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TÉCNICAS CIRÚRGICAS e cirurgia experimental APOSTILA THAÍS H . AMBRÓSIO MEDICINA Resumos em uma linguagem simplificada Thaís H. Ambrósio T XIV 1 ................................................................................................................................................................................ 2 ......................................................................................................................................... 3 ........................................................................................................................................................ 5 ................................................................................................................................................................ 7 ............................................................................................................................................................... 12 ............................................................................................................................................................. 14 ................................................................................................................................................... 16 ..................................................................................................................................................... 18 ...................................................................................................................................................... 20 .......................................................................................................................................................................... 23 ......................................................................................................................................................................... 24 Thaís H. Ambrósio T XIV 2 Cirurgia: ramo da medicina que se propõe a curar com as mãos. - “Ciência da arte” - Renovação constante e evolução própria - Aprendizado manual paciente e bem conduzido - Necessita de aptidão História: experiencias daqueles que fizeram alguma vez e deu certo. - Correlação com animais sacrificados - Mais antiga era neolítica (5000 a.C.) - Trepanações: dores de cabeça; liberação do espírito. A cirurgia é definida como parte da terapêutica médica que se dedica ao tratamento de doenças e traumatismos. - O primeiro livro de cirurgia: introdução do ferro em brasa para cauterização de feridas. - Era muito arriscado performar uma cirurgia, pois havia punição para possíveis erros ou morte do paciente, como cortar a mão. Anestesia: “Hua Tô”, médico chinês do século II, fazia anestesia para operações no abdome usando Cannabis sativa fervida com vinho. IMPORTÂNCIA DA TÉCNICA CIRÚRGICA - Codificação de regras que presidem a realização das intervenções cirúrgicas. - Raciocínio lógico - Noções consolidadas - Criação inventiva - A improvisação não deve ser considerada! - Economia de energia - Produção - Rapidez (trauma X eletiva) - Século XIII: primeiras escolas de medicina - Salermo: “pus é bom” - Bolonha + pus é ruim; ferida seca - Delicadeza da manipulação cirúrgica . O trauma cirúrgico, por mais que seja controlado, não deixa de ser uma invasão. Avanços 1. Anestesia: melhora a parte emotiva do paciente 2. Hemoterapia: repor sangue 3. Pneumotórax 4. IOT e respiração assistida 5. Circulação extracorpórea Obs.: A cirurgia microscópica trouxe menor abordagem Infecção - Conceito de bactérias - Esterilização e antibióticos - Antibióticos tratam, mas o melhor é prevenir. Há uma correlação entre a clínica e a cirurgia. - Preservar o máximo possível - Recuperar sempre - Salvar “Operação ou intervenção cirúrgica é o conjunto de gestos manuais ou instrumentais que o cirurgião executa para a integral realização de ato cruento com finalidade diagnóstica, terapêutica ou estética.” (Goffi) - Toda operação é um trauma controlado. - A energia transmitida aos outros tecidos é controlada. Cabe ao cirurgião o controle dela. Deve ser respeitado o plano de controle da força com o bisturi. - A anestesia diminui o trauma psíquico: diminui a dor e a resposta metabólica. - Descobertas importantes para a cirurgia: transfusão, antibióticos, equilíbrio hidroeletrolítico, nutrição e estudo da resposta metabólica ao trauma. - Quanto menor o trauma, melhor a resposta metabólica e melhor a recuperação do paciente. - O objetivo cada vez maior das cirurgias é de diminuir o trauma e a resposta metabólica. - Deve ser lembrado que para toda ação existe uma reação, que pode ser neuroendócrina, cardiovascular e celular. Energia transmitida aos tecidos → Mecânica - Divisão: cirurgia - Tensão: trauma - Compressão: trauma . A compressão e a tensão envolvem uma quantidade maior de tecido e necessitam de maior quantidade de energia para promover dano tissular. . O trauma cirúrgico pode se assemelhar ao de rua, quando o cirurgião é descuidado, não controla instrumentos, não conhece a técnica cirúrgica e usa exclusivamente alguns instrumentos de forma errada. → Elétrica: 3x mais risco de isquemia e infecção, pode ser usada, mas de forma controlada. → Radiante: 10x mais risco de isquemia e infecção - Quanto maior a isquemia, maior o risco de infecção Thaís H. Ambrósio T XIV 3 Os tempos da cirurgia - Diérese: abrir - Hemostasia: parar o sangramento. - Síntese: unir. ENSINO DA TÉCNICA - Princípios da técnica cirúrgica: a cirurgia era realizada em animais e cadáveres, a fim de treino e observação. . Conceito: observação e experimentação com um objetivo. - Assepsia e antissepsia - Cuidados em feridas traumáticas - Abordagens cirúrgicas básicas IMPORTÂNCIA “Primum est non nocere” (Hipócrates – 460a.C.) - Influencia na aquisição de conhecimento, habilidades nos campos práticos e intelectuais do futuro médico. - O aprendizado médico começa no primeiro dia de aula e dura toda a vida. - A experiencia é adquirida com treinamento, adestramento aprendizado sistêmico, capacitação e conhecimento. - É necessária a condição ideal. O laboratório de pesquisa e a prática é nos pacientes. Equipe cirúrgica O cirurgião fica posicionado ao lado direito do paciente e é responsável por todo o procedimento. Assim, cabe-lhe coordenar o trabalho de toda a equipe. O assistente ou primeiro auxiliar está sempre a frente do paciente, sendo o responsável por apresentar pinças, realizar a hemostasia, realizar a apresentação, cortar nós e auxiliar diretamente o cirurgião no procedimento. O segundo auxiliar fica posicionado, geralmente, ao lado do cirurgião e é responsável pela tração de estruturas. Este integrante é versátil, sendo utilizado quando e onde for necessário. O instrumentador é responsável pela montagem da mesa cirúrgica e pela entrega instrumentos O anestesista está na cabeceira do paciente, sendo responsável por fornecer à equipe os parâmetros e monitorar o paciente. Dessa forma, é o integrante da equipe que dá o ritmo da cirurgia. O centro cirúrgico (CC) evoluiu ao longo dos anos. EQUIPE CIRÚRGICA O ato cirúrgico não é unicamente uma sequência de movimentos para retirada de umalesão patogênica e reconstituição de tecidos na sua forma normal ou próxima da normalidade, mas é também uma arte em que cada gesto exige a perfeição do artista. - O cirurgião sempre fica do lado direito - Primeiro auxiliar ao lado cirurgião - Segundo auxiliar é mais versátil - Instrumentador em frente ao cirurgião - O anestesista é quem libera o início da cirurgia PARAMENTAÇÃO - Cirurgião como figura mal vista por estar sempre cheio de sangue. - Cirurgia asséptica: Joseph Lister (1869) Paramentos limpos A cirurgia asséptica foi desenvolvida, aproximadamente, em 1869, momento em que houve uma queda abrupta das infecções causadas durante as cirurgias. Nesta cirurgia, utilizou-se de um cavalo mecânico espalhando ácido carboxílico pela sala de cirurgia, promovendo sua esterilização. Utilizado para proteção tanto do trabalhador como quanto do paciente, pois pode evitar diversas contaminações para ambos. Essas roupas são usadas para reduzir a quantidade de sujeira trazida para o interior da sala cirúrgica. Vestimentas adequadas → Camisas: tecido de malha densa. Manga curta facilita antissepsia dos braços. → Calças: cobrindo toda a perna, deve ser confortável e permitir movimento livre. → Cabelo coberto pela touca Obs.: Não utilizar adornos → Máscara: o ideal seria trocar a máscara a cada 30min ou pelo menos a cada cirurgia. - Von Mikulickz e Radecki em 1896 instituíram o uso da máscara. - São filtros efetivos durante 30min, quando começa a perder eficácia. Devem ser colocadas junto a face de modo a melhor filtrar o ar eliminado. → Propé: não são efetivos. Proteção dos sapatos. Antes do capote é feita a antissepsia das mãos e antebraços, a fim de remover a sujeira e a oleosidade Thaís