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Patologia Amanda Salema – T14 INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS – ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS Doenças resultantes da agressão ao meio ambiente – DRAMA Intoxicações Aguda – carbamatos e organofosforados Crônicas – intoxicação por metais pesados “Não existe substâncias atóxicas, tudo é veneno e nada é venenoso. É a dose que faz a poção” PESTICIDAS: ORGANOCLORADOS • DDT, METOXICLO, CLORDANO, HEPTACLOR, ETC. • Se acumula no meio ambiente, proibido em vários países, lipossolúvel sendo absorvido pela via digestiva. • Atua no sistema nervoso alterando o transporte eletrolítico de potássio k, e sódio Na. • Foi proibido, é muito lipossolúvel – capaz de passar pela membrana celular – altamente tóxicas por causa da capacidade de penetração no SNC ORGANOFOSFORADOS • MALATION, PARATION • Atuam Inibindo A Acetil Colinesterase- produzem efeitos colinesterásicos • Se liga a acetilcolinesterasicos produzindo efeitos colinesterásicos CARBAMATOS • CARBAMIL • Manifestações anticolinesterasicas, semelhante aos organoforforados. • Maioria das intoxicações são propositais • Chumbinho – matar barata - sialorréia PIRETRÓIDES • Inseticidas de origem vegetal • Derivados da nicotina, por exemplo Aguda – sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por curto período • Mal súbito • Salivação • Sialorreia • Dispneia • Confusão mental • Alta quantidade Crônica – surgimento tardio, em meses ou anos, por exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando danos irreversíveis, do tipo paralisias e neoplasias • Início insidioso • Sinais de deformidades • Manifestações psíquicas • Neoplasias • Baixa quantidade e longa exposição • Nosso organismo vai acumulando ORGANOFOSFORADO E CARBAMATO: • Ação similar – inibem enzima acetil colinesterase • Organofosforados e carbamatos - Se ligam a acetil colinesterase • Atuam nas sinapses e placas neuromusculares. • São inibidores da acetilcolinesterase, resultando em intoxicações com sinais colinergicos. • Manifestações clínicas associadas aos efeitos muscarínicos e nicotínicos da acetilcolina Patologia Amanda Salema – T14 Ingerimos um veneno – é absorvido (saber a via de absorção da substância) – distribuída pelo corpo – pode interagir diretamente com as moléculas do nosso corpo Carbamato – interage diretamente com acetilcolinesterase Exposição a vapores e aerossóis • Manifestações oculares e respiratórias - Oculares -Miose, dor ocular, espasmo ciliar, congestão da conjuntiva - Respiratórias – congestão das vias aéreas superiores, bronco espasmo, hipersecreção brônquica. - Glândulas ficam muito secretoras Ingestão • Manifestações gastrointestinais como náuseas, vômitos, anorexia, diarreia. Exposição direta na pele • Sudorese localizada, fasciculação muscular Efeitos gerais, independem da via de entrada: • Salivação intensa, incontinência fecal e urinária, sudorese, bradicardia, hipotensão. Efeitos nicotinicos • Associados a placa neuromuscular • Fraquezas, fadigas, paresias e paralisias. • Espasmos, fasciculação, hipoventilação com insuficiência respiratória (Cheyne- Stokes). Efeitos muscarínicos • Náuseas, vomitos, miose • Cólicas abdominais, incontinência urinária e fecal • Broncorréia, sudorese, salivação, lacrimejação • bradicardia, bloqueio de condução cardíaca, edema pulmonar. Patologia Amanda Salema – T14 TRATAMENTO: • Remover a roupa contaminada • Lavar a pele e mucosas com uma quantidade abundante de água • ANTÍDOTOS: - ATROPINA (antagonista do receptor muscarínico) - Atropinização é adequada quando há redução da secreção brônquica, boca seca, rubor, pupilas dilatadas, FC> 120. - Atropina – antidoto carbamato - PRALIDOXIME (OXIME que reativa colinesterase fosforilada) neutraliza fraqueza (efeitos nicotínicos). - Melhora condição da molécula acetilcolinesterase, volta a ficar com sua estrutura