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1 ANATOMIA PATOLÓGICA Hoje vamos fazer uma introdução de como a patologia funciona na medicina. Nos métodos diagnósticos temos desde os menos invasivos até os mais invasivos. Na patologia temos 2 métodos de importância de estudo laboratorial: Necropsia ou autopsia médica Patologia cirúrgica Nesses métodos tradicionais utilizamos basicamente a coloração de hematoxilina-eosina. A imuno-histoquímica é usada na anatomia patológica para classificar tipos de tumores pouco diferenciados, tumores metastáticos e ainda avaliar prognósticos de alguns tumores. Pode ser feito também o método de imunohistoquimica. A citopatologia é uma técnica esfoliativa que pode ser dividida em: Raspados Escovados Líquidos corporais Um exemplo de citologia esfoliativa é o estudo da colpocitologia, que é o exame preventivo de câncer de colo uterino, onde se faz a remoção das células epiteliais do fundo do saco vaginal, colo uterino e canal endocervical. Isso é feito a partir de uma remoção com espátula e escova, no canal endocervical. Por esses métodos se analisa as alterações celulares, não se vê a arquitetura histológica, se analisa uma célula isolada ou um grupo de células. PATOLOGIA NO CUIDAO DE PACIENTES COM CÂNCER/RISCO DE DESENVOLVER CÂNCER A patologia tem uma atuação bastante importante na participação do patologista no cuidado de pacientes com câncer/risco de desenvolver câncer. Através da patologia é possível fazer: Diagnostico precoce – screening Diagnostico de lesões clinicas: classificação, grau, estadiamento Acompanhamento de cirurgias: em algumas cirurgias o patologista está presente, fazendo o congelamento de biopsias, podendo assim, ser avaliado rapidamente. Monitorização de respostas ao tratamento: pode ser feita através de marcadores teciduais, avaliando a resposta do paciente. Necropsias: feitas em pacientes que evoluem de forma não satisfatório, sendo assim, muitas vezes pe feita para saber o motivo da morte ou para mostrar uma evolução de tumor. LIMITAÇÕES Elas existem pela: 2 Subjetividade Variabilidade entre observadores Cursos diferentes para o mesmo diagnostico Heterogeneidade dos tumores/tecidos : num corte do mesmo tumor, como na imagem abaixo, podemos ter imagens bem diferentes Nessa imagem temos um tumor de mama, que tem origem em ductos mamários, adenocarcinoma, neoplasia de origem glandular. Em uma área o tumor é bem diferenciado, tem ductos glandulares bem formados. Já em outra área tem ninhos mais sólidos, numeração celular maior, núcleos mais hipercromáticos, mais irregulares, tendo assim, uma diferença de graduação. Alguns médicos retiram 2 focos de lesão e mandam pra laboratórios diferentes, assim, podemos ter interpretações diferentes, não pelo patologista, mas por conta da biopsia para analise. A clínica é soberana sempre: o diagnostico de uma patologia é feita por anamnese + exame físico ± exames complementares. Promovendo verdade na clinica, na cirurgia e na patologia. OS EXAMES COMPLENETARES SÃO COMPOSTOS POR: Colorações especiais Imuno-histoquímica: é um método que se utiliza anticorpos específicos contra antígenos teciduais. Pode ser utilizada em situações que o tumor é pouco diferenciado. FISH: é uma hibridização “in situ” fluorescente. É uma técnica que utiliza sondas de DNA de um gene ou região de interesse marcadas com fluorófuros e o seu resultado é avaliado em microscópio de fluorescência com filtos de luz específicos para cada sonda no exame. ISH PCR: reação da cadeia em polimerase Pesquisa de translocações: biologia molecular. Etc. Nessa peca cirúrgica temos um segmento de mama com tumor mamário. Podemos ver que temos um tumor retirado com margens de segurança coradas com nanquim. Além do diagnostico do tipo histológico e tamanho da lesão temos que saber onde está localizado o tumor, margens cirúrgicas, etc Na punção por agulha fina geralmente temos uma lesão palpável a partir da pele que é possível puncionar com uma agulha fina. Assim, podemos fazer um esfregaço contendo essa células tumorais, assim é possível fazer um diagnóstico de 3 forma rápida sem precisar fazer a biópsia, desde que a lesão seja grande e acessível. No maior aumento é possível ver células tumorais em maior detalhe. A biopsia por agulha grossa faz uma remoção de tecido como se fosse um clindro, essa lesão e corada com HE. Estudo anatomopatológico, pode ser de uma biópsia com agulha. Tem ductos constituídos pelo revestimento de células epiteliais atípicas. Fundo rosado é depósito de colágeno, que faz com que o tumor fique mais duro e firme em relação ao tecido mamário adjacente. É uma reação fibroblástica e vascular à presença da célula tumoral. Chamada de reação desmoplásica. Confere ao tumor consistência cirrosa (firme, endurecido e fibroso), duro, fica mais fácil de ser palpável por conta da diferença entre o parênquima normal e o tumoral. Ninhos de células tumorais. Entre esses ninhos tem material homogêneo, eosinófilo, que é a reação desmoplasica. Filete nervoso, corte transversal. Ninho de células neoplásicas fazendo infiltração peritumoral, característica de agressividade de células neoplásicas. Geralmente investiga invasão vascular (sanguínea e linfática) e invasão neural, importante para o prognostico de algumas patologias. A imuno-histoquímica é importante para avaliar as respostas dos tumores e traçar um tratamento. Mesmo exame sendo submetido a um estudo imunohistoquimico para pesquisa de receptor de estrogênio por exemplo. Pesquisa de receptor de estrogênio, progesterona e HER2. É importante avaliar as respostas desses tumores. Todos os núcleos que estão com a coloração marrom escura são positivos para o receptor de estrógeno (RE). Quando ele é positivo é possível utilizar uma medicação que faz com que essa paciente tenha um bloqueio desses receptores, então após a cirurgia evita a disseminação da neoplasia, evita o crescimento da lesão, pois esses tumores são 4 conhecidamente responsíveis a hormônios (estrogênio e progesterona principalmente). O bloqueador é utilizado e os tumores costumam ser controlados. Tratamento feito por 5 anos nas pacientes que apresentam positividade, com tamoxifeno. Quando a paciente apresenta negatividade isso acaba sendo um prognóstico ruim pois acaba não tendo como fazer uma manipulação terapêutica. GRADAÇÃO Em relação a formação de túbulos: No caso do adenocarcinoma quanto maior a formação de túbulos mais bem diferenciado ele é. • Grau 1: >75% do tumor formando tubulo. É bem diferenciado. • Grau 2: 10-75% do tumor formando tubulo. É moderadamente diferenciado. • Grau 3: <75% do tumor formando tubulo, pouco diferenciado. Pleomorfismo pode ser: Leve Moderado Marcado Atividade mitótica: • Grau 1: <6 mitoses, bem diferenciados • Grau 2: 7-15 mitoses, moderado • Grau 3: >15 mitoses, pouco diferenciado ESTADIAMENTO Tamanho: •T0: não é palpável. Só é visualizado em métodos de imagem •T1: 0-2 cm •T2: 2-5 cm •T3: acima de 5 cm •T4: pode ser pequeno mas é fixado a estruturas, pode tem infiltração LINFONODOS N1: linfonodos regionais afetados N2: linfonodos distantes afetados Metástase: M0: ausência de metástase M1: presenca de metástase MARGENS CIRURGICAS Toda peça cirúrgica precisa ter suas margens avaliadas. Nessas imagens temos um segmento de mama, lesão central. Margens da lesão pintadas por tinta nanquim. Cores diferentes são usadas pois muitas vezes o seguimento de mama vem marcado de acordo com o posicionamento anatômico. 5 Cada margem é pintada de cor diferente para indicar ao cirurgião se existia alguma margemcomprometida e qual era essa margem. Pela coloração sabe qual é a margem. Nesse caso tem um Tumor que foi totalmente retirado com margens cirúrgicas mínimas Os exames atuais são importantes para saber como o tumor vai se comportar e o que pode ser feito clinicamente para fazer o tratamento do paciente. É de extrema importância o conhecimento da biologia molecular, não só na mama, mas no caso de outras lesões. Avaliação do C-KIT, que está relacionado ao crescimento celular. Muitas vezes em caso de mutação do C- KIT em alguns tumores gastrointestinais, por exemplo, ao usar bloqueador consegue controlar o crescimento dos tumores. EXAME INTRAOPERATÓRIO POR CONGELAÇÃO O aparelho é chamado de criostato, lá o material é congelado, se transforma em um bloco de gelo junto com um gel. Ele é cortado e corado ou por azul de metileno ou por hematoxilina eosina, mas não fica com a mesma qualidade do material de Hematoxilina Eosina, mas se consegue muitas vezes chegar ao diagnostico. Principais indicações: Classificar o tumor como benigno ou maligno Avaliar margem cirúrgica Em caso de um paciente com tumor cerebral, que é um tumor de difícil classificação diagnóstica, local de difícil acesso. As vezes o neurocirurgião remove um fragmento do tumor para saber se ele realmente chegou ao tumor, pois as vezes alguns tumores tem uma grande área de necrose, hemorragia, então as vezes só se pega hemorragia ou tecido necrótico, com isso o cirurgião pode procurar mais material. SOLICITAÇÃO DO EXAME ANÁTOMO- CITROPATOLÓGICO É importante: Preenchimento correto do pedido Acomodação do material em meio apropriado: formol a 10% é um fizador que deve ser usado, sendo o fixador ideal para peças cirúrgicas, sendo assim, importante ter uma quantidade ideal para que o material fique bem fixado. Identificação correta dos materiais Envio do material ou entrega ao paciente