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Abordagens teórico-metodológicas do estresse

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Abordagens teórico-
metodológicas 
relacionadas ao 
estresse
1
O que é estresse?
2
INTRODUÇÃO 
Sob o enfoque da psicologia social científica
vem associado a temáticas como motivação,
liderança, clima e cultura organizacionais etc.
 na psicologia social histórico-crítica ou sócio-
histórica ocupa lugar de destaque como um
dos determinantes na constituição do
psiquismo.
 No campo da intervenção social, aborda
questões relativas a práticas de gestão de
pessoal, aproximando-se dos modelos das
teorias administrativas.
O tema trabalho tem
sido recorrente nos
estudos, sob diferentes
enfoques teóricos e
metodológicos.
3
• Propõe-se quatro amplas abordagens que se articulam por percursos
diversos com a psicologia e com a psicologia social em particular:
• as teorias sobre estresse,
• a psicodinâmica do trabalho,
• as abordagens de base epistemológica e/ou diagnóstica e
• os estudos e pesquisa em subjetividade e trabalho.
Jacques, 2003
4
AS TEORIAS SOBRE ESTRESSE 
• conceito de estresse vem sendo amplamente utilizado não só nos
estudos e pesquisas científicas e acadêmicas mas também nos órgãos
de comunicação e na linguagem cotidiana.
• Tal popularização, por um lado, desvelou o vínculo entre trabalho e
saúde/doença mental, vínculo este nem sempre reconhecido visto a
prevalência concedida aos fatores hereditários e às relações familiares
na etiologia do adoecimento mental;
5
• por outro lado, constata-se uma imprecisão conceitual e a utilização do
termo tanto para qualificar um estado de irritabilidade como um quadro
de depressão grave.
• Além da polissemia conceitual, derivada da própria palavra em inglês
verifica-se pouca clareza na distinção entre fatores estressores, coping e
estresse propriamente dito, e entre estresse biológico, psicológico,
social, ambiental, entre outros.
6
• O termo estresse, de origem na física para definir o desgaste de
materiais submetidos a excessos de peso, calor ou radiação, foi
empregado pelo fisiologista austríaco Hans Selye, em 1936, para
designar uma "síndrome geral de adaptação", constituída por três fases
(reação de alarme, fase de adaptação, fase de exaustão) e com nítida
dimensão biológica.
7
• O processo neuroendocrinológico envolvido foi objeto de estudos e
pesquisas, destacando-se, no Brasil, a sistematização de Vasconcelos
(1992) sobre as alterações bioquímicas resultantes no organismo.
8
• O estresse psicológico é uma aplicação do conceito para além da
dimensão biológica e é definido por Lazarus e Folkman (1984) como
uma relação entre a pessoa e o ambiente que é avaliado como
prejudicial ao seu bem-estar.
• Introduzem o conceito de coping (enfrentamento) para se referirem
ao conjunto de estratégias cognitivas e comportamentais utilizadas para
avaliar e gerenciar as exigências internas e/ou externas, com base nas
experiências pessoais e nas especificidades do estímulo (novidade,
previsibilidade, intensidade, por exemplo).
9
• Lipp (1984), outra reconhecida pesquisadora brasileira na temática do
estresse, o define como "uma reação psicológica com componentes
emocionais físicos, mentais e químicos a determinados estímulos que
irritam, amedrontam, excitam e/ou confundem a pessoa"
• Tais definições apontam para o referencial teórico cognitivo-
comportamental como o referencial que embasa o amplo campo das
teorias sobre estresse psicológico e que sustentam os modelos de
prevenção, diagnóstico e intervenção propostos.
10
• Conforme Glina e Rocha (2000), o estresse não é uma doença mas uma
tentativa de adaptação e não está relacionado apenas ao trabalho mas
ao cotidiano de vida experimentado pelo sujeito.