normal Como acontece? Nós temos no neurônio pré-sináptico vesículas, que já contém os neurotransmissores prontos dentro dela. Quando o impulso elétrico chega na ponta do neurônio, nós temos receptores de cálcio eletrodependentes – permite influxo de cálcio, fazendo com que as vesículas eclodam na fenda sináptica – acetilcolina se liga aos receptores muscarínicos e nicotínicos Acetilcolina ativa muscarínicos e nicotínicos Quem faz modulação do estímulo – acetilcolinesterase – fosforila a acetilcolina – modula impulso elétrico INTOXICAÇÃO CRÔNICA: • Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio, e zinco, para a realização de funções vitais no organismo. - Porém níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos. • Outros metais pesados como o mercúrio, chumbo e cádmio não possuem nenhuma função dentro do organismo Patologia Amanda Salema – T14 - Acumulação pode provocar graves distúrbios principalmente gastrointestinais, neurológicos e renais • Chumbo, mercúrio, arsênio e cádmio são os metais pesados mais comumente associados a efeitos nocivos em seres humanos Intoxicação por mercúrio • O mercúrio foi usado durante a história como pigmento nas pinturas das cavernas, cosméticos, remédio para sífilis, e componente de diuréticos. • O envenenamento através da inalação dos vapores de mercúrio é reconhecido há muito tempo. - É associado a tremor, gengivite, e comportamento bizarro. - Chapeleiro em Alice no País das Maravilhas. • O mercúrio é um elemento natural que é encontrado em pequenas quantidades no ar, água e solo. • Ele existe em três formas: - Elementar ou mercúrio metálico - Compostos inorgânicos de mercúrio - Compostos orgânicos de mercúrio – metil mercúrio. - Passa a intoxicar peixes que comem algas • Entra no nosso organismo – metil mercúrio ou em vapor – bioacumulação • É um metal comumente utilizado para fazer lâmpadas, termômetros, interruptores, tintas, indústria de soda e cloro, nos peixes, agrotóxicos, na medicina, na odontologia e aparelhos de precisão. Patologia Amanda Salema – T14 • Atualmente, as principais fontes de exposição ao mercúrio são os peixes contaminados (metil mercúrio) e os vapores de mercúrio liberados pelo mercúrio metálico utilizado em ligas matálicas risco ocupacional. Ex: Amálgamas dentários. • Em algumas áreas do mundo, o mercúrio utilizado no garimpo contaminou rios e córregos. • O mercúrio torna-se especialmente perigoso na forma de vapor, quando aquecido é inodoro e incolor. • Usinas de carvão são a maior fonte de origem humana das emissões de mercúrio para o ar no Brasil, representando mais de 30% de todas as emissões domésticas de origem humana de mercúrio. • O mercúrio pode ser absorvido pela pele, inalação de vapores ou via oral através da alimentação e consumo de água. • Acumula-se nos rins, fígado, medula óssea, parede intestinal, mucosas, glândulas salivares, pulmões, cérebro e osso. • Asintoxicações por mercúrio (hidrarginismo) variam seus sinais e sintomas de acordo com o nível de intoxicação aguda ou crônica. DOENÇA DE MINAMATA • A intoxicação crônica do mercúrio leva a "Doença de Minamata” • Conhecida desde 1956, onde 111 pessoas morreram em Minimata, no Japão e muitos ficaram incapacitados • Fábrica despejava seus dejetos no lago na cidade de Minamata – pessoas perceberam que gatos estavam apresentando desorientação, sialorreia, espasmos • Os sintomas incluem distúrbios sensoriais nas mãos e pés, danos à visão e audição, fraqueza e, em casos extremos, paralisia e morte. • A "Síndrome de Minamata" demora 20 anos para se manifestar após o início da contaminação. • Os transtornos médicos associados ao episódio de Minamata tornaram-se conhecidos como “doença de Minamata” e incluem paralisia cerebral, surdez, cegueira, retardo mental, e grandes defeitos no SNC em crianças expostas no útero. – crianças malformadas Patologia Amanda Salema – T14 MERCÚRIO - Intoxicação e o