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Em “Terceiro Opúsculo”, escrito em 1822, Auguste Comte descreve o plano dos trabalhos científicos que seriam necessários para reorganizar a sociedade de forma correta. O principal objetivo a ser seguido para a formação de um novo sistema social seria a busca por uma direção orgânica. Segundo o sociólogo, a tendência crítica da sociedade, exercida pelo povo, assim como a tendência retrógrada, exercida pelos reis, são obstáculos ao progresso, uma vez que apenas contribuem para prolongar a crise. Neste escrito irei, primeiramente, destacar mais detalhadamente os erros evidenciados por Comte no que concerne às doutrinas retrógrada e crítica. Em seguida, abordarei a ideia do princípio orgânico, de base positivista, pensado pelo autor, e a relação desse conceito com a organização efetiva de um novo sistema social. Finalmente, tratarei sobre a força social que, segundo Comte, deveria compor a doutrina orgânica: os cientistas.
A fim de explicar sua proposta para a organização de um novo sistema social, o autor explicita, preliminarmente, os motivos pelos quais a doutrina retrógrada e a doutrina crítica são grandes obstáculos para superar uma crise. A primeira, praticada pelos reis, é descrita como a tentativa de mudar o sistema pela restauração do feudalismo e da ordem teológica. Além dos erros teóricos e práticos, um dos principais motivos para que tal esforço seja ineficiente é o retorno a algo historicamente decadente. “[...] Tendo-se limitado a reproduzir para o novo estado social a doutrina antiga, sua incompetência para conceberem uma verdadeira reorganização ficou, só por isto, suficientemente demonstrada.” (COMTE, 1972, p. 66) Para Comte, a incoerência do governo, que ao mesmo tempo defende o passado e incentiva a ciência e a industrialização, prejudica a efetividade da doutrina. Já no que diz respeito à tendência crítica dos povos, o autor afirma que, por mais que tivessem uma espécie de doutrina nova, esta colocaria o governo como inimigo, privando-o de qualquer ação no social; o que revelaria ignorância sobre o que é preciso para ter consistência em uma sociedade. Ademais, Comte expõe que o erro comum entre as duas doutrinas teria sido a falta de planejamento teórico, assim como a falha em construir um novo ideal geral efetivo. Tanto os povos, quanto os reis focaram muito na prática e na forma, e não buscavam produzir leis e princípios realmente fundamentados cientificamente.
Tendo isso em vista, o sociólogo desenvolve sua tese com base no princípio orgânico, uma nova doutrina geral que, segundo ele, seria a mais efetiva para a organização de um sistema social. Dela partiria o processo de produção do plano teórico social e as leis gerais, e depois, a realização da metodologia na prática. Para Comte, a elaboração de uma boa teoria é essencial para uma ação completa: “Nunca há ação sem uma especulação preliminar.” (COMTE, 1972, p. 72) O princípio orgânico tem base na teoria positivista de que o estudo da sociedade deveria se aproximar do estudo das ciências naturais, desenvolvendo leis universais para que se estabelecesse a ordem. Também era preciso observar empiricamente o corpo social como um organismo vivo; ou seja, se existe algum elemento errado, todo o organismo é prejudicado. Entretanto, todo esse processo deveria ser meticuloso, demorado e feito em partes, como explica em: “Quando uma ciência qualquer se reconstitui, segundo nova teoria, já suficientemente preparada, o princípio geral se produz, se discute e se estabelece em primeiro lugar; depois, por longo encadeamento de trabalhos, é que se chega a formar, para todas as suas partes, uma coordenação que ninguém, no começo, estaria em condições de conceber, nem mesmo o criador do princípio.” (COMTE, 1972, p. 67)
Por fim, o autor atribui a responsabilidade dessa nova organização social à uma força específica, que para ele, é a única capaz de realizar os trabalhos necessários com primazia: os cientistas positivistas. Para Comte: “[...] que a realização preliminar dos trabalhos teóricos exige seja posta em atividade nova força social, distinta das que até hoje ocuparam a cena e são absolutamente incompetentes; que, por algumas razões muito decisivas, enfim, esta nova força deve ser a dos cientistas afeitos aos estudos das ciências de observação.” (COMTE, 1972, p. 81) Segundo o sociólogo, a ciência de observação é a mais eficaz para a produção de leis gerais e princípios a serem seguidos. Raciocínio também aplicável à ciência social, os cientistas são a opção mais eficaz para pensar uma nova doutrina geral que não siga os mesmos erros cometidos pelos reis e pelos povos, anteriormente. Dessa forma, o plano teórico será efetivo para que seja colocado em prática, mantendo a ordem e o funcionamento orgânico da sociedade.
Em conclusão, Comte apresenta argumentos que sustentam o motivo pelo qual ele acredita que as tendências retrógradas e críticas, as quais vinham acontecendo na Europa do século XIX, eram errôneas. Junto a isso, traz uma alternativa a essas doutrinas, por meio de seu princípio orgânico, baseando-se na ciência positivista. Dessa forma, esclarece sua teoria e de certa maneira, incentiva os estudos acerca de uma mudança concreta na sociedade.

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