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1 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES CLÍNICAS | P4 – UC11 | MEDICINA UNIT AL METAIS PESADOS • São quimicamente muito reativos e bioacumulativos, ou seja, o organismo não é capaz de eliminá-los de uma forma rápida e eficaz. • Classificação: Elementos essenciais: sódio, potássio, cálcio, zinco, ferro, cobre, níquel e magnésio. Micro contaminantes ambientais: arsênio, chumbo, cádmio, mercúrio, alumínio, titânio, estanho e tungstênio. Elementos essenciais e simultaneamente micro contaminantes: crômio, zinco, ferro, cobalto, manganês e níquel. CHUMBO • A infecção por chumbo é também denominada saturnismo. • Principais atividades profissionais e fontes de exposição ambiental: Exposições ocupacionais a poeiras e fumos de chumbo. Extração, concentração e refino de minérios contendo chumbo. Fundição de chumbo. Produção, reforma e reciclagem de acumuladores elétricos. Fabricação e tempera de aço chumbo. Fundições de latão e bronze. Reparo de radiadores de carro. Manuseio de sucatas de chumbo. Instrução e prática de tiro. Produção de cerâmicas. Jateamento de tintas antigas a base de chumbo. Soldas a base de chumbo. Produção de cristais. Uso de rebolos contendo chumbo. Corte a maçarico de chapas de chumbo ou pintadas com tintas à base de chumbo. Demolição, queima, corte ao maçarico de materiais revestidos de tintas contendo chumbo. Demolição de instalações antigas com fornos de chumbo. Produção de pigmentos contendo chumbo. Operações de lixamento/polimento de materiais contendo chumbo. Os principais compostos orgânicos de chumbo são encontrados em tinturas de cabelo, secantes de lacas, vernizes, graxas, ceras e em antidetonantes para gasolina. INTOXICAÇÃO • Uma vez que o chumbo entre em contato com o organismo, ele não sofre metabolização, sendo complexado por macromoléculas, diretamente absorvido, distribuído e excretado. • VIAS DE CONTAMINAÇÃO: inalação de fumos e poeiras (mais importante do ponto de vista ocupacional) e a ingestão. Apenas as formas orgânicas do metal podem ser absorvidas via cutânea. • ABSORÇÃO: O chumbo é bem absorvido por inalação e até 16 % do chumbo ingerido por adultos pode ser absorvido. Em crianças, o percentual absorvido através da via digestiva é de 50 %. • MEIA-VIDA: Sangue: 37 dias. Tecidos moles: 40 dias. Ossos: 27 anos → maior depósito corporal do metal armazenando 90 a 95% do chumbo presente no corpo. • EXCREÇÃO: é extremamente lenta, ocorrendo 65 % por via renal e 35% por via biliar. O restante é pelo suor, unhas, cabelos, descamação da pele. Propedêutica em Intoxicações por Metais Pesados Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de alguns desses metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, estrôncio, e zinco, para a realização de funções vitais no organismo. Porém níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos. Outros metais pesados como o mercúrio, chumbo e cádmio não desempenham nenhuma função nutricional ou bioquímica em microorganismos, plantas ou animais e sua presença é prejudicial em qualquer concentração. 2 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES CLÍNICAS | P4 – UC11 | MEDICINA UNIT AL EFEITOS NO ORGANISMO • INTOXICAÇÃO SUBAGUDA: conhecido como saturnismo agudo, mas seria melhor a denominação de saturnismo subagudo, tendo em vista que este quadro evolui em algumas semanas de exposição, e não em horas como se esperaria de uma afecção aguda. Cólica intensa (saturnica), que pode ser confundida com abdômen agudo; Palidez intensa; Oligúria ou anúria; Desidratação. • INTOXICAÇÃO CRÔNICA: A intoxicação aguda citada acima é extremamente rara, sendo o saturnismo quase sinônimo de intoxicação crônica. Sintomas constitucionais: fadiga, mal-estar, irritabilidade, anorexia, insônia, perda de peso, empachamento pós-pandrial; Sintomas neurológicos: encefalopatia (pode haver vômitos, apatia, ataxia, confusão mental, alucinações, incoordenação, vertigens, tremores, convulsão, delírio e coma); quadros de intoxicação leves podem cursar com comprometimento cognitivo leve, cefaleia, fadiga, perda de memória, perda da concentração e atenção, alterações de humor; quadros graves podem cursar com distúrbios de comportamento evidentes (paranoia, delírios e alucinações), alterações da marcha, equilíbrio e agitação psicomotora e mais tardiamente, neuropatia periférica; Sintomas renais: nefropatia aguda → nefrite crônica. Insuficiência renal. Sintomas gastrintestinais: cólicas que muitas vezes não respondem a antiespasmódicos; Pode haver náuseas, vômitos, constipação/diarreia, dispepsia, gastrite e anorexia. Sintomas Osteomusculares: em adultos, pode afetar o metabolismo no período da menopausa, contribuindo para o desenvolvimento da osteoporose. Em crianças pode ocorrer deficiência no crescimento ósseo e de estatura; mialgia, artralgias; Efeitos hematológicos: diminuição do hematócrito e hemoglobina; anemia normo normo; Efeitos reprodutivos: aborto espontâneo e anormalidades no esperma (número e morfologia dos espermatozoides). Efeitos cardiovasculares: hipertensão. Efeitos endócrinos: hipotireoidismo. DIAGNÓSTICO • Nível de chumbo no sangue