Buscar

Aula 1 Bens Públicos

Prévia do material em texto

BENS PÚBLICOS 
UNIDADE I 
1. Legislação- 
Art. 20 , inc I a XI da Constituição da República (Bens da União), 26 (Estados) 30 (Distrito 
Federal) arts. 98 a 103 do NCC ; DL 9.760/46 (Bens imóveis da União), Lei 6.383/76 (Terras 
devolutas da União), Lei 8.617/93, Lei 8.666/93 – art. 17/19, L 10.257/2001 (Estatuto da 
Cidade) 9.636/98, Lei 11.284/2006 (Florestas Públicas), Lei 11.481/2007, Lei 11.952/09 e 
Decreto 7341/10 – Amazônia Legal 
2. Terminologia para Bens Públicos – Podem ser sinônimos- Acervo patrimonial, patrimônio 
público, bens estatais e bens do domínio público 
3. Definições legais– 
Patrimônio Público – Art.1º §1º da Lei nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular) 
Art.98 NCC: “São bens públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas 
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a 
que pertencerem”. 
4. Doutrina – Conceito 
Hely Lopes Meirelles: “Bens públicos, em sentido amplo, são todas as coisas corpóreas ou 
incorpóreas, imóveis, móveis ou semoventes, créditos, direitos e ações, que pertençam, a 
qualquer título, às entidades estatais, autárquicas, fundacionais e paraestatais”. 
Odete Medauar – “Bens Públicos é expressão que designa os bens pertencentes a entes 
estatais, para que sirvam de meios ao atendimento imediato e mediato do interesse público 
e sobre os quais incidem normas especiais, diferentes das normas que regem os bens 
privados”. 
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo – 
“São bens públicos, integralmente sujeitos ao regime jurídico dos bens públicos, somente os 
bens pertencentes a pessoas jurídicas de direito público. Os bens das pessoas jurídicas de 
direito privado integrantes da administração pública não são bens públicos, mas podem 
estar parcialmente sujeitos ao regime próprio dos bens públicos, quando estiverem sendo 
utilizados na prestação de um serviço público”. 
5. Classificação: 
Segundo o critério da destinação do bem (Usada pelo CC): 
 
A) Bens de Uso comum do povo ou do domínio público – São locais abertos ao uso público, 
de uso coletivo. Ex. Avenida Eduardo Ribeiro. Outros exemplos: mares, praias, rios, estradas, 
ruas, calçadas e praças. Art.99,I do NCC. 
B) Bens de Uso especial ou do patrimônio administrativo – São chamados de bens 
indisponíveis – Especialmente destinados à execução dos serviços públicos. Ex. Veículos 
oficiais, Teatro Amazonas. Outros exemplos: Mercado municipal do Japiim, edifício que 
abriga uma Escola, biblioteca municipal, edifício do TJ/AM, da UFAM, da UEA. Art.99,II NCC. 
C) Bens dominiais ou dominicais – Também chamados do patrimônio fiscal ou do 
patrimônio disponível – Eles também integram o domínio público, mas não têm destinação 
pública. São os únicos que podem ser alienados, enquanto desafetados. Art.17 da Lei 
8666/93, Art.99, III e 101 do NCC. Ex. Terras devolutas (são terras sem demarcação) Há 
terras devolutas nos Estados (art.26,IV CF) 
Segundo o critério da titularidade do bem público: 
A) Bens da União – art.20CF 
B) Bens dos Estados e do Distrito Federal – art.26CF 
C) Bens dos Municípios- art.30CF 
Segundo o critério da geografia do bem público: 
A) Terrestres – solo, subsolo 
B) Marítimos ou fluviais – rios, lagos, igarapés 
C) Espaço aéreo 
6. Regime Jurídico dos Bens Públicos 
Os bens públicos se submetem ao regime de direito público, seguem os princípios do 
art. 37 da Carta Magna (L.I.M.P.E) especialmente o implícito 
Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público. Desse regime decorrem a 
inalienabilidade, imprescritibilidade e a não-oneração. 
7. Utilização do Bem Público pelo particular 
A) Autorização de uso – é ato administrativo unilateral, discricionário e precário, gratuito ou 
oneroso, pelo qual a Administração consente que o particular se utilize de bem público com 
exclusividade, em regra o prazo de uso é curto. Ex. Uso de área municipal para instalação de 
um circo 
B) Permissão de uso – Ato administrativo discricionário e precário, negocial, pelo qual a 
Administração faculta ao particular a utilização individual de determinado bem público. Ex. 
 
