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Abordagens teórico- metodológicas relacionadas ao estresse 1 O que é estresse? 2 INTRODUÇÃO Sob o enfoque da psicologia social científica vem associado a temáticas como motivação, liderança, clima e cultura organizacionais etc. na psicologia social histórico-crítica ou sócio- histórica ocupa lugar de destaque como um dos determinantes na constituição do psiquismo. No campo da intervenção social, aborda questões relativas a práticas de gestão de pessoal, aproximando-se dos modelos das teorias administrativas. O tema trabalho tem sido recorrente nos estudos, sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos. 3 • Propõe-se quatro amplas abordagens que se articulam por percursos diversos com a psicologia e com a psicologia social em particular: • as teorias sobre estresse, • a psicodinâmica do trabalho, • as abordagens de base epistemológica e/ou diagnóstica e • os estudos e pesquisa em subjetividade e trabalho. Jacques, 2003 4 AS TEORIAS SOBRE ESTRESSE • conceito de estresse vem sendo amplamente utilizado não só nos estudos e pesquisas científicas e acadêmicas mas também nos órgãos de comunicação e na linguagem cotidiana. • Tal popularização, por um lado, desvelou o vínculo entre trabalho e saúde/doença mental, vínculo este nem sempre reconhecido visto a prevalência concedida aos fatores hereditários e às relações familiares na etiologia do adoecimento mental; 5 • por outro lado, constata-se uma imprecisão conceitual e a utilização do termo tanto para qualificar um estado de irritabilidade como um quadro de depressão grave. • Além da polissemia conceitual, derivada da própria palavra em inglês verifica-se pouca clareza na distinção entre fatores estressores, coping e estresse propriamente dito, e entre estresse biológico, psicológico, social, ambiental, entre outros. 6 • O termo estresse, de origem na física para definir o desgaste de materiais submetidos a excessos de peso, calor ou radiação, foi empregado pelo fisiologista austríaco Hans Selye, em 1936, para designar uma "síndrome geral de adaptação", constituída por três fases (reação de alarme, fase de adaptação, fase de exaustão) e com nítida dimensão biológica. 7 • O processo neuroendocrinológico envolvido foi objeto de estudos e pesquisas, destacando-se, no Brasil, a sistematização de Vasconcelos (1992) sobre as alterações bioquímicas resultantes no organismo. 8 • O estresse psicológico é uma aplicação do conceito para além da dimensão biológica e é definido por Lazarus e Folkman (1984) como uma relação entre a pessoa e o ambiente que é avaliado como prejudicial ao seu bem-estar. • Introduzem o conceito de coping (enfrentamento) para se referirem ao conjunto de estratégias cognitivas e comportamentais utilizadas para avaliar e gerenciar as exigências internas e/ou externas, com base nas experiências pessoais e nas especificidades do estímulo (novidade, previsibilidade, intensidade, por exemplo). 9 • Lipp (1984), outra reconhecida pesquisadora brasileira na temática do estresse, o define como "uma reação psicológica com componentes emocionais físicos, mentais e químicos a determinados estímulos que irritam, amedrontam, excitam e/ou confundem a pessoa" • Tais definições apontam para o referencial teórico cognitivo- comportamental como o referencial que embasa o amplo campo das teorias sobre estresse psicológico e que sustentam os modelos de prevenção, diagnóstico e intervenção propostos. 10 • Conforme Glina e Rocha (2000), o estresse não é uma doença mas uma tentativa de adaptação e não está relacionado apenas ao trabalho mas ao cotidiano de vida experimentado pelo sujeito. • Ressaltam, no entanto, que a importância conferida ao trabalho se deve a sua relevância neste cotidiano, transformando-o em um dos principais fatores desencadeante do estresse. 11 • A ênfase recai em métodos e técnicas quantitativas de avaliação dos fatores estressores, coping ou estresse propriamente dito. • As ações de prevenção e intervenção são voltadas, preferencialmente, para o gerenciamente individual do estresse através de mudanças cognitivas e comportamentais e práticas de exercícios físicos e relaxamento. • Tais ações, em geral, apresentam-se em programas de qualidade de vida no trabalho (QVT), focalizadas no gerenciamento dos trabalhadores e com menor ênfase nas condições de trabalho e, principalmente, na organização do trabalho. 