Pontos principais na requisição: Natureza do exame (qual exame será feito) Indicação clínica 6 ENTRADA NO LABORATÓRIO DE PATOLOGIA Deve ser feito: Conferência do material Conferência do conteúdo dos frascos Identificação correta dos materiais Envio do material para o setor de macroscopia É IMPORTANTE ESCREVER A LÁPIS, POIS QUANDO VAZA FORMOL MANCHA O QUE ESTÁ ESCRITO DE CANETA. Biópsia de pele. Carcinoma de pele. Lesão trabecular na área central. O material é examinado em termos de tamanho, coloração, consistência, peso (mas pele n costuma pesar). Mede a distância da lesão ate as margens cirúrgicas. As margens aqui são pintadas com nanquim para avaliar a extensão da lesão ate as margens. O material é cortado longitudinalmente. Os dois fragmentos menores correspondem as bases das margens de menor eixo. São colocados nessas caixas que são chamados de cassete plástico, que vai ter o mesmo número da requisição e do pedido do exame. A identificação é colada na requisição também. Avaliação de margem cirúrgica de um segmento intestinal: Paciente com tumor de cólon distal. Lesão que fez constrição do calibre, cresce causando uma estenose. Margem proximal e margem distal. A lesão causa uma semi-oclusão da luz intestinal, então a parte proximal se dilata mais que a distal. Processamento: retira o conteúdo da luz intestinal, lava com soro fisiológico e estende em uma placa de isopor os alfinetes para fixar de forma adequada. Material depois de fixado. Processar, avaliação das margens. Vai avaliar margem proximal e a margem distal (mais distante da lesão). 7 Depois se faz um corte da própria lesão. A partir disso é possível avaliar desde a superfície da mucosa E o grau de progressão da lesão até a serosa e subserosa, sendo possível ver o quanto ele infiltra a parede intestinal. Isso é importante para a avaliação do prognóstico. QUANDO CONSEGUE AVALIAR MARGEM, TIRANDO A LESÃO COM MARGEM DE SEGURANÇA, ISSO É UMA BIÓPSIA EXCISIONAL. POIS EXCISOU A LESÃO E AVALIOU AS MARGENS (COMO NOS DOIS EXEMPLOS VISTOS, ONDE SE RETIROU A LESÃO COM MARGEM). QUANDO SÓ SE PEGA UM FRAGMENTO DA LESÃO, É UMA BIÓPSIA INCISIONAL. APARELHO HISTOTÉCNICO Processa o material. A partir do momento que o material passa pela descrição e avaliação macroscópica, ele passa por esse aparelho. Nesse aparelho o material vai tomando banhos progressivos de álcool, xilol, até chegar na parafina. Quando chega na parafina (esta está liquida, derretida) ele vai ser incluído e formando blocos de parafina. Depois de formar os blocos de parafina ele vai ser cortado no micrótomo, em cortes bem finos. Esses cortes passam no banho maria que faz com que esse corte bem fino cole na lâmina, depois esse material passa por uma estufa de parafina. Posteriormente é corado por Hematoxilina Eosina finalizando a lamina. CRIOSTATO DE CONGELAÇÃO Pode estar fixo no chão (geralmente é o que se encontra em laboratórios), ou portátil. Através dele é possível congelar e corar o material. Corta o material, faz um bloco de gelo com o uso de um spray, gel, e é corado. RELEMBRANDO ALGUNS CONCEITO DE PATOLOGIA 1) Etiologia: está relacionada a fatores intrínsecos e adquiridos. 2) Patogenia: sequencia de eventos que acontecem nas células e nos tecidos em resposta ao agente etiológico. 3) Alterações morfológicas: se referem a Macroscopia e microscopia. 4) Manifestações clínicas CITOPATOLOGIA E MÉTODOS DIAGNÓSTICOS Citologia esfoliativa: é o exame de células que são passadas espontaneamente para os líquidos ou secreções corporais Ex.: escarro, liquido cefalorraquidiano, urina, efusões das cavidades corporais 8 Na foto, temos uma carcinomatose peritoneal. Paciente com tumor de cólon que fez implantes em todo peritônio (pontos esbranquiçados). Quando se tem implante tumoral, é desencadeada uma reação inflamatória que faz com que haja uma exsudação de líquido (contendo células inflamatórias, hemácias, etc). As células tumorais tem tendência de se disseminar com facilidade, por isso elas podem ser encontradas nesse liquido peritoneal. Ao puncionar, é possível identificar esse material na citologia. Citologia abrasiva (raspado, escovamento): as células são deslocadas das superfícies corporais (pele, membranas mucosas, membranas serosas) de forma artificial por diferentes instrumentos. Ex.: esfregaço cervical (raspado endocervical com escov ou raspado ectocervical com espátula de Ayre). Carcinoma de cervix. Indicação: raspado endo e ectocervical. Colo uterino. Lesão infiltrativa. Lesão invasiva. Quando passa a espátula nessa lesão e se estende o esfregaço do material na lamina e esse material é corado (em geral pelo papanicolau) é possível classificar essas lesões. Nesse caso a lesão é mais avançada. As lesões pré-neoplásicas, lesões inflamatórias, podem ser identificadas por esse método. Nos parâmetros mofológicos teremos: Esfregaço cervicovaginal normal que mostra células escamosas, núcleo pequeno (quanto mais superficial menor o núcleo, mais picnótico). No fundo do esfregaço tem lactobacilos que são frequentes na flora vaginal, e algumas células inflamatórias, principalmente neutrófilos. Além disso a relação nucleo-citoplasma dessas células está completamente normal, obedecendo a proporção de células normais. 9 Displasia moderada cervical: No esfregaço alterado algumas alterações são importantes. É possível visualizar algumas células normais com núcleo pequeno, mas também células com núcleo maior, com nucléolo evidente, relação núcleo citoplasma altera, contorno desses núcleos é irregular. Lesão pré-neoplásicas. Paracoccidioidomicose: roda de leme, aspecto clássico do paracoco, presente em mucosa bucal por exemplo. A anatomia patológica também estuda lesõesinflamatórias, lesões pseudotumorais, com indentificação de alguns fungos. PAAF (citologia por aspiração com agulha fina): as células são obtidas por aspiração sob pressão negativa através de uma agulha de calibre fino. Cell block Depois que o material é colhido, os esfregaços são feitos utilizando duas lâminas, nunca chegando até o final da lâmina. Quando o material é preparado no esfregaço tem que colocar imediatamente em álcool a 95%, para ter fixação adequada. NO PREVENTIVO PODE SER USADO ÁLCOOL, MAS QUANDO NÃO TEM ATÉ O LAQUÊ DE CABELO PODE SER USADO PARA FIXAR. Cell Block: é o método de estudo que se faz após a punção. As vezes sobra material no canhão da agulha, pega-se esse material e faz um bloco de parafina, corta e cora com HE. É um método de estudo bastante eficaz. Duas lesões do pulmão. Tem técnicas diferentes de se pesquisar esse tipo de lesão. Carcinoma de células escamosas em brônquio principal. Pode fazer Escovado dessa lesão, ou até uma biópsia por broncoscopia, tem uma facilidade de ter acesso a essa lesão, podendo ter essa lesão representada. Quando a lesão é periférica, normalmente se faz analise por imagem ou biópsia por agulha. 10 Tumores mais centrais. Podem ser obtidos por agulhas, mas dependendo do tamanho as vezes ate por escarro. Células grandes, núcleos hipercromaticos, maiores que o normal e citoplasma vermelho ou ceratinizado. No caso do escarro tem que ter cuidado na colheita, colher material no fundo da árvore respiratória. Quando esse material é raspado e colocado na lamina é possível identificar as hifas. Pela coloração PAS é possível identificar muco e estruturas fúngicas, na imagem é possível ver hifas, septos entre elas e esporos. Criptococose. Coloração nankim. Estruturas arredondadas com halo ao redor Leishmaniose. Coloração Giemsa Punção tireoide. Estica a pele com dedo para facilitar entrada. 11 Possível identificar lesões tumorais, tireoidites.. deve ser feito por pessoas experientes, em nódulos que tem indicação pois nódulos muito pequenos podem não ser puncionados. Não pode anestesiar. Quando o nódulo tireoidiano é puncionado, essa lesão encontrada pela agulha pode ser feito um diagnostico de carcinoma papilar de tireóide . É uma lesão mais liquida, nódulo bem delimitado com formação de papilas visíveis até na macro. Quando puncionado por agulha fina pode revelar algumas atipias citológicas que são características de carcinoma papilar. Núcleos grandes e soltos no meio do fundo necrótico. O que chama atenção no núcleo que está com a seta é uma lesão que é chamada de inclusão intranuclear. Núcleo tem centro claro e a periferia mais escura pois a cromatina fica mais periférica. Muitas vezes esses núcleos ficam em fenda. Carcinoma folicular: quando se vê só a célula folicular. Esse paciente ja vai precisar ser submetido a uma cirurgia para identificar se a lesão é benigna ou maligna. 