total: o indicador mais útil da exposição ao chumbo. As relações entre os níveis sanguíneos de chumbo e os achados clínicos têm sido normalmente baseados na exposição subaguda ou crônica, e não em altos valores transitórios, que podem surgir imediatamente após a exposição aguda. Além disso, poderá ocorrer considerável variabilidade individual. Crianças: a partir de 5mcg/dL Níveis séricos de Pb entre 20 e 44 mcg/dL podem estar associados a alterações comportamentais e cognitivas crônicas; > 44 mcg/dL possuem alta probabilidade de sintomas e lesões graves de SNC de caráter subagudo e crônico. Adultos: A encefalopatia e a nefropatia ocorrem geralmente com níveis acima de 100 mcg/dL; Níveis sanguíneos superiores a 80 mcg/ dL estão relacionados a séria intoxicação, incluindo fortes cólicas abdominais e nefropatia; Níveis sanguíneos entre 60 e 80 mcg/dL estão geralmente associados a sintomas gastrintestinais e efeitos renais subclínicos. • Excreção urinária de chumbo: aumenta e diminui mais rapidamente do que o chumbo sanguíneo. • Avaliação do chumbo nos ossos pelo exame de fluorescência de raio X. • Outros testes: Anemia (normocítica ou microfílica) e pontilhamento basofílico dos eritrócitos, uma pista útil, porém insensível. A exposição aguda a altas doses algumas vezes poderá estar associada à azotemia transitória (ureia e creatinina sérica elevadas) e à elevação branda a moderada das aminotransferases séricas. Teste de sangue capilar para pesquisa de chumbo. A ingestão recente de tintas com chumbo, vernizes, chips ou objetos sólidos de chumbo poderá ser visível nas radiografias abdominais. TC ou RMN do cérebro em geral revela edema cerebral em pacientes com encefalopatia por chumbo. Como a deficiência de ferro aumenta a absorção do chumbo, o estado do ferro deverá ser avaliado. 3 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES CLÍNICAS | P4 – UC11 | MEDICINA UNIT AL TRATAMENTO • Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio se necessário; • Monitorizar sinais vitais; • Manter acesso venoso calibroso; • Hidratação adequada para manter o fluxo urinário, porém evitar super-hidratação, que poderá agravar o edema cerebral. • Tratar convulsões com administração de benzodiazepínicos. • Tratar hipertensão intracraniana com corticosteroides (dexametasona e manitol IV). • DESCONTAMINAÇÃO: Ingestão aguda: em crianças, ocasionalmente, pode ser indicada irrigação intestinal; Considerar a remoção endoscópica ou cirúrgica decorpos estranhos contendo chumbo; Exposição cutânea ou ocular: remover roupas e objetos contaminados e lavar com água sabão. • ANTÍDOTO: O tratamento com quelantes reduz as concentrações sanguíneas de chumbo e aumenta a sua excreção urinária (succimer ou dimercaprol). MERCÚRIO • Metal líquido à temperatura ambiente, inodoro, bom condutor de eletricidade, insolúvel em água e solúvel em ácido nítrico. Os compostos químicos contendo mercúrio são classificados, do ponto de vista toxicológico, em dois grupos principais: compostos orgânicos e compostos inorgânicos, onde se inclui também o mercúrio atômico ou elementar. É encontrado em minérios, combustíveis fósseis (carvão/petróleo) e erupções vulcânicas. • Principais usos do mercúrio metálico: Catalisador da indústria de cloro soda. Fabricação de aparelhos de medição de uso doméstico, clínico e industrial como termômetros (temperatura), esfingnomanômetros (pressão sanguínea), barômetros (pressão). Fabricação de lâmpadas fluorescentes. Interruptores elétricos e eletrônicos (interruptores de correntes). Instrumentos de controle industrial (termostatos e pressostatos). Amálgama odontológico. Amálgama na atividade de mineração. • Principais usos do mercúrio inorgânico: Eletrólito em baterias. Biocidas na indústria de papel, tintas e sementes. Antisséptico em produtos farmacêuticos. Reagentes químicos. Tintas protetoras de cascos de navio. Pigmentos e corantes (em desuso). INTOXICAÇÃO • O mercúrio elementar é solúvel em gorduras, o que lhe permite atravessar membranas. • A principal via de penetração são os pulmões, através da inalação dos vapores metálicos. Cerca de 80 % dos vapores inalados são absorvidos nos alvéolos pulmonares, em consequência da alta difusibilidade da substância. • O mercúrio é também absorvido através da pele por contato com a forma líquida ou vapor, e através do aparelho digestivo ele é absorvido na proporção de 2 a 10 % da quantidade ingerida. • Após penetrar no organismo, o mercúrio apresenta-se na forma metálica o que permite atravessar a Barreira Hematoencefálica (BHE), atingindo o cérebro. • No sangue e nos tecidos, ele é rapidamente oxidado ao íon mercúrio (Hg2+) que se fixa às proteínas (albumina) e aos glóbulos vermelhos, sendo distribuído. É armazenado no nível do cérebro e dos rins, com baixa taxa de eliminação através dos intestinos e rins, devido à sua baixa excreção renal. No sistema nervoso, armazena-se durante meses. É também eliminado pelas glândulas salivares, lacrimais e sudoríparas. EFEITOS NO ORGANISMO EFEITOS AGUDOS • Aparelho respiratório – os vapores são irritantes, provocando bronquite e edema pulmonar. Surge salivação, gosto metálico, lesão renal, tremores e convulsão. • Aparelho digestivo – gosto metálico na boca, sede, dor abdominal, vômito e diarreia. • Aparelho urinário – lesão renal, insuficiência renal e morte. • Sistema nervoso – alucinações, irritabilidade, perda de memória, irritabilidade emocional, confusão mental, anormalidades nos reflexos, coma e morte. 