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BEM DE FAMÍLIA

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BEM DE FAMÍLIA (DIREITO PATRIMONIAL)
O ordenamento jurídico brasileiro admite duas modalidades de bem de família: bem de família convencional ou voluntário, disciplinado pelo Código Civil nos artigos 1.711 a 1.722; e bem de família legal ou obrigatório, regulado pela Lei nº 8.009/1990.
Tal proteção tem como fundamento a garantia do mínimo existencial, a qual defende um mínimo patrimonial à dignidade do homem.
A proteção do bem de família somente poderá recair em imóvel com destino a moradia. Um bem com destinação empresarial jamais poderá ser considerado bem de família sujeito à impenhorabilidade, pois a norma busca a proteção da família.
OBS - Recentemente, o STJ firmou o seguinte entendimento, consubstanciado no informativo de n° 627: O bem de família é IMPENHORÁVEL quando for dado em garantia real de dívida por um dos sócios da pessoa jurídica, cabendo ao credor o ônus da prova de que o proveito se reverteu à entidade familiar.
 O bem de família é PENHORÁVEL quando os únicos sócios da empresa devedora são os titulares do imóvel hipotecado, sendo ônus dos proprietários a demonstração de que não se beneficiaram dos valores auferidos. Assim, é possível a penhora de bem de família dado em garantia hipotecária pelo casal quando os cônjuges forem os únicos sócios da pessoa jurídica devedora. STJ. 2ª Seção. EAREsp 848.498-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/04/2018 (Info 627).
Quanto ao conceito de bem de família voluntário, tem-se que a proteção de impenhorabilidade e inalienabilidade sob bem imóvel utilizado como residência da entidade familiar ou rendas que sirvam para a manutenção da família.
O CC, em seu art. 1.712, dispõe que o bem de família é formado por prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se, em ambos os casos, a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
Tem legitimidade para criar o bem de família voluntário um dos componentes ou o conjunto do núcleo familiar, mediante escritura pública ou testamento, ou, ainda, por terceiro, sendo constituído através de testamento ou doação, desde que os cônjuges ou a entidade familiar beneficiada aceite expressamente. (art. 1711, do CC)
No caso da instituição de bem de família por apenas um dos cônjuges, não é necessária a outorga do outro, visto que não se trata de oneração, ao contrário, constitui uma proteção ao bem.
Apesar da literalidade do artigo 1.711, do Código Civil, não contemplar o bem de família convencional da pessoa sozinha (solteira, viúva, divorciada, separada), a doutrina e jurisprudência entende que incide a referida proteção ao bem dessas pessoas, desde que preenchidos os requisitos legais.
Em todos os casos, há necessidade de escritura pública, testamento ou doação. Ou seja, não se pode instituir bem de família mediante instrumento particular. Portanto, é inaplicável o artigo 108 do CC, que dispensa a elaboração de escritura pública nos negócios envolvendo imóveis com valor igual ou inferior a 30 salários mínimos.
Exige-se o registro do título no Cartório de Imóveis, a fim de que seja dada a necessária publicidade ao ato. Se o ato não for registrado no cartório imobiliário, implicará em ineficácia em relação aos terceiros de boa-fé. Ou seja, o registro é condição eficacial perante terceiros. (art. 1.714 do CC/02).
Quando a proteção do bem de família incidir em valores mobiliários, não poderão exceder o valor do prédio instituído em bem de família, à época de sua instituição, e deverão ser devidamente individualizados no instrumento de instituição do bem de família (art. 1.713, caput e §1º do CC/02). Já se a proteção incidir em títulos nominativos, sua instituição como bem de família deverá constar dos respectivos livros de registro (art. 1.713, §2º do CC/02).
O instituidor poderá determinar que a administração dos valores mobiliários seja confiada a instituição financeira, bem como disciplinar a forma de pagamento da respectiva renda aos beneficiários, caso em que a responsabilidade dos administradores obedecerá às regras do contrato de depósito (art. 1.713, §3º do CC/02).
Caso a instituição financeira que administra os valores imobiliários de bem de família entre em liquidação, eles não poderão ser atingidos (art. 1.718 do CC/02).
A proteção de impenhorabilidade do bem de família garante isenção de execução por dívidas posteriores à sua instituição, exceto as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio. Em sendo executado e havendo saldo remanescente, este será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz (art. 1.715 do CC/02).
A isenção de execução durará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos completem a maioridade (art. 1.716 do CC/02).
A segunda proteção do bem de família, a inalienabilidade, garante ao bem de família que este apenas poderá ser vendido com autorização judicial, ouvido o MP (art. 1.717 do CC/02).
Se comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas condições em que foi instituído, poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros, ouvidos o instituidor e o Ministério Público (art. 1.719 do CC/02).
A administração do bem de família cabe a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência, se de outra forma não dispuser o seu ato de instituição. Vindo a morrer ambos os cônjuges, a administração passará ao filho mais velho, se for maior, e, não sendo, a seu tutor (art. 1.720 do CC/02).
O rompimento da sociedade conjugal não extingue o bem de família (art. 1.721 do CC/02). Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal (art. 1.721, parágrafo único do CC/02).
A extinção do bem de família, pode dar-se, também, com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela (art. 1.722 do CC/02).
Por fim, válido mencionar que, extinta a proteção de bem de família convencional, nada impede que passe a incidir sobre ele a proteção de bem de família legal, se presentes os requisitos referido na Lei nº 8.009/90.
Diferentemente, bem de família legal consiste na proteção legal de impenhorabilidade por dívidas incidente exclusivamente sob imóvel utilizado para moradia, independentemente de qualquer ato do titular do bem.
O art. 1º da Lei 8.009/90 prevê: o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, exceto nas hipóteses previstas em lei.
OBS - Recentemente, o STF firmou o seguinte entendimento, consubstanciado no informativo de n° 906, segundo o qual não é penhorável o bem de família do fiador no caso de contratos de locação comercial. Em outras palavras, não é possível a penhora de bem de família do fiador em contexto de locação comercial. STF. 1ª Turma. RE 605709/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Rosa Weber, julgado em 12/6/2018 (Info 906).
Tal proteção é decorrente de lei e recai sobre o único bem ou, havendo mais de um, sobre o de menor valor. Ressalte-se que o bem de família legal, por não estar protegido pela cláusula de inalienabilidade, não pode ser alienado conforme a conveniência do titular.
A Súmula nº364 STJ assenta que: o conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

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