H. Ambrósio T XIV 4 da pele, eliminar a flora transitória e diminuir a flora residente (mais permanente). A técnica de escovação deve ser metódica e padronizada, quer seja pelo tempo de duração ou pelo número de movimentos. - Do mais sujo para o mais limpo: unhas, mãos, interdigitais, punho e antebraço, nessa ordem. - Mãos na direção do peito para evitar toque ao entrar no CC → Capote: 1882 Neuber propôs o uso de aventais cirúrgicos. Tem como finalidade a formação de uma barreira microbiológica contra penetração de micro- organismos no sítio cirúrgico do paciente oriundos dele mesmo, dos profissionais, materiais, equipamentos e ar. - Pegar em pinça, levantar, sacudir e colocar os braços. Auxiliado pela enfermeira. → Luvas: foi introduzida por Halsted em 1889. Criam uma barreira entre as mãos do cirurgião e o campo operatório, assim eles não só protegem o paciente como também o cirurgião das doenças veiculadas pelo sangue e secreções. “Luvas do amor”! Obs.: escovação → das mãos e antebraços a fim de remover a sujeira e a oleosidade da pele, eliminar a flora transitória e diminuir a flora residente. A técnica de escovação deve ser metódica e padronizada, quer seja pelo tempo de duração ou pelo número de movimentos. Deve ocorrer sempre no sentido da periferia para o centro (unhas, dedos, interdigitais, punhos e antebraços) com duração de, em média, cinco minutos. INSTRUMENTAL É todo material utilizado na realização de intervenções cirúrgicas, retirada de pontos, exames, tratamentos e curativos. TEMPOS CIRÚRGICOS - Diérese, hemostasia, exérese e síntese. Diérese A diérese é o conjunto de manobras realizadas para a abordagem do objetivo cirúrgico, sendo dividida em incisão (secção) e dissecção (divulsão). Compõem esta categoria, bisturis, lâminas, bisturis elétricos, bisturi harmônico, tesouras e ruginas. - Bisturi: as lâminas variam - Tesouras: reta ou curva (melhor precisão), de acordo com a delicadeza necessária. → Instrumentos de prensão: são aqueles destinados a agarrar e manipular os tecidos, como as pinças: de Adison, anatômica e dente de rato. As pinças diferem entre si pelo tipo de tecido que irão prender. Hemostasia São pinças de preensão contínua, usadas para coibir ou prevenir sangramento, temporariamente. Possuem cremalheiras que as mantêm presas entre duas garras estriadas. Estas podem ser retas, curvas, com ou sem dentes, com estrias longitudinais ou transversais, totais ou parciais. Compõem esta categoria as Pinças de Halsted, de Kelly, de Crile de Rochester e as retas ou curvas. - Kelly: reto ou curvo Exposição São os instrumentos que conferem ao cirurgião uma melhor visão do campo operatório, expondo-o, afastando as bordas de incisão e estruturas vizinhas. Diferem entre si por suas formas e tamanhos variados e sua escolha depende da necessidade cirúrgica (espessura do tecido a ser operado, local, profundidade). → Instrumentos auxiliares: afastadores de Farabeuf, afastadores de Doyen, afastadores ortostáticos de Gosset, afastadores autostáticos de Finochietto, afastadores de Volkmann, pinça de Kocher e pinça de Mixter. Thaís H. Ambrósio T XIV 5 - Centenas de milhões de operações realizadas no mundo - 4% dos pacientes falecem antes de deixar o hospital - 15% desenvolvem morbidades pós operatórias - 5-15% são readmitidos por complicações precoces após intervenções cirúrgicas. - 4000 complicações/hora - 1000 mortes/hora Frente a uma agressão, ocorre no organismo um desequilíbrio da homeostase que desencadeia uma resposta orgânica, a qual pode ser intensa, dolorosa, não planejada e abrupta, como em casos de traumatismo ou branda, controlada e planejada, como em casos de intervenção cirúrgica. Todavia, ambas as formas ocasionam uma resposta. A resposta neurometabólica à agressão tem o intuito de restabelecer homeostase (manutenção do meio interno). Perdura por aproximadamente 4-5 dias após o procedimento cirúrgico (fase catabólica). Quando excessiva pode gerar o desequilíbrio interno orgânico, levando a quadro de Síndrome da resposta inflamatória sistêmica, sepse (quando coexistir infecção) e falência de múltiplos órgãos. Dessa forma, após a agressão do organismo, os fatores biológicos primários, secundários e associados atuam sobre organismo, determinando uma resposta endócrino metabólica. Esta pode ser favorável e recuperável, possibilitando a sobrevida ou exacerbada e irrecuperável, possibilitando a morte do indivíduo. CONCEITOS → Composição corporal: é o conjunto dos componentes que formam a massa corporal. O organismo é dividido em massa magra e massa gorda. A massa magra, corresponde a 75% da composição corporal e é composta por água, proteínas e minerais, além se der metabolicamente ativa (há extração de glicose), essencial para a sobrevida, ter estoque potencial de 40 mil Kcal e estar contida em músculos esqueléticos e lisos, colágeno, estrutura celular, enzimas, anticorpos, fatores de crescimento e em proteínas viscerais. A massa gorda corresponde a 25% da composição corporal, sendo puro estoque de energia, metabolicamente inativa, possuindo um estoque calórico de 150 mil Kcal, contraindo se a demanda de energia excede a ingestão ou expandindo se a entrada de energia está em excesso. → Catabolismo: situação em que há consumo tecidual às custas, basicamente, de consumo proteico para obtenção de energia. → Anabolismo: situação em que há síntese tecidual, especialmente no que se diz respeito à massa magra. - Reparação → Jejum: ingestão inadequada de nutrientes relacionado a determinada demanda. - Consumo da massa corporal adiposa - 90% calorias – massa gorda- Caso prolongado, pode causar desnutrição. → Perda ponderal não intencional: é a perda de massa magra, ou seja, a perda proteica. É um grande marcador de desnutrição e se maior que 10% em 6 meses ou maior que 5% em 30 dias, há risco a saúde devido a desnutrição. A perda ponderal não intencional superior a 10% ocorre em grandes queimados (80%), grandes traumas (80%), trauma espinhal (80%), reabilitação pós-traumas médios (20 a 40%) e em reabilitação pós-traumas externos (25%) - Incidência de perda de peso não intencional após trauma (perda superior a 10%). → Componentes biológicos da agressão: podem ser primários, secundários ou associados. COMPONENTES BIOLÓGICOS DA AGRESSÃO → Primários - Ação física externa - Não programada: traumatismo - Controlada: intervenção cirúrgica - Ação traumática direta sobre o organismo - Pode ser programada ou não - Podem gerar respostas locais ou sistêmicas de acordo com a magnitude do estímulo. - Lesão tecidual local . Liberação de citocinas (IL1, IL6, IL10 e FNT) e prostaglandinas (ácido araquidônico) . Dor, hemorragia, permeabilidade vascular, edema e consumo proteico - Lesão orgânica Thaís H. Ambrósio T XIV 6 . Lesão direta a órgãos, sistemas ou multissistemas . Geralmente de alta energia cinética . Podem ocasionar respostas orgânicas exacerbadas de difícil controle ou incompatíveis com a vida (SIRS/FMA). → Secundários - Fatores que sucedem os componentes primários - Alterações inflamatórias, endócrinas, hemodinâmicas e metabólicas que contribuem para a resposta orgânica. - Fase marcadamente caracterizada pelo catabolismo . Catabolismo > Anabolismo - Praticamente a resposta metabólica ao trauma - Aumento da demanda metabólica depende da intensidade e duração do estímulo traumático. - Grande demanda celular no tecido lesado - 30% das calorias são extraídas da massa magra - Gliconeogênese hepática: glicose é produzida às custas dos aminoácidos armazenados no fígado. - Ação hormonal: . Cortisol .. Estímulos pequenos/curtos (retorno rápido) .. Pacientes em uso de CE não apresentam pico .. Adrenal: aumento no trauma (estresse); paralelo com ACTH; pico 4-12h .. Diminui a captação de aa; diminui a síntese proteica; catabolismo. .. Mobiliza aa do m esquelético; estimula gliconeogênese hepática. . Catecolaminas .. Disponibilização energética; aumento da atividade metabólica; mobiliza aa do m .. Aumento no trauma (estresse); permanecem elevadas 12-24h; aumento do ACTH .. Estimulação cardíaca; aumento da resistência vascular periférica; débito cardíaco e PA .. Glicogenólise; gliconeogênese; lipólise e diminuição da secreção de insulina. . Glucagon .. Produzido pelas células alfa .. Estimulado pelo simpático e hipoglicemia; elevado até a regulação .. Glicogenólise, gliconeogênese e lipólise . Insulina .. Produzido pelas células beta; anabólico .. Diminuído na fase aguda do trauma; hipoinsulina – gravidade da lesão .. Armazena aa no m; síntese proteica .. Armazena glicose e ácidos graxos no tecido adiposo. . Aldosterona .. Retenção de sódio .. Excreção de potássio .. Aumento da volemia .. Reabsorção de água nos rins . Hormônio antidiurético .. Elevado no trauma (cerca de 50%); cai rapidamente; normaliza em 4 dias .. Vasoconstrição orgânica .. Gliconeogenese hepático .. Reabsorção de água nos rins . Hormônio do crescimento .. Secreção