4 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES CLÍNICAS | P4 – UC11 | MEDICINA UNIT AL • Pele – irritação cutânea, edema e pústula ulcerosa nas extremidades dos dedos. EFEITOS DA EXPOSIÇÃO PROLONGADA • Boca – inflamação da gengiva, que fica mole e esponjosa, dentes moles, inchação das glândulas salivares, excesso de saliva. • Sistema nervoso – tremores nos braços, nas mãos, pernas, pálpebras, nos dedos e lábios, vertigem e rubor. • Psiquismo – irritabilidade, perda de memória, alucinações, perda do autocontrole, insônia, depressão, pesadelos. • Outras alterações – rubor na face e lesões na pele. DIAGNÓSTICO • Laboratorial Específico A análise de mercúrio por espectrometria de absorção atômica é um método sensível, mas não diferencia a forma química do mercúrio; As dosagens urinárias de mercúrio nas exposições ao mercúrio elementar e sais inorgânicos têm seu maior valor na confirmação da exposição e no controle da terapêutica quelante, quando indicada. Como o mercúrio orgânico é eliminado pela via fecal, a determinação dos níveis de mercúrio urinário não é útil para diagnóstico das intoxicações por metilmercúrio. Uma vez que o metilmercúrio se concentra nas hemácias, é possível correlacionar seus níveis totais no corpo, numa intoxicação aguda. • Laboratorial Geral Eletrólitos, glicose, função renal e hepática, gasometria, RX tórax e análise de urina. TRATAMENTO • Inalação: Observar de perto por algumas horas o caso de desenvolvimento de pneumonite aguda e edema pulmonar e fornecer oxigênio suplementar quando indicado. • Ingestão do sal de mercúrio: Antecipar a gastrenterite grave e tratar o choque agressivamente com substituição de fluidos IV. A hidratação vigorosa também poderá auxiliar a manter a eliminação da urina. A insuficiência renal aguda é normalmente reversível, porém poderá ser necessária a realização de hemodiálise por 1 a 2 semanas. • Ingestão de mercúrio orgânico: Fornecer tratamento de apoio ao paciente sintomático. FERRO • O ferro é usado para o tratamento da anemia e como suplemento mineral diário ou pré-natal. Devido à sua ampla disponibilidade e provável inocuidade como suplemento nutricional popular, ele continua representando um suplemento infantil comum (e potencialmente fatal). • Existem diversas preparações de ferro que contêm várias quantidades de sais de ferro. A maioria das preparações infantis contém 12 a 18 mg de elemento ferro por dose, e a maior parte das fórmulas para adultos contém 60 a 90 mg do elemento ferro por dose. • A seguinte descrição da toxicidade do ferro refere-se à ingestão de sais de ferro (p. ex., sulfato, gliconato, fumarato). Produtos como o ferro carbonílico e o complexo ferro-polissacarídeo não foram registrados como causadores da mesma síndrome de toxicidade. • Dose tóxica: A dose letal aguda em estudos animais é de 150-200 mg/kg do elemento ferro. A mais baixa dose letal observada ocorreu em uma criança com 21 meses de idade que teria ingerido entre 325 e 650 mg do elemento ferro sob a forma de sulfato ferroso. Os sintomas são improváveis nos casos de ingestão inferior a 20 mg/kg do elemento ferro. EFEITOS NO ORGANISMO • Doses de 20 a 30 mg/kg podem produzir vômito autolimitado, dor abdominal e diarreia. • A ingestão de mais de 40 mg/kg é considerada potencialmente séria, e a ingestão superior a 60 mg/kg é potencialmente fatal. • Embora contenham sais de ferro, não há registro de casos de intoxicações sérias ou fatais a partir da ingestão de vitaminas infantis mastigáveis contendo ferro. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: A intoxicação pelo ferro é geralmente descrita em quatro estágios, embora as manifestações clínicas possam se sobrepor. 1. Logo após a ingestão, os efeitos corrosivos do ferro causam vômito e diarreia, em geral sanguinolentos. A perda maciça de fluido ou sangue para o trato GI pode levar a choque, insuficiência renal e morte. 2. Vítimas que sobreviveram a essa fase poderão experimentar um período latente de melhora aparente por 12 horas. 5 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES CLÍNICAS | P4 – UC11 | MEDICINA UNIT AL 3. Esta poderá ser seguida por uma recaída súbita com coma, choque, convulsão, acidose metabólica, coagulopatia, insuficiência hepática e morte. Poderá ocorrer sepse induzida por Yersinia enterocolitica. 