão da mente para ordenar ou conceituar fatos físicos de certas maneiras, como a necessidade de completar uma sequência A-B ou de ler simetrias em uma linha reta. Fonte: Archinet 1. Uma das fachadas da residência. Fonte: Eisenman Architects 2. Vista interna com plano caterisiano bem marcado, planos que se concectam. Fonte: Escala Visual 3. Mapa de localização da casa. Fonte: Escala Visual 4. Mapa de localização da casa. Fonte: The Modern House 36 37rupe edição 001 RESIDÊNCIAS contemporâneas casa VI Complexa, a residência atinge o desejo do arquiteto que buscou conceber uma obra que não fosse entendida em uma visada, mas atissase a curiosidade do visitante para entende-la em sua totalidade. É possível fazer um paralelo com a arte cubista, cujos principais expoentes foram Pablo Picasso e George Braque, os quais buscavam uma arte cuja complexidade forçasse o apreciador a debruçar-se para compreende- la. Tal fato denota ainda mais a similiaridade da casa com uma escultura ou uma obra de aret e a distancia de uma habitação. Ignorando propositalmente arte eia de que a forma segue a função, Eisenman criou espaços peculiares e bem iluminados, mas pouco convencionais para se viver, norteando como os usuários viveriam e os forçando a estarem constantemente cientes da arquitetura. No quarto há uma fenda de vidro no centro da parede continuando pelo chão que divide o quarto ao meio, obrigando a haver camas separadas em cada lado do quarto para que o casal fosse forçado a dormir separado de uns aos outros. Outro aspecto curioso é uma escada invertida, elemento que retrata o eixo da casa e é pintada de vermelho para chamar a atenção. Existem também muitos outros aspectos difíceis que atrapalham a vida convencional, como a coluna pendurada sobre a mesa de jantar que separa os comensais e o banheiro único que só é acessível por meio de um quarto 1 2 3 4 38 39rupe edição 001 RESIDÊNCIAS contemporâneas casa VI MATERIALIDADE E ESTRUTURA A casa foi construída usando um sistema simples de pilares e vigas. No entanto, alguns pilares ou vigas não desempenham nenhum papel estrutural e são incorporados para aprimorar o projeto conceitual. Por exemplo, uma coluna na cozinha paira sobre a mesa da cozinha, mas nem mesmo toca o chão. Em outros espaços, as vigas se encontram, mas não se cruzam, criando um agrupamento de suportes. Robert Gutman, sociólogo devotado ao estudo da arquitetura, escreveu sobre a casa dizendo: “a maioria desses pilares não tem função no suporte dos planos de construção, mas estão lá, como os planos e as fendas nas paredes e tetos que representam planos, para marcar a geometria.” A estrutura foi incorporada à malha de Eisenman para transmitir o módulo que criava os espaços internos com uma série de planos que deslizavam uns através dos outros. A casa que começou em 4 planos, através do processo de deslocamento e subtração, passou a ter várias grandes aberturas e fendas nas janelas. A sua escolha de materiais foi madeira e concreto, Eisenman usou molduras e painéis de madeira lacrados para a estrutura e os interiores são coloridos com branco e cinza, exceto para as escadas que são vermelhas e verdes vivas. A falta de experiência em obra do arquiteto extendeu o período de construlção e elevou para acima do orçamento. O cliente notou que embora o detalhamento fosse altamente intrincado, os desenhos careciam de especificação e a maior parte das despesas era com vidros das janelas. Assim, a construção foi concluída em 3 anos e não muito depois o telhado apresentou vazamento e surgiram problemas estruturais que exigiram ajustes na construção. Apesar dessas ocorrências, Peter Eisenamn conseguiu construir uma estrutura que funcionasse ao mesmo tempo como casa e obra de arte, mas mudando a prioridade de ambas para que a função acompanhasse a arte. Fonte: Wikiarquitetura Fonte: Escala visual Fonte: Technohaus Fonte: Technohaus Fonte: Vivadecora 40 41rupe edição 001 Peter Eisenman é formado pela Universidade de Cornell, é mestre e PhD em Filosofia e Artes pelas universidades de Cambridge e Chicago. Começou a vida profissional trabalhando para os arquitetos Percival Goodman e Walter Gropius, e para a empresa Architecs Collaborative. E, finalmente,em 1980, fundou o seu próprio estúdio de arquitetura. Antes disso, nos anos 60, Eisenman fez parte de um grupo chamado “New York Five”, que compartilhava interesses sobre a natureza das formas. Foi um líder, ao lado de Hejduk, Graves, Gwathmey e Meier. Na mesma década, ele fez vários projetos experimentais de casas com volumes baseados na grade cartesiana e ainda fundou o Instituto de Arquitetura e Estudos Urbanos – que dirigiu até 1982. Embora Peter Eisenman tenha projetado e construído obras premiadas, ele é, antes de tudo, um teórico. o arquiteto RESIDÊNCIAS contemporâneas 1 2 3 4 1. O Greater Columbus Convention Center, Ohio, EUA. Fonte: Vivadecora 2. Cidade da Cultura da Galiza, Santiago de Compostela. Fonte: Vivadecora 3. Memorial aos Judeus Mortos da Europa. Fonte: Vivadecora 4. O Koizumi Sangyo. Fonte: Vivadecora casa VI 42 43rupe edição 001 RESIDÊNCIAS modernas casa ghery casa GHERY Arquiteto: