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QUESTOES DISCURSIVAS
1 - PRIMEIRA QUESTÃO
Ruy foi acusado como incurso no delito descrito no art. 1º da lei n. 8.137/90, em concurso material com o crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP). Destaca-se da acusação, que teria Ruy confessado no interrogatório na delegacia, quando obteve, em uma determinada cidade, o licenciamento de seu veículo através de meio fraudulento, já que indicou endereço falso. Teria agido, segundo a denúncia com o dolo de pagar menos tributo, haja vista que a alíquota do IPVA seria menor. Ao fim da instrução criminal, Ruy foi condenado nos exatos termos da denúncia, vez que todo o conjunto de provas no processo era robusto e apontava para a autoria e materialidade de Ruy. No entanto, atento aos detalhes do caso concreto, o juiz fixou as penas de ambos os delitos no patamar mínimo previsto nos tipos penais, resultando a soma em 03 anos de pena privativa de liberdade.
Como advogado(a) de Ruy, você deseja recorrer da sentença. Considerando apenas os dados descritos na questão, indique o(s) argumento(s) que melhor atenda(m) aos interesses de seu cliente.
R: Nesse caso hipotético e possível recorrer a sentença com recurso de apelação. Baseando-se no princípio da - consumação, demonstrando conhecimento de que o crime descrito no art. 299 do CP (falsidade ideológica) teria constituído meio para o cometimento do delito-fim (crime contra a ordem tributária – art. 1º da Lei n. 8.137/90), de tal modo que a vinculação entre a falsidade ideológica e o crime contra a ordem tributária permitiria reconhecer, em referido contexto, a preponderância desse último. Consequentemente, Ricardo somente deveria responder pelo delito previsto no art. 1º da Lei n. 8.137/90.
2 - SEGUNDA QUESTÃO
Cantinflas e Bento são irmãos. Ambos estão com sérias dificuldades financeiras. Certo dia, Cantinflas, que estava isolado em seu dormitório, avista a janela da casa de seus vizinhos estava entreaberta; oportunidade em que, adentra naquela residência e de lá e subtrai para si um aparelho celular avaliado em R$ 600,00 (seiscentos reais). No mesmo tempo, apesar de não saber do ato de seu irmão, Bento percebe que a porta da casa dos mesmos vizinhos também ficou entreaberta. Sabedor que os donos da casa eram muito ricos, entra no local e subtrai de lá uma bolsa de uma marca famosa, avaliada em R$ 450,00. Os fatos são desvendados poucos dias depois, e, por isso, Cantinflas e Bento são denunciados pelo crime de furto qualificado (Art. 155, § 4º, inciso IV, do Código Penal), sendo juntadas as Folhas de Antecedentes Criminais (FAC), contendo, cada uma delas, outra anotação pela suposta prática de crime de estelionato, mas não havendo condenação com trânsito em julgado em ambas. Encerrada a instrução processual, a denúncia é julgada procedente, sendo aplicada pena mínima de 02 anos de reclusão e 10 dias-multa, em regime inicial aberto, devidamente substituída por restritiva de direitos. Com base nestas informações descritas, intimado(a) para apresentação de recurso, responda, na condição de advogado(a) de ambos os denunciados, ora condenados, aos itens a seguir:
A) Existe argumento favorável aos denunciados, ora condenados, de direito material a ser apresentado para questionar a capitulação jurídica apresentada pelo Ministério Público e acolhida na sentença?
R: Sim, neste caso em concreto cabe o recurso de apelação. O Art. 155, § 4º, inciso IV, do CP prevê qualificadora do furto quando este for praticado mediante concurso de duas ou mais pessoas. Ocorre que, apesar de Caio e Bruno serem irmãos e terem praticado crimes de furto no mesmo local, data e horário, não houve concurso de agentes. Dentre os requisitos para configuração do concurso de agentes está o liame subjetivo, que não restou configurado na hipótese apresentada. A todo momento o enunciado deixa claro que Caio e Bruno sequer sabiam da conduta um do outro, não havendo que se falar, então, em comunhão de ações e desígnios e, consequentemente, concurso de agentes, apesar de configurado o crime de furto simples em relação a ambos. 
B) Mantida a capitulação acolhida na sentença (Art. 155, § 4º, inciso IV, do Código Penal), existe argumento em busca da redução da pena aplicada? 
R: Mesmo em caso de manutenção da capitulação apresentada, ou seja, de furto qualificado, seria possível a redução da pena aplicada em razão do privilégio previsto no Art. 155, § 2º, do CP. Apesar de os agentes responderem a outras ações penais, nos termos da Súmula 444 do STJ, não havendo sentença condenatória anterior com trânsito em julgado, são considerados tecnicamente primários e de bons antecedentes. Ademais, as coisas furtadas podem ser consideradas de pequeno valor, não havendo que se falar em insignificância, na hipótese, seja pelo valor dos bens seja porque o enunciado indaga sobre a redução da pena aplicada e não afastamento da tipicidade da conduta. 
 
É preciso, ainda, ressaltar que os Tribunais Superiores pacificaram o entendimento de que a figura do furto privilegiado poderá ser reconhecida ainda que o crime em questão seja de furto qualificado, topograficamente localizado após a disciplina do privilégio, nos termos da Súmula 511 do Superior Tribunal de Justiça.

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