12 • A síndrome de burnout (traduzida como síndrome de esgotamento profissional) foi definida por Marlach e Jackson (1981) como uma reação à tensão emocional crônica e que envolve três componentes: a exaustão emocional, a despersonalização e a diminuição do envolvimento pessoal no trabalho. • Foi reconhecida entre profissionais da área de serviços e cuidadores 13 • Em síntese, o conjunto de teorias sobre estresse, embora sua multiplicidade, privilegia o emprego de métodos quantitativos e os pressupostos teóricos do referencial cognitivo-comportamental, cabendo ao trabalho o atributo de fator desencadeante do processo, com maior ou menor grau de relevância. 14 Conceitos importantes: Estresse, entendido como uma reação complexa que envolve aspectos físicos e psicológicos, e ocorre quando existe uma exposição a situações que extrapolam os recursos de enfrentamento da pessoa. De modo geral, o retorno à condição de equilíbrio pode ocorrer pelo término/afastamento da fonte do estresse ou, mesmo em sua presença, quando aprendemos a lidar com o estresse adequadamente. GUIDO, 2012 15 16 17 Dois tipos de estresse: natural e o patológico. • ESTRESSE NATURAL • desenvolvimento biopsicossocial humano → condição natural e cíclica de adaptação, causada pelas modificações físicas, mentais e sociais ocorridas no decorrer da vida. • Função: ajustar o equilíbrio do organismo e melhorar a capacidade de sobrevivência do indivíduo 18 • ESTRESSE PATOLÓGICO • Quando o estado de tensão se torna crônico, prejudicando a saúde física, emocional e mental 19 Os estressores do ambiente de trabalho podem ser categorizados em seis grupos: fatores intrínsecos ao trabalho -> condições inadequadas de trabalho, turno de trabalho, carga horária de trabalho, contribuições no pagamento, viagens, riscos, nova tecnologia e quantidade de trabalho, papéis estressores ->papel ambíguo, papel conflituoso, grau de responsabilidade para com pessoas e coisas, relações no trabalho -> relações difíceis com o chefe, colegas, subordinados, clientes sendo diretamente ou indiretamente associados, Marziale, 199820 estressores na carreira ->falta de desenvolvimento na carreira, insegurança no trabalho devido a reorganizações ou declínio da indústria estrutura organizacional ->estilos de gerenciamento, falta de participação, pobre comunicação, interface trabalho-casa ->dificuldade no manejamento desta interface 21 Se o indivíduo apresentar um repertório deficitário de enfrentamento, poderá, então, desencadeado o estresse ocupacional. Estas circunstâncias impõem ao trabalhador uma alta demanda física psicológica a ser enfrentada. 22 • Neste sentido, na tentativa de minimizar o estresse, o indivíduo utiliza estratégias de coping*, definidas como esforços cognitivos e comportamentais para dominar, tolerar ou reduzir demandas. (LAZARUS E FOLKMAN, 1984). A forma com que o indivíduo utiliza as estratégias de coping está determinada, em parte, por seus recursos internos e externos, os quais incluem saúde, suporte da família, amigos e trabalho, crenças, responsabilidade, habilidades sociais e recursos materiais. 23 Nesta perspectiva, Coping pode ser definido definido como: Um conjunto de esforços, cognitivos e comportamentais, utilizado pelos indivíduos com o objetivo de lidar com demandas específicas, internas ou externas, que surgem em situações de stress e são avaliadas como sobrecarregando ou excedendo seus recursos pessoais. As estratégias de Coping são ações que podem ser aprendidas, usadas e descartadas... 24 As estratégiasde enfrentamento são ligadas a fatores situacionais. Isso significa que as estratégias de um indivíduo podem mudar em função do momento e do estado da situação vista como estressante. Assim, as estratégias de enfrentamento refletem as ações, os comportamentos ou os pensamentos utilizados na situação e na presença de um estressor. Desta forma, o processo de Coping pode incluir tanto respostas efetivamente positivas sobre o estressor, como respostas negativas para a saúde e bem-estar do indivíduo. 