• Ressaltam, no entanto, que a importância conferida ao trabalho se
deve a sua relevância neste cotidiano, transformando-o em um dos
principais fatores desencadeante do estresse.
11
• A ênfase recai em métodos e técnicas quantitativas de avaliação dos
fatores estressores, coping ou estresse propriamente dito.
• As ações de prevenção e intervenção são voltadas, preferencialmente,
para o gerenciamente individual do estresse através de mudanças
cognitivas e comportamentais e práticas de exercícios físicos e
relaxamento.
• Tais ações, em geral, apresentam-se em programas de qualidade de
vida no trabalho (QVT), focalizadas no gerenciamento dos
trabalhadores e com menor ênfase nas condições de trabalho e,
principalmente, na organização do trabalho.
12
• A síndrome de burnout (traduzida como síndrome de esgotamento
profissional) foi definida por Marlach e Jackson (1981) como uma
reação à tensão emocional crônica e que envolve três componentes: a
exaustão emocional, a despersonalização e a diminuição do
envolvimento pessoal no trabalho.
• Foi reconhecida entre profissionais da área de serviços e cuidadores
13
• Em síntese, o conjunto de teorias sobre estresse, embora sua
multiplicidade, privilegia o emprego de métodos quantitativos e os
pressupostos teóricos do referencial cognitivo-comportamental,
cabendo ao trabalho o atributo de fator desencadeante do processo,
com maior ou menor grau de relevância.
14
Conceitos importantes: 
Estresse, entendido como 
uma reação complexa que 
envolve aspectos físicos e 
psicológicos, e ocorre 
quando existe uma 
exposição a situações que 
extrapolam os recursos de 
enfrentamento da pessoa. 
De modo geral, o retorno à 
condição de equilíbrio pode 
ocorrer pelo 
término/afastamento da 
fonte do estresse ou, mesmo 
em sua presença, quando 
aprendemos a lidar com o 
estresse adequadamente. 
GUIDO, 2012 15
16
17
Dois tipos de estresse: natural e o patológico. 
• ESTRESSE NATURAL
• desenvolvimento biopsicossocial humano → condição natural e cíclica
de adaptação, causada pelas modificações físicas, mentais e sociais
ocorridas no decorrer da vida.
• Função: ajustar o equilíbrio do organismo e melhorar a capacidade de
sobrevivência do indivíduo
18
• ESTRESSE PATOLÓGICO
• Quando o estado de tensão se torna crônico, prejudicando a 
saúde física, emocional e mental 
19
Os estressores do ambiente de trabalho podem ser 
categorizados em seis grupos: 
fatores intrínsecos ao trabalho -> condições inadequadas de trabalho, turno de 
trabalho, carga horária de trabalho, contribuições no pagamento, viagens, riscos, 
nova tecnologia e quantidade de trabalho,
papéis estressores ->papel ambíguo, papel conflituoso, grau de 
responsabilidade para com pessoas e coisas, 
relações no trabalho -> relações difíceis com o chefe, colegas, subordinados, 
clientes sendo diretamente ou indiretamente associados, 
Marziale, 199820
estressores na carreira ->falta de desenvolvimento na carreira, 
insegurança no trabalho devido a reorganizações ou declínio da 
indústria 
estrutura organizacional ->estilos de gerenciamento, falta de 
participação, pobre comunicação, 
interface trabalho-casa ->dificuldade no manejamento desta interface
21
Se o indivíduo apresentar um repertório deficitário de enfrentamento, 
poderá, então, desencadeado o estresse ocupacional.
Estas circunstâncias impõem ao trabalhador uma alta demanda física 
psicológica a ser enfrentada. 
22
• Neste sentido, na tentativa
de minimizar o estresse, o
indivíduo utiliza estratégias
de coping*, definidas como
esforços cognitivos e
comportamentais para
dominar, tolerar ou reduzir
demandas.
(LAZARUS E FOLKMAN, 1984). 