Frank Gehry Construção: 1977-1979 Reforma: 1991 Endereço: Santa Monica - Los Angeles Estados Unidos Tipo de projeto: Residencial Status: Construído Materialidade: Metal, Aço, Madeira e Vidro. Localização: Santa Monica, Los Angeles, Estados Unidos da América Estilo arquitetônico: Arquitetura desconstrutivista Em 1977 Frank Gehry remodelou um bangalô de dois andares que foi originalmente construído em 1920. Ele havia acabado de se separar da sua primeira esposa e tinha aberto o seu próprio escritório de arquitetura quando decidiu tornar o bangalô seu novo lar com a sua nova esposa Berta, grávida de seu fi lho Sam, e o seu fi lho mais velho Alejandro. Em 1978 começou a obra, envolveu a parte externa de sua casa com um novo material, mas ainda deixando o antigo visível e nas outras fachadas colocou cubos de vidros inclinados A casa Gehry foi reformada após 10 anos da abertura de seu escritório, ela foi a primeira obra do arquiteto a atrair muita atenção, pois ele não tinha um cliente para orienta-lo, tinha total liberdade para explorar suas ideias e correr riscos. Gehry tinha uma proposta interessante: deixar a casa intacta mas ao mesmo tempo colocar sua marca nela. 1. Fachada Nordeste. Fonte: vaumm.com 2. Vista da residência da calçada. Fonte: ebiografi a.com 3. Mapa de localização. Fonte: Google Maps 44 45rupe edição 001 RESIDÊNCIAS modernas casa ghery O antigo bangalô teve suas paredes reduzidas e limitadas a paredes essenciais. A planta do térreo conta com a cozinha, sala de estar e dois quartos. A cozinha encontra-se na fachada da casa, com uma janela em formato de cubo feita de madeira e vidro, permitindo a entrada de muita luz, chegando até a sala de estar, que fi ca no centro da casa. O primeiro pavimento conta com mais dois quartos, sendo um suíte com closet. “Tive a ideia de construir a nova casa ao redor da antiga. Nos disseram que haviam fantasmas na casa… Eu decidi que eram fantasmas do Cubismo. As janelas… eu queria fazer como se elas estivessem rastejando para fora dessa coisa. À noite, por causa do vidro inclinado a luz é espelhada nele. Então, quando você está sentado nessa mesa, você vê todos esses carros passando, você vê a lua no lugar errado… a lua está ali, mas se refl ete aqui… e você pensa que está lá em cima, e você não sabe onde diabos você está…” – Frank Gehry. Planta Térro Fonte: ArchEyes Planta 1° Pavimento Fonte: ArchEyes Perspectiva Axonométrica Fonte: ArchEyes Fachada Nordeste Fonte: ArchEyes Fachada Sudeste Fonte: ArchEyes Fachada Noroeste Fonte: ArchEyes Fachada Sudoeste Fonte: ArchEyes 46 47rupe edição 001 RESIDÊNCIAS modernas casa ghery Apesar da casa aparentar ter sido feita sem muitas regras, foi planejada e detalhada com bastante antecedência. Seu formado gera a sensação de que a casa ainda está em construção, grande parte dessa sensação é por causa do material que foi utilizado, como se a obra ainda estivesse inacabada. Ao olharmos para ela, torna-se difícil diferenciar o novo do antigo, já que tudo ganhou visibilidade em sua obra. Gehry borrou os limites entre um e outro, tornando-a uma residência totalmente diferente do que era antes e do que a cidade Santa Mônica estava acostumada. “Fiquei fascinado em criar uma concha em torno dela [que] definiria a casa, mostrando apenas partes da casa antiga de uma forma editada… Comecei a envolver a casa em um diálogo, cortando-a, expondo algumas partes e encobrindo outras.” - Frank Gehry Fonte: ArchEyes Fonte: ArchEyes Fonte: Valum 48 49rupe edição 001 RESIDÊNCIAS modernas casa ghery Os materiais que Frank Gehry utilizou na construção da casa eram considerados baratos e sem muitos critérios, são materiais que não eram costumeiramente usados para a construção residencial como alumínio e alambrados. Isso dava a casa um ar de mistério e a sensação de ser um objeto experimental. MATERIALIDADE E ESTRUTURA “Minha casa não poderia ser construída em outro lugar a não ser na Califórnia, devido ao seu clima, poderia ser construída com uma única vidraça. Eu estava experimentando os materiais que são usados aqui (nas industrias). Também não é uma técnica de construção cara. Decidi usá-los para aprender o ofício, para tentar descobrir como usar esses materiais, essa força. “ - Frank Gehry Por ser sua própria residência, Gehry teve liberdade para explorar ideias sobre diferentes materiais e correr alguns riscos. Isso permitiu que ele usasse os materiais do dia-a-dia de quando ele era criança e passava um tempo na loja de ferragens do avô. Alguns dos materiais utilizados como o metal corrugado e o elo de corrente eram considerados na época materiais feios e utilizados apenas como acessórios industriais. O topo do bangalô rosa se sobressai dentro dessa mistura de materiais dando a impressão de que a casa está sempre em construção. Fonte: Valum Fonte: ValumFonte: ArchEyes Fonte: ArchEyes Fonte: ArchEyes 50 51rupe edição 001 1 2 3 41. Museu Guggenheim - Bilbao, Espanha, 1997 2. Neuer Zollhof - Alemanha, 1996 3. Vitra Design Museum - Weil na Rhein, Alemanha - 1989 4.Walt Disney Concert Hall - Los Angeles, Califórnia - 2003 RESIDÊNCIAS modernas casa GEHRY O arquiteto Frank