aumentada; hipoglicemia; ácidos graxos baixos .. Aumento da glicemia e dos ácidos graxos .. Ação anabólica proteica; ação catabólica lipídica e nos carboidratos .. Potencializa as catecolaminas; 24h de duração . Hormônios tireoidianos .. Aumento da secreção de T3; baixos níveis de T4L (mau prognóstico) .. Aumento do consumo de oxigênio e produção de calor .. Glicogenólise, gliconeogênese, proteólise e lipólise .. Disponibiliza energia. → Associados - Condições clínicas não traumáticas que colaboram para a resposta orgânica. . Comorbidades . Alterações nutricionais: desnutrição . Infecção . Imobilismo: atrofia muscular e trombose venosa profunda . Perdas hidroeletrolíticas extrarrenais: drenos, sondas, fístulas, diarreia; grande queimado e traqueostomizado. FASES DAS RESPOSTAS → Catabólica - Ação de catecolaminas, glucagon, cortisol e ADH. - Mobilização das reservas energéticas para a circulação - Direcionamento do fluxo sanguíneo para órgãos vitais - Aumento do DC e PA - Inicialmente: palidez, tremores, frio, sudorese, taquicardia e taquipneia, dor, anorexia, hipotonia Thaís H. Ambrósio T XIV 7 muscular e íleo adinâmico, oligúria com urina concentrada. - Duração de aproximadamente 2-4 dias em situações normais eletivas, podendo variar de acordo com a intensidade do trauma e duração do efeito lesivo. - Analgesia criteriosa, hidratação, reposição sanguínea, reposição proteica/calórica, mobilização precoce e antibioticoterapia se necessário. → Anabólica Marcada pelo retorno da homeostase. Assim, há a normalização da insulinemia e do balanço de sódio, potássio e nitrogênio. O anabolismo proteico se inicia em 2 a 5 semanas, enquanto o anabolismo lipídico se inicia em 6 meses após a fase catabólica, coincidindo com a cicatrização completa dos tecidos. Nesta fase, ocorre a ressíntese do glicogênio hepático e muscular, recuperação ponderal e pode ocorrer diurese profusa devido a diminuição do hormônio antidiurético e pela reabsorção do edema. Além disso, é preconizada a reposição dietética hiperproteica e a realização de exercícios físicos moderados. O nosso corpo é repleto de micro-organismos, mas há um equilíbrio entre flora e hospedeiro. Por exemplo a E. cole, que faz parte da flora bacteriana intestinal. Quando há contaminação do sistema urinário por essa bactéria, pode desencadear em grave infecção urinária. Desse modo, a contaminação existe quando eu tenho desequilíbrio ou quando na presença de uma bactéria no sítio inadequado. - Microbiota normal: equilíbrio entre a flora e o hospedeiro. Vias de contaminação - Direta: contato direto do transmissor com o micro- organismo (mo). - Indireta: micro-organismo carregado por terceiros até o receptor, como roupas, insetos etc. Assepsia X Antissepsia - Assepsia: técnicas que evitam a presença de mo em locais que eles não devem estar. - Antissepsia: objetiva diminuir a microbiota da região a fim de diminuir as chances de infecção. Os principais representantes dos antissépticos são as soluções à base de PVPI (polivinil irrolidona iodo), clorexidina e hexaclorofeno. Estas soluções se apresentam na forma degermante (sabão), alcoólica (utilizada para “pintar” o paciente e limpar o campo cirúrgico) e aquosa ou tópica (utilizada em mucosas). Ademais, as soluções antissépticas mais adequadas para as mãos são as soluções de PVPI degermante à 10% e solução de clorexidina à 4%. Cuidados com o paciente - Idade: extremos da idade podem apresentar higiene deficitária, seja por desconhecimento ou falta de mobilidade. - Alterações metabólicas e nutricionais: obesidade/diabetes. O obeso geralmente apresenta uma flora bacteriana aumentada, infecções fúngicas etc. O diabético tem maior probabilidade de infecções. - Tempo de internação e hospitalização: a microbiota é modificadano ambiente hospitalar. - Drenos e sondas: porta de entrada para bactérias. - Tamanho da incisão: menor possível. - Banho no pré-operatório: objetivo de operar de forma segura e confortável. Controle da microbiota normal. Thaís H. Ambrósio T XIV 8 - Tricotomia: deve ser realizada no momento da cirurgia, para que seja evitada a escarificação da pele e a exposição de tecidos profundos. - Degermação da área a ser operada para o controle da microbiota normal do paciente. Cuidados da equipe cirúrgica - Roupa privativa - Gorro, máscara, avental e luvas - Unhas cortadas e limpas - Lavagem das mãos . Soluções para antissepsia das mãos: as mais adequadas são soluções de PVPI degermada à 10% e solução clorexidina a 4%. . Os principais representantes dos antissépticos são: soluções a base de PVPI (degermante – sabão; alcoólica; aquosa – tópica). .. A solução aquosa é indicada para uso em mucosas, como boca, genitais, colostomias, etc. Paramentação Esterilização - O processo de esterilização consiste na destruição de TODAS as formas de vida de micro-organismos, inclusive patogênicos e esporulados. - Pode ser realizada por meios químicos, físicos ou físico-químico. Obs.: é possível limpar o material sem esterilizar, mas é impossível esterilizar um material sem antes limpar corretamente. - O método mais comum em hospitais é o autoclave, uma esterilização sob pressão com vapor: 120-130°C; 775-1400mmHg. - Soluções: glutaraldeído ANESTESIA LOCAL O anestésico local é uma substância que, em contato com a fibra nervosa, interrompe transitoriamente a progressão do estímulo nervoso. Vias de administração - Mucosas: contato ou superfície - Tecidos profundos: anestesias locais ou tronculares - Espinhais: raquianestesia, peridural e sacral - Intravenosas Ex.: Absorção pela via epidérmica: enla (pomada anestésica) Ações - SNC: bloqueio locorregional, sedação, sonolência. - Sistema cardiovascular: principalmente os anestésicos endovenosos possuem um efeito antiarrítmico. - Sistema respiratório: altas doses deprimem a respiração - Útero: xylocaina em baixas doses estimula a atividade uterina. Obs.: é sempre importante pensar nos efeitos colaterais. Tipos de anestésicos locais mais comuns - Procaína: anestésico usado em anestesia geral desde 1905, mas vem sendo substituído. É indicada como anestesia oftalmológica. - Lidocaína: baixa toxicidade, intensa atividade bloqueadora, efeito antiarrítmico, dose máxima 10mg/kg com adrenalida de e 7mg/kg sem adrenalina . Como a adrenalina é um vasoconstritor, ela diminui o tempo de absorção e aumenta a vida útil da droga. - Bupivacaína: maior tempo de ação. Pode ser utilizada em gestantes e sua dose máxima é de 2mg/kg. Prevenção e tratamento de intoxicações - Monitorar paciente - Selecionar o anestésico, dose e via de administração - Sedação: não confundir a agitação com intoxicação -Ajustar a dose X idade X peso X paciente Thaís H. Ambrósio T XIV 9 - Suspender a injeção imediatamente se houver sinais de superdosagem - Convulsão: bloqueador neuromuscular; ventilação assistida; Diazepam; tiionembutal - Hipotensão: tratar com vasopressor, como a efedrina. - Parada cardiorrespiratória: reanimação. Bloqueio de dedos das mãos - No bloqueio regional, o anestésico local é injetado próximo a raiz nervosa da área em que se deseja anestesiar. No bloqueio regional, o anestésico local é injetado próximo a raiz nervosa da área em que se deseja anestesiar. Bloqueio do plexo braquial - A administração da droga é realizada no tronco nervoso, podendo ser guiado pela anatomia de superfície, ultrassom e/ou eletroestimulação. No passado, o bloqueio do plexo braquial era feito às cegas, havendo risco de pneumotórax e lesão nervos. Bloqueio de membros Quando por períodos curtos, a administração da droga é realizada por via intravenosa. Um exemplo desta anestesia, é a anestesia de Bier, na qual há a injeção de anestésico local por via intravenosa enquanto a circulação para o membro é ocluída por um garrote/torniquete. Inicialmente, um cateter venoso é colocado na porção distal do membro em questão e o membro é exsanguinado pela colocação de uma atadura de Esmarch, em seguida, o torniquete é insuflado e a solução anestésica é injetada. Anestesia intravenosa → Anestesia de Bier - Objetivo de anestesiar uma região terminal, como pernas e, principalmente, braços, por curto período. Anestesias espinhais - Raquianestesia: a agulha ultrapassa a dura-máter. Inicialmente, há a punção e extravasamento de líquor, seguido pela injeção do anestésico no espaço medular, onde só há filamentos nervosos. Geralmente, utiliza-se drogas mais pesadas que o líquor, realizando a anestesia do nível injetado para baixo. - Peridural: o anestésico é injetado no espaço peridural (camada de gordura anterior à dura-máter). Nesta, encontra-se maior dificuldade de administração, porém há menos risco de meningites. - Sacral: extradural através do hiato sacral. Obs.: geralmente são usadas drogas mais pesadas que o líquor. Thaís H. Ambrósio T XIV 10 – – Introdução Entre 10000-4000a.C. - Trepanações cranianas para afastamento dos maus espíritos. - Civilização romana: Galeno e Celso – procedimentos para estancar hemorragia. “Operação”: conjunto de gestos e manobras associado ao uso de instrumentais executados pelo cirurgião para realização do ato cruento, com a finalidade diagnóstica terapêutica ou estética. Operações fundamentais São procedimentos essenciais a qualquer ato operatório, independentemente de sua complexidade. → Diérese: manobra destinada a criar descontinuidade tecidual com a finalidade de criar uma via de acesso a determinada estrutura. . Punção, incisão ou exérese. .. Exérese: retirada de uma estrutura - Hemostasia: manobra destinada a evitar/estancar a hemorragia com a finalidade de evitar perda sanguínea, manter o campo operatório limpo e evitar a formação de coleções indesejáveis. → Síntese: reparação, aproximação, fechamento de tecido. Procedimento que compreende na aproximação dos tecidos lesados com a finalidade de acelerar o processo cicatricial com o auxílio de suturas. Nas operações fundamentais sempre é preciso: - Incisar e dissecar o tecido; - Aproximar os tecidos; - Pinçar e ligar vasos. DIÉRESE Manobra destinada a criar descontinuidade tecidual com a finalidade de criar uma via de acesso a determinada estrutura. - Punção, incisão ou exérese → Manobras - Incisão, secção, divulsão, punção, dilatação e serração. Incisão Tempo cirúrgico causado por instrumento cortante, geralmente o bisturi ou algo caltérico, resultando em ferimento inciso, com bordas nítidas e regulares em que o comprimento excede a largura da ferida. Divulsão Manobra destinada a separação tecidual, pode ser realizada manualmente, com o auxílio de pinças, tesouras ou afastadores. - Músculos, alças intestinais etc. Punção Procedimento com o objetivo de realizar via de acesso com instrumento perfurante, com finalidade diagnóstica, terapêutica, administração de medicamentos ou drenagem de coleções. - Trocartes: agulha grossa que criavia de acesso. - Punção de mama e tireoide com agulhas; esvaziamento terapêutico de abscesso. Dilatação Via de acesso obtida através da dilatação de orifícios naturais (dilatação da luz) ou trajetos fistulados. Ocorre rotura das fibras musculares ou tecido conjuntivo cicatricial. Serração Manobra realizada para incisar tecidos com auxílio de serras, realizado especialmente em cirurgias ortopédicas. - Serra de Gigli: mais rudimentar, geralmente utilizada em cirurgias vasculares para amputações. Instrumentos auxiliares - Pinças de preensão: anatomicas, tração - Afastadores Condições ideais das vias de acesso - Extensão suficiente: não causar danos desnecessários - Bordas nítidas e regulares: evitar bordas oblíquas e angulos agudos, pois propicia necrose. - Parcimoniosa - Anatômica: respeitar os planos anatomicos. - Linhas de força Thaís H. Ambrósio T XIV 11 Linhas de força - Linhas de tensão na pele - Para realizar incisões devemos acompanhar as linhas de força - Linhas de Langers: linhas de tensão - Linhas de Krassil (1951): linhas de força perpendiculares às fibras musculares. (Langer) (Krassil) HEMOSTASIA Tempo cirúrgico que objetiva impedir ou controlar a hemorragia. - Evita perda sanguínea - Mantém o campo operatório limpo - Diminui as taxas de infecção . Evita formação de coágulos indesejáveis - Auxilia na cicatrização tecidual - Diminui os índices de reoperações Pode ser classificada em: - Preventiva: ligadura do vaso antes de começar a sangrar, ou seja, a hemostasia é feita antes de ocorrer a lesão vascular. - Corretiva: ligadura para corrigir o sangramento. - Temporária: obstrução temporária da circulação vascular. . Cruenta: no campo cirúrgico . Incruenta: à distância (ex acidentes no trânsito) . Tipos .. Pinçamento vascular .. Garroteamento: geralmente feito na raiz dos membros, onde há mais tolerância à pressão externa. Pode durar de 1-1,5h sem dano tecidual. .. Parada circulatória controlada .. Oclusão endovascular: ex cateter insuflado - Definitiva: obstrução definitiva da circulação vascular. . Cruenta .. Ligadura: amarração dos vasos com fios de sutura. Ocorre a seguir de um processo de hemostasia temporário. .. Cauterização: formação de um coágulo sanguíneo na extremidade do vaso, com eletricidade, laser ou gás (argônio na ferida – cirurgias hepáticas). .. Sutura: amarração com fios de sutura com pontos. Ocorre a seguir de um processo de hemostasia temporária. .. Obturação: aplicação de substâncias sob a luz vascular, como cera no osso, selantes hemostáticos e membranas embebidas em soluções hemostáticas. .. Grampeamento: obturação vascular com o uso de grampos. Grande utilização em áreas de difícil acesso e cirurgias videoassistidas. .. Ação farmacológica: hemostasia causada pela ação de substâncias no interior dos vasos ou aplicado próximo a ele. Muito utilizada em cirurgia ortopédica. .. Embolização: hemostasia causada pela instalação de substância que obstrui a circulação endovascular definitivamente. Bastante utilizada em aneurismas cerebrais. SÍNTESE Tempo cirúrgico que consiste na aproximação das bordas dos tecidos seccionados, visando a cicatrização adequada e restabelecimento funcional orgânico. Devem ser realizadas com materiais que possuam resistência suficiente para suportar a tração do tecido até a formação da cicatriz. Necessita respeitar os planos anatomicos e os mandamentos da eversão das bordas e simetria. Pode ser realizada por fios de sutura, grampos metálicos, cola ou grampos absorvíveis (bastante utilizados em cirurgias intestinais e pulmonares). Instrumentos necessários: - Fios de sutura de agulhas - Pinças de preensão (anatômica ou dente de rato) Thaís H. Ambrósio T XIV 12 Agressão cirúrgica - Trauma aos tecidos é inevitável - Movimentos delicados para controle do trauma - Preservação tecidual - Ligaduras volumosas devem ser evitadas - Bisturi elétrico: é hemostático, mas leva à necrose tecidual, que pode favorecer infecções. Tipo de ferida - Controlada: ocorre no âmbito hospitalar - Por vídeo: abordagem minimamente invasiva - Com bisturi elétrico: grau de lesão pode ser benéfico ou não (queimaduras), por isso deve ser utilizado com cuidado. - Traumática: ocorre fora do ambiente hospitalar e apresentam pior prognóstico → Três áreas - Áreas úmidas, como axila e períneo, são áreas de maior concentração bacteriana e, portanto, com maiores chances de infecções. - Áreas secas, como tronco, braços e pernas, apresentam menores chances de infecção. - Áreas expostas, como cabeça, face e pés, devem ser protegidas da radiação para que a cicatrização não seja prejudicada. Ferimentos - Solução de continuidade com os tecidos é comprometida sem perda de substancias. - Superficial: até os músculos. - Profundo: até ossos e vísceras. Obs.: a exposição óssea dos dedos é considerada superficial, pois a camada de tecido é muito fina. Tipos de feridas → Incisas - Estruturas cortantes: faca, folhas de metal etc. . A ferida incisa é feita com a lâmina do instrumento - Bordas bem definidas: melhor prognóstico → Feridas perfurantes - Agentes pontiagudos: facas e punhais . A ferida perfurante é feita com a ponta do instrumento - Atingem órgãos profundos: acometem cavidades e ossos. → Punctiformes - Semelhantes as perfurantes . Apenas a ponta do instrumento pode causar lesão - Comum prego no pé → Contusões: lesão por esmagamento - Pode haver formação de hematomas e bolhas → Corto contusas - Força ou pressão . Diferente das feridas apenas contusas, o trauma da ferida corto contusa foi capaz não só de lesar, mas também de romper a pele. - Bordas irregulares - Prognóstico ruim, pois não respeita linhas de força → Lesões abrasivas - Arrancam a pele . Comum em motoqueiros - Pior prognóstico - Maior risco de infecção Obs.: formação de “tatuagem” pelo asfalto; a sujeira da rua adere ao tecido. Fechamento da ferida O fechamento pode ser primário, primário retardado ou aberto. Depende do local do trauma, mecanismo e do grau de contaminação. - Primário: ferida com faca, por exemplo. O fechamento primário é autorizado. - Primário retardado: dúvida de infecção. É realizado curativo estéril e o paciente retorna após 24-48h. Se a evolução for favorável, então o fechamento é realizado, caso contrário a ferida é deixada aberta. - Aberto: cicatrização de dentro para fora; o tratamento pode durar muito tempo. Preparo da pele - Tricotomia - Debridamento cirúrgico - Hemostasia - Irrigação - Corpos estranhos Esquematização do tratamento 1. Avaliação inicial 2. Tamponar o ferimento em caso de sangramento para melhor avaliação da ferida 3. Colocar campos estéreis 4. Anestesiar: ao redor da ferida, por causa do risco de contaminação. 