A forma com que o indivíduo
utiliza as estratégias de
coping está determinada, em
parte, por seus recursos
internos e externos, os quais
incluem saúde, suporte da
família, amigos e trabalho,
crenças, responsabilidade,
habilidades sociais e recursos
materiais.
23
Nesta perspectiva, Coping pode ser definido definido como:
Um conjunto de esforços, cognitivos e comportamentais, utilizado
pelos indivíduos com o objetivo de lidar com demandas específicas,
internas ou externas, que surgem em situações de stress e são avaliadas
como sobrecarregando ou excedendo seus recursos pessoais.
As estratégias de Coping são ações que podem ser aprendidas, usadas e 
descartadas...
24
As estratégiasde enfrentamento são ligadas a fatores situacionais.
Isso significa que as estratégias de um indivíduo podem mudar em função
do momento e do estado da situação vista como estressante.
Assim, as estratégias de enfrentamento refletem as ações, os
comportamentos ou os pensamentos utilizados na situação e na presença
de um estressor.
Desta forma, o processo de Coping pode incluir tanto respostas
efetivamente positivas sobre o estressor, como respostas negativas para a
saúde e bem-estar do indivíduo.
25
“Disponibilidade de apoio ao
indivíduo, no seu meio social,
incluindo sua família, seu
trabalho, instituições com as
quais tem contato, etc.”
(Lazarus e Folkman, 
1984; Beresford, 1994).26
• Além disso, o Coping pode ser centrado no problema ou na emoção.
No primeiro, as estratégias de enfrentamento são voltadas para a
realidade e podem estar direcionadas ao ambiente ou à própria pessoa
e são capazes de modificar as pressões ambientais.
• Por isso, são consideradas mais adaptativas.
• Já o Coping centrado na emoção corresponde a processos defensivos
na tentativa de modificar o significado da situação.
• Assim, os indivíduos utilizam-se da fuga, do distanciamento e da
aceitação a fim de evitar o confronto consciente com a realidade.
27
O enfrentamento, portanto, deve ser avaliado no quadro preciso de uma situação, pois os indivíduos 
modificam suas respostas em função do tipo de problema com o qual eles são confrontados.
Assim, nesse modelo, o enfrentamento adquire um status de processo dinâmico, cognitivo e consciente.
As mudanças nas relações entre indivíduo e ambiente são fruto de um esforço dirigido para a 
transformação do ambiente externo ou para a transformação do evento, aumentando sua compreensão ou 
alterando seu significado.
o enfrentamento não constitui um evento isolado, mas um processo dinâmico de avaliação contínua entre 
o indivíduo e seu ambiente. 
28
MEDINDO O COPING
Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus
Proposto por Folkman e Lazarus (1985) questionário que contém 66 itens que
englobam pensamentos e ações que as pessoas utilizam para lidar com
demandas internas ou externas de um evento estressante específico.
29
• A escala consiste em 8 diferentes “fatores”, cada um avaliando a
extensão com que um sujeito utiliza estratégias de Coping.
• Cada item do instrumento oferece quatro opções de resposta
• 0 não-uso da estratégia,
• 1 usei um pouco,
• 2 usei bastante,
• 3 usei em grande quantidade.
• São os seguintes os fatores encontrados:
30
Fator 1 – confronto, pontuação máxima de 18;
7.Tentei encontrar a pessoa responsável para mudar suas ideias. 
17.Mostrei a raiva que sentia para as pessoas que causaram o problema. 
28.De alguma forma extravasei meus sentimentos
34.Enfrentei como um grande desafio, fiz algo muito arriscado. 
40.Procurei fugir das pessoas em geral. 
47.Descontei minha raiva em outra(s) pessoa(s).
31
Fator 2 – afastamento pontuação máxima 21;
6.Fiz alguma coisa que acreditava não daria resultados, mas ao menos eu 
estava fazendo alguma coisa. 
10.Tentei não fazer nada que fosse irreversível, procurando deixar outras 
opções. 