Owen Gehry nasceu no dia 28 de fevereiro na cidade de Toronto no Canadá e migrou para Los Angeles em 1947. Desde pequeno gostava de construir, fazia casas brinquedo utilizando os materiais mais inusitados que tinham para vender na loja de seu avô. De família judaica e polonesa futuramente trocou seu nome Goldberg para Gehry, o nome pelo qual ficaria conhecido. Casou-se com Anita Smjder, sua primeira esposa, em 1956, e entrou para um curso de desenho da Harvard Graduate School. Se separou e abandonou a faculdade, sua carreira passou por alguns escritórios de arquitetura, inclusive em Paris, mas foi em 1962 quando abriu o “Gehry & Associates”. Interessado em construir casas, em 1979, remodelou uma casa da sua família em Santa Mônica, quando utilizou materiais inusitados, com isso, acabou desenvolvendo, ao longo dos anos de 1970 e 80, uma grande identificação com a cidade de Los Angeles e seus arredores, construindo várias casas residenciais. o arquiteto 52 53 ARQUITETURA ARQUITETURA ARQUITETURA nacional nacional nacional 54 55rupe edição 001 Arquitetos: João Batista Vilanova Artigas / Carlos Cascaldi Ano Projeto: 1959 Ano da construção: 1959 - 1962 Área do Terreno: 549 m Área construída: 410 m Materiais: Concreto Localização: Rua Votuporanga, 275 - Sumaré - SP. Tombamento: CONDEPHAAT (2016) | CONPRESP (2017) Desde 1945 José Mario Taques Bittencourt médico, militante do partido comunista e amigo pessoal do arquiteto Artigas, o mesmo projetou três casas na mesma rua do bairro do Sumaré na cidade de São Paulo. A casa José Mario Taques Bittencourt II de 1959 (segunda casa para a família), que pode ser vista como experimentação tanto tipológica, estrutural e social, a qual a estética e a forma de expressão fosse notória, sendo ela a casa mais famosa e uma das mais importantes pelo arquitetoArtigas. Portanto, foi aprovado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (CONDEPHAAT) o tombamento da residência José Mario Taques Bittencourt II, projetada pelo Vilanova Artigas que por sua vez foi concluída no ano de 1962, contendo mais de 400 m² localizada no bairro do Sumaré de São Paulo. 1. Residência José Mario Bittencourt 2. Croqui Vilanovartigas 3. Residência José Mario Bittencourt residÊncia JOSÉ MARIO BITTENCOURT 1 2 3 RESIDÊNCIAS modernas RESIDÊNCIA JOSÉ MARIO BITTENCOURT 57 Sua aprovação se deu pela sua linguagem de concreto sem revestimentos aparentes, seu espaço público tem um volume cego que acaba articulando todos os espaços através de rampas para o jardim interno, sendo assim o respeito todos elementos caracterizadores externos da edificação, pela sua representatividade chamado de “brutalismo da Escola Paulista” de arquitetura, tornando o residência de bem cultural de interesse histórico, arquitetônico, turístico, paisagístico, artístico e ambiental. O primeiro andar conta com 130 m composto por ambientes generosos como entrada e ao lado a garagem logo a cima da entrada temos a sala de jantar e ao lado uma rampa com acesso para o segundo pavimento e ao lado da rampa a sala de estar, a cozinha perto da sala de janta que dá acesso ao jardim interno. O pavimento superior tem uma área de 170 m² com três dormitórios cada um com grandes aberturas, com banheiro no corredor, uma suíte e estúdio com banheiro com vista para o jardim do fundo e rampas na lateral. O subsolo conta com uma área de 32 m² que contém apenas um dormitório, banheiro e lavanderia. Planta Pavimento Térreo Sem Escala Planta Pavimento Superior Sem Escala Fachadas Sem Escala Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily 56 rupe edição 001 RESIDÊNCIAS modernas RESIDÊNCIA JOSÉ MARIO BITTENCOURT A residência José Mario Taques Bittencourt II foi a segunda casa construída para a família com mais de 400 m², distribuída em três pavimentos, sua linguagem de concreto sem revestimentos aparentes, seu espaço público tem um volume cego que acaba articulando todos os espaços através de rampas que contorna o jardim interno. permitindo assim uma vista linda para a área central da casa com grandes aberturas para o espaço, ambientes generosos e iluminados em torno do jardim, casa ajardinada com paisagismo delicados que da o charme Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily 58 rupe edição 001 59 RESIDÊNCIAS modernas RESIDÊNCIA JOSÉ MARIO BITTENCOURT A residência com concreto armado mostra seu acabamento em cor branca para os pórticos estruturais laterais e beirais de cobertura, Seu acabamento “bruto” liso de concreto com grandes vão de aberturas que permite essas janelas de vidro enormes, uma de suas paredes contém um mural do artista Recifense Francisco Bernnand e no segundo pavimento a madeira no piso e uma das paredes dando um contrate com o liso do concreto, com acesso as rampas que da outro contrate através no piso. A residencia Residência José Mário Taques Bittencourt II tem sua estrutura solucionada em caixote de concreto armado, a sua valorização estrutural é o concreto armado, abandonando as formas tradicionais de vigas e pilares possuindo laje nervurada possibilitando ampla visão de todos os espaços no pátio interno. como podemos ver o estudo da