25 “Disponibilidade de apoio ao indivíduo, no seu meio social, incluindo sua família, seu trabalho, instituições com as quais tem contato, etc.” (Lazarus e Folkman, 1984; Beresford, 1994).26 • Além disso, o Coping pode ser centrado no problema ou na emoção. No primeiro, as estratégias de enfrentamento são voltadas para a realidade e podem estar direcionadas ao ambiente ou à própria pessoa e são capazes de modificar as pressões ambientais. • Por isso, são consideradas mais adaptativas. • Já o Coping centrado na emoção corresponde a processos defensivos na tentativa de modificar o significado da situação. • Assim, os indivíduos utilizam-se da fuga, do distanciamento e da aceitação a fim de evitar o confronto consciente com a realidade. 27 O enfrentamento, portanto, deve ser avaliado no quadro preciso de uma situação, pois os indivíduos modificam suas respostas em função do tipo de problema com o qual eles são confrontados. Assim, nesse modelo, o enfrentamento adquire um status de processo dinâmico, cognitivo e consciente. As mudanças nas relações entre indivíduo e ambiente são fruto de um esforço dirigido para a transformação do ambiente externo ou para a transformação do evento, aumentando sua compreensão ou alterando seu significado. o enfrentamento não constitui um evento isolado, mas um processo dinâmico de avaliação contínua entre o indivíduo e seu ambiente. 28 MEDINDO O COPING Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus Proposto por Folkman e Lazarus (1985) questionário que contém 66 itens que englobam pensamentos e ações que as pessoas utilizam para lidar com demandas internas ou externas de um evento estressante específico. 29 • A escala consiste em 8 diferentes “fatores”, cada um avaliando a extensão com que um sujeito utiliza estratégias de Coping. • Cada item do instrumento oferece quatro opções de resposta • 0 não-uso da estratégia, • 1 usei um pouco, • 2 usei bastante, • 3 usei em grande quantidade. • São os seguintes os fatores encontrados: 30 Fator 1 – confronto, pontuação máxima de 18; 7.Tentei encontrar a pessoa responsável para mudar suas ideias. 17.Mostrei a raiva que sentia para as pessoas que causaram o problema. 28.De alguma forma extravasei meus sentimentos 34.Enfrentei como um grande desafio, fiz algo muito arriscado. 40.Procurei fugir das pessoas em geral. 47.Descontei minha raiva em outra(s) pessoa(s). 31 Fator 2 – afastamento pontuação máxima 21; 6.Fiz alguma coisa que acreditava não daria resultados, mas ao menos eu estava fazendo alguma coisa. 10.Tentei não fazer nada que fosse irreversível, procurando deixar outras opções. 13.Fiz como se nada tivesse acontecido. 41.Não deixei me impressionar, me recusava a pensar muito sobre esta situação. 44.Minimizei a situação me recusando a preocupar-me seriamente com ela. 16.Dormi mais que o normal. 21.Procurei esquecer a situação desagradável. 32 Fator 3 – autocontrole, pontuação máxima de 15; 14.Procurei guardar para mim mesmo(a) os meus sentimentos. 15.Procurei encontrar o lado bom da situação. 35.Procurei não fazer nada apressadamente ou seguir o meu primeiro impulso. 43.Não deixei que os outros soubessem da verdadeira situação. 54.Procurei não deixar que meus sentimentos interferissem muito nas outras coisas que eu estava fazendo. 33 Fator 4 - suporte social, pontuação máxima de 18; 8.Conversei com outra (s) pessoa (s) sobre o problema, procurando mais dados sobre a situação. 18.Aceitei a simpatia e a compreensão das pessoas. 22.Procurei ajuda profissional. 31.Falei com alguém que poderia fazer alguma coisa concreta sobre o problema. 45.Falei com alguém sobre como estava me sentindo. 42.Procurei um amigo ou um parente para pedir conselhos. 34 Fator 5 - aceitação de responsabilidade, pontuação máxima de 21; 9.Me critiquei, me repreendi. 25.Desculpei ou fiz alguma coisa para repor os danos. 29.Compreendi que o problema foi provocado por mim. 48.Busquei nas experiências passadas uma situação similar. 51.Prometi a mim mesmo(a) que as coisas serão diferentes na próxima vez. 52.Encontrei algumas soluções diferentes para o problema. 35 Fator 6 - fuga-esquiva, pontuação máxima de 6; 58.Desejei que a situação acabasse ou que de alguma forma desaparecesse. 