4. Caso a vítima sobreviva, a raspagem da lesão corrosiva inicial poderá levar ao estreitamento pilórico ou a outras obstruções intestinais. DIAGNÓSTICO • Se baseia na história de exposição e na presença de vômito, diarreia, hipotensão e outros sinais clínicos. • A elevação da contagem de leucócitos (> 15.000/mm3) ou da glicose sanguínea (> 150 mg/dL) ou a visualização de comprimidos radiopacos emuma radiografia abdominal também sugerem ingestão significativa. • A ocorrência de toxicidade séria será improvável se a contagem de leucócitos, glicose e achados radiográficos estiverem normais e não houver vômito ou diarreia espontâneos. • Caso o nível sérico total de ferro seja superior a 450 a 500 g/dL, a ocorrência de toxicidade será mais provável. Níveis séricos superiores a 800 a 1.000 g/dL estão associados à intoxicação grave. Determinar o nível sérico de ferro em 4 a 6 horas após a ingestão e repetir as determinações após 8 a 12 horas afasta a possibilidade de absorção tardia. • Outras análises laboratoriais úteis incluem hemograma, eletrólitos, glicose, ureia, creatinina, aminotransferases hepáticas (AST e ALT), estudos de coagulação e radiografia abdominal. TRATAMENTO Pacientes que apresentam sintomas GIs brandos autolimitados ou que permanecem assintomáticos por 6 horas não são propensos a desenvolver intoxicação séria. Por outro lado, aqueles com ingestão séria deverão ser tratados imediata e agressivamente. • Manter uma via aérea aberta e fornecer ventilação, quando necessário. • Tratar o choque advindo da gastrenterite hemorrágica agressivamente com fluidos cristaloides IV e substituir o sangue, quando necessário. Os pacientes estão, em geral, significativamente hipovolêmicos devido às perdas GIs e à passagem de fluidos para o interior da parede intestinal e para o espaço intersticial (terceiro espaço). • Tratar coma, convulsão e acidose metabólica caso ocorram. • No caso de vítimas seriamente intoxicadas (p. ex., choque, acidose grave e/ou ferro sérico > 500 a 600 g/dL), administrar deferoxamina (p. 482). • Monitorar a urina em relação ao aparecimento de coloração laranja ou rosa-avermelhada do complexo quelado deferoxamina-ferro, embora este nem sempre possa ser observado. A terapia deverá ser interrompida quando a coloração da urina voltar ao normal ou quando o nível sérico de ferro voltar à sua faixa normal. • Descontaminação: carvão ativado não é eficaz. A ipeca não é recomendada, pois pode agravar a irritação GI induzida pelo ferro e interferir na irrigação intestinal total. Considerar a lavagem gástrica apenas se o produto ingerido tiver fórmula líquida ou for um comprimido mastigável. (É provável que comprimidos intactos não passem por meio de um tubo de lavagem.) Não usar soluções que contenham fosfato para a lavagem; estas poderão ocasionar hipernatremia, hiperfosfatemia e hipocalcemia potencialmente fatais. A lavagem com bicarbonato de sódio levou a hipernatremia grave, alcalose e morte. A lavagem com deferoxamina não é eficaz e poderá aumentar a absorção do ferro. A irrigação intestinal total é eficiente no caso da ingestão de comprimidos e poderá ser considerada como tratamento de primeira linha, especialmente se for visível um grande número de comprimidos na radiografia abdominal. O carvão ativado não absorve o ferro e não é recomendado, a menos que outros fármacos tenham sido ingeridos. Ingestões maciças poderão levar à formação de concreções dos comprimidos ou dos bezoares. A irrigação intestinal total prolongada ou repetida pode ser considerada. A endoscopia ou a gastrotomia cirúrgica raramente são necessárias, porém foram utilizadas. ARSÊNIO • O arsênio ou arsênico é um semi metal ou metaloide, bom condutor de calor e péssimo condutor elétrico. • É insolúvel em água, porém muitos de seus compostos são solúveis. É um elemento químico essencial para a vida, ainda que tanto o arsênio como seus compostos sejam extremamente venenosos. • É encontrado principalmente sob forma de sulfeto em uma grande variedade de minerais que contém ouro, cobre, chumbo, ferro, níquel, cobalto e outros metais. 6 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES CLÍNICAS | P4 – UC11 | MEDICINA UNIT AL • Aditivo em ligas metálicas de chumbo e latão. • Também é utilizado em inseticidas, herbicidas, como pigmento, em pirotécnica e descolorante na fabricação do vidro. INTOXICAÇÃO • A absorção pode dar-se essencialmente por 3 vias: oral (cerca e 95 % dos casos); inalação (25 a 40 % dos casos); dérmica (comprovada mas ainda não quantificada). • A absorção está dependente da forma química e do tamanho das partículas sendo que as formas pentavalentes são melhor absorvidas através do intestino, enquanto as trivalentes são mais solúveis nas membranas lipídicas. • A toxicidade resulta essencialmente da absorção dérmica, embora a inalação possa provocar sintomas severos de intoxicação, quando a exposição é crônica. • Inicialmente, o As localiza-se no sangue, ligado à globulina. Depois, é amplamente distribuído por todo o organismo, acumulando-se no fígado, rins e pulmões numa fase primordial e depositando-se nas unhas e cabelo, numa fase mais tardia. • Pode ainda substituir o fósforo nos ossos e lá permanecer durante vários anos. • Apenas uma pequena parte do As consegue penetrar a barreira hematoencefálica, embora esteja comprovada a sua passagem através da placenta. EFEITOS NO ORGANISMO INTOXICAÇÃO AGUDA: ocorre mais comumente após intoxicação por ingestão acidental, suicida ou deliberada. Uma única dose maciça produz um conjunto de sinais e sintomas multissistêmicos que surgem ao longo de horas a semanas. • Efeitos gastrintestinais. Após um período de minutos a horas, a lesão capilar difusa leva à