IAU-USP. MATERIALIDADE E ESTRUTURA A redução dos componentes de sua estrutura foi decisiva, resumindo-os a duas empenas de 21,50m posicionadas de maneira perpendicular à rua. O conjunto, como já foi dito, forma dois pórticos nos quais se fundem todas as vigas e os quatro únicos pontos de apoios da estrutura. As duas empenas são unidas por lajes nervuradas (unidirecionais) interligadas por rampas articuladas em níveis intermediários. As rampas assumem, além das funções de circulação vertical e horizontal, função estrutural. Fora esses elementos – todos estruturais – foram utilizados apenas fechamentos e divisórias de madeira, vidro ou alvenaria convencional, com exceção de dois muros em concreto ciclópico. Ainda assim, ao utilizá-los, Artigas marcou sua independência da estrutura principal através de outros materiais, como vidros ou grelhas para circulação de ar nos dormitórios. A imagem final alcançada pelo edifício releva de forma definitiva a intenção de determiná-lo por seus elementos estruturais. “ (IAU-USP, 2015) Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily 6160 rupe edição 001 RESIDÊNCIAS modernas RESIDÊNCIA JOSÉ MARIO BITTENCOURT Nascido em 23 de junho de 1915, em Curitiba - PR. Arquiteto, engenheiro, urbanista, professor. formado em engenheiro-arquiteto na Poli/USP. Em 1937 logo após ser estagiário na construtora Bratke e Botti abriu sua empresa projeto e construção com Duílio Marone a Artigas & Marone Engenheiros. afasta-se em 1944 por decisão de ter seu próprio escritório ao lado do calculista Carlos Cascaldi, com interesse na política de regulamentação da profissão, Artigas com seus colegas abrem o Instituto dos Arquitetos do Brasil em São Paulo. em 1945 junta-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), No ano de 1946, consegue uma bolsa de estudo na Fundação Guggenheim, que por sua vez lhe deu a oportunidade de viajar durante 13 meses no Estados Unidos, ao voltar para o Brasil participa da criação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) em 1948. Realiza uma sequência notável de projetos que definem as linhas mestras do que se chama “escola paulista”: o Anhembi Tênis Clube, a Garagem de Barcos do Iate Clube Santa Paula, e o edifício da FAU/USP, na Cidade Universitária, todos em São Paulo o arquiteto 1. João Batista Vilanova Artigas 2. Casa Vilanova Artigas 3. Casa Rubens de Mendonça 4. FAU USP 62 rupe edição 001 4 2 1 3 63 Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily RESIDÊNCIAS modernas RESIDÊNCIA JOSÉ MARIO BITTENCOURT Arquiteto: Vilanova Artigas Ano Projeto: 1967 Período de Construção: 1967 Estrutura: Concreto Área do Terreno: 556 m Área Construída: 239 m Endereço: Rua Paulo Roberto Paes de Almeida, n.º 51 - Chácara Monte Alegre - São Paulo - São Paulo - Brasil Uso: Residencial Estado de Conservação: Bom A casa para Elza Salvatori Berquó, demógrafa entre os fundadores do CEBRAP, serviu como abrigo para revolucionários contra a ditadura que aconteceu no período,e também como uma experimentação artística de artigas, pois une elementos da arquitetura tradicional, ao mesmo tempo que os reinterpreta para os ideais do moderno, como o desenho das aberturas na fachada, que remetem aos lambrequins usados em telhados de casas de madeira, a casa foi tombada pelo CONPRESP em 2019. Fonte 1, 2 e 3: Archdaily 3 1 2 residÊncia ELZA BERQUÓ 64 rupe edição 001 65 RESIDÊNCIAS modernas RESIDÊNCIA ELZA BERQUÓ “A arquitetura reivindica para si uma liberdade sem limites no que tange ao uso formal. Ou melhor, uma liberdade que só respeite a sua lógica interna enquanto arte.” (Acrópole, nº 319, jul. 1965) desenho que proporciona maior plasticidade ao pesado concreto. Com a entrada principal a partir da sala de jantar, um quadrado se forma, dando acesso de um lado a área molhada (cozinha e área de serviço) e também a sala de estar, por sua vez a sala de estar está conectada a varanda, que se projeta sobre a garagem, além de dar acesso ao escritório, ambos, escritório e cozinha, possuem um corredor que circunda a abertura central e dá acesso aos quartos, sendo um deles suíte, ambos os quartos possuem uma porta que conecta a uma sacada e a um grande quintal nos fundos. A planta térrea articula de forma tradicional os espaços, e traz a experimentação de artigas em busca de uma planta livre, com corredores sem fechamento. Com um terreno irregular, Artigas aproveitou os desníveis para criaruma garagem inferior a casa, utilizando de escadas para o acesso, a fachada discreta possui pequenas aberturas e o concreto é desenhado de forma a lembrar os lambrequins tradicionais, funcionando como elemento de privacidade e proteção da fachada norte, possuindo leves recortes em seu desenho que proporciona maior Planta Pavimento Térreo Sem Escala Planta Pavimento Superior Sem Escala Corte Longitudinal Sem Escala 6766 rupe edição 001 Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Residênciais mode3rnas RESIDÊNCIA ELZA BERQUÓ conforto térmico é obtido através de um vão central, que funciona como as janelas da casa, permitindo entrada de luz e ventilação natural, e possui corrediças que permitem maior ajuste