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Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 1 1. AÇÃO PENAL PRIVADA Ação penal privada é aquela titularizada pelo próprio ofendido ou quem tiver qualidade para representá-lo ou sucedê-lo, pois a vítima atua em nome próprio pedindo um direito alheio que pertence ao Estado, qual seja, o direito de exigir a punição (jus puniendi). O jus puniendi (direito de punir) pertence ao Estado, como consequência do monopólio jurisdicional. Assim, somente o Estado pode prestar jurisdição. Mesmo nas hipóteses de ação penal privada o jus puniendi não é retirado do Estado, pois só é transferido ao particular a persecutio criminis in judicio (persecução penal em juízo). Artigo 29 do CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 1.1. Fundamento da ação penal privada Algumas infrações afetam profundamente a intimidade da vítima, motivo pelo qual o legislador confere ao ofendido o exercício do direito de ação, a fim de evitar que o processo lhe traga mais infortúnios do que a própria infração penal, resguardando dessa forma a sua intimidade e imagem. 1.2. Inicial acusatória: A inicial acusatória na ação penal privada é a Queixa. Segundo o art. 41 do CPP, a denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 1.3. Partes na ação penal privada: 1) Sujeito ativo: querelante; 2) Sujeito passivo: querelado 1.4. Espécies de ação privada: a) exclusivamente privada; b) personalíssima; c) subsidiária da pública. Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 2 1.5. Titularidade: ofendido ou seu representante legal. Segundo o art. 30, CPP, ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada. 1.6. Legitimados para exercer o direito de queixa Exercer o direito de queixa pressupõe capacidade processual. A capacidade processual, definida como a capacidade de a pessoa estar em juízo na defesa de seus interesses, distingue-se da capacidade postulatória, atribuída ao advogado para que ele defenda em juízo interesses do jurisdicionado. Assim, poderão exercer o direito de queixa: 1) A vítima do crime: caso seja capaz (maior de 18 anos e mentalmente capaz); 2) O representante legal da vítima: se esta for incapaz (menor de 18 anos ou que não possa expressar sua vontade, doente mental, por exemplo) Nesse caso, poderá oferecer exercer o direito de queixa a pessoa que possa, legalmente, representar a vítima, como seu ascendente, curador, tutor. 3) Procurador com poderes especiais: somente se o outorgante for capaz Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. Poderes especiais: Nucci destaca que os poderes especiais relacionam-se com a clara menção, na procuração, de que o mandatário está autorizado a representar contra determinada pessoa, com base em certos fatos devidamente citados. Em relação à essência dos poderes especiais, considera-se a inclusão no instrumento do nome do representado e a menção do fato criminoso. Assim, é nulo o processo de queixa-crime quando a procuração que a instrui apenas faz menção ao nomem iuris do fato imputado ao querelado e contém poderes gerais para o foro. 1) Curador especial: se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele. Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. Fique atento: Segundo este dispositivo legal, temos os seguintes pontos importantes: Nomeação: Juiz competente Forma: de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público Casos: a) Menor de 18; Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 3 b) Mentalmente enfermo ou retardado mental (incapaz) Condições: a) Se não tiver representante legal; ou b) Os interesses da vítima sejam conflituosos com os do representante legal. Fique atento também: menor emancipado (menor casado, por exemplo ) Caso o menor de 18 anos seja emancipado ele não possuirá representante legal e também não será considerado apto a representar, nesse caso, deve o juiz nomear um curador especial para ele. Fique atento também: o curador especial é pessoa de confiança do juiz e não está obrigado a representar. Ele exercerá seu juízo de conveniência e oportunidade no lugar da vítima e, chegando a conclusão que não deve haver a persecutio criminis, o mesmo poderá não exercer o direito à queira, visando a melhor solução para o ofendido. 