5. Controlar a hemostasia Thaís H. Ambrósio T XIV 13 6. Identificar o ferimento e o melhor tipo de tratamento 7. Debridamento criterioso 8. Irrigação copiosa 9. Definir o fechamento 10. Curativo CICATRIZAÇÃO É sempre um reparo, nunca como ooriginal. Fases da cicatrização → Fase inflamatória: epitelização - Fatores de crescimento Caracterizada pela presença de exsudato (secreção), que dura de um a quatro dias, dependendo da extensão e natureza da lesão. Nesse período ocorre a ativação do sistema de coagulação sanguínea, angiogênese, liberação de mediadores químicos (fatores de crescimento) e de células inflamatórias (macrófagos), podendo haver edema, vermelhidão e dor. Além disso, haverá um tecido de epitelização que preenche o leito de uma ferida aberta quando ela começa a cicatrizar, é caracterizado pela epiderme regenerada, seca e rosada, presente na superfície da ferida. → Fase proliferativa: contração - Saída de células inflamatórias - Início da colonização por fibroblastos - Formação de colágeno É a fase da regeneração, que pode durar de 5 a 20 dias. Nela ocorre a proliferação de fibroblastos, que dão origem ao processo chamado “fibroplasia”. Além disso, o colágeno sintetizado pelos fibroblastos promoverá uma contração da pele. Nesse período, as células endoteliais se proliferam, resultando em rica vascularização e infiltração de macrófagos, que logo se cessa. Esse conjunto forma o tecido de granulação, parte essencial da cicatrização cutânea. Além disso, há uma a reposição de colágeno. → Fase de maturação e remodelamento: dura até 6 meses. - Finalização da cicatriz - Fase mais longa - Começa após 3 semanas e pode chegar até 6 meses É a última fase do processo e que pode durar até 6 meses. A densidade celular e a vascularização são diminuídas, resultando na remodelação do tecido cicatricial (formado na fase anterior). As fibras são realinhadas para aumentar a resistência do tecido e melhorar o aspecto da cicatriz. Nessa fase, a cicatriz altera progressivamente sua tonalidade, passando do vermelho escuro a um tom rosa claro. O paciente deve ser sempre lembrado que a cicatrização terá um tempo de evolução de 6 meses, sendo preciso que ele tome todos os cuidados necessários para uma boa cicatrização. Tempo de fechamento - Época militar: depois de 6hrs não podia fechar a ferida por causa da infecção. Pensamento equivocado. - Hoje é sabido que o aumento considerável de bactérias ocorre após 12 hrs. - Ferida infectada X ferida limpa: deve ser considerado o tipo de ferida e o local em que ocorreu o trauma. Fechamento - Primário: o fechamento é realizado rapidamente pelo profissional. - Primário retardado: o ferimento é fechado após 24 horas - Secundário: a ferida é deixada aberta, mas é um processo demorado com mais riscos de infecção. Curativo - Seco: evita infecção. - Limpo - Barreira Uso do antibiótico Recomendado nos casos abaixo: - Feridas penetrantes - Feridas contaminadas - Debridamento inadequado - Membros com edema vascular ou linfático - Pacientes com possibilidade de endocardite - Pacientes com próteses metálicas. Thaís H. Ambrósio T XIV 14 AGULHAS CIRÚRGICAS Instrumento cuja finalidade é transfixar os tecidos para guiar os fios de sutura com o objetivo de reconstrução tissular. São feitas de aço inoxidável e podem ser utilizadas pré-montadas com o fio de sutura. São classificadas em: - Retas X curvas - Cilíndricas (1) X cortantes (2) . 1: Secção transversal traumatiza menos o tecido; destinada a operações mais delicadas . 2: secção transversal em forma de triangulo, que traumatizam e perfuram mais; utilizadas em tecidos mais robustos. - Traumáticas X atraumáticas . A extremidade distal da agulha onde é montado o fio é atraumática, quando pré-montada. . Quando apresenta um orifício para a passagem dos fios de sutura, são classificadas como traumáticas. Agulhas retas - Pouco utilizadas na atualidade - Uso manual - Empunhadas com polegar, indicador e dedo médio - Sutura se inicia do cirurgião para o lado oposto da incisão. Agulhas curvas - Mais populares - Diâmetro variável: frações de círculo . Semicírculo, ¾, 5/8, 3/8... . Depende do tecido trabalhado - Corte transversal: cilíndrico X triangular . Cilíndrico: apresenta menor traumatismo tecidual (atraumática), sendo dedicada à estruturas mais sensíveis e delicadas. . Triangular: apresenta maior traumatismo tecidual (traumática), sendo dedicada à estruturas mais robustas e resistentes. - Forma de inserção do fio: traumática quando o fio não vem acoplado e atraumática quando o fio já vem acoplado Seleção da agulha ideal - Acesso a estrutura a ser suturada - Tipo de tecido - Diâmetro do fio de sutura Instrumentos auxiliares Para segurar a agulha durante uma sutura, utiliza-se como instrumento auxiliar, o porta-agulhas, que apresenta tamanho e forma variadas. Quando utilizado, a agulha deve estar firme e deve-se iniciar a sutura da borda mais distante ao cirurgião para a borda mais próxima. Além disso, o movimento realizado deve ser de pronação para supinação do antebraço, com finalização e retirada da agulha. - Agulha firme - Borda distante – próxima - Pronação – supinação antebraço - Retirada da agulha FIOS DE SUTURA Elementos que garantem a resistência da ferida até a sua cicatrização. Diâmetro baseado em décimos de milímetros - Absorvíveis X inabsorvíveis - Mono (1) X multifilamentares . 1: quando absorvível pode causar infecção secundária, mas com intensidade menor que o multi. Características do fio ideal - Baixo custo - Absorvível - Boa resistência tênsil - Facilidade de manuseio - Reação biológica pequena Obs.: na imagem vemos uma tabela com o tamanho dos fios. Por exemplo, nylon com 2 zeros → nylon com 2 décimos de mm de espessura. Quanto mais zeros menor o diâmetro. Fios absorvíveis → Categute . Intestino bovino/ovinos: serosa e subserosa . Monofilamentar, espesso . Agulhados ou não Thaís H. Ambrósio T XIV 15 . Grande reação biológica . Operações urogenicológicas . Ligaduras vasculares no subcutâneo - Simples: 8 dias para absorção - Cromado Bicrometo de potássio; 20 dias para absorção. → Ácido poliglicóico – Dexon . Pouco utilizado no BR . Maior resistência que o categute . Absorção 60-90 dias: estruturas que exigem resistência mais prolongada. . Pouca reação biológica . Multifilamentado . Tecidos mais resistentes → Ácido poligaláctico – Vycril . Resistência semelhante ao Dexon . Desvantagem: multifilamentado . Muito popular e bastante utilizado . Absorção em 60 dias . Baixa reação adversa → Polidioxanona – Maxon . Grande resistência tênsil . Monofilamentar . Absorção lenta . Pouco utilizado . Ortopedia; cavidade abdominal Inabsorvíveis - Seda . Filamento proteico do entrelaçado . Bicho . Multifilamentado . Maleável e fácil de utilizar . Pouco utilizado na atualidade. - Algodão . Multifilamentado . Maleável . Grande reação biológica . Muito utilizado em ligaduras . Nó forte e difícil de soltar - Poliéster . Sintético . Multifilamentado . Grande resistência . Necessita de mais nós para fixação . Podem ser recobertos com polibutilato - Nylon/Poliamida . Mono ou multifilamentares . Duro e difícil de manipular . Hidrofóbico . Pequena reação biológica . Nós frouxos - Polipropileno (prolene) . Monofilamentar . Grande resistência tênsil . Pequena reação biológica . Fios pequenos e delicados, ideais para sutura vascular e nervosa - Aço (aciflex) . Monofilamentar . Granderesistência tênsil . Duro de difícil manipulação . Cirurgias ósseas SUTURAS Ponto ou conjunto de pontos realizados em determinado tecido lesionado, com o objetivo de união, fixação e sustentação até seu processo de cicatrização. É feito um ou vários pontos. Os pontos podem ser separados ou contínuos. Pontos separados - Menor quantidade de corpo estranho na ferida (fios) - Afrouxamento de um ponto não compremete o restante da sutura - Mais trabalhosa e demorada - Menos isquemiante As suturas de pontos separados podem ser: - Pontos simples . Mais utilizado - Pontos em U vertical (Donatti) . Sutura da pele - Pontos em U horizontal . Musculatura - Pontos em X . Tecidos fortes de grande resistência Thaís H. Ambrósio T XIV 16 Pontos contínuos - Maior quantidade de corpo estranho na ferida (fios) - Afrouxamento de um ponto compromete o restante da sutura - Mais rápida e mais isquemiante Podem ser: - Chuleio simples: subcutâneo; gastrointestinal - Chuleio ancorado . Um ponto bloqueia o anterior . Impede que a sutura desmonte . Aponeuroses - Barra grega: musculatura - Intradérmica: pele . Usado em cirurgias delicadas para cicatrizes mais estéticas. Outros métodos de suturas - Grampos metálicos - Grampos absorvíveis - Colas - Esparadrapos microporosos Abdome é a cavidade do tronco situada abaixo do diafragma e acima de um plano arqueado, que passa na pelve óssea (assoalho pélvico). A parede abdominal que envolve essa cavidade, principalmente em sua parte anterolateral, apresenta aspectos morfofuncionais de importância na prática médica. A parte dorsal, menos móvel, desempenha um papel mais destacado na manutenção da posição ortostática do ser humano, sendo constituída fundamentalmente pela coluna vertebral e fortes massas musculares. A região da parede anterolateral apresenta como limites: cranialmente as saliências das margens costais e do processo xifoide; caudalmente as cristas