13.Fiz como se nada tivesse acontecido. 
41.Não deixei me impressionar, me recusava a pensar muito sobre esta 
situação. 
44.Minimizei a situação me recusando a preocupar-me seriamente com ela. 
16.Dormi mais que o normal. 
21.Procurei esquecer a situação desagradável.
32
Fator 3 – autocontrole, pontuação máxima de 15;
14.Procurei guardar para mim mesmo(a) os meus sentimentos. 
15.Procurei encontrar o lado bom da situação. 
35.Procurei não fazer nada apressadamente ou seguir o meu primeiro 
impulso. 
43.Não deixei que os outros soubessem da verdadeira situação. 
54.Procurei não deixar que meus sentimentos interferissem muito nas 
outras coisas que eu estava fazendo.
33
Fator 4 - suporte social, pontuação máxima de 18;
8.Conversei com outra (s) pessoa (s) sobre o problema, procurando mais 
dados sobre a situação. 
18.Aceitei a simpatia e a compreensão das pessoas. 
22.Procurei ajuda profissional. 
31.Falei com alguém que poderia fazer alguma coisa concreta sobre o 
problema. 
45.Falei com alguém sobre como estava me sentindo. 
42.Procurei um amigo ou um parente para pedir conselhos.
34
Fator 5 - aceitação de responsabilidade, pontuação 
máxima de 21;
9.Me critiquei, me repreendi. 
25.Desculpei ou fiz alguma coisa para repor os danos. 
29.Compreendi que o problema foi provocado por mim.
48.Busquei nas experiências passadas uma situação similar. 
51.Prometi a mim mesmo(a) que as coisas serão diferentes na próxima vez. 
52.Encontrei algumas soluções diferentes para o problema.
35
Fator 6 - fuga-esquiva, pontuação máxima de 6;
58.Desejei que a situação acabasse ou que de alguma forma desaparecesse. 
59.Tinha fantasias de como as coisas iriam acontecer, como se encaminhariam.
Fator 7 - resolução de problemas, pontuação máxima de 12;
1. Me concentrei no que deveria ser feito em seguida, no próximo passo. 
26.Fiz um plano de ação e o segui. 
46.Recusei recuar e batalhei pelo que eu queria. 
49.Eu sabia o que deveria ser feito, portanto dobrei meus esforços para fazer o 
que fosse necessário.
36
Fator 8 - reavaliação positiva, pontuação máxima de 27.
20.Me inspirou a fazer algo criativo. 
23.Mudei ou cresci como pessoa de uma maneira positiva. 
30.Saí da experiência melhor do que eu esperava. 
36.Encontrei novas crenças. 
38.Redescobri o que é importante na vida. 
39. Modifiquei aspectos da situação para que tudo desse certo no final. 
56.Mudei alguma coisa em mim, me modifiquei de alguma forma. 
60.Rezei.
66.Corri ou fiz exercícios.
37
O Coping individual envolve as habilidades e o desenvolvimento de estratégias
pessoais para enfrentar estressores, e podem incluir: práticas de relaxamento,
exercícios físicos regulares, alimentação adequada, reavaliação de objetivos, lazer
e participação em atividades de grupos etc.
o Coping organizacional está relacionado à produção de ambientes
relaxantes, interações pessoais saudáveis e condições de trabalho adequadas.
Assim, considera-se que a interação do indivíduo com o estressor é permeada
pela interpretação, atribuição de significado ao estressor e a opção entre
possíveis estratégias de enfrentamento.
(ARAÚJO; SANTO; SERVO, 2009).38
• Neste sentido alguns grupos de
trabalhadores tendem a deparar-
se com situações que exigem
grandes enfrentamentos como,
por exemplo, os trabalhadores de
saúde.
O trabalho desses profissionais inclui o contato
direto e intenso com pessoas, na maioria em
sofrimento decorrente da proximidade da dor, do
adoecimento ou da finitude e, às vezes, portadoras
de diferentes carências (econômicas, psíquicas,
sociais, dentre outras).
