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1. O que é artrite reumatoide? Qual o quadro clínico dessa doença? A AR constitui uma doença inflamatória crônica progressiva, sendo caracterizada por sinovite com envolvimento preferencial de articulações de mãos e punhos, de caráter simétrico e aditivo. As manifestações clínicas da AR podem ter início em qualquer idade, embora sejam observadas com mais frequência na quarta e quinta décadas de vida. A AR pode se manifestar de forma bastante variável, desde manifestações mais brandas, de menor duração, até uma poliartrite progressiva e destrutiva, associada a vasculite e outras manifestações extra-articulares. Edema, dor e calor local são características das articulações afetadas, que podem ainda apresentar rubor local. Deformações articulares ocasionadas por inflamação persistente, como boutonnière ou em “pescoço de cisne”, são características da AR não tratada. 1. Explique a fisiopatologia da AR? A AR é resultante da ação das células T e B autorreativas, que levam à sinovite, à infiltração celular e a um processo desorganizado de destruição e remodelação óssea. A membrana sinovial é a principal fonte de citocinas pró-inflamatórias e proteases e, em conjunto com osteoclastos e condrócitos, promove a destruição articular. Projeções de tecido proliferativo penetram na cavidade articular, invadindo a cartilagem e o tecido ósseo, formando o pannus, característico da AR. Diversas hipóteses tentam explicar a sequência de eventos observados na AR. A mais aceita sugere que modificações pós-traducionais induzidas por agentes ambientais tornam moléculas próprias imunogênicas. Em consequência da exposição prolongada ao cigarro ou a outros estímulos ambientais, a resposta do sistema imunológico adaptativo aos peptídios citrulinados pode preceder em anos o aparecimento dos sintomas clínicos da AR . Tanto o fribrinogênio como a vimentina citrulinados já foram identificados nas articulações de pacientes com AR e é provável que outras proteínas além dessas sofram reações de citrulinização. Apesar de a relação entre a positividade para o fator reumatoide (FR) e o desenvolvimento da AR não estar totalmente esclarecida, ambos estão intimamente relacionados. A presença de agregados de imunoglobulina do tipo G (IgG) ou de complexos de IgG-FR ativa o sistema complemento e resulta em diversos fenômenos inflamatórios. A ativação do sistema complemento pelos imunocomplexos pode ainda iniciar uma inflamação vascular com depósitos de FR em arteríolas, originando vasculites, cujo impacto na qualidade e na expectativa de vida do paciente é significativo. Além disso, o reconhecimento dos complexos imunes por fagócitos promove liberação de diversas citocinas pró-inflamatórias, principalmente o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), o que exacerba ainda mais o processo inflamatório. Recentemente, uma terceira classe de células T auxiliadoras foi caracterizada como células CD4+ produtoras de interleucina 17 (IL-17). Células Th17 parecem conferir proteção contra infecções, promovendo a eliminação do microrganismo por meio do recrutamento de neutrófilos e da ativação de macrófagos no sítio da infecção. Estudos recentes evidenciam um importante papel das células Th17 na modulação das respostas autoimunes relacionadas com AR e esclerose múltipla, doenças anteriormente consideradas Th1 dependentes. No que diz respeito à AR, as células Th17 parecem determinar o desenvolvimento da sinovite e a destruição articular por meio da interação com células dentríticas, macrófagos e células B. 1. Qual a epidemiologia da AR? A doença afeta entre 0,5% e 1% da população mundial adulta e cerca de três vezes mais mulheres do que homens. Um estudo de 2004 mostrou que a incidência da AR no Brasil é de 0,46%. Além disso, pessoas com histórico familiar de artrite reumatoide têm mais risco de desenvolvê-la, devido a uma maior predisposição genética. 1. Quais os fatores de risco da AR? Sexo – AR atinge duas vezes mais mulheres do que homens; Idade – a maioria dos pacientes tem entre 30 e 60 anos; Histórico familiar – ter parente de primeiro grau com AR aumenta o risco de desenvolver a doença em até 4,7%. 1. Qual a relação da ocorrência de doenças inflamatórias prévias para o desencadeamento de autoimunidades? 