2) CADI (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão): Vítima falecida ou ausente CPP Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão Segundo o art. 33 do CPP, no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Nesse caso, o exercício desse direito é preferencial e sucessivo, na ordem apresentada pelo dispositivo legal. Ou seja, o cônjuge terá preferência e, não exercendo, esse direito passa ao ascendente, descendente ou irmão sucessivamente. Observação: nos crimes de ação penal privada personalíssima o direito de queixa somente poderá ser exercido pelo ofendido, ninguém mais. 3) Queixa por pessoa jurídica É possível, desde que por representante designado no estatuto ou contrato social, no silêncio destes, por seus diretores ou sócios-gerentes (art. 37 do CPP, por interpretação extensiva). Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. 1.7. Princípios da ação penal privada 1) Oportunidade O princípio da oportunidade se contrapõe ao da obrigatoriedade da ação pública. Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 4 Enquanto o MP está obrigado a propor a ação pública (se estiverem presentes todos os elementos necessários para o oferecimento da ação penal), a vítima tem a oportunidade de ponderar entre propor ou não a ação, resguardando seus interesses. A lei confere à vítima ou a seu representante legal a faculdade, e não a obrigação de promover a ação penal. O particular é livre para formar seu próprio juízo de conveniência. Somente iniciará o processo, ajuizando a ação penal, se assim o desejar, ou seja, se julgar que o ajuizamento da ação é conveniente (Edilson Mougenot, Curso de processo penal, editora Saraiva, São Paulo, 2006). Assim, o ofendido só maneja a ação privada se quiser, não querendo exercê-la, poderá permanecer inerte, deixando transcorrer o prazo decadencial semestral ou renunciar ao direito de queixa. 2) DisponibilidadeEste princípio contrapõe-se ao da indisponibilidade que rege a ação pública. Ao Ministério Público não é dado desistir da ação penal pública. Uma vez proposta, não poderá dela desistir. Entretanto, o particular recebeu do legislador a oportunidade não só de propor a ação, como também, após iniciada, de desistir da mesma, conforme seus interesses. Assim, este princípio oportuniza ao querelante a desistência da ação privada já proposta. A disponibilidade da ação privada ocorre por meio do perdão do ofendido ou da perempção. 3) Indivisibilidade O titular da ação privada tem a oportunidade de escolher se quer processar ou não os autores da suposta infração, mas se escolher processar um autor terá que processar todos, sob pena de renúncia tácita ao direito de queixa. Art. 48, CPP. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. Cabe ao órgão do Ministério Público velar pela indivisibilidade da ação privada. O Ministério Público também pode aditar a queixa proposta pelo querelado (juntando novas provas, testemunhas, perícias, etc) e intervir em todos os termos do processo criminal da ação privada. Entretanto, o Ministério Público não pode, ao aditar queixa, lançar novos querelados no polo passivo da ação penal privada, pois não tem legitimidade para tal. Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 5 Assim, percebendo o Ministério Público que o querelante deixou de oferecer queixa contra algum dos autores do crime deverá notificá-lo a fim de corrigir o pólo passivo, sob pena de renúncia ao direito de queixa, pela violação do princípio da indivisibilidade. Havendo a retificação do pólo passivo a ação seguirá normalmente. Entretanto, se não for atendido, o querelante incorrerá em renúncia ao direito de queixa. Art. 45, CPP. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes do processo. O prazo para o Ministério Público aditar a queixa é de 3 dias, contados de quando receber os autos, entendendo que não terá o que aditar, se não se manifestar dentro deste prazo. Art. 46, § 2º. O prazo para o aditamento da queixa será de 3 (três) dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. 1.8. Prazo para oferecer a queixa O prazo para o querelante oferecer a queixa é de 6 meses, contados de quando souber quem é o autor do crime, sob pena de decadência do direito de queixa. Assim, a decadência do direito de queixa ocorre pela inércia da vítima, que deixa de oferecer a queixa dentro do prazo semestral. Art. 38, CPP. salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá do direito de queixa (...) se não o exercer dentro do prazo de 6 meses, contado do dia que vier a saber quem é o autor do crime (...). O prazo para oferecimento da queixa é contado de acordo com artigo 10 do CP, ou seja, conta-se o primeiro dia do prazo e exclui o último dia. E por se tratar de prazo decadencial, não se interrompe, não se suspende e não se prorroga. Portanto se o fim do prazo cair num feriado ou final de semana não haverá dilatação do mesmo. OBS: vale relembrar que o requerimento para instauração de inquérito policial não interrompe o prazo decadencial da queixa. Ademais a pendência do Inquérito Policial não prorroga o prazo para oferecimento da queixa. Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 6 1.9. Renúncia ao direito de queixa A renúncia ao direito de queixa é o ato pelo o querelante abdica do direito de oferecer ação penal privada. Pelo fato de a ação penal privada ser regida pelo princípio da oportunidade, é possível que a vítima escolha se quer processar autor da infração. Entretanto, a queixa contra um dos autores do crime obrigará ao processo de todos. Havendo omissão em relação a algum autor, considera-se renúncia tácita ao direito de queixa (art. 48, CPP). A renúncia ao exercício ao direito de queixa em relação a algum dos autores do crime, a todos se estenderá (art. 49, CPP). Neste caso haverá comunicabilidade da renúncia aos demais autores da infração penal. Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Espécies de renúncia 1) Renúncia expressa: ocorre pela expressa declaração de renúncia da vítima. Art. 50, CPP. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. A renúncia expressa deve ser provada por documento assinado (art. 50, CPP). 2) Renúncia tácita: ocorre pela prática de ato incompatível com a vontade processar o autor da infração. Art. 104, § único, CP. Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo (...). A renúncia tácita pode ser provada por qualquer meio de prova (art. 57, CPP). Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 7 Nos termos do artigo 104 do CP, o direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente, neste caso haverá extinção da punibilidade (artigo 107, V do CP). Art. 104, CP - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente. A aceitação de indenização civil pelo ofendido não implica renúncia (art. 104, CP). Art. 104, Parágrafo único, CP - Importa renúncia tácita (...) não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. OBS: nos crimes de menor potencial ofensivo a composição civil dos danos (recebimento de indenização civil) acarreta renúncia ao direito de queixa (art. 74, Lei 9.099/95). OBS: a renúncia não depende de aceitação pelo autor da infração, pois a renúncia é um ato unilateral. OBS: a renúncia é ato irretratável, havendo renúncia ao direito de queixa ocorrerá a extinção da punibilidade. OBS: a renúncia é ato que ocorre antes do oferecimento da queixa. 1.10. Perdão da vítima É a manifestação de vontade, expressa ou tácita, feita pelo ofendido, seu representante legal ou procurador com poderes especiais, no sentido de desistir da ação penal já proposta. O perdão do ofendido somente pode ser concedido após o início da ação penal e até antes do trânsito em julgado da sentença (art. 106, § 2º, CP). Art. 106, § 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória. Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 8 Espécies de perdão 1) Processual: concedido nos autos da ação penal (dentro do processo). 2) Extraprocessual: concedido fora dos autos da ação penal (fora do processo). 3) Expresso: concedido através de declaração expressa em documento. Tácito: ocorre pela prática de ato incompatível com a vontade buscar a punição do querelado. O perdão tácito admite todos os meios de prova (artigo 57 do CPP). Concessão do perdão O perdão pode ser concedido pelo: a) ofendido, caso seja capaz. b) representante legal do ofendido, se este for incapaz; c) procurador com poderes especiais. Art. 58, CPP. Concedido o perdão, mediante declaração escrita expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de 3 dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. O artigo 58 do CPP traz uma hipótese de aceitação tácita do perdão concedido nos autos da ação penal (dentro do processo).Se houver a concessão do perdão nos autos do processo, o querelado será intimado a se manifestar a respeito da aceitação ou não do perdão. Caso o querelado não se manifeste dentro de 3 dias, considera-se a aceitação tácita do perdão. Aceitação do perdão O perdão pode ser aceito pelo: a) querelado (autor do crime); b) representante legal do autor do crime, se este for incapaz; Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 9 c) procurador com poderes especiais. Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. Ainda, o perdão do ofendido poderá ser aceito pelo curador especial nomeado pelo juiz, quando o querelado for mentalmente ou retardado mental não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado. Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz lhe nomear. Comunicabilidade do perdão O perdão é comunicável, ou seja, se concedido a um dos querelados aproveitará a todos. Entretanto, não produzirá efeito em relação ao autor que o recusar (art. 51, CPP). Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. Ademais, o perdão concedido por um dos querelantes não prejudica o direito dos outros para prosseguir na ação (art. 106, II do CP). Efeito da aceitação do perdão A conseqüência da aceitação do perdão é a extinção da punibilidade, que será determinada pelo juiz (art. 58, § único, CPP). Art. 58, Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. OBS: O perdão, diferente da renúncia, só produz efeito se aceito pelo querelado, pois é um ato bilateral. 1.11. Perempção É a sanção processual que se aplica ao querelante desidioso, que deixa de dar andamento ao processo, mantendo-se inerte. A conseqüência do reconhecimento da perempção é a extinção da punibilidade (artigo 107, Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 10 IV do CP). Hipóteses de perempção (art. 60, CPP) Nos crimes em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos. Para se efetuar a perempção deve haver paralisação do processo, sem justificação, durante 30 dias seguidos. Assim, se ocorrer várias paralisações, porém sem nenhuma delas alcançar 30 dias, não haverá perempção. II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36. Quando o querelante não mais puder seguir no feito, seja por falecimento ou incapacidade mental, deve ser sucedido por uma das pessoas indicadas no artigo 31 do CPP. O prazo para habilitação dos sucessores é de 60 dias, contados da data do falecimento ou da sentença que reconhecer a incapacidade mental do querelante. III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais. A ausência injustificada do querelante a algum ato do processo que exige sua presença opera a perempção. Portanto, não haverá perempção se a presença do querelante for dispensável ou substituível pela do advogado, e também no caso de ausência justificada. Se o querelante não pedir a condenação do querelado ao menos de maneira implícita nas alegações finais, haverá reconhecimento da perempção. IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. Se a pessoa jurídica estiver no pólo ativo da ação e for extinta por qualquer motivo, sem deixar uma outra pessoa jurídica como sucessora da ação penal para prosseguir no feito, resta operada a perempção. OBS: Cumpre lembrar que a perempção só se opera durante a ação penal privada. Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 11 Esta ação tem, em regra, o mesmo regimento jurídico que a ação penal privada exclusiva. Somente apresentando algumas diferenças. A primeira diferença é que a ação penal privada personalíssima somente pode ser oferecida pela vítima do crime. Assim, não pode ocorrer o oferecimento de queixa pelo seu representante legal. Por isso, se a vítima for menor de 18 anos terá que esperar completar essa idade para exercer o direito de queixa, enquanto isso o prazo decadencial de seis meses não se inicia. A segunda diferença é que se a vítima for declarada ausente por decisão judicial ou morrer, antes de iniciada a ação penal ou durante o trâmite da ação penal, não poderá ser substituída pelas pessoas constantes do rol do artigo 31 do CPP (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). Se o episódio morte ou ausência ocorrer antes de iniciada a ação penal haverá decadência do direito de queixa. Entretanto, se o episódio morte ou ausência ocorrer durante a ação penal haverá perempção. O único crime de ação penal privada personalíssima é o do artigo 236 do CP (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento de casamento). Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 1.12. Ação penal privada subsidiária da pública Esta ação privada tem seu fundamento na Constituição Federal, art. 5º, LIX e no Código de Processo Penal, art. 29. Artigo 29 do CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Ação Penal Privada www.focusconcursos.com.br | 12 Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Trata-se de ação privada que tem natureza pública, pois originariamente seria ação pública. 