Lautert, 2001
39
Os trabalhadores de saúde mediam o estresse 
originado no ambiente e em situações de trabalho 
por meio do uso de recursos pessoais ou grupais, 
sendo que a avaliação cognitiva e o valor que lhe 
atribuem determinam a forma de enfrentamento que 
utilizarão e, em consequência, as reações emocionais 
e somáticas decorrentes desse processo.
Lazarus, 1986
40
O comprometimento e as 
expectativas associados ao 
contexto organizacional e às 
relações interpessoais no 
trabalho são fatores que 
contribuem para a 
realização pessoal, mas 
também para o estresse do 
trabalhador.
Quando a frequência e a 
duração das situações ou 
eventos estressantes 
aumentam, os recursos de 
enfrentamento individual e 
coletivo tendem a se 
esgotar, originando o 
estresse crônico.
Lazarus, 1986
41
A síndrome de Burnout e a 
equipe de saúde
42
• Dependendo da intensidade e do tempo de
duração deste estado, o indivíduo pode vir a sofrer
consequências graves tanto em nível físico como
psicológico, caso não possa restaurar o contexto
anterior ou desenvolver mecanismos adaptativos
que lhe permitam restabelecer o equilíbrio
perdido
43
O Burnout sobrevém de um processo de estresse ocupacional crônico.
O estresse rompe com o equilíbrio psicofisiológico do indivíduo,
obrigandoque o mesmo se utilize de recursos extras de energia
• Em meados de 70, surgiram os primeiros estudos sobre o
assunto, baseados na experiência de trabalhadores cuja função
envolvia o cuidado de pessoas e a provisão de suas necessidades,
como professores e trabalhadores da área da saúde;
• O psicólogo Herbert J. Freudenberger, por volta de 1974 em Nova
Yorque, utilizou pela primeira vez o termo burnout, observando e
descrevendo um quadro semelhante em jovens que trabalhavam
ajudando dependentes de substâncias químicas de uma clínica da
cidade;
• Em sua definição, Burnout é um "incêndio interno", um
"esgotamento dos recursos físicos e mentais"; é "esgotar-se para
atingir uma meta irrealizável" imposta pelo próprio indivíduo ou
pela sociedade.
44
45
• Duas autoras que contribuíram para difundir
o conhecimento da síndrome foram à
professora de Psicologia da Califórnia
Christina Maslach, que junto com a psicóloga
Susan Jackson desenvolveram, em 1981, um
instrumento para verificar os sentimentos
pessoais e atitudes do enfermeiro em seu
trabalho e ante seus pacientes.
O Burnout é uma síndrome multidimensional considerada como
uma reação à tensão emocional crônica constituída por
exaustão emocional, desumanização e reduzida realização
pessoal no trabalho.
O Burnout é a maneira encontrada de enfrentar, mesmo que de
forma inadequada, a cronificação do estresse ocupacional.
Sobrevêm quando falham outras estratégias para lidar com o
estresse.
46
O Burnout pode ser conceituado como
um tipo de resposta prolongada aos
estressores emocionais e interpessoais
crônicos no trabalho; uma experiência
de estresse individual envolta por um
contexto de relações sociais complexas
que envolvem o conceito que a pessoa
tem de si mesma e dos demais.
47
É a síndrome de Burnout foi reconhecida como um risco
ocupacional para as ocupações cujas atividades estão dirigidas a
pessoas e que envolvam contato muito próximo,
preferentemente de cunho emocional, com outros indivíduos e
dos quais se espera uma atitude, no mínimo, solidária com a
causa alheia.
É o caso de médicos, enfermeiros, psicólogos, professores,
policiais.
48
A vivência profissional no cuidar implica em tensão emocional constante,
atenção e grandes responsabilidades, a cada gesto.