59.Tinha fantasias de como as coisas iriam acontecer, como se encaminhariam. Fator 7 - resolução de problemas, pontuação máxima de 12; 1. Me concentrei no que deveria ser feito em seguida, no próximo passo. 26.Fiz um plano de ação e o segui. 46.Recusei recuar e batalhei pelo que eu queria. 49.Eu sabia o que deveria ser feito, portanto dobrei meus esforços para fazer o que fosse necessário. 36 Fator 8 - reavaliação positiva, pontuação máxima de 27. 20.Me inspirou a fazer algo criativo. 23.Mudei ou cresci como pessoa de uma maneira positiva. 30.Saí da experiência melhor do que eu esperava. 36.Encontrei novas crenças. 38.Redescobri o que é importante na vida. 39. Modifiquei aspectos da situação para que tudo desse certo no final. 56.Mudei alguma coisa em mim, me modifiquei de alguma forma. 60.Rezei. 66.Corri ou fiz exercícios. 37 O Coping individual envolve as habilidades e o desenvolvimento de estratégias pessoais para enfrentar estressores, e podem incluir: práticas de relaxamento, exercícios físicos regulares, alimentação adequada, reavaliação de objetivos, lazer e participação em atividades de grupos etc. o Coping organizacional está relacionado à produção de ambientes relaxantes, interações pessoais saudáveis e condições de trabalho adequadas. Assim, considera-se que a interação do indivíduo com o estressor é permeada pela interpretação, atribuição de significado ao estressor e a opção entre possíveis estratégias de enfrentamento. (ARAÚJO; SANTO; SERVO, 2009).38 • Neste sentido alguns grupos de trabalhadores tendem a deparar- se com situações que exigem grandes enfrentamentos como, por exemplo, os trabalhadores de saúde. O trabalho desses profissionais inclui o contato direto e intenso com pessoas, na maioria em sofrimento decorrente da proximidade da dor, do adoecimento ou da finitude e, às vezes, portadoras de diferentes carências (econômicas, psíquicas, sociais, dentre outras). Lautert, 2001 39 Os trabalhadores de saúde mediam o estresse originado no ambiente e em situações de trabalho por meio do uso de recursos pessoais ou grupais, sendo que a avaliação cognitiva e o valor que lhe atribuem determinam a forma de enfrentamento que utilizarão e, em consequência, as reações emocionais e somáticas decorrentes desse processo. Lazarus, 1986 40 O comprometimento e as expectativas associados ao contexto organizacional e às relações interpessoais no trabalho são fatores que contribuem para a realização pessoal, mas também para o estresse do trabalhador. Quando a frequência e a duração das situações ou eventos estressantes aumentam, os recursos de enfrentamento individual e coletivo tendem a se esgotar, originando o estresse crônico. Lazarus, 1986 41 A síndrome de Burnout e a equipe de saúde 42 • Dependendo da intensidade e do tempo de duração deste estado, o indivíduo pode vir a sofrer consequências graves tanto em nível físico como psicológico, caso não possa restaurar o contexto anterior ou desenvolver mecanismos adaptativos que lhe permitam restabelecer o equilíbrio perdido 43 O Burnout sobrevém de um processo de estresse ocupacional crônico. O estresse rompe com o equilíbrio psicofisiológico do indivíduo, obrigandoque o mesmo se utilize de recursos extras de energia • Em meados de 70, surgiram os primeiros estudos sobre o assunto, baseados na experiência de trabalhadores cuja função envolvia o cuidado de pessoas e a provisão de suas necessidades, como professores e trabalhadores da área da saúde; • O psicólogo Herbert J. Freudenberger, por volta de 1974 em Nova Yorque, utilizou pela primeira vez o termo burnout, observando e descrevendo um quadro semelhante em jovens que trabalhavam ajudando dependentes de substâncias químicas de uma clínica da cidade; • Em sua definição, Burnout é um "incêndio interno", um "esgotamento dos recursos físicos e mentais"; é "esgotar-se para atingir uma meta irrealizável" imposta pelo próprio indivíduo ou pela sociedade. 