da residência ao clima, podendo elas serem mantidas fechadas em dias frios. O projeto, realizado no inicio da ditadura (1964), reflete muita da necessidade devido ao período histórico, fechando-se em si mesmo de uma forma que traz maior privacidade aos moradores, que se reuniam contra a ditadura, com fachadas com poucas aberturas, o 69rupe edição 00168 Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily RESIDÊNCIAS modernas RESIDÊNCIA ELZA BERQUÓ O sistema construtivo predominante é em concreto armado, muito utilizado pelo arquiteto também em outros projetos, e parte de um módulo estrutura onde os pilares de seção quadrada são distribuídos uniformemente num ritmo de 5,5/5/5,5m com balanços de 2,5m, e 4/4/4, os pilares são discretos, porém, os 4 pilares da abertura central são com troncos de madeira. A resistência do concreto permitiu criar desenhos geométricos na fachada a partir da abertura de pontos estratégicos na vertical, e para quebrar o “peso” transmitido pelo concreto, madeira foi usada no piso, os revestimentos de piso externo são em pedra, as paredes são pintadas em branco, cor que confere um caráter neutro a casa. MATERIALIDADE E ESTRUTURA 71 Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily 7170 rupe edição 001 RESIDÊNCIAS modernas RESIDÊNCIA ELZA BERQUÓ Arquitetos: Terra e Tuma Arquitetos Associados Ano: 2015 Localização: São Paulo – SP Materiais: Alvenaria Estrutural Tipologia: Residencial A Casa Vila Matilde, que possui esse nome por conta do bairro que está inserida, se destaca pela sua qualidade arquitetônica e o baixo custo, diferente de diversas casas comumente vistas em publicações sobre arquitetura, esse projeto possui uma condição diferente: foi feito para Dalva, uma diarista aposentada, que usou o dinheiro que economizou durante toda sua vida para realizar a construção de sua casa, devido aos poucos recursos da moradora, os arquitetos do escritório Terra e Tuma optaram por usar um sistema de alvenaria estrutural, mais econômico, e tiveram diversas limitações financeiras que foram superadas de forma criativa e com um resultado favorável, a casa anterior de Dalva, antes situada onde hoje se encontra o projeto, foi demolida para dar espaço a nova pois possuía diversos problemas, tanto de ventilação com janelas abrindo para corredores, quanto de risco a vida da moradora pois a estrutura já estava fragilizada, para agilizar o processo de construção, paralelamente a demolição foi realizado muros de arrimo para sustentação das casas que se apoiavam sobre a que estava sendo demolida, e a definição das fundações da nova residência. Danilo Terra cita que era um projeto que não poderia ter erros, uma vez iniciado, deveria dar certo até o final, pois dona Dalva não teria mais recursos para uma nova moradia. Segundo site do escritório, a casa recebeu os seguintes prêmios: • Archdaily BUILDING OF THE YEAR 2016 • 15a Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza • X Bienal Iberoamericana de Arquitectura y Urbanismo 2016 • Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake Akzonobel 2016 • Indicada ao Mies Crown Hall Americas Prize – Instituto de Tecnologia de Illinois Fonte 1. 2: Archdaily 1 rupe edição 00172 2 73 RESIDÊNCIAS contemporâneas CASA VILA MATILDE Fonte: Archdaily CASA VILA MATILDE Fonte: Archdaily Implantada num terreno de 4,8x25m, possui um programa tradicional, com garagem aberta, sala, lavabo, uma pequena cozinha, área de serviço e uma suíte no térreo, e escada para uma suíte de visitas no andar superior (imagem x planta térrea). Os espaços são articulados através de um corredor central, após a sala, os usos de área molhada se concentram numa parede, e do outro lado um pequeno jardim, que dá suporte a área de serviço e contribui para uma maior ventilação dos ambientes, dando acesso também a suíte e a escada. A escada se concentra ao lado da suíte e o banheiro do térreo possui ventilação por ela, além da suíte superior, uma laje usada como jardim possibilita a expansão da casa sobre a sala. (imagem x planta pav superior). rupe edição 00174 Planta Pavimento Térreo Sem Escala Planta Pavimento Superior Sem Escala Corte Longitudinal Sem Escala Fonte: Archdaily 75 Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily RESIDÊNCIAS contemporâneas CASA VILA MATILDE Historicamente e predominantemente a arquitetura sempre esteve vinculada e atuou através de algum tipo de poder financeiro, seja ele da igreja, do Estado ou privado. [...] Isso transforma, então, a maioria das pessoas em espectadores. E como espectador não é ator, as pessoas não estão acostumadas a trabalhar, a ver e a entender a arquitetura como algo importante na sua vida, então os arquitetos são inacessíveis. [...] E a arquitetura não encontra muito, nas pessoas, na maioria da sociedade, uma forma adequada de trabalhar.” – Danilo Terra Isso traz a tona um aprendizado fundamental para os profissionais de arquitetura: a construção de habitações de qualidade, independente de renda. E evidencia a necessidade de a arquitetura estar mais inserida em meio a camadas mais necessitadas da população, comparando a casa com as do entorno, a sua arquitetura e qualidade se destaca. 