12 NECROPSIA É fundamental para o surgimento da medicina moderna, sendo o principal exame de documentar as estruturas anatômicas. AUTÓPSIA = NECROPSIA. Ele possibilita diferenciar os estados de normalidade e de estados patológicos dos sistemas e órgãos. Através da comparação e análise criteriosa, foram sendo propostas as alterações próprias de cada órgão que justificasse os sintomas prévios e a causa da morte. Por muito tempo, a manipulação de cadáver era considerada um crime, e quando era realizada era considerada uma coisa ilegal. São realizados em apenas alguns casos e temos 2 modalidades: Investigação Forense (Jurídica/Criminal): determinação e documentação da causa de mortes provocadas (mortes não naturais e não decorrentes de agravamentos patológicos). Verificação de óbito/hospitalar (SVO – serviço de verificação de óbito): avaliar causas de mortes que não foram provocadas (estudo das patologias e agravo da saúde que podem ter culminado a morte). A primeira tem implicações legais, enquanto a segunda tem função cientifica. MORTES PROVOCADAS: PAF, PERFURAÇÃO DE ARMA BRANCA, ACIDENTES AUTOMOBILÍSTICOS, ATROPELAMENTO, AFOGAMENTO, ENVENENAMENTO, CONDIÇÕES QUE CAUSEM DANOS FÍSICOS SEVEROS (TCE POR QUEDA POR EXEMPLO), ETC; MORTE NÃO PROVOCADA: MORTES DECORRENTES DO PROCESSO DE SENSIBILIDADE DO CORPO (DEFICIÊNCIA ORGÂNICA, EVOLUÇÃO DE PROCESSOS PATOLÓGICOS, ETC). Os casos de morte não provocada/ de causas naturais que DEVEM ser examinados por exame de necropsia são os caos em que NÃO se sabe quais as patologias ou processos apresentados pelo paciente anteriormente a seu falecimento ou casos em que há necessidade de documentação de processo patológico (solicitação dos médicos assistentes e autorização da família). Perguntas: O que significa IML e SVO? Quais suas funções? Teoricamente os casos de morte provocada devem ser examinados obrigatoriamente em IML enquanto outros casos de mortes não suspeitas/ não provocadas devem ser examinados em SVO. SE DESCOBRIREM QUE UM CASO PROVAVELMENTE AO PROVOCADO ESTA NO SVO PODE SER UM CASO DE MORTE POTENCIALMENTE PROVOCADO, DEVE-SE NOTIFICAR O IML MAIS PRÓXIMO E TRANSFERIR O CASO. Em alguns casos, os hospitais podem dispor de serviços de necropsia próprios para realização de autopsias de mortes não provocadas(geralmente hospitais universitários ou especializados). DECLARAÇÃO DE ÓBITO Todos os óbitos devem ser atestados (é um documento que atesta a morte). NEM TODO CASO DEVE SER NECROPSIADO, MAS TODO CASO DEVE SER ATESTADO. 13 Em grande parte dos casos não é necessário submeter o paciente à necropsia, pois é possível preencher o DO com informações do prontuário. A DO É PREENCHIDA EXCLUSIVAMENTE POR UM MÉDICO, ASSIM, DEVEMOS PREENCHER COM CALMA E DA MELHOR FORMA POSSÍVEL. Os objetivos principais da DO são: Documento padrão para a coleta das informações sobre mortalidade-base para estatísticas vitais e epidemiológicas De caráter jurídico (notificação jurídica de que o individuo não está mais vivo) O que o médico não deve fazer: Assinar DO em branco. Utilizar termos vagos para o registro das causas de morte como parada cardíaca, parada cardio-respiratória ou falência múltipla de órgãos. Cobrar pela emissão da DO. Quando emitir? Em todos os óbitos (natural ou causa externa). Quando a criança nascer viva e morrer após o nascimento, independente da duração da gestação, do peso e do tempo que tenha permanecido vivo. No óbito fetal, se a gestação teve duração igual ou superior a 20 semanas, ou feto com peso igual ou superior a 500 gramas, ou estatura igual ou superior a 25 centímetros. Quando não emitir? Óbito fetal com gestação de menos de 20 semanas, ou menos de 500g, ou menos de 5 centímetros. (Porém, caso a família queira, pode emitir). Peças anatômicas amputadas – peças anatômicas retiradas por ato cirúrgico ou de membros amputados (o médico elabora um relatório em papel timbrado do hospital descrevendo o procedimento realizado). Quem deve emitir (em caso de morte natural em paciente assistido)? O médico eu rotineiramente prestava assistência ao paciente, sempre que possível. Médico assistente ou médico substituto ou médico plantonista para óbitos de pacientes sob regime hospitalar. O médico designado pela instituição que prestava assistência, para óbito de pacientes sob regime ambulatorial. O médico do programa de saúde da família, programa de internação domiciliar e de outros programas semelhantes, para óbitos em pacientes que estavam em tratamento domiciliar. O SVO PODE SER PROCURADO EM CASOS QUE O MÉDICO ASSISTENTE NÃO CONSIGA CORRELACIONAR O ÓBITO COM O QUADRO CLÍNICO. Quem deve emitir (mortenatural em pacientes sem assistência medica0? SVO nas localidades que dispõem deste serviço O médico de serviço público mais próximo ao local de ocorrência do evento Encaminhamento para o IML. OBS.: NA AUSÊNCIA DO MÉDICO E DO SVO QUALQUER MÉDICO DEVE FAZÊ-LO. Quem deve emitir (morte po causas externas)? Médico legista em IML 14 Em localidades sem IML, qualquer médico passa a aturar como perito legal. Estrutura geral da DO: Bloco 1: cartório Bloco 2: identificação Bloco 3: residência Bloco 4: local de ocorrência Bloco 5: óbito fetal ou menor de 1 ano são informações fundamentais para o estudo da mortalidade infantil Bloco 6: condições e causas do óbito As causas anotadas na DO são todas as doenças que produziram a morte ou contribuíram para a mesma, além das circunstâncias do acidente ou da violência que produziram essas lesões. O médico deverá declarar as causas da morte anotando apenas um diagnostico por linha Parte I a. Causa imediata ou terminal (Causa do Óbito) b. Causa intermediária (Evolução/ Progressão/ Agravo) c. Causa intermediária (Evolução/ Progressão/ Agravo) d. Causa básica da morte (Doença de Base) Parte II Outros estados patológicos significativos que contribuíram para a morte, não estando, entretanto, relacionados com o estado patológico que a produziu. 15 Bloco 7: médico Bloco 8: causas externas Bloco 9: localidade sem médico Exemplos de como preencher: 1) Paciente alcoolista crônico, de longa data, com cirrose hepática, hipertensão portal e varizes de esôfago. Fez ruptura de varizes, sangramento abundante, choque hipovolêmico e faleceu. 2) Paciente com carcinoma de pulmão, metástases para vários órgãos, muito emagrecido, evoluiu com broncopneumonia persistente e faleceu. 3) Paciente hipertenso, com enfisema pulmonar, sofreu AVE hemorrágico, cursando com desvio da linha média e intenso edema cerebral, falecendo 4 dias após a internação. 4) Paciente de 77 anos, durante viagem, caiu da escada e fraturou o fêmur. Foi operada e no 5° dia de internação fez broncopneumonia evoluindo com sépse e choque séptico. No 7° dia faleceu. Era também portadora de miocardiopatia e artrite reumatóide. Quem e como deverá ser preenchida sua DO ? UTILIZAÇÃO DE CADÁVER NÃO RECLAMADO LEI 8501 DE 30/11/1992. O CADÁVER NÃO RECLAMADO JUTO ÀS AUTORIDADES PÚBLICAS, NO PRAZO DE 30 DIAS, PODERÁ SER DESTINADO ÀS ESCOLAS DE MEDICINA, PARA FINS DE ENSINO E DE PESQUISA DE CARÁTER CIENTÍFICO. Usos da DO: Interesse legal Interesse demográfico Interesse epidemiológico Fatores que prejudicam a qualidade das estatísticas de mortalidade relacionados à DO: Subregistro Causas mal definidas Codificação incorreta Omissão 16 Variáveis ignoradas Preenchimento incorreto 17 OBJETIVOS DA AULA: Revisar conceitos aprendidos na disciplina de patologia Aprender aspectos morfol´gicos relacionados as neoplasias de um modo geral Identificar os achados específicos ou não específicos das neoplasias Aprender sobre os critérios utilizados para a classificação das neoplasias REVISANDO CONCEITOS A patologia/anatopato estuda o comportamento das células, comparando o seu aspecto habitual e suas alterações. Essas alterações podem ser oriundas desde respostas adaptativas a um dano reversível ou estimulo especifico (hiperplasia, hipertrofia, atrofia e metaplasia), até mesmo evidências da morte celular (necrose e apoptose). Outros eventos observados são decorrentes de mudanças na estrutura genética das células, evidenciadas sob a forma de alterações no formato, disposição, cor e etc. Essas alterações são chamadas de ATIPIAS e podem ter origens diversas. O QUE DETERMINA A ATIPIA DAS CÉLULAS? A atipia das células vai depender de características genéricas e específicas: Genéricas: representam a evidencia da proliferação celular anormal, seja em decorrência de altas taxas de replicação ou na verificação de alerações nas estruturas básicas da célula, como aspecto do núcleo, membrana celular e citoplasma. GERALMENTE ESTÃO PRESENTES NA GRANDE MAIORIA DOS TUMORES. Específicas: representam achados que podem estar relacionados a manutenção das características do tecido de origem (por exemplo a queratinização de células escamosas) ou aquisição de características peculiares, próprias de determinado tumor (por exemplo núcleo em vidro fosco ou pseudoinclusões no carcinoma papilífero de tireoide). PERMITEM CARACTERIZAR UM TUMOR OU UM GRUPO DE TUMORES. A identificação dessas alterações é realizada através da comparação do tecido alterado com o tecido normal e a prospecção de alterações que embasem o diagnóstico (seja em correlação com a suspeição clínica ou através de achados de especificidade). Então, primeiro vamos identificar alterações que nos permitem chegar a conclusão de que aquilo que vemos é uma neoplasia e depois iremos analizar os achados que nos permitem identificar a linhagem da neoplasia. Nessa imagem temos a visão microscópica da pele, aqui temos células escamosas com um achado peculiar, que é a replicação muito alta 18 dessas células e isso ocorre porque na membrana basal existem células tronco, que vai gerenciar essa replicação. Então, podemos repara que na membrana basal temos células com o núcleo maior e citoplasma escasso, e quando ela vai amadurecendo, isso se inverte. Assim, na imagem temos um tecido escamoso e na parte de cima uma camada de queratina. Aqui, podemos ver uma pele normal, os ncleos tem mais ou menos os mesmos tamanhos e cores bem parecidas. Nessa imagem temos nucelos muito escuros e com formatos muito diferentes, assim começamos a desconfiar que não está no padrão de normalidade. . Aqui temos um tecido tireoidiano, que e organizado em folículos, e os principais tumores de tiroide são originados nas células que revestem os folículos. Nessa imagem parece que os núcleos vazios e isso é um achado muito característico da neoplasia maligna de tireoide. DISPLASIA É um termo utilizado para várias entidades não necessariamente relacionadas, que cursam com a proliferação anormal dos tecidos. A utilização especifica do termo, no entanto, refere-se a proliferação de tecido anormal. (atípico). A displasia é verificada como uma alteração citológica e arquitetural (organização do tecido) dos tecidos epiteliais. SEMPRE QUE FALARMOS DE DISPLASIA NAS AULAS, SABEMOS QUE O TECIDO TEM MODIFICAÇÕES ATÍPICAS. 