gastrenterite hemorrágica. Náuseas, vômito, dor abdominal e diarreia líquida são comuns. Embora os sintomas GI proeminentes possam desaparecer em 24 a 48 horas, efeitos multissistêmicos graves ainda poderão surgir. • Efeitos cardiovasculares. Em casos graves, o grande aumento de fluidos no terceiro espaço combinado com a perda de fluido por gastrenterite podem levar a hipotensão, taquicardia, choque e morte. Acidose metabólica e rabdomiólise podem estar presentes. Após um período de 1 a 6 dias, poderá ocorrer uma segunda fase de cardiomiopatia congestiva, edema pulmonar cardiogênico ou não cardiogênico e arritmias cardíacas isoladas ou recorrentes. O prolongamento do intervalo QT poderá estar associado à arritmia ventricular do torsade de pointes. • Efeitos neurológicos. O estado mental poderá estar normal ou poderá ocorrer letargia, agitação ou delirium. O delirium ou a obtundação podem durar de 2 a 6 dias. Choques generalizados poderão ocorrer, porém são raros. A neuropatia periférica axonal sensório-motora simétrica poderá evoluir de 1 a 5 semanas após a ingestão aguda, tendo início com disestesias distais dolorosas, particularmente nos pés. Poderão ocorrer fraqueza ascendente e paralisia, levando, em casos graves, à quadriplegia e à insuficiência respiratória neuromuscular. • Efeitos hematológicos. Pancitopenia, sobretudo leucopenia e anemia, desenvolvem-se caracteristicamente em 1 a 2 semanas após a ingestão aguda. Uma eosinofilia relativa poderá estar presente e poderão ser observados pontilhamentos basofílicos das hemácias. • Efeitos dermatológicos. Achados que surgem ocasionalmente após um período de 1 a 6 semanas incluem descamação (particularmente envolvendo palmas e solas), exantema maculopapular difuso, edema periorbital e herpes-zóster ou herpes simples. Estrias brancas transversais nas unhas (linhas de Aldrich-Mees) podem aparecer meses após uma intoxicação aguda. Linhas de Aldrich-Mees INTOXICAÇÃO CRÔNICA: também está associada aos efeitos multissistêmicos, que poderão incluir fadiga e mal- estar, gastrenterite, leucopenia e anemia (ocasionalmente megaloblástica), neuropatia periférica sensorial predominante, elevação das transaminases hepáticas, hipertensão portal não cirrótica e insuficiência vascular periférica. Distúrbios e cânceres cutâneos poderão ocorrer e um número crescente de evidências epidemiológicas liga a ingestão crônica de arsênio a um risco aumentadode hipertensão, mortalidade cardiovascular, diabetes melito e insuficiência respiratória crônica não maligna. 7 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES CLÍNICAS | P4 – UC11 | MEDICINA UNIT AL • Lesões cutâneas, que aparecem gradualmente em um período de 1 a 10 anos, iniciam com um padrão característico de pigmentações pontuais (“pingo de chuva”) no colo e em extremidades, seguidas após vários anos pelo desenvolvimento de alterações hiperceratóticas de palmas e solas. Lesões cutâneas podem ocorrer após doses inferiores àquelas causadoras de neuropatia ou anemia. O câncer de pele relacionado ao arsênio, que inclui carcinoma de célula escamosa, doença de Bowen e carcinoma da célula basal, é caracteristicamente multicêntrico e ocorre em áreas não expostas ao sol. • Câncer. A inalação crônica eleva o risco de câncer de pulmão. A ingestão crônica representa uma causa estabelecida de cânceres de pulmão, bexiga e pele. TRATAMENTO • Prevenção, lavagem gástrica, uso de dimercaprol. NÍQUEL • O níquel é usado sob sua forma pura para a produção de protetores de peças metálicas, devido à sua alta resistência à oxidação. • É aplicado principalmente em ligas ferrosas e não ferrosas para consumo no setor industrial, em material bélico, em moedas, na área de transporte, nas aeronaves, na área de construção civil, aços inoxidáveis, ou ainda na produção do ímã artificial. • O sulfato de níquel é adequado para galvanoplastia, banhos de sais de níquel nos quais se obtém a niquelagem, processo que permite um acabamento refinado e protetor de diversas peças de metal. • A maioria do níquel extraído é utilizado na siderurgia (cerca de 70 %), enquanto o restante é empregado na composição de ligas não ferrosas e na galvanoplastia. INTOXICAÇÃO • Do ponto de vista toxicológico, a inalação no local de trabalho, seguida do contato cutâneo, constituem as vias mais importantes de exposição ao níquel. • A deposição, absorção e retenção das partículas de níquel no trato respiratório seguem os princípios da dinâmica pulmonar. Assim, fatores como o tamanho aerodinâmico da partícula e o grau de ventilação irão direcionar a deposição e retenção das partículas de níquel ao nível do trato nasofaringeo, traqueobronquial ou pulmonar. • Fatores fisiológicos como a idade e estado de saúde, poderão também influenciar o processo. • Os compostos mais solúveis são mais rapidamente absorvidos do pulmão para a corrente sanguínea e excretados na urina. • Sais de níquel, como sulfatos, são rapidamente absorvidos e excretados na urina com tempos de semivida de horas a alguns dias. Por sua vez, os compostos insolúveis, como por exemplo, óxidos de níquel são absorvidos lentamente, dos pulmões para a corrente sanguínea, resultando