ilíacas, pregas inguinais e sínfise púbica; lateralmente duas linhas verticais traçadas das margens costais até as posições mais elevadas das cristas ilíacas. Cinco pares de músculos e suas respectivas aponeuroses de inserção constituem a camada músculo-aponeurótica da parede anterolateal. Anteriormente, situam-se os mm retoabdominais e os mm piramidais ocupando uma posição paramediana. Lateralmente, a parede abdominal é constituída de três extratos musculo-aponeuróticos (oblíquo externo, interno e transverso do abdome). Topograficamente, a parede pode ser dividida em nove regiões por linhas horizontais e verticais. As divisões são úteis para facilitar a descrição da localização dos sintomas e sinais que se projetam no Thaís H. Ambrósio T XIV 17 abdome. Além disso, há certa correlação entre a localização das manifestações clínicas e a localização dos órgãos que as originam. O compromisso do cirurgião é com o doente e não com a via de acesso, assim, não se deve dar maior importância a via de acesso que à própria cirurgia. A escolha da via depende da proposição cirúrgica e, além disso, devemos fazer a menor incisão possível a fim de evitar intensas dores pós-operatórias e interferências respiratórias. VIAS DE ACESSO À CAVIDADE ABDOMINAL - O compromisso do cirurgião é com o doente e não com a via de acesso! - A escolha da via depende da posição cirúrgica - Não se deve dar maior importância à via de acesso que à própria cirurgia - Dor pós-operatória/ interferência com a respiração Incisão ideal - Rápido acesso à cavidade abdominal - Permitir boa amplitude de movimentos por parte do cirurgião - Reconstituição perfeita da parede sob o aspecto anatômico, funcional e estético - Permitir ampliação, caso necessária. - Gerar o mínimo trauma. TERMINOLOGIAS E TIPOS DE INCISÕES - Longitudinais . Mediana: em cima da linha alba . Paramediana (m reto): transretal (atravessa o m reto), pararretal interna (m reto deslocado lateralmente) e pararretal externa (m reto deslocado medialmente). - Transversais . Frequentemente usadas na pediatria - Oblíquas - Relação com cicatriz umbilical - Outras: combinadas; toracolaparotomia; toracofrenolaparotonia. A escolha da incisão pararetal interna ou externa, depende da irrigação e inervação do músculo reto do abdome. Normalmente, no andar inferior do abdome, utiliza-se a pararetal externa e no andar superior do abdome, utiliza-se a pararetal interna. Isso ocorre a fim de se lesar uma menor quantidade de vasos sanguíneos e terminações nervosas. Uma cirurgia limpa é aquela na qual o cirurgião não manuseia nenhuma víscera oca, como uma cirurgia de hérnia. Uma cirurgia potencialmente contaminada é aquela na qual se manuseia uma víscera oca, sem que haja exposição da luz desta. Uma cirurgia contaminada é aquela na qual há exposição do conteúdo de uma víscera oca. Complicações → Abscesso - Causas: infecções intra ou pós-operatória (normalmente é um abscesso da cicatriz) Com relação às infecções, a cirurgia pode ser classificada em três: limpa (não mexemos em nenhuma víscera oca, como na de hérnia), potencialmente contaminada (manipular a víscera oca sem expor a luz) ou contaminada (exposição da víscera oca, pus, fezes – facada). - Prevenção: limpeza da ferida (clorexidina); técnica cirúrgica adequada e asséptica. → Deiscência: abertura de um ou mais planos da parede abdominal, como ocorre em uma evisceração e na hérnia incisional. - Causas: desnutrição, infecção e má técnica - Prevenção: preservar vascularização, técnica cirúrgica adequada e asséptica e melhorar o estado geral do paciente quando possível. Thaís H. Ambrósio T XIV 18 No pescoço identificam-se componentes do sistema nervoso central e periférico, s. digestório, vascular, respiratório, bem como uma estrutura complexa de músculos e da coluna cervical. O plexo braquial - Possível bloqueio de membros superiores - Delimitação: Saída entre os mm. escalenos anterior e médio, estende-se inferiormente, profundamente à clavícula e abaixo do ventre posterior do m. omo- hióideo. - Reconhecer cartilagem tireoide e cricoide, pois entre elas se encontra o ligamento cricotiroideo, onde é realizada a cricostomia. - A cricostomia é feita entre a cartilagem tireoide e a cricoide. - Cricostomia: abertura da membrana cricotireoidea, comunicando-a com o meio externo. Simples, eficaz, seguro e rápido. Obs.: achar a epiglote para intubar corretamente. Há algumas divisões do pescoço. Quando falamos em trauma, utilizamos as divisões da imagem abaixo: Zona 1: vai da cartilagem cricoidea até a fossa supraclavicular. - Corresponde a 8% dos traumas cervicais - É composta pela A. carótida comum proximal, a. vertebral e subclávia, v subclávia e jugular, n laríngeo recorrente e n vago, traqueia, esôfago e ducto torácico. - Alta mortalidade e difícil manejo Acesso cirúrgico: esternotomia ou toracocotomia Zona 2: corresponde a 77% dos traumas cervicais - Do ângulo da mandíbula à cartilagem cricoide - Indicação cirúrgica frequente e de fácil acesso cirúrgico - Abriga A. carótida, V. vertebral e V. jugular, N. laríngeo recorrente e N. vago,traqueia, esôfago, ducto torácico e tireoide - Seu acesso cirúrgico é por cervicotomia em colar ou oblíqua. Zona 3: 15% dos traumas cervicais - Alta mortalidade e difícil manejo - Da base do crânio até uma linha traçada horizontalmente na mandíbula - Abriga A. carótida, A. vertebral extracraniana, V. jugular, pares cranianos IX-XII (glossofaríngeo, vago, acessório, hipoglosso), tronco simpático e medula espinal - Seu acesso cirúrgico é feito por craniotomia ou mandibulectomia (processo difícil, alta mortalidade) Thaís H. Ambrósio T XIV 19 CRICOSTOMIA Para a palpação da membrana cricotireoidea, palpa- se a proeminência laríngea na cartilagem tireóidea e desliza-se o dedo para sua borda inferior, no sentido crâniocaudal. Sente-se uma pequena depressão de consistência elástica, seguida de uma elevação de consciência óssea (cartilagem cricóide). Ao nível desta depressão está a membrana cricotireóidea. - Abertura da membrana cricotireoidea, comunicando-a com o meio externo. - Simples, eficaz e rápido, mas com tempo certo de agir. Indicações 1. Quando a intubação orotraqueal ou nasotraqueal não foi possível ou é contraindicada 2. Hemorragia oral ou nasal 3. Vômitos volumosos 4. Trisma (incapacidade de abrir a boca devido infiltração nos Mm pterigoideos, trauma na ATM, tumor) 5. Laringoespasmo 6. Estenose das vias aéreas altas 7. Corpo estranho impactado acima da cricoide 8. Trauma importante orofaringe, nasofaringe e estruturas maxilofaciais 9. Fratura da coluna cervical A cricotireoidostomia deve ser convertida em traqueostomia no máximo em 72h. A presença prolongada da cânula de cricotireoidostomia está associada ao risco de estenose subglótica. Além disso, a traqueostomia apresenta uma condição mais ampla e não danifica a laringe. - Contraindicações absolutas da crico . Quando o paciente pode ser submetido a intubação orotraqueal . Transecção completa da traqueia . Ruptura laringotraqueal . Fratura da laringe - Contraindicações relativas . Estenose subglótica (Ex: paciente entubado por muito tempo é extubado e depois de 3 meses inicia quadro semelhante a asma, com dispneia, faz tomografia e dependendo do local não é possível entubar e faz traqueostomia) . Epiglotite . Presença de processo inflamatório . Infecção de laringe . Coagulopatias . Obesidade mórbida . Aumento da tireoide . Crianças abaixo de 12 anos: possível perfuração das cordas vocais. A técnica da cricotireoidostomia: - Paciente em decúbito dorsal horizontal com coxim - Palpação da cartilagem tireoidiana e membrana cricotireoidea. - Anestesia local, caso o paciente estiver consciente - Estabiliza-se (segurar) a cartilagem tireoidea - Incisão transversal a membrana cricotireoidea - Dilatação da membrana com Halsted ou cabo do bisturi - Inserção da cânula em sentido caudal - Conexão da válvula na cânula, infla-se o cuff para ventilar o paciente. Caso contrário há grande risco de morte. - Risco: perfurar o esôfago TRAQUEOSTOMIA - Comunicar traqueia com meio externo, possibilitando respiração por nova via aérea. Paciente não vai mais respirar via nariz, vai respirar via traqueia. Indicações: - Obstrução das vias aéreas: disfunção laríngea (lesão nos nervos laríngeos recorrentes direito e esquerdo), trauma, queimaduras e corrosivos, corpos estranhos, anomalias congênitas, infecções, neoplasias, manejo pós-operatório (edema em cavidade oral), apneia do sono - Limpeza das vias aéreas: pacientes muito secretivos que broncoaspiram com frequência, indicação de traqueostomia para melhor aspiração e consequente recuperação do paciente. - Suporte ventilatório, posso deixar o paciente entubado por 2 semanas, se o caso for de ficar mais tempo devo fazer traqueostomia o mais rápido possível. Como fazer a traqueostomia: - Paciente em decúbito dorsal horizontal com coxim sob os ombros e o pescoço em extensão - Incisão da pele, vertical ou horizontal, no meio da distância entre cartilagem cricoide e fúrcula esternal, com 3-4 cm - Divulsão do tecido subcutâneo - Descolar retalho superior e inferior - Deslocar cranialmente ou ligar istmo tireóideo - Exposição dos quatro primeiros anéis traqueais (melhor no primeiro ou segundo anel traqueal) - Abertura da traqueia: . Crianças: abertura em H Thaís H. Ambrósio T XIV 20 . Adulto: vários tipos de incisões são utilizados - H, U, T, abertura simples, ressecção de anel. - Teste do balão e da cânula, introduzindo-a. - Sutura da ferida com pontos esparsos, para evitar enfisema subcutâneo - Fixação da cânula Em 10% dos pacientes sai do arco aorta uma artéria chamada a. inominada ou a. imã, que vai para o istmo da tireoide. Deve-se tomar cuidado, pois seccionar essa artéria pode levar o paciente à óbito devido sua alta pressão. A cânula colocada na traqueo pode ser: - Provisória: PO, ventilação mecânica, cânula de plástico - Longo prazo: casa, sem ventilação mecânica, cânula metálica (a de plástico impossibilita a limpeza). Ocluindo com o dedo, o paciente consegue falar. O tórax é constituído posteriormente por 12 vértebras torácicas, anteriormente pelo osso esterno e lateralmente por 12 pares de costelas. Abriga órgãos vitais, como o coração no mediastino, grandes vasos, árvore traqueobrônquica e pulmões. PROCEDIMENTOS - Toracocentese - Drenagem torácica → Toracocentese Este procedimento consiste na punção pleural, sendo usada para o diagnóstico e para estabelecer a causa de um derrame pleural. Também é indicado em para drenar grandes infusões que causam comprometimento respiratório, além de ser indicado no derrame pleural parapneumónico (relacionado a pneumonia), neoplasias e insuficiência cardíaca. Quando o paciente apresenta dispneia associada ao derrame pleural, a retirada deste líquido serve tanto para o diagnóstico, quanto para tratamento, a fim de permitir a expansibilidade do pulmão. Existem dados limitados sobre a segurança da toracocentese em pacientes com anormalidades de coagulação. Contudo, o procedimento é provavelmente salvo em pacientes com elevações leves ou moderadas do tempo de protrombina ou tempo de tromboplastina parcial. A decisão de usar plasma fresco congelado ou concentrado de plaquetas em pacientes com coagulopatia clinicamente significativa ou trombocitopenia deve ser avaliada individualmente. O procedimento deve ser usado com cuidado em pacientes que estão recebendo ventilação mecânica, pois a ventilação com pressão positiva pode Thaís H. Ambrósio T XIV 21 aproximar o pulmão da agulha de toracocentese e aumentar o risco de pneumotórax. Além disso, a toracocentese deve ser adiada em pacientes com comprometimento hemodinâmico ou respiratório grave até que a condição subjacente possa ser estabilizada. Em pacientes com fusões pequenas ou loculadas, o procedimento deve ser realizado por operadores experientes, junto com a orientação de imagens em tempo real. A agulha de toracocentese não deve passar através de infecções no local de detenção, como celulite ou herpes zoster. Inicialmente, realiza-se o procedimento de preparação estéril do local e administração da anestesia.Para realizar o procedimento, é necessário um agente de limpeza de pele, gaze estéril, luvas estéreis, um pano estéril, uma pinça hemostática (opcional com lidocaína a 1 ou 2%) e uma seringa de 10 mililitros com agulha de calibre 22 a 25 para a coleta do líquido pleural. Além disso, será necessário um calibre 18 a 20 sobre o cateter da agulha, seringa de 60 mililitros, tubos de drenagem estéreis para espécimes, de um grande evacuado e de um curativo oclusivo estéril. O procedimento deve ser explicado ao paciente, o qual deve assinar um consentimento por escrito, além de confirmar a identidade do paciente que será submetido ao procedimento. Em seguida, é necessário um assistente para ajudar a posicionar e monitorar o paciente, auxiliar na coleta do líquido pleural e colocar o paciente em uma posição sentada na beira da cama com os braços apoiados em uma mesa. A altura da efusão é determinada por ausculta e percussão da parede torácica posterior. Quando houver a percussão de um som maciço, há a indicação da presença de líquido. Com a caneta marcadora da pele, deve-se marcar o local de inserção da agulha, o qual deve ser de 5 a 10 centímetros lateral à coluna vertebral e pelo menos um ou dois espaços intercostais abaixo do topo da efusão. Se disponível, a ultrassonografia à beira do leito pode ser usada para ajudar a visualizar o derrame. A superfície inferior da costela deve ser evitada, uma vez que os vasos e nervos intercostais estão localizados nesta região. Neste ponto, deve-se passar a agulha sobre o aspecto superior da costela, alternativamente, injetando o anestésico e puxando o êmbolo conforme avança, uma vez que a agulha entra no espaço pleural. O fluido pleural entrará para preencher a seringa. Deve-se injetar mais anestésico neste ponto para anestesiar a pleura parietal altamente sensível. Resumindo... - Punção pleural, serve para esvaziar o líquido entre pleura parietal e visceral, usado para diagnóstico e tratamento. Casos de líquido no tórax: - Derrame pleural: pode ser relacionado a neoplasia e insuficiência cardíaca. - Hemotórax - Pneumonia: pode causar derrame pleural parapneumônico (ao redor da pneumonia) que pode ser infeccioso ou inflamatório, se for infeccioso é composto por pus, toracocentese usada para diagnóstico - Paciente com ICC, aumento da pressão do coração, começa ter congestão, edema de membros inferiores, ascite, hipertensão pulmonar com derrame pleural, o derrame pleural será secundário a ICC. No PS o paciente está dispneico na imagem mostra derrame pleural, melhora a dispneia ao fazer a toracocentese. - Paciente portador de neoplasia maligna, principalmente metastáticas podem cursar com derrame pleural parapneumonico, comum nas neoplasias de fígado, mama e pulmão. Indicação: - Líquido dentro do tórax. Isso pode ocorrer por um derrame pleural relacionado a pneumonia (parapneumonico), neoplasia, ICC. . O diagnóstico do líquido é essencial para saber sua origem, por isso a importância da toracocentese. É um processo diagnóstico. Em pacientes com falta de ar por excesso do líquido que impede a boa expansibilidade do pulmão, a retirada do líquido pela toracocentese pode ser além de diagnóstica, também para tratamento dos sintomas. Contraindicação: - Pessoas com problemas coagulativos Obs.: Percutir o tórax → quando encontra som maciço é onde há líquido, normalmente está entre 8º a 10º EI, usando a linha abaixo da escápula (para não atingir uma víscera). Atualmente pode ser guiada por ultrassom. Thaís H. Ambrósio T XIV 22 → Drenagem torácica A drenagem torácica reestabelece a pressão negativa pulmonar, remove ar ou líquidos do espaço pleural, permite a expansão pulmonar e impede que o refluxo do material drenado volte ao tórax. Dessa maneira, é indicada quando há perda da pressão negativa no espaço intratorácico e, consequentemente, perda da função pulmonar. Essa situação pode ocorrer devido à presença de pus (derrame pleural por empiema), fluído (hemotórax) ou ar (pneumotórax) na cavidade pleural, resultando em colapso parcial ou total do pulmão. A drenagem é realizada na borda superior da costela inferior, nível do mamilo (quinto espaço intercostal) e imediatamente anterior à linha axilar média do lado afetado (linha axilar média ou anterior). O dreno deve sempre ser inserido póstero-superiormente e sobre selo d’água. Após determinar o local predeterminado para a inserção do dreno, deve-se preparar cirurgicamente o tórax e o cobrir com os campos cirúrgicos. Além disso, deve-se anestesiar localmente a pele e o periósteo do arco costal. Em seguida, deve-se realizar uma incisão transversa (horizontal) de 2 a 3 em, no local predeterminado, e dissecar as partes moles. Posteriormente, deve-se perfurar a pleura parietal com a ponta de uma pinça hemostática e introduzir o dedo enluvado na incisão para evitar lesões de outros órgãos e para remover aderências, coágulos, entre outros. Quando o tubo estiver no local adequado, remover o clampe do tubo. Logo após, se deve pinçar a extremidade proximal do dreno de toracostomia e introduzi-lo no espaço pleural na extensão desejada. O tubo deve ser direcionado posteriormente junto à parede interna da caixa torácica. Por fim, deve-se observar o embaçamento do tubo torácico com a expiração ou prestar atenção para verificar se existe fluxo de ar. Ademais, é necessário conectar a extremidade do dreno de toracostomia a um sistema de selo d’água, fixar o dreno no local com fio de sutura e aplicar um curativo oclusivo, fixando o dreno ao tórax com esparadrapo. Resumindo... - Mantém o sistema de drenagem - Pode fazer diagnóstico - Técnica: Borda superior da costela inferior; 5º EIC . 