1. O que é Pannus Reumatoide? A lesão histológica básica da artrite reumatoide é a inflamação da membrana sinovial (sinovite crônica inespecífica). O tecido inflamatório sinovial em proliferação é chamado de “pannus” : espessamento inflamatório (hiperplasia e hipertrofia) da membrana sinovial, abundante em células, citocinas e enzimas ativas. O que é o fator Reumatoide e qual é sua importância no diagnóstico da AR?? Fator reumatóide é um anticorpo comum, com uma particularidade: gruda em outros anticorpos. Mais especificamente, gruda na porção “FC” de outros anticorpos (a parte que não varia entre diferentes anticorpos). Na grande maioria das vezes ele é do tipo IgM (que circula em grupos de 5, assumindo forma de estrela), mas igGs (grupos de 2) e IgAs (isolado) também foram descritos. A principal hipótese da atualidade atribui ao FR o papel de ajudar o sistema imune a limpar da circulação os excessos de anticorpos. Isso explicaria porque ele “gruda” em outros anticorpos e porque ele é mais frequentemente positivo em condições onde o sistema imune está muito ativado por muito tempo. Como anteriormente referido, o FR não raramente é positivo em pessoas saudáveis, portanto isoladamente ele não significa quase nada. No entanto, dentro de um contexto que sugira “reumatismo”, sua presença aumenta a probabilidade de que o problema seja um dos acima mencionados (doenças reumáticas). O título (a concentração) do FR também é um dado muito importante para definir se o FR indica doença ou está lá por acaso. Títulos mais altos são bastante específicos para a presença de doenças. Por exemplo, títulos superiores a 1:640 indicaram doença em 99% das vezes em um trabalho. O oposto também é verdadeiro: o título é baixo (1:40 – 1:160) na grande maioria dos indivíduos saudáveis. Entenda que existem diversos jeitos de dosar o FR e seu laboratório pode não usar este tipo de resultado. Em indivíduos que sabidamente têm artrite reumatóide, a presença de fator reumatóide em altos títulos tende a indicar uma doença mais agressiva, mas isso nem sempre é verdadeiro. Outras possíveis funções do FR: - Ajudar os anticorpos “normais” a apresentar os “invasores” ao sistema imune - Induzir tolerância do sistema imune 8- Quais são as articulações mais afetadas e padrão de acometimento? As articulações mais comumente atingidas são as das mãos, pés, punhos, cotovelos, joelhos e tornozelos 9- No que consiste os nódulos reumatoides e quais os locais que podem ser encontrados? Os nódulos reumatoides correspondem à manifestação extra-articular mais comum da artrite reumatoide, ocorrendo em cerca de 20-25% dos pacientes. A etiologia é desconhecida. Apesar de os nódulos poderem apresentar remissão espontânea durante o tratamento, eles, em geral, representam um desafio terapêutico. Clinicamente, apresentam-se como nódulos subcutâneos de 2mm a 5cm de tamanho, solitários ou múltiplos, localizados, principalmente, nas superfícies extensoras dos antebraços, nas articulações metacarpofalangeanas e interfalangeanas proximais. As lesões, em geral, são assintomáticas, mas podem complicar-se com infecção e ulceração. 10- Cite outras manifestações extra-articulares que podem ser encontradas na AR. Sabe-se que a AR por si só aumenta a chance de doenças cardiovasculares e eventos isquêmicos agudos nesses pacientes. Soma-se ainda o fato de que doença extra-articular grave predispõe a ocorrência de um primeiro evento cardiovascular mais cedo. A ocorrência de infarto agudo do miocárdio pode ser até quatro vezes maior. Apesar de alguns pacientes morrerem por complicações específicas da AR, como instabilidade cervical ou efeitos colaterais de drogas, a maior parte da mortalidade se deve a outras doenças associadas, particularmente doença cardiovascular. Além disso, nesses pacientes podemos encontrar: Vasculites,como fenômeno de Raynaud e úlceras, Amiloidose secundária, distúrbios ventilatórios obstrutivos à espirometria, osteoporose e osteopenia, Osteoartrite (OA) e hipotireoidismo. 11- Defina: Dedo em martelo: Dedo em martelo é uma deformidade do dedo causada por um traumatismo que lesiona o tendão extensor da falange distal e o impede de exercer sua função. Assim, a ponta do dedo fica dobrada, e o paciente fica incapaz de movê-la e sustentá-la. Dedo em botoeira: deformidade característica do dedo, na qual a articulação interfalângica proximal do dedo (sua sigla é IFP), se flexiona para baixo e a articulação interfalângica distal (sua sigla é IFD) se hiperextende. Dedo em pescoço de cisne: A deformidade em pescoço de cisne é uma curvatura (flexão) da base do dedo, uma retificação (extensão) da articulação central e uma curvatura (flexão) na última articulação. Dedos em fuso: Tumefação das IF proximais. Mãos em dorso de camelo: aumento de volume do punho e das metacarpofalangeanas e hipotrofia dos interósseos dorsais.