Assim é a natureza do trabalho em saúde, porque resulta em lidar com a
dor, com o sofrimento e com a morte de pacientes, o que pode afetar os
trabalhadores da saúde em decorrência da responsabilidade pela vida e a
proximidade com os pacientes para os quais o sofrimento é quase inevitável.
Exige-se destes profissionais a dedicação no desempenho de suas funções,
o que aumenta a possibilidade de ocorrência de desgastes emocionais em
altos níveis de estresse, tornando-os vulneráveis à cronificação do estresse.
49
Logo, o fenômeno do Burnout pode ser
caracterizado como uma síndrome de má
adaptação psicológica, psicofisiológica e
reações comportamentais, a uma forma
especifica de estresse ocupacional.
50
Para o diagnóstico, existem várias concepções teóricas baseadas na
possível etiologia da síndrome, sendo a mais utilizada nos estudos atuais é
a concepção sociopsicológica.
• Nela, as características individuais associadas às do ambiente e às do
trabalho propiciariam o aparecimento dos fatores multidimensionais da
síndrome:
• Exaustão Emocional (EE),
• Distanciamento Afetivo (despersonalização – DE),
• Baixa Realização Profissional (RP).
51
Desgaste Emocional ou exaustão 
emocional
 É o elemento chave da síndrome, de tal maneira
que deu origem ao próprio nome.
 Caracteriza-se por desgaste, perda de energia,
esgotamento e fadiga do Indivíduo, a qual pode
manifestar-se fisicamente, psiquicamente ou como
uma combinação entre os dois.
52
Este é o traço 
inicial da 
Síndrome
Abrangem sentimentos de
53
• Desesperança,
• Raiva, 
• Impaciência, 
• Irritabilidade, 
• Diminuição de empatia; 
• Sensação de baixa energia, 
• Fraqueza,
• Preocupação; 
• Aumento da suscetibilidade para doenças, 
• Cefaleia, 
• Náuseas, 
• Tensão muscular, 
• Dor Lombar ou cervical,
• Distúrbios do sono.
• Assim, medida que os recursos emocionais 
vão se deteriorando, as pessoas acometidas 
sentem que não têm a mesma capacidade de 
antes. 
1. Sinto-me emocionalmente decepcionado com o meu trabalho.
2. Quando termino minha jornada de trabalho, sinto-me esgotado.
3. Quando me levanto pela manhã e enfrento outra jornada de trabalho, sinto-me fatigado.
6. Sinto que trabalhar todo dia com gente me cansa.
8. Sinto que meu trabalho está me desgastando.
13. Sinto-me frustrado por meu trabalho.
14. Sinto que estou trabalhando demais no meu trabalho.
16. Sinto que trabalhar em contato direto com as pessoas me estressa.
20. Sinto-me como se estivesse no limite das minhas possibilidades.
54
Dimensão desgaste emocional
Despersonalização ou 
distanciamento afetivo
• É a dimensão que manifesta um endurecimento afetivo, e 
“coisificação” da relação e respostas com outras pessoas, 
especialmente com os usuários.
 A Despersonalização está acompanhada de ansiedade,
aumento de irritabilidade e perda da motivação, bem como
de manifestações emocionais.
55
• As atitudes no trabalho compreendem a redução das metas de
trabalho e da responsabilidade pessoal com os resultados,
redução do idealismo, conduta claramente egoísta no trabalho e
a sensação de alienação em relação aos outros, sendo a presença
destes, muitas vezes desagradável e não desejada
56
Para proteger-se desse sentimento negativo,
o indivíduo isola-se dos outros,
desenvolvendo uma atitude fria e distanciada.
Ele utiliza esses recursos como primeiro
esforço para adaptar-se a situação e aliviar a
tensão que experimenta, diminuindo a
intensidade das relações com as pessoas, com
o intuito de controlar a situação.