5º EI linha axilar anterior ou média . Drenagem sob o selo d’agua Indicações: - Pneumotórax: trauma de tórax, espontâneo (enfisema), doenças pulmonares - Pneumotórax hipertensivo: traumático, risco iminente de morte, se não puder fazer drenagem torácica pode ser feita punção no 2º EI na linha hemiclavicular ou 5º na linha axilar anterior ou média, transforma em pneumotórax aberto que não tem iminência de morte. - Hemotórax: trauma de tórax - Quilotórax - Empiema pleural e abcesso pulmonar (pus) - Pós operatório Zona de Ziedler Delimitada por: linha para esternal direita, 3º EIC, 7º EIC e linha axilar posterior esquerda do arcabouço torácico. Área em que provavelmente o coração está. Em caso de ferimento perfurante nessa área, posso presumir que o coração foi afetado. Vias de acesso na cirurgia de tórax Tenho abordagem lateral e anterior: - Esternotomia: abordagem anterior para coração e mediastino. - Toracotomia anterior: via principal para a cirurgia cardíaca aberta. - Lateral: drenagem torácica e toracotomia de emergência – ferimento do precórdio e PCR. Obs.: Pulmão e pleura: abordagem lateral. Resumindo... - Toracotomia anterior ou esternotomia: incisão cirúrgica realizada sobre o esterno, sendo uma via de abordagem anterior do coração, mediastino e timo. O fechamento do mediastino é realizado com fio de aço. - Toracotomia posterolateral: incisão cirúrgica realizada, normalmente, sobre as costelas, sendo uma via de abordagem lateral anteroposterior dos pulmões, pleura e da toracotomia de emergência (reanimação). Sempre que o tórax é abordado cirurgicamente, é mandatório que haja um dreno de tórax para que o pulmão posso expandir no pós-operatório.Thaís H. Ambrósio T XIV 23 ABORDAGENS CIRÚRGICAS De modo geral, as extremidades podem ser abordadas através da ortopedia, cirurgia geral e vascular. Contudo, por cada parte dos membros apresentarem características anatômicas e funcionais específicas e distintas, existem inúmeras abordagens para as extremidades. A abordagem supraclavicular permite o acesso às raízes do plexo braquial e a grandes vasos, como a artéria e a veia subclávia. A abordagem infraclavicular também permite o acesso às raízes do plexo braquial e a grandes vasos, como a artéria e a veia subclávia. Contudo, abrange estruturas mais distais, como o gradil costal e a pleura (pneumotórax). A abordagem deltopeitoral permite o acesso ao ombro, sendo usada em cirurgias de correção do manguito rotador, luxações, fratura de cabeça do úmero, entre outros. Nesta abordagem, deve-se ter cuidado com a veia cefálica localizada sulco deltopeitoral. Na abordagem anterior ao cotovelo encontra-se estruturas muito importantes como artéria braquial, nervo radial, nervo interósseo, nervo mediano e nervo ulnar, assim, qualquer lesão condiliana é provável de gerar lesão vascular ou nervosa. Nesta abordagem, o acesso a vasos, é realizado através da via de acesso posterior. A abordagem anterior ao punho é utilizada na Síndrome do Túnel do Carpo, em cirurgias do nervo ulnar e no tratamento de cistos sinoviais. Esta região é muito acometida por fraturas, principalmente se já há quadro de osteoporose. A abordagem pelos metacarpos e dedos é utilizada quando estas regiões são expostas a traumatismos e lesões, havendo chance apresentar acometimento vascular e neurológico. A abordagem da mão é utilizada geralmente quando há trauma, o qual é preocupante devido ao fato desta região conter muitas estruturas nobres. A retirada do polegar é grave, uma vez que este permite trabalhos e atividades com a mão. A abordagem do quadril é utilizada em artroses e, geralmente, quando há fraturas por osteoporose (principal fratura). Na abordagem da região poplítea encontra-se estruturas muito importantes como artéria poplítea, veia poplítea e nervo ciático, sendo esta uma região de acesso a estas estruturas. A abordagem do pé é utilizada para fraturas do tornozelo, tarso, metatarso e falange. ESTRUTURAS 1. Vasos arteriais e venosos Cada membro possui sua artéria principal e quanto mais proximal a lesão, mais grave e arriscado é perder a função do membro. 2. Nervos Os nervos estão agrupados em plexos, podendo as lesões nos nervos causarem sequelas parciais ou totais do membro acometido. As cirurgias desta estrutura são complexas, preocupantes e normalmente têm evolução com sequela. Na cicatrização do nervo, a recuperação é lena (1 milímetro de nervo por dia) e se em 6 meses a placa terminal do nervo não receber estímulo, ela é absorvida. Assim, lesões periféricas apresentam melhores resultados, enquanto lesões proximais apresentam piores resultados. Além disso, devido a extensão diária de recuperação nervosa, lesões maiores que 18 centímetros apresentam perda da função nervosa pela absorção da placa motora. De modo geral, existem dois tipos de micro suturas para nervos, sendo epi-epi para epineuro e peri-peri para perineuro (mais efetiva). Normalmente, utiliza-se fios muito finos, colas biológicas e magnificação mandatória. 3. Músculos A musculatura é responsável pela sustentação e funcionalidade, sendo todos os membros envolvidos por um complexo e bem elaborado conjunto de músculos. 4. Ossos Os ossos permitem que todos os outros grupos se apoiem, permitindo a sustentação do corpo. 5. Tendões As regiões tendíneas são pouco conhecidas pelos médicos. Quando um tendão é lesado, sua função nunca mais volta a ser como antes da lesão. Estima-se que sua força passa a ser de 20 a 30% menor que o tendão íntegro, apresentando, assim, um resultado insatisfatório. A vascularização e nutrição desta estrutura é realizada pela bainha tendínea que envolve o tendão. Quando há lesão nessa bainha, o tendão sofre agressão com alteração vascular, prejudicando ainda mais sua funcionalidade após a cirurgia. Thaís H. Ambrósio T XIV 24 O período de cicatrização dura cerca de 4 semanas após o reparo, tornando-se a funcionalidade próxima a normal. Atualmente, as cirurgias tendíneas compreendem a: - Tenorrafia: sutura cirúrgica das extremidades de um tendão seccionado. - Tenotomia: secionamento de tendão. Esta é utilizada no tratamento do pé torno congênito. AMPUTAÇÃO A amputação consiste na retirada de parte de um membro de forma definitiva, a fim de salvar o corpo em sacrífico deste membro. As principais condições para que esta ocorra, são as fraturas expostas com lesão vascular, quando a estrutura não é viável. A cirurgia laparoscópica, vídeo cirurgia ou cirurgia minimamente invasiva é um dos maiores avanços da cirurgia nas últimas décadas, consistindo em uma abordagem em que o acesso as cavidades corpóreas se faz por incisões mínimas (0,5 cm a 2 cm). Sendo baseada no tratamento minimamente invasivo, o procedimento laparoscópico objetiva o tratamento cirúrgico com menor agressão ao organismo, havendo exposição mínima das vísceras, diminuindo significativamente a dor e o trauma metabólico pós-operatório. Dentre as vantagens da laparoscopia tem-se o menor desconforto pós-operatório, alta precoce, retorno das atividades mais rapidamente, redução das complicações relacionadas com a parede, como hérnias, eviscerações e infecções, entre outros. Dentre as desvantagens da laparoscopia tem-se o custo elevado dos equipamentos, dos instrumentais, dos grampeadores de uso único, dos cursos para especialização, entre outros. Dentre os principais instrumentos utilizados, tem-se: - Trocartes: são os instrumentos utilizados para adentrar no orifício realizado na cavidade abdominal ou até mesmo utilizado para realizar o próprio orifício para adentrar na cavidade abdominal. Assim, o instrumental cirúrgico e a endocâmera entram na cavidade através de trocartes que são como tubos com válvulas para permitir a entrada de gás carbônico e dos instrumentos sem a saída de gás, que são introduzidos através de pequenas incisões na pele (5 a 14 mm). - Ótica: é o instrumento responsável por fornecer o aumento da visualização do campo cirúrgico. Esta, conecta-se com a endocâmera e é composta por de 6 a 8 lentes cilíndricas, dando razão para seu valor elevado. - Endocâmera: uma fonte de luz é conectada a um cabo de fibra óptica, sendo esta luz mandada através das lentes para iluminar a cavidade abdominal. Quando isso ocorre, a imagem de dentro da cavidade abdominal é captada pela lente, na qual se conecta uma vídeo-câmera. - Raque: compreende a estante com monitor, fonte de luz, insuflador (injeção CO2 medicinal estéril na cavidade abdominal para criar espaços) e vídeo câmera. - Bisturi ultrassônico: este permite reduzir o tempo e as chances de sangramentos. Thaís H. Ambrósio T XIV 25 O pneumoperitônio diz respeito à presença de ar na cavidade abdominal e pode ser realizado de forma aberta ou fechada. Na forma aberta é realizada uma minilaparotomia e o trocarte é inserido diretamente, sob visão direta na cavidade. Na forma fechada é realizada uma punção com uma agulha especial (agulha de Veress) e após ser atingido o nível pressórico
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