numa acumulação em nível pulmonar. CROMO O cromo é um mineral essencial ao homem e também tóxico, dependendo da forma como o qual é encontrado. As formas mais importantes do ponto de vista da toxicologia são a forma metálica (Cr0 ), o cromo divalente (Cr2+ ou Cr II, dos compostos cromosos), o cromo trivalente (Cr3+ ou Cr III, dos compostos crômicos) e a forma hexavalente (Cr6+ ou Cr VI, dos compostos cromatos). • Cr III → é natural do meio ambiente e dos alimentos (cereais integrais, oleaginosas, suplementos de ganho de massa e redução de gordura corporal – picolinato de cromo), sendo pouco tóxico; • Cr VI e 0 → são produzidos por processos industriais, principalmente na fabricação de ligas metálicas; fumos metálicos de ligas com alto teor de cromo, por exemplo, quando o cromo metálico é oxidado à forma iônica (p. ex., na solda de aço inox) os sais de cromato usados como pigmentos e as névoas de dicromato de potássio emanadas dos tanques de cromagem. USOS E APLICAÇÕES • Produção de ligas metálicas ferrosas (aço inox) e não ferrosas; • Galvanoplastia (cromações); • Fabricação de produtos utilizados em curtumes (pigmentos), conservadores de madeira (cromato de sódio); • Indústrias de cimento • Pigmentos da indústria têxtil. Cr VI é cancerígeno. Ele é absorvido e reduzido a Cr III, o qual é excretado pelos rins. Principais sintomas: gastroenterite + neuropatia periférica + hipotensão + manifestações cutâneas 8 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES CLÍNICAS | P4 – UC11 | MEDICINA UNIT AL • Cerâmica, vidro, borracha. • Fertilizantes. EXPOSIÇÃO • Poeira na fabricação de pigmentos; • Fumos metálicos nos processos de solda; • Névoas de óxido de cromo VI nas cromações; • Poeiras e névoas em curtume. • Indústria têxtil e indústria fotográfica. • Suplementos vitamínicos. ABSORÇÃO • A depender do tamanho da partícula, podem penetrar até aos alvéolos ou permanecer pela mucosa nasal, traqueia e brônquios. • Uma vez absorvido, ele é levado pela corrente sanguínea para vários órgãos, principalmente fígado, rins, baço e pulmão. EFEITOS NO ORGANISMO INTOXICAÇÃO AGUDA: Danos a pele, trato respiratório (irritação e reações alérgicas) e rins (dano glomerular e tubular). • Erupções eritematosas; • Rinorréia; • Prurido nasal; • Epistaxe; • Irritação da conjuntiva com lacrimejamento INTOXICAÇÃO CRÔNICA: • Ulceração e perfuração de septo nasal (efeito corrosivo do Cr VI); • Irritação do trato respiratório (bronquite, asma e tosse); • Câncer de pulmão, brônquios, sistema hematopoiético, ósseo; DIAGNÓSTICO • Hemograma • Função hepática: AST • Dosagem sérica do cromo. TRATAMENTO • Hidratação, oxigenoterapia, quelante NÃO é eficaz. • Usar ácido ascórbico (vit C) e tratamento sintomático. RADIAÇÕES IONIZANTES • A radiação ionizante é gerada a partir de várias fontes. • Fontes emissoras de partículas produzem partículas β e α e nêutrons. • A radiação ionizante eletromagnética inclui raios γ e raios X. • O controle de um acidente radioativo depende do fato de a vítima ter sido contaminada ou apenas irradiada. • Vítimas irradiadas não representam ameaça para os profissionais de saúde e podem ser tratadas sem precauções especiais. • Vítimas contaminadas deverão ser descontaminadas para impedir a propagação do material radioativo para outras pessoas e para o ambiente. MECANISMOS DE TOXICIDADE • A radiação compromete a função biológica, ionizando átomos e rompendo ligações químicas. Como consequência, a formação de radicais livres altamente reativos poderá lesar as paredes celulares, as organelas e o DNA. As células afetadas serão mortas ou sofrerão inibição da sua divisão. Células que possuem alta taxa de divisão (p. ex., medula óssea e camadas epiteliais da pele, trato GI e sistema pulmonar) são mais sensíveis à radiação. Os linfócitos são particularmente sensíveis. • A radiação induz uma resposta inflamatória fracamente compreendida e efeitos microvasculares após doses moderadamente altas (p. ex., 600 rad). • Os efeitos da radiação podem ser determinísticos ou estocásticos. Os efeitos determinísticos estão associados a uma dose limiar e geralmente ocorrem em um período de tempo agudo (em um ano). Os efeitos estocásticos não possuem limiar conhecido e podem ocorrer após um período de latência de anos (p. ex., câncer). DOSE TÓXICA • Efeitos agudos. A exposição superior a 75 rad causa náuseas e vômito. A exposição acima de 400 rad é potencialmente letal sem intervenção médica. A O Cr VI é cancerígeno comprovado para o ser humano, causando principalmente câncer brônquico, cuja incidência é cerca de 20 vezes maior nos expostos ocupacionalmente quando comparados com os não expostos. 