44 45 • Duas autoras que contribuíram para difundir o conhecimento da síndrome foram à professora de Psicologia da Califórnia Christina Maslach, que junto com a psicóloga Susan Jackson desenvolveram, em 1981, um instrumento para verificar os sentimentos pessoais e atitudes do enfermeiro em seu trabalho e ante seus pacientes. O Burnout é uma síndrome multidimensional considerada como uma reação à tensão emocional crônica constituída por exaustão emocional, desumanização e reduzida realização pessoal no trabalho. O Burnout é a maneira encontrada de enfrentar, mesmo que de forma inadequada, a cronificação do estresse ocupacional. Sobrevêm quando falham outras estratégias para lidar com o estresse. 46 O Burnout pode ser conceituado como um tipo de resposta prolongada aos estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho; uma experiência de estresse individual envolta por um contexto de relações sociais complexas que envolvem o conceito que a pessoa tem de si mesma e dos demais. 47 É a síndrome de Burnout foi reconhecida como um risco ocupacional para as ocupações cujas atividades estão dirigidas a pessoas e que envolvam contato muito próximo, preferentemente de cunho emocional, com outros indivíduos e dos quais se espera uma atitude, no mínimo, solidária com a causa alheia. É o caso de médicos, enfermeiros, psicólogos, professores, policiais. 48 A vivência profissional no cuidar implica em tensão emocional constante, atenção e grandes responsabilidades, a cada gesto. Assim é a natureza do trabalho em saúde, porque resulta em lidar com a dor, com o sofrimento e com a morte de pacientes, o que pode afetar os trabalhadores da saúde em decorrência da responsabilidade pela vida e a proximidade com os pacientes para os quais o sofrimento é quase inevitável. Exige-se destes profissionais a dedicação no desempenho de suas funções, o que aumenta a possibilidade de ocorrência de desgastes emocionais em altos níveis de estresse, tornando-os vulneráveis à cronificação do estresse. 49 Logo, o fenômeno do Burnout pode ser caracterizado como uma síndrome de má adaptação psicológica, psicofisiológica e reações comportamentais, a uma forma especifica de estresse ocupacional. 50 Para o diagnóstico, existem várias concepções teóricas baseadas na possível etiologia da síndrome, sendo a mais utilizada nos estudos atuais é a concepção sociopsicológica. • Nela, as características individuais associadas às do ambiente e às do trabalho propiciariam o aparecimento dos fatores multidimensionais da síndrome: • Exaustão Emocional (EE), • Distanciamento Afetivo (despersonalização – DE), • Baixa Realização Profissional (RP). 51 Desgaste Emocional ou exaustão emocional É o elemento chave da síndrome, de tal maneira que deu origem ao próprio nome. Caracteriza-se por desgaste, perda de energia, esgotamento e fadiga do Indivíduo, a qual pode manifestar-se fisicamente, psiquicamente ou como uma combinação entre os dois. 52 Este é o traço inicial da Síndrome Abrangem sentimentos de 53 • Desesperança, • Raiva, • Impaciência, • Irritabilidade, • Diminuição de empatia; • Sensação de baixa energia, • Fraqueza, • Preocupação; • Aumento da suscetibilidade para doenças, • Cefaleia, • Náuseas, • Tensão muscular, • Dor Lombar ou cervical, • Distúrbios do sono. • Assim, medida que os recursos emocionais vão se deteriorando, as pessoas acometidas sentem que não têm a mesma capacidade de antes. 1. Sinto-me emocionalmente decepcionado com o meu trabalho. 2. Quando termino minha jornada de trabalho, sinto-me esgotado. 3. Quando me levanto pela manhã e enfrento outra jornada de trabalho, sinto-me fatigado. 6. Sinto que trabalhar todo dia com gente me cansa. 8. Sinto que meu trabalho está me desgastando. 13. Sinto-me frustrado por meu trabalho. 14. Sinto que estou trabalhando demais no meu trabalho. 16. Sinto que trabalhar em contato direto com as pessoas me estressa. 20. Sinto-me como se estivesse no limite das minhas possibilidades. 54 Dimensão desgaste emocional Despersonalização ou distanciamento afetivo • É a dimensão que manifesta um endurecimento afetivo, e “coisificação” da relação e respostas com outras pessoas, especialmente com os usuários. A Despersonalização está acompanhada de ansiedade, aumento de irritabilidade e perda da motivação, bem como de manifestações emocionais. 