76 rupe edição 001 Fonte: ArchdailyFonte: Archdaily 77 Fonte: Archdaily RESIDÊNCIAS contemporâneas CASA VILA MATILDE e lajes e piso em concreto, utiliza caixilhos de aço com pintura eletrostática preta e grande extensão de vidro no corredor, a fiação aparente utiliza de eletrodutos rígidos. Com predominância de alvenaria estrutural (solução construtiva também utilizada por Frank Lloyd Wright em suas textiles houses), sistema modular e econômico, além de uma solução racional para construções pouco verticalizadas MATERIALIDADE E ESTRUTURA 78 rupe edição 001 Fonte: Archdaily 79 Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: ArchdailyFonte: Archdaily RESIDÊNCIAS contemporâneas CASA VILA MATILDE Então, inicialmente vocês podem falar um pouco sobre o escritório de vocês? Como se conheceram, se foi na mesma faculdade ou profissionalmente em outro lugar? Qual visão vocês carregam ao projetar no escritório? O Pedro e a Juliana estudavam na mesma sala (faculdade) e o Danilo, q ue também fez Mackenzie, era namorado da juliana, na época. O escritório surge em 2005... 2006... não tenho a data precisa. Eu (fernanda) entrei no escritório em 2012, já formada como arquiteta e dps me tornei sócia. Sobre a casa vila matilde, como foi o processo do projeto considerando as circunstâncias limitadas? Isso foi dificil ou foi natural e abriu espaço pra testar possibilidades diferentes de quando se tem um orçamento maior? Com o orçamento restrito e sem margem para eventuais aditivos no valor da obra, desde o início projetamos a casa atentos ao desenho e a planilha de custos (orçamentista). Não sei se foi difícil, mas exigia uma responsabilidade grande em cada traço do nosso desenho. Deu pra perceber que o custo não é um fator primordial, e ainda se traz vantagens relacionadas a segurança, mas ainda não acontece com frequência a contratação de arquitetos nessas obras, vocês veem como uma pouca familiaridade da população com arquitetos,por acharem que ficaria mais caro, um certo “preconceito” mesmo que na pratica não fique? Se sim, como nós enquanto arquitetos ou estudantes podemos mudar essa visão? Ou é mais uma questão de familiaridade? No sentido de que alguns não conhecem o trabalho de arquitetos? Acredito sim em um desconhecimento da população em relação aos nossos serviços e as vantagens da nossa contratação. Acredito que a gente possa abrir um diálogo maior com as pessoas, para que entendam o nosso papel e que nós, como classe, possamos ser cada vez mais capacitados para desenvolver projetos de boa qualidade com responsabilidade. O que é arquitetura pra vocês? Qual visão vocês carregam ao projetar no escritório? Essa pergunta poderia ser respondida de tempos em tempos de forma diferente hehehe. Talvez esse seja um bom exercício para vocês também... pegar um caderninho para ir anotando todo ano... Preferimos optar por um sistema construtivo que já havíamos testado (alvenaria estrutural + laje painel pré- moldada) e nos sentíamos mais confortáveis em relação ao custo, tempo de obra, etc. O que vocês consideram que impede o projeto de arquitetura se tornar mais acessível nas camadas de menor renda da população? O projeto de arquitetura custa pouco em relação ao custo da obra. O que acreditamos é que os projetos (arquitetura, estruturas, instalações, etc) auxiliam em um bom planejamento e até em uma diminuição de custos globais. Comprar o material da obra de pouco em pouco nas lojas de material de construção custa mais do que negociar todo o concreto/aço/areia/blocos da obra inteira. Fazer um pilar, fundação, lajes calculadas pelos engenheiros traz segurança, mas tb pode trazer economia na construção de uma estrutura bem dimensionada (e não superdimensionada, exigindo mais aço e concreto do que o necessário) Em contraposição à arquitetura do espetáculo, hoje nós acreditamos em uma arquitetura como suporte para a vida, para os encontros. Uma arquitetura sólida, com espaços de qualidade (altura, largura, proporção) e conforto (ventilação, insolação, acústica), mas que não seja o “espetáculo” em si. Uma arquitetura que seja capaz de sofrer alterações nas suas superfícies (teto, piso, parede), mas que não perca a sua essência em relação ao espaço concebido. Entrevista cedida por Fernanda Sakano Sócia Terra e Tuma 21/05/2021 Terra e Tuma entrevista 80 rupe edição 001 81 Arquitetos: Marcio Kogan e coautoria de Suzana Glogowski Ano da construção: 2006 - 2009 Área do Terreno: 50.000 m Área construída: 840 m Materiais: Concreto / Madeira / Vidro Localização: Paraty – Rio de Janeiro Fonte 1, 2, 3 e 4: Archdaily 4 1 82 rupe edição 001 3 2 83 RESIDÊNCIAS contemporâneas CASA PARATY CASA PARATY O andar base conta com uma entrada de deck com piscina para sala de estar e sala de jantar no fundo um espelho d’água com escada para os demais pavimentos, ao lado uma sauna com ginásio e ao lado o deposito com um banheiro e mais uma escada. O primeiro andar com acesso pelas escadas, temos sala de jantar integrado com sala de estar e o terraço com acesso para a área da churrasqueira, lavanderia que ao lado temos a cozinha com despensa e um pátio no fundo dos ambientes. Com acesso para o outro retângulo da residência temos um terraço que interliga os dois retângulos com um espaço grandioso podendo ser aproveitado com vistas encantadoras para o mar. Já no segundo pavimento com acesso por apenas uma escada no terraço termos uma área de circulação que permite a entrada para os dormitório e suíte que fica a frente para valorizar a vista noturna para o mar, mas na parte do fundo temos sala TV e jogos e um pátio. Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily 84 rupe edição 001 Planta Pavimento Térreo Sem Escala Planta Segundo Pavimento Sem Escala Planta Terceiro Pavimento Sem Escala Corte Longitudinal Sem Escala Fonte: Archdaily 85 RESIDÊNCIAS contemporâneas CASA PARATY A casa Paraty é acessada através de barco da praia, a arquitetura é vista sigilosa devido se conectar a natureza ao mesmo tempo em que a arquitetura busca se afastar da natureza como um gesto artificial, ela se torna parte da paisagem, por outro lado a arquitetura se constrói uma segunda natureza, com concreto e vidro, que sua paisagem natural envolve a obra mimetizando a construção como intenção do kogan “A relação dialética entre homem- natureza é o próprio radicalismo desse projeto.” (Gabriel Kogan, 2009). Aliado com a sofisticação estrutural e a organização na distruibuição do programa de necessidades que se fez um esquema simples e ao mesmo tempo complexo devido os desafios enfrentado, como a topografia do terreno, a integração com a paisagem e a estrutura com avanço de 8 metros de balanço e 27 m de vão. Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily 86 rupe edição 001 87 RESIDÊNCIAS contemporâneas CASA PARATY A casa toda revestida de pedra com madeira nos dormitório tem um painéis retráteis de graveto de eucalipto que protegem do sol. Os espaços voltados para o fundo do edificação, têm pequenos pátios internos com iluminação zenital e o uso do concreto armado aparente têm uma textura que enaltece todas as paredes. os móveis é uma coleção exclusiva e importante do século XX desenhados, entre outros, por George Nakashima, Luis Barragan, Lina Bo Bardi, Sérgio Rodrigues, Joaquim Tenreiro e José Zanine Caldas.. A Casa Paraty - Studio MK27 foi construída através da encosta da ilha com dois retângulos que repousam nela, com dois prismas modernos entre as grandes e brutas pedras do litoral, com um balanço de 8 metros o volume avança quase na altura da praia. Os volumes contém uma generosidade estrutural a qual se conecta e equilibra-se na topografia do terreno intacta. MATERIALIDADE E ESTRUTURA Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily 88 rupe edição 001 89 RESIDÊNCIAS contemporâneas Fonte: Archdaily CASA PARATY Marcio Kogan (São Paulo, 6 de março de 1952) é um arquiteto, formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1976. Durante os primeiros anos de carreira, Marcio dividiu a atividade de arquitetura com a do cinema, em parcerias feitas com Isay Weinfeld, seu colega de faculdade. Em 1988, a dupla produziu o longa metragem Fogo e Paixão e, entre 1995 e 2004 fizeram juntos 5 exposições sobre arquitetura e humor. Desde 2001, o escritório de Marcio Kogan passou a se chamar Studio MK27 e partir de então começou a ganhar maior projeção internacional. o arquiteto Os trabalhos de Kogan se caracterizam pelo detalhamento arquitetônico, simplicidade formal, forte relação entre espaço interno e externo, grande conforto climático sobretudo por meio de sustentabilidade passiva, uso de volumes puros, aplicação de elementos tradicionais da arquitetura brasileira como os muxarabis e pelo desenho de plantas internas funcionais. Além disso, privilegia o emprego de materiais brutos como madeira, concreto e pedras. O crítico do New York Times Paul Goldberger citou o Kogan na FLIP de 2013 como uma das principais referências da arquitetura brasileira contemporânea. 1. Casa Pasqua - Studio MK27 2. Fazenda Catuçaba - Studio MK27 - Marcio Kogan + Lair Reis 3. Casa Plana - Lair Reis + Studio MK27 - Marcio Kogan 90 rupe edição 001 2 1 3 91 RESIDÊNCIAS contemporâneas Fonte: Archdaily CASA PARATY 1 Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily Fonte: Archdaily qUAL A IMPORTÂN- CIA DO ESTUDO DE HISTÓRIA DA AR- QUITETURA? A história tem o poder de traduzir o poema da transição do tempo, dessa forma o leitor pode emergir no passado, mergulhando e se debruçando sobre pensamentos levantados anteriormente, ao mesmo tempo em que percebe que embora moldassem o construir em regras, tempos depois tais regras foram quebradas, algo natural e que em seu própriotempo se mostrou necessário para vir o novo, sempre refletindo o espírito de sua era edificado, o poema da passagem do tempo, que nos faz entender desde mesmo antes da escrita, através de interpretações e evidências, e que possibilita, por meio de si, a fragmentação e organização da cronologia humana através de páginas, documentos, aulas. visão dos autores EDITORIAL 92 rupe edição 001 93 FARIAS, Nuri. “Casa Vila Matilde/ Terra e Tuma Arquitetos Associados”. 2015. Galeria da Arquitetura. Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/terra-e- tuma_/casa-vila-matilde/2546> Acesso em 26 Abril 2021. FARIAS, Nuri. “Casa Vila Matilde/ Terra e Tuma Arquitetos Associados”. 2015. Galeria da Arquitetura. Disponível em: <https://arquivo.arq. br/projetos/residencia-elza-berquo> Acesso em 4 Maio 2021. “Casa Elza Berquó, Vilanova Artigas - São Paulo/SP, 1967”. Nelson Kon. Disponível em: <http://www.nelsonkon. com.br/casa-elza-berquo/> Acesso em 4 Maio 2021. HERMANN, Fernanda. MARCON, Guilherme. “Casas de artigas: uma análise sobre a evolução da produção arquitetônica do arquiteto”. Revista Thêma et Scientia v1, n1E. 2017. Acesso em 7 de Junho 2021. ARCHDAILY. Casa Paraty / Studio MK27. Disponível em: h t tps : //www.archda i l y.com.br/br/01 -28918/casa-paraty- studio-mk27-marcio-kogan. Acesso em: 5 jun. 2021. ARCHDAILY. Estado de São Paulo aprova o tombamento da Residência José Mário Taques Bittencourt II de Vilanova Artigas. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/803841/estado- de-sao-paulo-aprova-o-tombamento-da-residencia-jose-mario- taques-bittencourt-ii-de-vilanova-artigas. Acesso em: 4 jun. 2021. ARQUIVO ARQ. Residência José Mário Taques Bittencourt II. Disponível em: https://arquivo.arq.br/projetos/ residencia-taques-bittencourt-ii. Acesso em: 3 jun. 2021. FOLHA DE S.PAULO. Residência Taques Bittencourt 2. Disponível em: https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1643241847363051- residencia-taques-bittencourt-2. Acesso em: 4 jun. 2021. GALERIA DA ARQUITETURA. Casa Paraty. Disponível em: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/ studio-mk27_/casa-paraty/367. Acesso em: 6 jun. 2021. PDF IAU-USP. O papel da casa Mario Taques Bittencourt II. Disponível em: OpapeldacasaMarioTaquesBittencourt.doc.. Acesso em: 5 jun. 2021. PDF UFRGS. A linguagem da estrutura na obra Vilanova Artigas. Disponível em: Alinguaguemdaestrutura.doc. Acesso em: 5 jun. 2021. STUDIO MK27. CASA PARATY. Disponível em: http:// studiomk27.com.br/pb/paraty/#21. Acesso em: 6 jun. 2021. ARCHDAILY. Clássicos da Arquitetura: Casa Gehry / Frank Gehry. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-75579/classicos- da-arquitetura-casa-gehry-frank-gehry. Acesso em: 8 jun. 2021. ARCHDAILY. Https://www.archdaily.com.br/br/01-75579/classicos- da-arquitetura-casa-gehry-frank-gehry. Disponível em: https:// www.ebiografia.com/frank_gehry/. Acesso em: 8 jun. 2021. ARCHEYES. Frank Gehry House em Santa Monica / Gehry Partners. Disponível em: https://archeyes.com/ frank-gehry-house-santa-monica/. Acesso em: 8 jun. 2021. VAUMM. Casa de Frank Gehry. Disponível em: http://vaumm. com/la-casa-de-frank-gehry/. Acesso em: 8 jun. 2021. Frank Lloyd Wright’s Ennis House For Sale. Frank Lloyd Wright Foundation, Estados Unidos, 2008. Disponível em: <https://franklloydwright.org/ frank-lloyd-wrights-ennis-house-for-sale/>. Acesso em 25/03/2021 SVEIVEN, MEGAN. AD Classics: Ennis House: Frank Lloyd Wright. ArchDaily, Estados Unidos, 2010. Disponível em: <https://www.archdaily.com/83583/ad-classics- frank-lloyd-wright-ennis-house>. Aceso em 25/03/2021. Ennis House. Ennis House Los Angeles Conservancy, Los Angeles, 2020. Disponível em: <https://www.laconservancy. org/locations/ennis-house>. Acceso em 25/03/2021. REFERÊNCIAS 94 rupe edição 001 95 ANÚNCIO COELHO, VALÉRIA. Ennis House. Hardecor, Estados Unidos, 2005. Disponível em: <https://hardecor. com.br/ennis-house/>. Acesso em 25/03/2021. Ennis House: A Unique Frank Lloyd Wright Structure. Open House TV, Los Angeles, 2017. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=Ca5yu-R89io>. Acesso em 25/032021. GELMINI, Gianluca. Frank Lloyd Wright: Coleção folha grandes arquitetos. Edição Original. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2011. Casa Vila Matilde: Terra e Tuma Arquitetos Associados. ArchDaily, Brasil, 2015. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/776950/ casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos> Acessado 28/03/2021. Casa Paraty / Studio MK27. ArchDaily, Brasil, 2016. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-28918/casa- paraty-studio-mk27-marcio-kogan>. Acesso em: 12/03/2021 Clássicos da Arquitetura: Villa Tugendhat/Mies van der Rohe. Archdaily, 2008. Disponível em: <https://www. archdaily.com.br/br/01-106899/classicos-da-arquitetura-villa- tugendhat-slash-mies-van-der-rohe>. Acesso em: 19 fev. 2021. Mies van der Rohe. ARQUITAU WORDPRESS, 2012. Disponível em: <https://arquitau.wordpress.com/2016/08/25/ mies-van-der-rohe/>. Acesso em: 26/03/2021 Residência José Mário Taques Bittencourt II. Arquivo Arq, 2017. Disponível em: <https://arquivo.arq.br/projetos/ residencia-taques-bittencourt-ii>. Acesso em: 12/03/2021. Villa Tugendhat. Behance, 2013. Disponível em: <https:// w w w. b e h a n ce . n e t /g a l l e r y/4 6 4 3 2 3 5 1 / R E V I T-T R A I N I N G - VILLA-TUGENDHAT>. Acesso em: 22/03/2021. Vila Tugendhat. Tugendhat, 2015. Disponível em: <https:// www.tugendhat.eu/en/>. Acesso em: 12/03/2021. 96 rupe edição 001 97 Bruno dos Santos 18100369 Mayara Fernandes 19100565 Naama Malaquias 19100410 Samuel Aragão 19100445 ARQUITETURA E URBANISMO
Compartilhar