9 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES CLÍNICAS | P4 – UC11 | MEDICINA UNIT AL ocorrência do vômito em 1 a 5 horas a partir da exposição sugere exposição de pelo menos 600 rad. A exposição breve a 5.000 rad ou mais geralmente leva ao óbito em minutos a horas. • Carcinogênese. As organizaçõesde proteção à radiação não entraram em acordo a respeito de uma dose limiar para os efeitos estocásticos, como o câncer. LIMITES DE EXPOSIÇÃO RECOMENDADOS • Exposição da população geral. O National Council on Radiation Protection (Conselho Nacional de Proteção à Radiação – NCRP) recomenda um máximo de 0,5 rem por indivíduo por ano. A radiação ambiental ao nível do mar é de aproximadamente 0,035 rem por ano. • Exposição ocupacional aos raios X. Os padrões atuais norte-americanos de exposição estão estabelecidos em 5 rem/ano para corpo inteiro, gônadas ou órgãos formadores de sangue e 75 rem/ano para mãos ou pés. Para fins comparativos, uma única radiografia de tórax representa uma exposição à radiação de aproximadamente 15 milirrem (mrem) pelo paciente e de aproximadamente 0,006 mrem para os auxiliares do laboratório (a uma distância de 160 cm). Uma TC expõe a cabeça a cerca de 1 rad; uma TC abdominal poderá expor a região a até 2 a 5 rad. • Radiação durante a gravidez. As diretrizes variam, mas, em geral, recomendam uma exposição máxima não superior a 50 mrem por mês (NCRP). A exposição dos ovários e do feto a partir de uma chapa abdominal rotineira (KUB)* poderá ser tão alta quanto 146 mrem, enquanto a dose correspondente a uma radiografia de tórax é de aproximadamente 15 mrem. • Diretrizes de exposição para os auxiliares de emergência. Para salvar uma vida, o NCRP recomenda para um socorrista uma exposição máxima de corpo inteiro de 50 a 75 rem. EFEITOS NO ORGANISMO • A síndrome de radiação aguda (SRA) consiste em um conjunto de sintomas e sinais indicativos de lesão sistêmica por radiação. Ela é descrita em quatro estágios (pródromo, latência, doença manifesta e recuperação). O aparecimento e a gravidade de cada estágio da intoxicação por radiação são determinados amplamente pela dose. 1. O estágio prodrômico, de 0-48 horas, pode incluir náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarreia. Exposições graves estão associadas a diaforese, desorientação, febre, ataxia, coma, choque e morte. 2. Durante o estágio latente, os sintomas poderão melhorar. A duração desse estágio varia de horas a dias, porém poderá ser menor ou ausente em caso de exposições maciças. 3. O estágio da doença manifesta, de 1 a 60 dias, é caracterizado pelo envolvimento de múltiplos sistemas orgânicos, particularmente supressão da medula óssea, que poderá levar à sepse e ao óbito. 4. O estágio de recuperação poderá ser acompanhado por perda de cabelo, queimaduras desfigurantes e cicatrizes. • Sistema GI. A exposição igual ou superior a 100 rad geralmente produz náuseas, vômito, cólicas abdominais e diarreia em poucas horas. Após a exposição a 600 rad ou mais, a perda da integridade da mucosa GI leva à denudação e à gastrenterite necrótica grave. O quadro clínico poderá incluir forte desidratação, hemorragia GI e morte em poucos dias. Acredita-se que doses de 1.500 rad destruam completamente as células progenitoras GIs. • Sistema nervoso central. Exposições agudas a vários milhares de rad podem produzir confusão e estupor, seguidas, em minutos a horas, por ataxia, convulsões, coma e morte. Em modelos animais submetidos a exposições maciças, ocorre um fenômeno conhecido como “incapacitação transitória precoce”. • Depressão da medula óssea. poderá ser subclínica, porém aparente em um hemograma, após uma exposição de apenas 25 rad. O imunocomprometimento geralmente surge após a exposição superior a 100 rad. Neutropenia Trombocitopenia Uma contagem linfocítica inferior a 300 a 500/mm3 durante esse o mínimo de 48 horas pós exposição sugere um prognóstico ruim, enquanto um valor igual ou superior a 1.200/mm3 sugere uma provável sobrevivência • Outras complicações da SRA em alta dose incluem insuficiência múltipla dos órgãos, doença veno-oclusiva do fígado, pneumonite intersticial, insuficiência renal, fibrose tecidual, queimaduras na pele e perda de cabelo. TRATAMENTO • Dependendo do risco envolvido para os socorristas, o tratamento de problemas médicos graves precede as preocupações radiológicas. Em caso de possibilidade de contaminação dos socorristas e do equipamento, deverão 10 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES CLÍNICAS | P4 – UC11 | MEDICINA UNIT AL ser implementados os protocolos apropriados de resposta à radiação, e os socorristas deverão usar roupas protetoras e respiradores. Manter via aérea aberta e fornecer ventilação quando necessário. Tratar coma e convulsão caso ocorram. Substituir as perdas de fluidos oriundas da gastrenterite com soluções cristaloides IV. Tratar a leucopenia e as infecções resultantes conforme necessário. Pacientes imunossuprimidos necessitarão de isolamento reverso* e terapia apropriada com antibióticos de amplo espectro. Estimulantes de medula óssea poderão auxiliar alguns pacientes. RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES • Campos magnéticos, micro-ondas, ultravioleta, ondas de radiofrequência e ultrassom são exemplos de radiação eletromagnética não ionizante. • Não tem energia o suficiente para ionizar os átomos. • Sintomas agudos: podendo ter queimaduras de pele por exposição prolongada. • Sintomas crônicos: cânceres de pele associados a exposição solar. • Prevenção: protetores solares etc. PREVENÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR METAIS PESADOS MEDIDAS GERAIS • Informar e formar os operários em