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Atividade 3 - Racismo e a escola

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ATIVIDADE 3 – Racismo e a escola
	A Psicologia Escolar e Educacional tem, progressivamente, identificado a relação entre fenômenos psicossociais e escolarização. Dentre esses fenômenos, encontra-se o racismo como processo estrutural construído histórica e socialmente que impacta o cotidiano de grande parte da população brasileira. Podem-se observar relações entre racismo e: evasão escolar, saúde mental do estudante, motivação escolar, relações interpessoais na escola, dentre outros processos da trajetória escolar. Escolha um desses processos da trajetória escolar. Escolha um desses processos e: a) discuta a relação entre racismo e o processo escolhido; b) desenvolva uma proposta de intervenção da(o) psicóloga(o) escolar e educacional sobre o processo escolhido levando em consideração aspectos relacionados ao fator étnico-racial. 
RACISMO E O FRACASSO ESCOLAR DE CRIANÇAS NEGRAS
De acordo com Rodrigues (2018), o fracasso escolar atinge grande parte das crianças negras dos anos iniciais por diversos fatores, como vulnerabilidade social, aspectos econômicos e até mesmo baixo capital cultural. Entretanto, apesar ser um fenômeno multifatorial, há uma tendência a deslocar o problema para a pobreza e não considerar as questões raciais.
Apesar da pluralidade cultural ter forte presença na escola, não há democracia racial. Percebe-se a tentativa de tornar a pluralidade invisível por meio da não discussão e da conivência, principalmente de professores, frente a atos discriminatórios, de injúria racial e racismo sobre crianças negras no ambiente escolar. Além disso, a própria escola auxilia a produção do fracasso escolar e o mantém, visto que tem como lógica a exclusão daqueles que apresentam comportamento marginal e a seletividade dos que seguem o modelo de referência. 
Soma-se a esses elementos o fato que as crianças ainda são compreendidas por meio de uma visão eurocêntrica, que desconsidera a realidade brasileira e principalmente as influências da cultura negra. Apesar dos avanços da discussão étnico-racial nas escolas, ela não é suficiente visto que, na maior parte das vezes, ocorre apenas em datas comemorativas, reforçando estereótipos e invisibilizando as situações de racismo. Assim, as relações de dominação e desrespeito com as crianças negras permanecem e se manifestam como brincadeiras, piadas e apelidos pejorativos, que são naturalizados na escola. Também se percebe práticas discriminatórias sistemáticas em livros didáticos e na atitude ideológica de professores, diretores e funcionários.
Dessa forma, a banalização das ofensas raciais e atos de racismo dentro da escola, a ausência de modelos positivos de referência, a ausência de acolhimento e de diálogo que habilite a criança a identificar a situação como uma violência e/ou discriminação faz com que crianças que foram submetidas a estas situações se sintam invisíveis, impotentes, subjugadas e envergonhadas. Tais atitudes contribuem significativamente para a criação ou reforço do sentimento de inferioridade e da baixa autoestima, mantendo relações desiguais que culminam no baixo rendimento de alunos e alunas negras, que tendem a repetir e abandonar a escola mais do que os colegas brancos e pardos.
PSICÓLOGO ESCOLAR E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
Segundo Mäder (2016), a Psicologia Escolar e Educacional uma das intervenções possíveis é a discussão sobre o Projeto Político Pedagógico (PPP), que segundo Lopes (2010), combina aspirações da escola e meios para concretizá-las. 
Um questionamento de Rodrigues (2018) é sobre como seria possível respeitar ou valorizar algo que não se conhece, assim, entende-se que a intervenção da/o psicóloga/o na atualização e implementação do PPP pode reduzir a distância entre a realidade ideológica e a realidade concreta dos alunos, tornando a diversidade de fato conhecida e, portanto, valorizável. 
Sugere-se inserir as questões étnico-raciais, o estudo da cultura africana, a compreensão crítica da formação racial do país e o diálogo sobre a pluralidade; fazer propostas de ação concreta de conscientização, identificação e combate ao racismo, determinando qual deve ser a atitude frente a situações de discriminação; definir atividades e projetos educativos considerando as diversas realidades dos alunos, sem atribuir valores como superior ou inferior, e propor métodos de educação e de avaliação que estimulem o interesse do aluno e manutenção e progressão dele no sistema de ensino. Considerando que a escola tem um papel político de formação de cidadãos que, individual e coletivamente modificam os rumos da sociedade, a/o psicóloga/o pode guiar a discussão do PPP para que, pelo menos no ambiente escolar, seja possível criar a sociedade que se deseja, não simplesmente repetir modelos opressivos e desiguais. 
REFERÊNCIAS
LOPES, Noêmia. O que é o projeto político-pedagógico (PPP). Nova Escola Gestão: 2010. Disponível em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/560/o-que-e-o-projeto-politico-pedagogico-ppp>. Acesso em: 06 set. 2021.
PSICOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS DIÁLOGOS SOBRE O SOFRIMENTO PSÍQUICO CAUSADO PELO RACISMO: MÄDER, Bruno Jardini (org.). A(o) psicóloga(o) escolar e o racismo no ambiente escolar. 1ª ed. Curitiba: CRP-PR, 2016. Disponível em: <https://crppr.org.br/wp-content/uploads/2019/05/AF_CRP_CadernoEtnico_Social_pdf.pdf>. Acesso em: 06 set. 2021.
RODRIGUES, Gerusa Faria. O que há por traz do fracasso escolar de crianças negras. Anais do V Colóquio Internacional Educação, Cidadania e Exclusão. Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/42655>. Acesso em 06 set. 2021.

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