1) Cabimento Seu cabimento está previsto em hipótese de inércia do MP, que deixa de: a) Oferecer denúncia dentro do prazo legal; ou b) Manifestar pelo arquivamento do inquérito policial; ou c) Requisitar novas diligências no inquérito. 2) Prazo decadencial da ação privada subsidiária da pública Nos termos do artigo 38 (in fine), o prazo para a vítima manejar a referida ação privada personalíssima é de seis meses contados da data do término do prazo para o Ministério Público oferecer denúncia. OBS: durante o prazo de seis meses, em que a vítima tem a oportunidade de oferecer ação penal privada subsidiária da pública, o Ministério Público também continua com a legitimidade de oferecer denúncia. 3) Atuação do Ministério Público Na ação privada subsidiária da pública o Ministério Público atua como interveniente adesivo obrigatório, sob pena de nulidade do processo. No desempenho de interveniente adesivo o Ministério Público tem como atribuição: a) Aditar a queixa, até mesmo para lançar novos réus, pois trata-se de ação de natureza pública; b) Repudiar a queixa apresentada, se entender que não houve inércia, e oferecer denúncia substitutiva (neste caso deverá haver decisão do magistrado, se aceita a denúncia); c) Fornecer qualquer elemento de provaque julgar necessário; Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Pontos a serem destacados www.focusconcursos.com.br | 13 d) Interpor recurso; e) Retomar a ação penal como parte principal, a qualquer tempo, no caso de negligência do querelante. Isso decorre da indisponibilidade da ação subsidiária. Considerando que a ação privada subsidiária da pública é indisponível, não é admissível o perdão do ofendido ou perempção. 4) Patrocínio do advogado na ação privada Faz necessário esclarecer que a queixa só pode ser oferecida com o patrocínio de advogado inscrito na OAB, sob pena de indeferimento da mesma. Nos crimes de ação privada, se o querelado for pobre, comprovando sua pobreza, e requerer ao juiz, este nomeará advogado para promover ação penal (artigo 32 do CPP). 5) Disponibilidade na ação penal privada subsidiária da pública Apesar de alei franquear ao acusado patrocinar a iniciativa da ação para um crime que originalmente seria patrocinado pelo Ministério Público, a natureza da infração não muda, ou seja, o crime continua sendo de ação penal pública. Por esse motivo, a esse tipo de ação não se aplicam a maioria dos institutos e princípios que se aplicam à ação penal privada, como a renúncia, o perdão . 2. PONTOS A SEREM DESTACADOS 1) Ação Penal Pública subsidiária da Pública Em situações mito específicas, pode o Ministério Público Federal intentar ação penal pública subsidiariamente ao Ministério Público Estadual que ficou inerte ou o crime se refere à grave violação de direitos humanos e a justiça estadual não deu o tratamento adequado. Ação Penal Pública subsidiária da Pública, Exemplo: Caso o promotor de justiça na função de promotor eleitoral seja inerte em relação a algum caso concreto, poderá o Procurador da república, intentar com a ação penal subsidiária. Outro exemplo é o incidente de deslocamento de competência, no qual o Procurador-Geral da República suscitará perante o STJ para mudar a competência da justiça estadual para a justiça federal em caso de grave violação de direitos humanos. 2) Processo Judicialiforme Era a possibilidade do delegado ou juiz, através de uma portaria ou auto de prisão em flagrante, exercer a Ação Penal Pública. O dispositivo não foi recepcionado pela CF, pois a CF declara expressamente que ao MP pertence privativamente o exercício deste direito. CPP Direito Processual Penal | Marcelo Ferreira Pontos a serem destacados www.focusconcursos.com.br | 14 Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. 3) Maior de 18 e menor de 21 anos Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal. Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito. O dispositivo acima não é mais aplicável. 1. Ação Penal Privada 1.1. Fundamento da ação penal privada 1.2. Inicial acusatória: 1.3. Partes na ação penal privada: 1.4. Espécies de ação privada: 1.5. Titularidade: ofendido ou seu representante legal. 1.6. Legitimados para exercer o direito de queixa 1.7. Princípios da ação penal privada 1.8. Prazo para oferecer a queixa 1.9. Renúncia ao direito de queixa 1.10. Perdão da vítima 1.11. Perempção 1.12. Ação penal privada subsidiária da pública 2. Pontos a serem destacados
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