relação ao risco consequente da exposição destes metais e às medidas higiénicas que devem tomar. • Garantir uma adequada ventilação e extração de fumos e vapores. • Dispor de um sistema eficaz para a recolha e isolamento do material tóxico. • Utilizar máscaras, luvas e vestuário apropriado. • Tomar banho e mudar de roupa após o trabalho. • Realizar exames médicos para se selecionar as pessoas aptas, antes de iniciar o trabalho, e revisões médicas e dentárias regulares. MEDIDAS ESPECÍFICAS Mercúrio • Amálgama dentário troque por porcela • Anti-séptico mercúrio cromo (Mertiolate) • Indústria de tinta e tingimento de roupas, principalmente o jeans. • Frutos do mar como tubarão, peixe espada, cavala, filé de atum, cação e arenque, dando preferência para os de menor contaminação, como camarão, truta, salmão, atum enlatado e haddock. • Dar preferência a alimentos orgânicos. • Pesticidas e fungicidas. • Cuidados especiais devem ser tomados quando quebrar lâmpada fluorescente ou termômetro de mercúrio. Chumbo Evite contaminantes: • Tintura dos cabelos • Esmalte procure utilizar os hipoalergênicos • Pigmentos usados em tintas • Cerâmicas vitrificadas (copos, jarras, pratos) • Pesticidas • Cinzas e fumaça de madeira pintada • Fabricação caseira de baterias • Moradia próxima de fundições • Queima de madeiras pintadas • Alimentos contaminados. Arsênio Evite contaminantes: • Retirar madeiras tratadas com preservantes com CCA ou ACZA ou aplicar uma camada de selante ou tinta livre de arsênio para reduzir o contato; • Não utilizar fertilizantes ou herbicidas com metanearsonato monossódico (MSMA), ácido metanearsonato de cálcio ou ácido cacodílico; • Evitar a ingestão de medicamentos com arsênio, questionando o médico sobre a composição dos remédio que está utilizando; • Manter as águas dos poços desinfectadas e testadas pela Companhia de água e esgotos – CDAE. CONTROLE DA EXPOSIÇÃO A METAIS PESADOS O Programa de Prevenção e Controle de Intoxicações (PMPCI) é sediado na Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA), administrado pela Secretaria Municipal de Saúde da Capital. Tem como objetivos: 11 Mayra Alencar @maydicina | HABILIDADES CLÍNICAS | P4 – UC11 | MEDICINA UNIT AL • Programar e planejar as ações e serviços, atividades de promoção, apoio à assistência, vigilância, seguimento e controle de populações expostas a substâncias químicas; • Fornecer atendimento especializadoaos profissionais de saúde para apoio diagnóstico e tratamento; • Orientar a população sobre prevenção e primeiros socorros em casos de exposição a substâncias químicas; • Realizar análises toxicológicas para apoio diagnóstico à rede de saúde do MSP; • Monitorar as notificações de IE no Município de São Paulo diagnosticando a situação epidemiológica nos territórios como instrumento no planejamento de políticas públicas de saúde; • Capacitar os serviços de saúde para ampliar e consolidar os conhecimentos de toxicologia e da vigilância em saúde relacionada as substância químicas O PMPCI é estruturalmente organizado em 4 áreas: 1. ASSISTÊNCIA: O centro de controle de intoxicações fornece informação toxicológica (CIATox) a respeito do diagnóstico, tratamento e prognóstico de intoxicações, assim como sobre a toxicidade de produtos químicos e a prevenção dos agravos à saúde causados por substâncias químicas. 2. VIGILÂNCIA: A vigilância das intoxicações tem objetivo conhecer o comportamento do agravo para que as medidas de intervenção pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia. Suas principais atividades são: • coleta, processamento, análise e • interpretação de dados; • recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas; • promoção das ações de prevenção e controle indicadas; • avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; • divulgação de informações pertinentes. 3. LABORATÓRIO DE ANÁLISES TOXICOLÓGICAS: O LATCCI recebe amostras de serviços de saúde da rede pública e privada, durante 24 horas por dia, os 7 dias da semana. Objetivo de diagnostico laboratorial na emergência e na toxicologia ocupacional 4. EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA: O núcleo de ensino e pesquisa tem como objetivo difundir e aprimorar os conhecimentos na área de Toxicologia. As principais atividades realizadas são: • Sensibilizar e capacitar os profissionais de vigilância e assistência para o diagnóstico, tratamento e notificação do agravo, com reuniões, palestras e cursos realizados nos territórios das Coordenadorias Regionais de Saúde – CRS; • Produzir material gráfico e/ou eletrônico para apoio ao diagnóstico, tratamento e prevenção das Intoxicações; • Em parceria com a Secretaria Municipal de Educação – SME, desenvolver atividades de prevenção das intoxicações no meio escolar; • Colaborar em cursos de graduação, pósgraduação, extensão, especialização, estágios e treinamentos com foco em toxicologia; • Elaborar, conduzir e avaliar os projetos de pesquisa e trabalhos desenvolvidos no PMPCI; • Promover reuniões científicas com o objetivo de atualização e aprimoramento dos conhecimentos da equipe de assistência e vigilância do PMPCI.
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