57
A variável despersonalização pode 
ser considerada "o elemento 
característico da síndrome Burnout", 
uma vez que tanto Desgaste 
Emocional como a Incompetência, 
pode ser associado a outro tipo de 
síndrome, enquanto que a 
despersonalização é específica da 
Síndrome de Burnout
58
Dimensão Despersonalização 
5. Sinto que estou tratando alguns receptores do meu trabalho como se fossem
objetos impessoais
10. Sinto que me tornei mais duro com as pessoas, desde que comecei este trabalho.
11. Preocupo-me com este trabalho que está endurecendo-me emocionalmente.
15. Sinto que realmente não me importa o que ocorra com as pessoas as quais tenho
que atender profissionalmente.
22. Parece-me que os receptores do meu trabalho me culpam por alguns de seus
problemas
59
Diminuição do sentimento de realização 
pessoal
É a dimensão na qual existe um sentimento complexo
de inadequação pessoal e profissional, ao posto de
trabalho e uma série de respostas negativas para
consigo mesmo e com sua atividade laboral, como por
exemplo:
60
Sentimentos de depressão,
Moral baixa,
 Evitação de relações interpessoais,
Baixa produtividade,
Incapacidade para suportar as pressões e
 Baixa autoestima.
O enfrentamento defensivo 
ocorre nessa fase, na qual 
se produz a uma troca de 
atitudes e condutas, com o 
propósito de defender-se
ativamente desse 
sentimento experienciado. 
Há uma sensação de que 
muito pouco tem sido 
alcançado e o que é 
realizado não tem valor
61
Dimensão Incompetência profissional 
4. Sinto que posso entender facilmente como as pessoas que tenho que atender,
se sentem a respeito das coisas.
7. Sinto que trato com muita efetividade os problemas que tenho que atender.
9. Sinto que estou influenciando positivamente as vidas das pessoas através do
meu trabalho.
12. Sinto-me vigoroso com meu trabalho.
17. Sinto que posso criar com facilidade um clima agradável com os receptores do
meu trabalho.
18. Sinto-me estimulado depois de haver trabalhado diretamente com quem
tenho que atender.
19. Creio que consigo muitas coisas valiosas nesse trabalho.
21. No meu trabalho eu manejo os problemas emocionais com muita calma.
62
Porém, o Burnout não aparece de 
forma brusca, masconstitui a fase final 
de um processo contínuo, com 
sensação de inadequação ao posto de 
trabalho, sensação de falta de recursos 
para enfrentar o trabalho, sentimento 
de carecer de formação necessária e 
diminuição da capacidade para a 
resolução dos problemas.
63
o contato assistencial direto, 
o lidar com o sofrimento dor e morte, 
a sobrecarga de trabalho, 
o trabalho fragmentado, 
diferentes turnos de trabalho,
o gerenciamento da equipe 
aspectos do ambiente organizacional; Burocracia 64
Dentre as características do trabalho em saúde que podem levar ao 
estresse ocupacional, e consequentemente o Burnout, pode-se citar 
Diferença entre estresse e Burnout
65
estando relacionado com o mundo do trabalho, com o tipo de atividades laborais do 
indivíduo
Enquanto o estresse pode ser positivo (eustresse), o Burnout sempre tem um caráter 
negativo (distresse), 
Já o Burnout é a resposta a um estado prolongado de estresse ocupacional, ocorre pela sua 
cronificação, quando os métodos de enfrentamento foram insuficientes. 
A exposição aos fatores do trabalho percebidos como desprazerosos pelo trabalhador o 
conduz a um desgaste físico e emocional, que, em um primeiro momento, aparece sob a 
forma de estresse.
Há uma discussão a respeito do limite entre estresse e Burnout. 
66
OBRIGADA PELA 
ATENÇÃO!!!
67
Sugestão de leitura
Abordagens teórico-metodológicas em saúde/doença mental & trabalho 
Maria da Graça Corrêa Jacques
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
71822003000100006
68

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