19 Geralmente as alterações citológicas estão relacionadas a características comuns a lesões neoplásicas (atípicas) porem de forma discreta. As alterações arquiteturais geralmente estão relacionadas à perda ou redução no processo de amadurecimento ou na maturação das células. AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES CONSIDERADAS COMO ATIPIA SÃO: Pleomorfismo (nuclear): aspecto variado do núcleo, cada um tem um formato diferente. Hipercromatismo: o núcleo está muito mais escuro do que deveria estar. Índice mitótico elevado/mitoses atípicas Aqui temos um pedacinho de um exame de esfregaço. Podemos ver uma célula escamosa não amadurecida, possuindo o núcleo mais escuro e com formato irregular. Quando a gente avalia as alterações citológicas, temos um reflexo do que está acontecendo no processo de evolução nesse tecido. Aqui estamos diante de uma pele onde conseguimos observar muito bem o processo de amadurecimento. Aqui estamos diante de um quadro de displasia severa, podendo observar alterações nucleares das células e uma arquitetura de que todo tecido escamoso foi substituído por células atípicas. O que vai determinar o grau de uma neoplasia é justamentequanto do tecido “normal” ela foi capaz de ocupar. Aqui temos exemplos de pelomorfismo e mitoses anormais. 20 Aqui temos exemplos de pleomorfismo e mitoses anormais. Sempre que vermos uma imagem bem colorida, com células enoveladas temos a imagem de uma mitose, nos tumores a alteração genética pode ser tão intensa que esse DNA pode se dividir em 2/3/4 e formar uma figura completamente atípica. Nessa imagem temos a perda do processo de amadurecimento mas quando chega la em cima ainda temos umas células que vão para o processo de queratinização. A lamina basal é super importante, uma vez que e composta por moléculas de adesão que formam um espécie de trama exercendo assim, um processo de proteção. Quando observamos uma atipia muito grande e que atravessa a lamina basal, podemos concluir que ali existe uma neoplasia maligna. Nesse caso ainda não podemos considerar como uma neoplasia maligna, assim, estamos diante de um carcinoma em situ. Aqui temos uma mitose bem de perto e bem atípica. Aqui podemos notar que temos muitas mitoses em um mesmo aumento, assim, temos um sinal de que é algo que está crescendo muito rápido. Alguns tumores são caracterizados por terem muitas mitoses e quase nada de diferenciação. 21 Aqui temos outro exemplo de um corte de intestino grosso com a formação de túbulos (microvilosidades.) Quando temos uma neoplasia nesse local, vemos que na camada basal temos uma estratificação do epitélio colunar, tendo em grande maioria células caliciformes. CLASSIFICAÇ~EOS DAS NEOPLASIAS As neoplasias são caracterizadas então, pela atipia. Pode ser a nível citológico ou arquitetura e ainda podem ser caracterizadas pelo COMPORTAMENTO dessa lesão. Comportamento: está relacionado ao padrão de crescimento ou apresentação dessa lesão (expansiva, invasiva, restrita ao tecido, bem delimitada, etc.). Quando a proliferação apresenta características morfológicas invasivas, muito provavelmente estamos diante de uma neoplasia maligna. ATENÇÃO: O TERMO DISPLASIA É UTILIZADO NAS LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS E NEOPLASIAS BENIGNAS JUSTAMENTE PARA AVALIAR O RISCO QUE ESTA LESÃO TEM DE SE TORNAR INVASIVA => POR ESTE MOTIVO NÃO SE UTILIZA O TERMO DISPLASIA PARA SE REFERIR AS NEOPLASIAS MALIGNAS (TERMINOLOGIA). A DISPLASIA PODE SER CLASSIFICADA COMO DE ALTO OU DE BAIXO GRAU DE ACORDO COM A INTENSIDADE DOS ACHADOS QUE A CARACTERIZAM... Aqui podemos ver uma displasia ACENTUADA. Já as neoplasias malignas, como não utilizamos o termo displasia (afinal presume-se que se ela é maligna ela JÁ APRESENTA ATIPIAS + INVASÃO), classificamos como sendo de Baixo grau (ou Bem Diferenciada) ou de Alto Grau (ou Pouco Diferenciada). Nem toda neoplasia maligna apresenta invasão e nem toda neoplasia que apresenta invasão é 22 maligna, mas geralmente... Invasão é um sinal de comportamento agressivo. QUANDO EVIDENCIAMOS EM UMA LESÃO PRECURSORA ACENTUADA ATIPIA, CONFIGURANDO A DISPLASIA DE ALTO GRAU, MAS SEM INVASÃO, PODEMOS CHAMAR ESTA LESÃO DE CARCINOMA “IN SITU” (OU SEJA, QUE AINDA NÃO INVADIU). Carcinoma de células escamosas bem diferenciado. Carcinoma de células escamosas pouco diferenciado. 23 CAVIDADE ORAL Deve ser avaliada a presença de: Cáries: são formadas por colônias bacterianas com capacidade de degenerar a estrutura do esmalte, levando a danificação de estruturas mais internas, podendo ter complicações mais severas. Devemos avaliar o estado da higiene bucal do paciente, já que grandes partes dos caos de endocardite estão relacionados com essa higiene. Gengivite: pode estar relacionad a processos inflamatórios que podem ser infecciosos, pode estar relacionada também a placa bacteriana e tártaro. Periodontite: ocorre em alguns casos mais graves, em alguns pacientes, independe da higiene, pois estes tem uma saliva com maior disposição e proliferação bacteriana, assim, mesmo que haja uma boa higiene, ainda há uma alta chance de existir processos inflamatórios recorrentes e destrutivos da região da gengiva. A ENDOCARDITE É UMA DAS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES QUE EXISTEM EM PACIENTES COM PROBLEMAS NA CAVIDADE ORAL (ESSAS LESÕES PERMITEM A ENTRADA DE BACTÉRIAS NA CORRENTE SANGUÍNEA) E SE MANIFESTA CLINICAMENTE COMO UMA FEBRE SILENCIOSA, DE ORIGEM OBSCURA. QUANDO SE INVESTIGA, ALGUNS ACHADOS LABORATORIAUS INDICAM ENDOCARDITE. 24 LESÕES INFLAMATÓRIAS E REACIONAIS: Granuloma piogênico: é uma das principais lesões da cavidade oral e consiste em uma estrutura que contém tecido de granulação, com proliferação de fibroblastos, vasos sanguíneos e infiltrado inflamatório (que estará ali em decorrência de dano provocado por estímulo mecânico). Sua principal característica é possuir uma proliferação vascular. Ocorre principalmente em pacientes com prótese, aparelho ortodôntico, mas também pode ter causa idiopática. O granuloma pode promover o destacamento ou deslocamento dos elementos dentários lembrando uma neoplasia verdadeira, mas ele não tem nenhuma relação com neoplasia, é um pseudotumor. Na histologia é possível visualizar o tecido de granulação, que é a proliferação de fibroblastos, vasos sanguíneos e infiltrado inflamatório (linfócitos + neutrófilos). Fibroma ossificante periférico B Granuloma periférico de células gigantes Glossite Aftas: podem ser cuasadas por agentes infecciosos como mononucleose e outros agentes infecciosos, por dano químico ou mecânico Independente do tamanho, elas são evidencias de um processo de ulceração da mucosa. Infecções: entre as infecções, teremos: 1. Herpes Simples (HSV1 ou HSV2): tem aspecto macroscópico de várias bolhas bem pequenas (pápulas) que vão crescendo e confluindo, dando o aspecto de cacho de uva, como na foto abaixo. Na microscopia podemos ver que o vírus atua diminuindo a capacidade da célula infectada de produzir partículas de adesão, com isso, os queratinócitos começam a ficar arredondados e vão se desprendendo uns dos outros, formando assim, uma bolha com queratinócitos ao redor. 25 Esse fenômeno é chamado de acantólise (perda das partículas de adesão). A acantólise pode ter várias causas, mas nesse caso é por uma ação direta da replicação viral. Na imagem acima, podemos analisar a evidencia da replicação viral. Há uma diferença dos queraatinócitos, onde parece existir vários núcleos, acarretando assim, um aspecto de vidro fosco, com as bordas coloridas e o centro mais rosado/avermelhado. Além disso, temos a imagem do empilhamento de moeda (um núcleo em cima do outro), típico do vírus da herpes. Nessa imagem conseguimos ver melhor o sinal de empilhamento de moeda. GERALMENTE NÃO SE FAZ EXAME DE HERPES, POIS A MESMA POSSUI UMA CLÍNICA MUITO CARACTERÍSTICA. 