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348 Direito Penal Esquematizado — Parte Especial Victor Eduardo Rios Gonçalves
Sujeito passivo, por óbvio, é o condômino, co­herdeiro ou sócio que, legitima­
mente, detinha o bem. Se a detenção era ilegítima, o fato é atípico. A legitimidade 
da detenção é o elemento normativo do crime.
O legislador, considerando que nas hipóteses desse artigo as partes muitas vezes 
são parentes ou amigos próximos, decidiu que a ação penal é pública, mas depende 
de representação. Se forem várias, basta que uma ofereça representação para que 
esteja autorizada a propositura da aça penal pelo Ministério Público.
A pena máxima, por ser de dois anos, faz com que essa infração penal seja de 
menor potencial ofensivo, inserindo-se na competência do Juizado Especial Crimi­
nal, o que não ocorre com o furto simples do art. 155, caput, que tem pena máxima 
de quatro anos.
•	 Exclusão	do	crime
O art. 156, § 2º, do Código Penal, dispõe que a subtração não é punível quando 
se trata de coisa comum fungível, cujo valor não ultrapasse a quota­parte do agente. 
Coisa fungível é aquela que pode ser substituída por outra da mesma espécie, quan­
tidade e qualidade. Para que fique afastado o crime, é necessário que o montante 
sub traído não tenha excedido a quota­parte do agente, pois, nesse caso, não terá cau­
sado prejuízo econômico ao sócio, co-herdeiro ou condômino. Suponha-se que o pai 
tenha morrido e que dois filhos tenham herdado dez mil sacas de café que estavam 
deposita das na propriedade de um deles. Se o outro, sem o conhecimento do primei­
ro, retira cinco mil sacas, o fato não constitui crime. No caso em análise, um dos ir­
mãos legitim amente detinha a posse da coisa comum, mas a subtração não constitui 
crime em decorrência da regra do art. 156, § 2º. A opinião prevalente na doutrina é 
no sentido de que se trata de excludente de ilicitude, já que a lei menciona que “não 
é punível a subtração”.
De ver-se que, quando o bem é infungível, há crime, posto que, em tal hipótese, 
a outra parte sempre sofre prejuízo. 
 2.1.7. Questões
1. (Acadepol/SP 2003) De acordo com a legislação pátria, 
 a) sempre que o autor de furto for primário, deverá sua conduta ser analisada como “furto 
privilegiado”;
 b) nos casos de furto de veículo automotor, o transporte deste para outro Estado é circuns­
tância impositiva de pena mais grave;
 c) a extração de mineral em propriedade alheia, sem a competente autorização, não carac­
teriza o crime de furto;
 d) responderá por furto quem subtrair coisa alheia para pagar­se ou ressarcir­se de prejuízos.
Resposta: “b”. A alternativa A está errada porque o privilégio pressupõe também o pequeno 
valor da coisa. A alternativa C está errada porque a subtração de mineral constitui furto e a D 
está errada porque a intenção de autorressarcimento gera o crime de exercício arbitrário das 
próprias razões.
2. (Ministério Público/SP — 83º concurso) Tícia, no dia 1º de janeiro de 2003, ao sair de uma 
festa realizada em um clube, passa pela chapelaria e verifica que ali está uma bolsa boni-
ta, que entende ser valiosa. Então, vai até o local e, dizendo que havia perdido o tíquete 
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349II Dos Crimes Contra o Patrimônio
comprovador da propriedade e que no interior da bolsa estavam todos seus documentos e as 
chaves de sua casa, convence a funcionária responsável pela chapelaria e recebe a bolsa, da 
qual se apossa. Ao retirar-se do local, apura que a bolsa valia R$ 130,00 e tinha em seu inte-
rior coisas sem nenhuma importância. Tícia responderá pelo crime de:
 a) furto simples, podendo ser aplicado em seu favor o privilégio em face do pequeno valor 
da coisa.
 b) furto qualificado pela utilização da fraude, não podendo ser beneficiada pelo privilégio, 
pois este é incompatível com o furto qualificado.
 c) estelionato, podendo ser aplicado em seu favor o privilégio em face do pequeno prejuí­
zo causado.
 d) furto simples, pois o valor do bem não pode ser considerado pequeno.
 e) estelionato, não podendo ser aplicado em seu favor o privilégio, pois o prejuízo causado 
não pode ser considerado pequeno.
Resposta: “c”. O crime é o de estelionato porque a funcionária enganada entregou a bolsa em 
definitivo para Tícia. É cabível o privilégio em razão do valor de R$ 130,00 à época dos fatos.
3. (Ministério Público/SP — 79º concurso) Antônio, durante a madrugada e mediante escala-
da, adentrou uma indústria de roupas objetivando praticar a subtração de vestimentas lá 
fabricadas. No momento em que se encontrava no interior do prédio, para realizar a subtra-
ção, foi surpreendido por um guarda particular da firma que, de arma em punho, lhe deu voz 
de prisão. Antônio, após se envolver em luta corporal com o guarda e arrebatar-lhe a arma, 
com a mesma lhe deu uma coronhada na cabeça, ferindo-o e, ato contínuo, fugiu do local sem 
nada levar. Antônio, com sua conduta, deverá ser responsabilizado por:
 a) tentativa de furto qualificado em concurso material com o delito de lesões corporais.
 b) tentativa de roubo impróprio.
 c) tentativa de roubo próprio.
 d) tentativa de furto qualificado em concurso formal com o delito de lesões corporais.
 e) tentativa de roubo impróprio em concurso material com o delito de lesões corporais.
Resposta: “a”. Não há que cogitar de roubo impróprio porque a premissa deste crime é que o agen­
te já tenha subtraído os bens da vítima, o que não ocorreu no caso em análise. O concurso entre a 
tentativa de furto e as lesões corporais é material, já que fruto de duas condutas distintas.
4. (Ministério Público/SP — 82º concurso) A. entrou em uma loja e, enquanto o amigo que o 
acompanhava distraía a vítima (proprietária do estabelecimento), foi embora do local com 
vestimenta que não lhe pertencia, não mais retornando. A. cometeu o crime de:
 a) furto qualificado por fraude.
 b) estelionato.
 c) furto qualificado por destreza.
 d) furto qualificado por abuso de confiança.
 e) furto de uso.
Resposta: “a”. A única alternativa adequada é a que se refere ao furto mediante fraude, po­
rém, deve­se mencionar que o correto seria tipificar a conduta como furto qualificado pela 
fraude e pelo concurso de agentes, alternativa que, todavia, não existe entre as elencadas.
5. (Magistratura/SP — 169º concurso) Apresentando-se como interessado na aquisição de um 
automóvel e, a pretexto de experimentá-lo, o réu obtém do dono as respectivas chaves para 
dar uma volta no quarteirão. Entretanto, na sequência do planejado, desaparece com o veí-
culo. A tipificação jurídico-penal do caso é:
 a) furto qualificado por abuso de confiança.
 b) furto qualificado por destreza.
 c) estelionato.
 d) furto qualificado por fraude.
Resposta: “d”. Apesar de divergências, prevalece o entendimento de que, quem recebe as 
chaves apenas para dar uma volta no quarteirão, tem posse vigiada do bem, de modo que a 
fuga com o veículo constitui ato de subtração e, portanto, de furto. Ao enganar o dono do 
carro, o agente incidiu também na qualificadora da fraude.
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