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Críticas ao Evolucionismo Cultural - Frazer, Morgan (Castro) e Boas

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- Críticas ao Evolucionismo Cultural:
A Antropologia Evolucionista – Evolucionismo Cultural, que teve seu surgimento e apogeu nos séculos XIX e XX, nunca foi homogênea, mas possui conceitos gerais, influenciados pelo darwinismo e principalmente pelas ideias de Herbert Spencer – que, inclusive, popularizou a palavra evolução treze anos antes de Darwin. Spencer estende a evolução para todo o universo (para o indivíduo, sociedades, geologia, clima da terra...) em uma escada ascendente evolutiva, com estágios únicos de progresso, já para Darwin não havia um único caminho ou direção evolutiva. 
O conceito principal para eles, é que a humanidade é uma só, todos possuem uma sociedade ancestral comum, originaria, que por alguma questão (como a ambiental ou de isolamento geográfico) se separou. Mas continua sendo uma só, que se desenvolveria da mesma forma, passando por estágios evolutivos obrigatórios, numa trajetória única, seguindo a mesma direção, indo do mais simples para o mais completo, racional. As semelhanças vinham disso, por serem um e terem a mesma psique, responderiam de forma semelhante aos eventos internos e externos, diferenciando-os da teoria dos Antropólogos Difusionistas, que afirmavam que a semelhança vinha da difusão com outros povos, a troca. E as diferenças vistas em diferentes culturas, para eles se dava pelo estagio de evolução que as sociedades se encontravam, diferenciando-os dos Antropólogos Poligenitas, que afirmavam que as desigualdades naturais se davam por existirem diferentes raças, sendo assim, diferentes origens. Morgan exemplifica isso ao dizer: 
“Como a humanidade foi uma só em sua origem, sua trajetória tem sido essencialmente uma, seguindo por canais diferentes, mas uniformes, em todos os continentes, e muito semelhantes em todas as tribos e nações da humanidade que se encontram no mesmo status de desenvolvimento.” (MORGAN, 1877 apud CASTRO, 2005, p.14).
Eles utilizavam do Método Comparativo e da Ciência da Cultura para afirmar que as sociedades “não-ocidentais” e não-tradicionais são um museu vivo para a história humana – o que é claramente visto no uso da palavra “primitivos” (que é primeiro a existir) ao se referir a eles – que ao observa-los eles tinham ideia de como a humanidade era no passado, mostrando etapas anteriores a sociedade atual. Frazer exemplifica isso no trecho: 
“... um selvagem está para um homem civilizado da mesma forma que uma criança está para um adulto; e, exatamente como o crescimento gradual da inteligência de uma criança corresponde ao crescimento gradual da inteligência da espécie, e num certo sentido, a recapitula, assim também um estudo da sociedade selvagem, em vários estágios de evolução permite-nos seguir, aproximadamente – embora, é claro, não exatamente –, o caminho que os ancestrais das raças mais elevadas devem ter trilhado em seu progresso ascendente, através da barbárie até a civilização. Em suma, a selvageria é a condição primitiva da humanidade, e se quisermos entender o que era o homem primitivo, temos que saber o que é o homem selvagem hoje.” (FRAZER, 1908 apud CASTRO, 2005, p.15). 
Mas não acreditavam que alguma dessas sociedades existentes de sua época se igualasse a “sociedade zero”, a sociedade de ancestrais original e comum a todas, o “estágio original”. Mas isso não era um problema, pois eles buscavam as “leis” semelhantes presentes em todos os povos. Como Morgan em suas pesquisas “Sistemas de consanguinidade e afinidade da família humana” e “Casas e vida doméstica dos aborígines americanos”, onde estudava como era esses sistemas nas sociedades “selvagens” e comparava com as da modernidade ou de outros “selvagens”, como na primeira, que ele afirma que os sistemas de classificações familiares dos iroqueses era similar com os de outras tribos da América do Norte. 
Por consequência dessa forma de pensar, era desejável se reduzisse as diferenças de estágios evolutivos. Frazer (1908 apud CASTRO, 2005, p.14) diz: “o selvagem é um documento humano, um registro dos esforços do homem para sair do nível da besta”, mostrando o quão fundamental era, para eles, a evolução para etapas mais avançadas, se tornando como os “povos mais evoluídos e racionais”. O que também é visto no Conceito de Sobrevivência, onde costumes não racionais – como religião, superstição e outros – presentes na Modernidade se dão por terem “sobrevivido como fosseis entre povos de cultura mais elevada” (FRAZER, 1908 apud CASTRO, 2005, p.16).
Já Boas criticava o Evolucionismo Cultural, por dizer que antes de afirmar que todas as características culturais semelhantes vieram da mesma causa - como, por exemplo, serem resposta da psique coletiva humana ou elementos geográficos - deveriam investigar provas e evidencias, tais como perguntar como se deu tal característica cultural, se não desenvolveram independentemente ou se não ocorreu difusão com outro povo. Em suas obras ele refuta vários argumentos, trazendo exemplo de elementos que podem ter sido originados por diversas razões - como, por exemplo, a vida pós-morte, onde as explicações podem variar de medo do que há além da vida a saudade de um ente. Sendo assim, não concordava que “cultura” e “sociedade humana” são apenas uma, para ele era plural. Então, a sua antropologia não era uma forma de reconstruir como era a sociedade passada, e seus caminhos “até a atualidade”, e sim compreender diferentes culturas e suas especificidades.
 Boas também afirmava que a ideia de comparar as sociedades estranhas ao mundo moderno com crianças ou com portadores de doenças mentais não eram analogias tangíveis, pois respectivamente, eram formas muito diferentes de vida e pareciam carecer de fundamentos científicos, não apoiando de forma concreta nenhuma das sociedades. O que vai de encontro com muitos pensadores modernos, que afirmam que o Evolucionismo Cultural tem preceitos preconceituosos. Também é visto que ele abriu espaço para Neocolonização, na ideia de “levar civilização” para os povos “ainda não civilizados”, “ajudando na evolução”, para todos serem iguais e uniformes, negando que toda cultura é importante. E trazendo consequências semelhantes a primeira colonização, onde foram perdidos elementos culturais de sociedades e a aculturação. 
REFERÊNCIAS:
 CASTRO, Celso. Evolucionismo Cultural: Textos de Morgan, Tylor e Frazer. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. 59p. Tradução: Maria Lucia de Oliveira.
 BOAS, Franz. A Mente do Ser Humano Primitivo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011 - (Coleção Antropologia). 208p. 2.ed. Tradução: José Carlos Pereira.

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