2. Mononucleose infecciosa (EBV): também pode ser causador de afta. 3. Citomegalovírus 4. Rubéola 5. Sarampo 6. Candidíase oral: ocorre muito frequentemente em pacientes imunodeprimidos ou que usaram corticoides tópicos. Pode acontecer naturalmentetambem em alguns casos. Pode ser algo mais sutil ou mais característico. Na clínica, temos a formação de placas brancas, que, quando raspadas, se destacam facilmente e o local embaixo fica com aspecto 26 eritematoso/avermelhado, característico de uma inflamação. Então, são placas que se destacam, podem acometer qualquer local do tubo digestório e também pode aparecer em forma de placa bem branca ao longo da língua, Na microscopia, é possível visualizar estruturas fúngicas. TUMORES DE CAVIDADE ORAL E LESÕES PRÉ-NEOPLÁSICAS: O tecido que reveste a cavidade oral e a parte inicial das vias aéreas é o TECIDO ESCAMOSO NÃO QUERATINIZADO.A queratinização é responsável por conferir resistência mecânica e por impermear o tecido, assim, as principais lesões vão surgir PRTIR DESSE TIPO DE TECIDO. Carcinoma de células escamosas (CEC): corresponde a 95% dos tumores malignos, tem um maior ocorrência em pacientes co 50-70 anos de idade, e seus locais de aparição mais frequentes são assoalho da boca, língua, palato mole e base da língua. Os casos de metástases mais frwquentes desse tumor, se concentram nos linfonodos cervicais (principalmente), fígado, pulmão e osso. OS LINFONODOS CERVICAIS SÃO OS PRINCIPAIS SITIOS DE METASTASE EM NEOPLASIAS DE CABEÇA E PESCOÇO EM UM GERAL. O prognóstico da doença tende a ser bom, uma vez que a apresentação clínica desses tumores tende a ser muito precoce, além disso, é um tumor que responde muito bem a radioterapia. Porém, ela vai variar de acordo com o tamanho do tumor, quanto ele está infiltrado no tecido e se tem acometimento de linfonodos. Em sua patogenia, está relacionado principalmente ao tabagismo e etilismo crônico, mas atualmente vem sendo relacionado ao HPV (20-30% dos tumores - 6, 15 e 18) e pode estar ou não relacionado a alterações genéticas. O CEC apresenta diversos nomes. A origem da sigla advém de um dos nomes em desuso (Carcinoma Escamo-Celular), também pode ser conhecido como Carcinoma Epidermóide e Carcinoma Escamoso. Pode ocorrer em diversas partes do corpo principalmente pele, orofaringe, esôfago e pulmão. Pode surgir de tecido escamoso e em tecidos que sofreram metaplasia. No caso de CEC de orofaringe, há uma sequencia de eventos que ocorrem geralmente e manifestam clinicamente seguindo um espectro de agravamento de atipias celulares (alterações arquiteturais e displasia). Na caidade oral, as lesões neoplásicas possuem uma cadeia de eventos bem estabelecida: 27 - Sequência de carcinogênese (manifestação de alterações iniciais, via de regra consequências de fatores de agressão e/ou mutações iniciais) - Noplasias de novo (lesões já surgem como neoplasias malignas sem terem passado por lesão precursora). A DISPLASIA PODE SE BASEAR PRINCIPALMENTE EM 2 TIPOS DE ALTERAÇÃO: ALTERAÇÃO DA PRÓPRIA CÉLULA E ALTERAÇÃO ARQUITETURAL. Leucoplasia: é uma lesão de aspecto macroscópico esbranquiçado e que está mais rlacionada ao tabagismo. Possui uma menor chance de se tornar um tumor maligno, sendo assim, uma displasia de baixo grau. Assim, leucoplasia se apresenta como uma palca braca que não se destaca na coletagemou ou como placas de espessamente na cavidade oral, não tendenciando a ser uma lesão infecciosa. Pode ocorrer em qualquer local da cavidade oral, podendo surgir um carcinoma dessa lesão. Além disso, junto da leucoplasia, pode ocorrer também a eritroplasia. Na microscopia podemos avaliar que há a presença de hiperceratose (aumento da produção de queratina no local da lesão sendo ela, uma das responsáveis pelo aspecto brancacento da lesão), acantose (hiperplasia do tecido escamoso com aumento da amplitude). A displasia nesse caso, ocorre sob a forma de perda de polarização/maturação da células escamosas. QUANDO HÁ DISPLASIA, HÁ PERDA DA SEQUENCIA E BSERVAM-SE QUERATINOCITOS COM ASPECTO BASAL ASCENDENDO EM DIREÇÃO A SUPERFÍCIE. QUANDO ELES OCUPAM ATÉ 1/3 DA CAMADA ESCAMOSA, CONSIDERA-SE DISPLASIA LEVE, QUANDO OCUPAM 2/3, MODERADA E QUANDO OCUPAM TODA A CAMADA CONSIDERA-SE ACENTUADA, SENDO DENOMINADA NESTE ULTIMO, CARCINOMA “IN SITU”. 28 Na imagem acima vemos uma mucosa escamosa normal, não está queratinizando. Na parte basal as células tem o núcleo maior, o citoplasma curto e uma coloração mais roxa. Nessa imagem temos uma DISPLASIA LEVE. Os núcleos grandes começam a ocupar amaior parte do tecido, sendo que essa camada basal era para ser curta. Aqui temos uma DISPLASIA DE ALTO GRAU OU MODERADO. As células da camada basal são quase idênticas a camada superior. Já nessa imagem temos uma DISPLASIA DE ALTO GRAU OU MODERADO. Aqui temos células com núcleo grande e citoplasma pequeno ocupando 2/3 do tecido. Eritroplasia: é uma lesão com o aspecto avermelhado, mais relacionada com o alcoolismo. Possui uma maior chance de se tornar um carcinoma, sendo caracterizada assim, como uma DISPLASIA DE ALTO GRAU. 29 Como podemos ver nas imagens, a eritroplasia aparece como forma de placas vermelhas aveludadas, que sangram facilmente, que não regridem com o tempo e não estão relacionadas a dor. A área elevada associada que pode ser um carcinoma in situ ou um CEC já com área de invasão. A LEUCOPLASIA E A ERITROPLASIA PODEM OCORRER EM CONJUNTO, INCLUSIVE A ERITROPLASIA PODE SURGIR COMO UM PROCESSO E EVOLUÇÃO DE UMA LEUCOPLASIA. Aqui podemos ver que as células são idênticas em todo tecido, sendo uma DISPLASIA DE ALTO GRAU, acentuada. Podemos dar 2 diagnósticos nesse caso, displasia de alto grau/ carcinoma in situ. O núcleo em relação ao citoplasma tem uma proporção idêntica em todo o tecido. Macroscopicamente essas lesões podem evoluir para CEC. 30 Quelite Actinica: é uma lesão pré neoplásica relacionada a exposição prolongada de radiação do sol (raios UV). É uma lesão ulcerada, independente de ser no lábio, será preciso fazer a retirada da lesão depois de ter bipsiado e visto que tinha uma displasia. Os achados histológicos são parecidos. É importante lembrar que é uma lesão percursora também. Em alguns casos, o patologista pode fazer a congelação, consegue reavaliar as margens. Quando se está diante de uma lesão que possui atipias celulares muito acentuadas ainda assim não é possível chamar a lesão de CEC. O PRINCIPAL CRITÉRIO PARA CLASSIFICAR A LESÃO COMO CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS/CARCINOMA INVASOR É QUE ELE TENHA INVASÃO, ENTÃO, É PRECISO VER AS CÉLULAS TUMORAIS ROMPENDO A LAMINA BASAL. É possível visualizar uma espécie de “cogumelo” na imagem, nesse caso, as células ainda não romperam a lamina basal. Então, nesse caso não temos um CEC. 31 Aqui temos as células crescendo de forma desordenada, com alguma satipias, núcleos são mais escuros que outros e possuem formatos diferentes. Aqui temos células invadindo todo o tecido abaixo da mucosa, tendo assim, um CEC. A proliferação de células escamosas não está mais restrita a superfície do tecido, é possível ver que essa proliferação está permeandotoda a estrutura do tecido. As células estão formando várias áreas de infiltração tumoral, não tendo mais a manutenção da arquitetura do tecido normal. O tratamento desse tumor é cirúrgico. VIAS AÉREAS SUPERIORES Rinites Pólipos nasais Sinusite LESÕES NECROSANRTES DONARIZ E VIAS AÉREAS SUPERIORES: Granulomatose de Wegener Granuloma letal da linha média Infecções disseminadas NASOFRINGE Inflamações : faringites, amigdalites TUMORES Angiofibroma: é um tumor de nariz onde temos uma proliferação de vasos + fibroblastos. Não é muito frequente, mas pode ter crescimento rápidp, geralmente ocupa uma das cavidades nasais podendo promover o desvio da linha média com eu desenvolvimento, acomete mais homens jovens. É um tumor que sangra com muita facilidade. 32 Diferente do tecido de granulação/granuloma piogênico, o que se observa é que não vai ter infiltrado inflamatório associado e que os fibrovlastos ativados estão bem mais nítidos. O citoplasma está bem rosa. Formação de aspecto mais coeso entre os vasos sanguíneos e por isso é um tumor que sangra com facilidade, tem muito vaso sendo formado dentro dele. É um tumor benigno sem risco de malignização que ao ser ampliado é possível observar que tem um ou outro fibroblasto atípico, mas não é uma neoplasia que vá evoluirpara malignidade ou cursar com metástase. Papilomas sinonasais: é um tumor com aspecto que discretamente lembra um couve flor, sendo um pouco verrucoso. Grande parte das lesões papilomatosas são decorrentes de infecção por HPV. O papiloma nada mais é que uma proliferação que vai se tornar proeminente e o tecido escamoso cresce para acompanhar essa papila. É uma estrutura tumoral que pode ser maligo ou benigno. Pode ter atipia ou não e nesse caso pode evoluir para CEC. Neuroblastomas olfatórios: tumor que surge a partir das células do bulbo olfatório. Um dos principais sintomas é a perda do olfato. 33 Ao olhar a TC e identificar a lesão tem uma grande chance de ser um neuroblastoma. O prognostico depois da retirada do tumor é bom e costuma não causar mais danos ao paciente além da perda do olfato. Ele é o que chamamos de protótipo dos tumores de células pequenas, redondas e azuis. Citoplasma é escasso e com núcleo bem redondo. Carcinomas nasofaríngeos OLHOS TUMORES Retinoblastoma: tumor que surge da retina, mais comum na infância. Pode ser identificado no teste do olhinho, ao invés de existir essa reflexão normal mais avermelhada acaba tendo essa coloração mais clara. O paciente acaba ficando cego do olho acometido e caso demore a fazer o diagnóstico, pode acometer estruturas importantes. Há o risco de ser bilateral e está relacionado ao gene RB. Além disso, está relacionado a outros tumores, como osteossarcoma. 34 Na microscopia achamso as rsetas, espécie de botão e as células ficam ao redor, indica que tem uma diferenciação neuronal. Células redondas, hipercromáticas. Melanoma Uveal: no adulto é o principal tumor maligno que acomete o olho e geralmente surge da retina também. É muito silencioso. O exame de fundo de olho consegue ver a área onde o tumor está situado com essa coloração enegrecida que é típica dos tumores que produzem melanina. Quando se faz a retirada completa do olho é possível ver o melanoma. Pode ser composto por células fusiformes, alongadas, que lembram fibroblastos ou neurônios. Também pode ter aspecto que lembra um tecido escamoso. Ou seja, pode imitar o aspecto microscópico de vários tumores. 