Mesas e cadeiras em frente a restaurantes e bares na praça do caranguejo do cj Eldorado; 
Banca de Jornal nas calçadas 
C) Concessão de uso – Contrato administrativo – A administração consente que particular 
utilize privativamente bem público. Deve haver prévia licitação (Concorrência). Ex. 
Quiosques nas dependências dos aeroportos. 
D) Concessão de Direito Real de Uso – DL 271/1967 e Lei 11.481/2007 Regularização 
fundiária de interesse social em áreas urbanas 
E) Concessão de uso especial para fins de moradia 
F) Cessão de Uso – Transferência gratuita da posse de um bem público 
G) Locação 
H) Arrendamento (Terrenos de marinha) 
I) Aforamento ou enfiteuse 
8. Afetação e Desafetação dos Bens Públicos 
Afetar significa atribuir uma finalidade específica ao bem público. 
Desafetar – tirar a afetação 
Somente os bens desafetados podem ser alienados 
Odete Medauar – Conceitos de afetação e desafetação 
“Afetação é atribuição, a um bem público, de sua destinação específica. Pode ocorrer de 
modo explícito ou implícito. 
Explícito – Lei, o ato administrativo ou registro de projeto de loteamento (Lei 6.766/79 – arts 
17 e 22) 
Implícito – Poder Público passa a utilizar um bem para certa finalidade sem manifestação 
formal. Ex: uma casa doada onde foi instalada uma biblioteca municipal” – a conduta da 
Administração demonstra a finalidade pública do bem. 
“Desafetação é a mudança da destinação do bem. De regra visa incluir bens de uso comum 
do povo ou bens de uso especial na categoria de bens dominicais para possibilitar a 
alienação”. 
Pode vir de uma manifestação explícita – Ex. Uma autorização legislativa para a venda de um 
bem de uso especial, na qual está contida a desafetação para bem dominicial 
Ou decorre de uma conduta da Administração-Ex. Operação urbanística que torna inviável o 
uso de uma rua próxima como via de circulação” 
 
9. Atributos ou Características dos Bens Públicos: Doutrina do Prof. Hely Lopes Meirelles 
A) Imprescritibilidade – não aquisição pelo decurso do tempo. Art.183 par.3o. E art. 191 par. 
Único da CR e art. 102 NCC. Os bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião. 
B) Impenhorabilidade – penhora (Dívidas são pagas por meio dos precatórios – art.100 da 
CF) 
C) Não Oneração – ônus real – penhor, hipoteca e anticrese. 
O art. 1473 do NCC foi alterado pela Lei 11.481/07 possibilitando que sejam objeto 
de hipoteca o direito de uso especial para fins de moradia e o direito real de uso, ambos 
relativos a imóvel público. (Assemelha-se a usucapião segundo a doutrina de Hely Lopes 
Meirelles) 
Profa. Odete Medauar menciona a Inalienabilidade dos bens públicos como uma 
quarta característica– art. 100 NCC 
10. Bens Públicos em espécie: 
Art. 20 e incisos da CR (da União): 
Terras devolutas 
Terrenos de Marinha 
Terras indígenas 
Ilhas 
Plataforma continental 
Florestas 
11. Alienação dos Bens Públicos 
Art. 100, 183 e 191 da Carta Magna 
Art. 100 NCC - Lei 8.666/93 – Bens inservíveis (art. 19) 
12. Aquisição de Bens Públicos – Prof. Odete Medauar 
Compra e venda, doação, dação em pagamento, permuta, usucapião, sucessão, 
desapropriação, apossamento administrativo ou desapropriação indireta,obra 
pública,registro de projeto de loteamento,lei instituidora da Administração Indireta, perda 
ou confisco de bens de criminosos (art.243CF) 
13. Jurisprudência 
 
Administrativo. Bens públicos. Uso de solo, subsolo e espaço aéreo por 
concessionária de serviço público (implantação de postes, dutos e linhas de transmissão, p. 
ex.). Cobrança. Impossibilidade. Precedentes do STJ. 
Pacífico o entendimento desta Corte Superior no sentido de que a cobrança em face 
de concessionária de serviço público pelo uso de solo, subsolo ou espaço aéreo é ilegal (seja 
para a instalação de postes,dutos ou linhas de transmissão, p. ex.) porque (i) a utilização, 
neste caso, reverte em favor da sociedade - razão pela qual não cabe a fixação de preço 
público - e (ii) a natureza do valor cobrado não é de taxa, pois não há serviço público 
prestado ou poder de polícia exercido. (STJ - Rec. Esp. 863.577 - RS - Rel.: Min. Mauro 
Campbell Marques - J. em 10/08/2010 - DJ 10/09/2010) 
Ementas: 
TJSP. Penhora. Execução. Câmara Municipal como devedora. Entidade que se inclui no 
conceito de Fazenda Pública. Impossibilidade. Impenhorabilidade dos bens públicos. 
Necessidade de precatório. 
Dentro do pressuposto da impenhorabilidade dos bens patrimoniais públicos, a execução, 
mesmo contra o Poder Executivo, representado, no mais das vezes, por sua Fazenda, o que 
importa considerar é que ela se perfaz através de ofícios requisitórios, ou precatórios, 
segundo o estatuído no art. 100 da CF/88. A expressão Fazenda Municipal não é 
incompatível com a ação isolada contra a Câmara, que também responderá, sempre, por 
essa forma - precatórios - independentemente de ter, ou não patrimônio (...) 
TRF 1ª Região. Desapropriação. Terreno de Marinha. 
Os municípios não estão autorizados a desapropriarem Bens da União. Os terrenos de 
marinha, como bem da União, não podem sofrer o desapossamento pelo Município. Recurso 
improvido. (...) 
 
14. Questão da OAB (Estudar o art. 20 e 26 da CF) 
Acerca das espécies de bens públicos, assinale a opção correta. 
A - As correntes de água que banhem mais de um estado são bens da União. 
B - Os terrenos de marinha acrescidos pertencem ao primeiro ente federado que os 
descobrir. 
C - São bens da União os recursos naturais da plataforma continental, sendo esta medida a 
partir da costa até o limite de 12 milhas marítimas. 
D - As terras devolutas são bens exclusivos da União.

Continue navegando