55 • As atitudes no trabalho compreendem a redução das metas de trabalho e da responsabilidade pessoal com os resultados, redução do idealismo, conduta claramente egoísta no trabalho e a sensação de alienação em relação aos outros, sendo a presença destes, muitas vezes desagradável e não desejada 56 Para proteger-se desse sentimento negativo, o indivíduo isola-se dos outros, desenvolvendo uma atitude fria e distanciada. Ele utiliza esses recursos como primeiro esforço para adaptar-se a situação e aliviar a tensão que experimenta, diminuindo a intensidade das relações com as pessoas, com o intuito de controlar a situação. 57 A variável despersonalização pode ser considerada "o elemento característico da síndrome Burnout", uma vez que tanto Desgaste Emocional como a Incompetência, pode ser associado a outro tipo de síndrome, enquanto que a despersonalização é específica da Síndrome de Burnout 58 Dimensão Despersonalização 5. Sinto que estou tratando alguns receptores do meu trabalho como se fossem objetos impessoais 10. Sinto que me tornei mais duro com as pessoas, desde que comecei este trabalho. 11. Preocupo-me com este trabalho que está endurecendo-me emocionalmente. 15. Sinto que realmente não me importa o que ocorra com as pessoas as quais tenho que atender profissionalmente. 22. Parece-me que os receptores do meu trabalho me culpam por alguns de seus problemas 59 Diminuição do sentimento de realização pessoal É a dimensão na qual existe um sentimento complexo de inadequação pessoal e profissional, ao posto de trabalho e uma série de respostas negativas para consigo mesmo e com sua atividade laboral, como por exemplo: 60 Sentimentos de depressão, Moral baixa, Evitação de relações interpessoais, Baixa produtividade, Incapacidade para suportar as pressões e Baixa autoestima. O enfrentamento defensivo ocorre nessa fase, na qual se produz a uma troca de atitudes e condutas, com o propósito de defender-se ativamente desse sentimento experienciado. Há uma sensação de que muito pouco tem sido alcançado e o que é realizado não tem valor 61 Dimensão Incompetência profissional 4. Sinto que posso entender facilmente como as pessoas que tenho que atender, se sentem a respeito das coisas. 7. Sinto que trato com muita efetividade os problemas que tenho que atender. 9. Sinto que estou influenciando positivamente as vidas das pessoas através do meu trabalho. 12. Sinto-me vigoroso com meu trabalho. 17. Sinto que posso criar com facilidade um clima agradável com os receptores do meu trabalho. 18. Sinto-me estimulado depois de haver trabalhado diretamente com quem tenho que atender. 19. Creio que consigo muitas coisas valiosas nesse trabalho. 21. No meu trabalho eu manejo os problemas emocionais com muita calma. 62 Porém, o Burnout não aparece de forma brusca, masconstitui a fase final de um processo contínuo, com sensação de inadequação ao posto de trabalho, sensação de falta de recursos para enfrentar o trabalho, sentimento de carecer de formação necessária e diminuição da capacidade para a resolução dos problemas. 63 o contato assistencial direto, o lidar com o sofrimento dor e morte, a sobrecarga de trabalho, o trabalho fragmentado, diferentes turnos de trabalho, o gerenciamento da equipe aspectos do ambiente organizacional; Burocracia 64 Dentre as características do trabalho em saúde que podem levar ao estresse ocupacional, e consequentemente o Burnout, pode-se citar Diferença entre estresse e Burnout 65 estando relacionado com o mundo do trabalho, com o tipo de atividades laborais do indivíduo Enquanto o estresse pode ser positivo (eustresse), o Burnout sempre tem um caráter negativo (distresse), Já o Burnout é a resposta a um estado prolongado de estresse ocupacional, ocorre pela sua cronificação, quando os métodos de enfrentamento foram insuficientes. A exposição aos fatores do trabalho percebidos como desprazerosos pelo trabalhador o conduz a um desgaste físico e emocional, que, em um primeiro momento, aparece sob a forma de estresse. Há uma discussão a respeito do limite entre estresse e Burnout. 66 OBRIGADA PELA ATENÇÃO!!! 67 Sugestão de leitura Abordagens teórico-metodológicas em saúde/doença mental & trabalho Maria da Graça Corrêa Jacques http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 71822003000100006 68
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