35 LARINGE A laringoscopia é um exame que é importante para verificar as cordas vocais, e toda essa região. Importante analisar principalmente de pacientes que são tabagistas ou etilistas pois nessa região ainda tem revestimento de células escamosas, sendo possível ter carcinoma de células escamosas nessa região da laringe. Pode ter as mesmas lesões precursoras, displasia, carcinoma in situ (tudo que foi visto na cavidade oral também pode se repetir aqui). Um dos principais sintomas é a rouquidão. O tumor pode ser de 2 aspectos, verrucoso ou ulcerado (um pouco pior pois significa que ele pode estar crescendo em direção aos tecidos profundos). Macroscopicamente não é possível identificar se a lesão está inicial ou não. Esse tumor cresce rapidamente e tem alta capacidade de invadir. 36 Quando ele acomete toda essa região e chamado de tumor transglótico, acomete desde a região da glote até a região das pregas vocais, tem prognostico muito ruim. O principal agente relacionado é o tabagismo. Mutações: TP53 inicialmente (displasia), p63 e NOTCHI => Regulação do ciclo celular => Células replicam desordenadamente. Infecções pelo HPV => principalmente subtipo 16 => Super expressão de p16 => Curiosamente em região de orofaringe a infecção pelo HPV isoladamente parece pouco relacionada ao surgimento do CEC, dependendo de “mecanismos de gatilho” que induzam proliferação tecidual, como por exemplo os danos causados pelo tabagismo e alcoolismo. NESTE CASO, OS TUMORES INDUZIDOS PELO HPV TÊM PROGNOSTICO MELHOR QUE OS HPV NEGATIVOS. O estadiamento do tumor não depende em si do tamanho do tumor, depende do quanto esse tumor está invadindo profundamente os tecidos. É bem parecido com a displasia de cavidade oral, só que nesse caso o nome usado é lesão displásica/displasia epitelial de alto, baixo ou moderado grau. Os achados histopatológicos são os mesmos, perda da polarização, displasia das células. O que determina o grau da lesão serão a altura que os núcleos atípicos vão estar dispostos dentro do tecido. Nessa imagem temos o achado de PONTES INTERCELULARES, que são como “cabelinhos” que ligam uma célula a outra, essas estruturas são as partículas de adesão entre as células, desmossomo. As células quando queratinizam formam pérolas córneas, quando não ocorre, mas tem essas pontes, podemos identificar o tumor. Pérolas córneas: 37 Na imagem abaixo podemos visualizar a invasão da lesão: O prognostico do tumor de laringe vai depender da localização e estadiamento do tumor (os nas pregas vocais tendem a ser mais agressivos). O seu tratamento é cirugico. PESCOÇO Cisto branquial (linfoepitelial): Face antero-lateral cervical – parótida – base da língua Cisto tireoglosso Paragangliomas (tumores neuro endócrinos) Paragânglios extra – adrenais ou para vertebrais. Paragânglios ao redor de grandes vasos como os corpos carotídeos aórticos, gânglios jugolotimpânicos, gânglio nodoso do nervo vago e agrupados localizados nas cavidades oral, nasal, nasofaringe, laringe e órbita. GLANDULAS SALIVARES Inflamações (sialoadenite) Sindrome de Sjögrem: relacionada a destruição autoimune das glândulas salivares, levando a xerostomia (principal sintoma). Sialolitíase: uma das complicações mais frequentes da mucocele que consiste em um cisto que vem a partir do conteúdo que a glândula salivar produz e ele é formado por conta da obstrução da drenagem das glândulas. É muito comum nas glândulas salivares menores e mais cmum nas glândulas salivares maiores. Clinicamente ocorre um aumento da região local, aumento da consistência, temperatura e volume. As glândulas salivares estarão dilatadas por obstrução. 38 Xerostomia NEOPLASIAS Adenoma pleomórfico ou tumor misto de glândula salivar: acomete principalmente a parotida. Não é um tumor maligno mas tem risco de se tornar e quando isso ocorre, recebe o nome de CARCINOMA EX – ADENOMA PLEOMÓRFICO (tumor misto maligno). Geralmente é bem delimitado e precisa ser retirado com uma margem cirúrgica completa, uma vez que possui recidiva frequente. Cápsula fibrosa bem desenvolvida. Esse tumor tem células fusiformes no seu estroma, que produzem matriz extracelular que é muito parecida com a matriz do tecido cartilaginoso, e por isso recebe o nome de condróide (roxo). O tumor tem 3 componentes: proliferação de células epiteliais que vai esboçando os ductos ao longo do tumor, células fusiformes que estão ao redor das células tubulares e a matriz. 39 QUANDO VÊ CONDROIDE + FORMAÇÃO DE TÚBULOS + CÉLULAS FUSIFORMES = ADENOMA PLEOMÓRFICO. O diagnóstico de carcinoma ex – adenoma pleomórfico é dado quando o pacienta já teve esse tumor e ele aparece em outra parte do corpo diferente. Carcinoma mucoepidermóide: é um dos tumores malignos mais frequente de glândulas salivares. Esse tumor tem células que produzem muco e céulas epidermoides. Na microscopia é possível ver que uma parte desse tumor é igual ao CEC e outra parte com células caliciformes. Geralmente é um tumor que quase não possui atipia celular. 40 INTRODUÇÃO – MÓDULO 1 LOCALIZAÇÃO A tireoide é um órgão sólido constituídos de 3 unidades, 3 lobos (direito, esquerdo e istmo) que envolve a estrutura da traqueia. É importante lembrarmo-nos disso porque os sintomas que vão ser apresentados tem relação direta com a localização doórgão. FUNÇÃO É um órgão endócrino responsável pela produção dos hormônios T3 e T4 (triiodotironina e tiroxina) e da calcitonina (hormônio intimamente relacionado a dinâmica de absorção do cálcio). Esses hormônios atuam sistemicamente, ativando os receptores de hormônio da tireoide. Um dos principais localiza-se no núcleo das células, gerando um complexo hormônio-receptor que regula a transcrição de um grupo de genes. Em síntese, os hormônios tireoidianos vão promover uma ativação do metabolismo celular, induzindo assim, o catabolismo de carboidratos e lipídios e promoção da síntese proteica. Por conta disso que esse hormônio é muito importante, não só ao longo da vida, mas também nas fases iniciais do desenvolvimento. A dinâmica de produção desses hormônios, depende de um equilíbrio muito complexo do eixo hipotálamo-hipófise-tireoidianos, que tem todo aquele processo com feedback: Nessa imagem vemos justamente o mecanismo de regulação desses hormônios. Assim, temos o TRH que é o hormônio liberador da tireotrofina (produzido no hipotálamo), esse hormônio quando liberado, atuará na hipófise (mais especificamente adenohipófise) estimulando-a a liberar o TSH (hormônio estimulante de T3 e T4), esse atuará se ligando na tireoide estimulando a liberação dos hormônios tireoidianos. Esse mecanismo é controlado por um feedback negativo de T3 e T4, que regula a liberação desses hormônios. Ele atua tanto na hipófise, quanto no hipotálamo inibindo essa liberação de TRH e TSH. 41 HISTOLOGIA Nessa imagem temos uma visão do tecido tireoidiano normal. O que observamos de mais evidente na imagem é o colóide, onde é armazenada a tireoglobulina (que seve para a produção de T3 e T4 a partir da adição de íons de iodo). Depois disso, temos as células foliculares que constituem a parte efetora da tireoide, essas são células epiteliais responsáveis pela produção de tireoglobolina e de sua ativação através do iodo (produzindo assim, o T3 e T4). Não podemos esquecer, que entre as células foliculare, temos alguns “pontinhos mais escuros”, que são as células C ou parafoliculares, essas, são células neuroendócrinas que produzem a calcitonina (que está relacionada com a função hipocalcêmica). GRANDE PARTE DOS TUMORES IRÁ SURGIR A PARTIR DAS CÉLULAS FOLICULARES. MÉTODOS DE AMOSTRAGEM A avaliação do funcionamento adequado da tireoide pode ser realizada através de vários exames, mas geralmente há uma ordem a ser seguida. Sabemos que algumas patologias de tireoide não apresentarão sinais e sintomas, sendo assim assintomática. Sabemos que a clínica é soberana e temos que ter a clínica justamente como ponto de partia, mas de acordo com a idade e perfil do paciente, podemos realizar o screaning, pedindo a dosagem de alguns hormônios tireoidianos para realizar uma acaliação. Inicialmente a dosagem sorológica dos hormônios tireoidianos pode ser utilizada de quadros que cursem com alterações no funcionamento da glândula (hipo ou hipertireoidismo) ou mesmo, estados mais complexas, como estados subclínicos (quando os hormônios efetores nãoestão alterados, mas temos alteração do TSH). Temos que saber que de todos os hormônios que são liberados e podem ser dosados, o TSH é o hormônio mais sensível (por estar localizado no meio do caminho entre o hipotálamo e a tireoide e responder para os 2 lados). Dando sequencia a essa cadeia de investigação, não podemos esquecer dos exames de imagem e podem ser utilizados tanto na presença quanto na ausência de sinais e sintomas, e quando não temos alterações laboratoriais. O principal exame a ser empregado é a USG, principalmente com a utilização do doppler (que é essencial para fazer a classificação das massas tireoidianas, assim podemos saber se isso se trata de uma neoplasia ou um bócio). Utilizamos esses dados da USG+Doppler para fazer a CLASSIFICAÇÃO DE CHAMMAS, que vai justamente avaliar o padrão de distribuição e fluxo sanguíneo dentro dessas massas tireoidianas, assim, ela nos dá o padrã vascular dessas lesões. A USG ainda auxilia no adequado posicionamento para a realização da punção aspirativa por agulha fina (PAAF), sendo este hoje o principal exame de amostragem de tecidos tireoidianos, utilizado 42 para o rastreio das lesões tireoidianas benignas ou malignas (temos uma única excessão). Também há a indicação de utilizar a USG com doppler, justamente ara identificar as estruturas vasculares e não atingi-las. Comparando com o outro lado, vemos que há uma irregularidade no tecido que está circulado na imagem. Nessa imagem, vemos que com a classificação de chammas Imagem de realização da PAAF. Imagem da USG no momento que estamos realizando a punção. Outro exame de imagem frequente é a cintilografia. Através dela é possível avaliar a atividade metabólica do tecido tireoidiano. Geralmente ela é empregada em condições que o médico suspeita que o paciente tem alguma neoplasia. Ela tem caído em desuso por ser mais cara que a técnica de PAAF e o resultado por mais que tenha algum valor, não norteia a conduta. O PRINCIPAL NORTEADOR DE CONDUTA NOS CASOS TIREOIDEANOS É O USG + PAAF. 43 Demos um contraste à base de iodo para o paciente, na imagem vemos que áreas mais metabolicamente ativas vão apresentar um aumento nesse contraste (fica mais vermelho). De acordo com sua característica, podemos classificar um nódulo como quente ou frio. Se é muito metabolicamente ativo = nódulo quente. Se é pouco metabolicamente ativo = nódulo frio. No caso das lesões potencialmente neoplásicas, que podem se apresentar como massas ou formações císticas, conforme exposto previamente, há necessidade de amostragem. Então, já falamos que a primeira abordagem se dá pela USG, que podemos utilizar da PAAF para caracterizar melhor a lesão, mas vale a pena dizer que a PAAF por si só é somente o ato de puncionar o nódulo, o exame em si que vai nos ajudar é o de avaliação citológica do produto aspirado. Assim, a PAAF é o exame de punção e o de avaliação é o citológico. A PAAF obtém o conteúdo destas lesões de forma minimamente invasiva e o mesmo precisa ser examinado de alguma forma. A partir deste conteúdo, são realizadas lâminas de esfregaço e (em alguns casos) também realizada a confecção de bloco celular a partir do material remanescente. Nessa imagem temos um esqueminha que podemos avaliar a triagem e progressão de amostragem habitual dos exames de tireoide. 1- Punção por PAAF 2- Colocação do que foi puncionado em lâminas 3- Esfregaço 4- Visão microscópica 44 A partir dessa visão microscópica, iremos fazer a avaliação de algumas características (que nós não precisamos saber por que é complexo) e concluir se aquele material é neoplásico ou não. Então, a partir da visão citológica acima, estamos vendo um espelho das características normais, assim, essa imagem acima é o desejado. Quando começamos a observar algumas alterações quando ao tamanho, cor e formato do núcleo, arranjos arquiteturais específicos, nós temos alguns dos critérios que nos possibilitam identificar se é neoplásico ou não. Temos que saber que essas alterações existem porque esse é o exame padrão ouro para diagnóstico de patologia da tireoide. Quando isso começou a ser discutido, por volta dos anos 2000, buscou-se criar um sistema (BETHESDA) que utiliza critérios morfológicos das células (tamanho, aspecto do núcleo e arranjos apresentados) para a classificação dos exames citológicos de tireoide. Este pe considerado o PADRÃO OURO. Quando mencionamos a PAAF, estamos falando desta complementariedade entre punção e o exame citológico. Aqui temos as categorias sistema: A categoria 1 é ade não- diagnostico/insatisfatório, a 2 inclui todas as condições benignas (relacionada a bócio, nódulos/cistos colóides), a 3 que é quando temos algumas alterações que não deixam o patologista tranquilo, mas que ele também não tem como afirmar que o que ele tem ali é neoplásico, a categoria 4 é muito interessante por ser onde temos uma neoplasia folicular ou suspeita de neoplasia folicular (isso significa que você não menciona se ela é maligna ou benigna), por fim, temos a categoria 5 e 6 como suspeita de malignidade e maligno. Ao analisa a tabela, vemos que mesmo as categorias que são classificadas como benignas podem apresentar algum risco de malignidade, isso significa que mesmo os exames categorizados como benigno ou atipia branda, podemos ter a não amostragem ou não valorização de algumas partes. DEVEMOS LEMBRAR QUE O EXAME CITOLÓGICO NÃO CONSEGUE DIFERENCIAR A NEOPLASIA FOLICULAR BENIGNA DA MALIGNA. Assim, a partir do resultado do exame, partimos para a conduta. Quando há indicação, pode-se retirar parte da tireoide (lebectomia segmentar), um dos lobos (lobectomia), grande parte (tireoidetomia subtotal) ou toda a tireoide 45 (tireoidectomia), cada uma dessas, apresenta uma indicação formal para a sua realização. Então, a amostragem parcial (biopsia incisional, biopsia por agulha grossa ou a lobectomia segmentar) raramente é utilizada, justamente porque a interpretação dos exames de imagem em correlação com os achados citológicos norteiam qual a conduta adequada a ser tomada. Aqui temos uma lobectomia Aqui temos uma tireoidectomia total. PATOLOGIAS NÃO NEOPLÁSICAS – MÓDULO 2 Nesse assunto, iremos falar sobre: Hipotireoidismo Hipertireoidismo Tireoidites Doença de Graves Bócio Vale ressaltar que tanto o hipo quanto o hipertireoidismo são estados relacionados a diversas causas, que são suas patologias de base. Ou seja, diversas doenças podem causar ambas as condições, incluindo as tireoidites e as próprias alterações envolvidas no processo de instauração do bócio. HIPOTIREOIDISMO É uma desordem estrutural ou funcional que interfere na produção ou na efetividade dos hormônios tireoidianos, ou seja, temos uma diminuição ou completa remissão dos hormônios tireoideanos. Pode ser dividida entre primária e secundária. 46 Curiosamente, entre os casos primários nessa tabela, temos como uma das causas modernas, a retirada cirúrgica da tireoide. Atualmente, a principal causa de hipotireoidismo é a tireoidite de Hashimoto (que abordaremos no tópico de tireoidites). Na antiguidade, porém, uma das principais e mais evidentes causa de hipotireoidismo era o bócio em decorrência da deficiência de iodo. Outra forma importante dessa doença é o hipotireoidismo congênito, que quando não diagnosticado ao nascimento ocasionava uma condição conhecida como cretinismo (nada mais é que uma deficiência tireoidiana em que não ocorrem os estímulos para o desenvolvimento de todo sistema neuromotor). Hipotireoidismo congênito: Pode apresentar causas diversas. Desde malformações do órgão até a síntese inadequada dos hormônios tireoidianos ou mesmo a deficiência de iodo. Sua peculiaridade é justamente quando há diagnóstico tardio, visto que nas primeiras semanas de vida o portador é assintomático. => Hormônios tireoidianos maternos ainda presentes na circulação do indivíduo. Os hormônios tireoidianos são essenciais para ativação do metabolismo celular e mesmo manutenção da atividade de síntese proteica basal. Sua deficiência nos estágios iniciais do desenvolvimento podem gerar danos irreparáveis no desenvolvimento neuropsicomotor (o que é característico do cretinismo), com déficit global. A inclusão de testes de rotina no período perinatal permitiu identificar e tratar estes casos de forma precoce => Teste Guthrie (Teste do Pezinho). Imagem de um quadro de cretinismo: baixa estatura, fronte e boca bem pronunciadas. Quando ocorre deficiência na ingestão de iodo na primeira infância, um quadro de Cretinismo tardio pode se instaurar. Em locais onde havia pouca oferta de iodo na dieta regular, este quadro era endêmico. Quando ocorre ao longo da vida do indivíduo, apresenta repercussões menos graves, porém ainda importantes. O quadro clássico de hipotireoidismos avaliado clinicamente é denominado MIXEDEMA e corresponde a sinais e sintomas como: fadiga, apatia, letargia, alterações de humor, constipação, pele fria, redução da frequência 47 cardíaca, sensação térmica de frio, queda de pelos, unhas quebradiças, aumento dos níveis séricos de colesterol e LDL, edema as custas de acúmulo de componentes da matriz extracelular, apresentando uma consistência mais firme. O edema das cordas vocais pode provocar mudança no timbre (a voz fica mais grave). HIPERTIREOIDISMO Desordem de origem diversa que cursa com aumento da produção ou resposta aumentada aos hormônios tireoidianos, ou ativação dos receptores hormonais por outras estruturas. Pode estar relacionada desde interferências no eixo hipotálamo-hipófise- tireoidiano (um Adenoma Hipofisário secretor de TSH), até uma resposta imuno-mediada, como ocorre na principal causa de hipertireoidismo na atualidade, que é a Doença de Graves. Os quadros clássicos geralmente estão relacionados a TIREOTOXICOSE e se manifestam com os seguintes sinais e sintomas: agitação, irritabilidade, sudorese excessiva, taquicardia, velocidade de transito intestinal aumentada, “calor” e/ ou sudorese excessiva, insônia, tremor, queda de cabelo, fraqueza muscular etc. DISCUSSÃO PERTINENTE: TANTO HIPO QUANTO HIPERTIREOIDISMO PODEM SE APRESENTAR COM NÍVEIS NORMAIS DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS... NO PRIMEIRO MÓDULO MENCIONAMOS QUE UM DOS PRINCIPAIS HORMÔNIOS A SER DOSADO É O TSH E QUE ESTE É O HORMÔNIO MAIS SENSÍVEL DENTRE OS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS. ISTO OCORRE JUSTAMENTE PORQUE SUA LIBERAÇÃO É MODULADA TANTO PELO T3 E T4 QUANTO PELO TRH. O TSH ESTÁ CONSTANTEMENTE SE AJUSTANDO PARA MANTER O FUNCIONAMENTO ADEQUADO DA TIREOIDE. JUSTAMENTE POR CONTA DESTA MODULAÇÃO, NÓS PODEMOS, POR EXEMPLO, TER UMA PRODUÇÃO COMPENSATÓRIA DE TSH NOS QUADROS EM QUE A PRODUÇÃO BASAL DE T3 E T4 LIVRE ESTÃO INSUFICIENTES. BEM COMO PODEMOS TER UMA REDUÇÃO NOS NÍVEIS DO MESMO QUANDO ESTA PRODUÇÃO ESTIVER ELEVADA. HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO – NÍVEIS NORMAIS DE T3 E T4 COMPENSADOS POR TSH ELEVADO. HIPERTIREOIDISMO SUBCLÍNICO – NÍVEIS NORMAIS DE T3 E T4 COMPENSADOS POR TSH REDUZIDO. Assim sendo, HIPERTIREOIDISMO ≠ TIREOTOXICOSE, toda tireotoxicose está relacionada ao estado de hipertireoidismo, mas nem todo estado de hipertireoidismo está relacionado com uma tereotoxicose, justamente pelo caso de hipertireoidismo subclínico. TIREOIDITES TIREOIDITE INFECCIOSA Podem ter causas diversas, mas decorrem predominantemente de processos imuno- 48 mediados/ doenças autoimunes, podendo inclusive estar relacionadas a outras doenças sistêmicas. Menos frequentemente, podemos ter a Tireoidite Infecciosa. Geralmente esta está relacionada a manipulação local prévia ou a progressão de infecção proveniente de outros sítios (contiguidade ou hematogênica). Geralmente apresentam etiologia viral, mas em alguns casos podem estar relacionadas a agentes bacterianos (principalmente nos casos de procedimentos invasivos). O principal agente é o S. aureus. Indivíduos imunocomprometidos estão mais suscetíveis não só as tireoidites infecciosas como um todo, mas a sua ocorrência por agentes atípicos. Nessa imagem temos um caso de tireoidite supurativa, principalmente em casos bacterianos, podemos observar os sinais flogísticos. TIREOIDITE DE HASHIMOTO Também conhecida como Tireoidite Linfocítica, é a principal causa dehipotireoidismo nos locais onde há aporte adequado de iodo na alimentação. Foi descrita em 1912 pelo médico e patologista Hakaru Hashimoto. Este observou que em alguns casos de aumento do volume da tireoide, ao exame microscópico notava-se um característico “estroma linfomatoso”. Trata-se de uma destruição gradual e autoimune (perda da auto tolerância) do tecido tireoidiano levando, em longo prazo, a uma insuficiência do tecido. Mas... Inicialmente pode haver um hipertireoidismo transitório. Quando vamos observar a tireoidite de Hashimoto, precisamos observar algumas coisas que estão acontecendo, como a perda de tolerância: deixamos de reconhecer o epitélio da tireoide como sendo “self” e passamos a reconhece-lo como “non-self”, assim passamos a nos auto-atacar. A partir disso temos uma atividade inflamatória mediada por 3 tipos celulares principais: Inicialmente temos uma ação mediada por linfócitos Tcitotoxicos Podemos ter injuria mediada por uma indução e ativação de macrófagos pelos linfócitos Thelper E podemos ter a ação direta de anticorpos induzindo a opsonização e destruição das células foliculares a partir das células NK Assim, temos: 49 Ocorre predominantemente em indivíduos do sexo feminino (10-20:1) com pico de incidência entre 45 e 65 anos. Atualmente, tem ocorrido em pacientes mais jovens, principalmente em portadores de outras doenças autoimunes. Pode estar relacionada a alguma predisposição genética (tendência familiar). Pode se manifestar com aumento e endurecimento do órgão, além dos outros sintomas de hipotireoidismo, instaurando-se de forma progressiva. PODE ESTAR RELACIONADA A OUTRAS DOENÇAS COMO: LUPUS, DIABETES TIPO I, SD. DE SJÖGREN, ESCLERODERMIA, LIFOMA NÃO HODGKIN, DENTRE OUTRAS. Pode estar relacionada a aumento nos riscos de desenvolvimento de Carcinoma tireoidiano. Aspectos macroscópicos Tamanho aumentado Coloração pálida: pardo clara, acinzentada ou mesmo brancacenta Consistência mais firme Aspectos microscópicos: Aqui temos os folículos tireoideanos normais Comparando com a imagem acima, podemos reparar que há acumulo de células escuras com coloração azulada. 50 Se pararmos para reparar, veremos que temos aspectos ondulantes dentro dos acúmulos celulares. Na imagem ainda conseguimos distinguir alguns colóides, que são as células mais rosadas (eosinofílicas) e redondinhas. Quando olhamos mais de perto, vemos que conseguimos distinguir mais algumas alterações. Nessa imagem não conseguimos distinguir os folículos tireoideanos. Mais uma coisa que chamamos atenção, é que temos alguma células bem pequenas e de núcleo redondinho infiltrando esse tecido, essas células nada mais são do que linfócitos e plasmócitos. Obviamente não conseguimos distinguir nessa imagem o que é o que, mas temos um infiltrado inflamatório crônico. Nas setas observamos uma célula com características de uma célula epitelial, com a presença de um citoplasma bem amplo e eosinofílico. Nessa imagem temos “mais ou menos” a mesma coisa da imagem anterior, porem com uma detalhação maior. Temos células com características epiteliais, não conseguimos observar a formação de folículos mais e observamos linfócitos permeando todo o tecido. Ao olharmos com mais calma, observamos que na área circulada, temos uma estrutura bem rosinha no meio, que não possuem núcleo. essas estruturas, são remanescentes de folículos tireoideanos que passaram por um processo de atrofia em resposta imunomediada por esses linfócitos. Então, as células foliculares quando são atacadas por esse processo de inflamação, resistem de alguma forma (por essa permanência de folículos). Para resistir elas passam por um processo de mudança, chamado de METAPLASIA. Nessa imagem, ao olhar com um maior aumento, podemos perceber que há uma área tireoidiana que ainda possui folículos tireoidianos, uma área de interface, onde esses folículos possuem tamanho reduzido com linfócitos de permeio (possivelmente causando essa redução dos folículos) e áreas em que não temos mais folículos tireoidianos, onde temos a ocupação desse espaço por linfócitos e centros germinativos. Os centros germinativos são locais onde ocorre a produção de anticorpos (que vão estimular ainda 51 mais o processo de inflamação), isso evidencia um dos mecanismos relacionados a etiopatogenia da tireoidite de Hashimoto. Uma coisa extremamente importante quando observamos essa foto é que podemos distinguir facilmente 3 áreas. Quando temos o folículo linfoide com centro germinativo causando essa agressão baseada tanto em ação citotóxica, quanto ação mediada por macrófago, quanto agressão mediada por anticorpo, teremos então as células foliculares respondendo e resistindo essa agressão através de metaplasia. Essa metaplasia é conhecida como metaplasia das células de Hurthle ou apenas células de Hurthle, que são células com um citoplasma maior, com o núcleo bem redondinho e com o citoplasma rosinha. -> É BEM CARACTERISTICA DA TIREOIDITE DE HASIMOTO. Então, como já foi falado, além da ocupação do tecido tireoidiano por esse tecido linfoide, podemos ter também uma substituição do tecido linfoide por fibrose, levando de uma forma mais tardia a uma diminuição do tecido tireoideano. Então para esquematizar, nessa patologia podemos ter: Folículos tireoidianos atróficos Diminuídos em tamanho Pouco ou nenhum colóide Metaplasia de céls foliculares Citoplasma amplo e eosinofílico “Células de Hürthle” Folículos linfoides ativados Centros germinativos pálidos Linfócitos periféricos TARDIAMENTE, PODE HAVER FIBROSE E REDUÇÃO DO VOLUME DO ÓRGÃO. TIREOIDITE GRANULOMATOSA SUBAGUDA Também conhecida como Tireoidite de Quervain, pode cursar com hiper e hipotireoidismo. Também acomete preferencialmente mulheres entre 30 e 50 anos. Geralmente está relacionada com um hipertireoidite inicialmente (por conta de uma destruição dos folículos tireoidianos). Ocasionada por processo imuno-mediado por ação de linfócitos após processo infeccioso viral (em qualquer lugar do corpo). 52 Ocasiona uma destruição do tecido tireoidiano que é efetuada por histiócitos e células gigantes (por isso o nome Granulomatosa), entretanto é um processo autolimitado, que costuma regredir espontaneamente. ENTÃO, APESAR DE TER ESSE NOME, ELA NÃO ESTÁ RELACIONADA DIRETAMENTE A UM PROCESSO INFECIOSO, ELA É SECUNDÁRIA A ALGUM COMPLEXO IMUNE, ALGUMA COISA QUE AINDA NÃO SABEMOS. Inicialmente a destruição de folículos promove liberação e ativação da tireoglobulina, levndo a um Hipertireoidismo transitório. Posteriormente, com persistência do processo inflamatório, há rarefação do colóide, levando a um Hipotireoidismo autolimitado. Aqui temos uma imagem tirada de um artigo, de um aumento do volume tireoideano. Quando pegamos esse tecido e submetemos a corte, observamos um processo heterogênio, com a presença de áreas brancacentas espalhadas por todo tecido tireoideano. Elas costumam ser bem delimitadas e quando vamos olhar no microscópio vemos aquilo que está falando ali, vemos a presença de histiócitos geralmente envolvendo grupos de folículos, tentando fazer a fagocitose dos mesmos. Em alguns casos, podemos observar essas células gigantes , dentro desse processo. Aqui vemos histiocitos epitelioides (tem esse formado bem compridinho) e vão estar fagocitando alguns folículos tireoidianos. Essa tireoidite parece ter um acometimento mais focal. Além disso, temos a presença de células gigantes formando os granulomas. 53 Aqui temos as células gigantes de forma aumentada microscopicamente. UM DOS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS POSSÍVEIS É JUSTAMENTE