SNC • A solubilidade dos lipídios do metil mercúrio e do mercúrio metálico facilita o seu acúmulo no cérebro, atrapalhando as funções neuromotoras, cognitivas e comportamentais • Metil mercúrio acumula mais rápido – lipossolubilidade ALIMENTAÇÃO E VACINAS • O mercúrio continua sendo liberado no meio ambiente através de usinas e outras fontes industriais. - Não se sabe nada acerca dos efeitos das exposições crônicas de baixo nível ao metil mercúrio no fornecimento de alimentos. • Para proteger contra eventuais danos cerebrais fetais, o Centers for Disease Control and Prevention recomenda que as gestantes reduzam o consumo de peixes que contenham mercúrio ao mínimo. • Timerosal - composto que contém metil mercúrio, até recentemente utilizado como preservativo em algumas vacinas- suspeito pela mídia do desenvolvimento de autismo, mas diversos estudos fracassaram para encontrar evidências de uma relação causal. Patologia Amanda Salema – T14 CASOS DE INTOXICAÇÃO • Exposição aguda mercúrio orgânico através do consumo de pão feito do grão tratado com fungicida baseado no metil mercúrio no Iraque, em 1971, resultou em centenas de mortes e milhares de hospitalizações. INTOXICAÇÃO POR CHUMBO • O chumbo é um metal encontrado em estado sólido na natureza, não fazendo mal neste estado. • É usado na construção civil, baterias de ácido, em munição, proteção contra raios X e forma parte de ligas metálicas para a produção de soldas, fusíveis, revestimentos de cabos elétricos, materiais antifricção, metais de tipografia, etc. • A contaminação pelo chumbo pode advir de forma natural ou geológica, como também através de atividades exercidas pelo homem (mineração, indústria e transporte). • Sendo assim, o teor de chumbo nos solos varia de região a região: em regiões próximas às vias de tráfego intenso e de indústrias, os teores de chumbo são bem mais elevados que aqueles encontrados em áreas isoladas. • A quantidade anual de chumbo que se dispersa como contaminante atmosférico é muito elevada. • Somente 4% do chumbo emitido na atmosfera é de fontes naturais (emissões vulcânicas, erosão, e depósitos naturais). • A intoxicação por chumbo atinge o cérebro, sistema hematopoiético, rins, e sistema nervoso periférico. • Doenças na fase crônica - cefaléia, perda da memória, Doença de Alzheimer, depressão, insônia, convulsão. • As crianças são as principais vítimas, pois o chumbo pode ser encontrado em brinquedos que vão a boca, alimentos industrializados, na água, no solo e no ar. • Existem duas vias pelas quais o chumbo pode entrar no organismo: Respiratória: mais comum em ambientes de trabalho onde os trabalhadores ficam expostos a vapores de óxido de chumbo. Digestiva: alimentação contaminada. • Efeitos neurotóxicos do chumbo - Inibição dos neurotransmissores causada pela interrupção da homeostasia do cálcio. • O chumbo interfere no metabolismo ósseo das cartilagens e ossos das epífises de crianças intoxicadas - Aumento na densidade óssea detectada como “linhas de chumbo” radiodensas. • O chumbo inibe a cicatrização de fraturas através do aumento da condrogênese e do retardo da mineralização da cartilagem. • Linha de chumbo nas gengivas, como resultado da hiperpigmentação. • O chumbo inibe a atividade de duas enzimas envolvidas na síntese da heme: - Ácido -aminolevuliníco desidratase - Ferroquelatase. • A ferroquelatase catalisa a incorporação do ferro em protoporfirina, e a sua inibição causa um aumento nos níveis da protoporfirina. • A deficiência de heme resultante causa anemia hipocrômica microcítica, derivada da supressão da síntese de hemoglobina. Patologia Amanda Salema – T14 IMPORTANTE INTOXICAÇÃO POR CHUMBO - EFEITOS NO CORPO HUMANO - SANGUE E MEDULA ÓSSEA • Alterações no sangue e na medula ocorrem mais cedo e são características. - Na medula a inibição do ferroquelatase por chumbo resulta na aparência de sideroblastos em anel - detectados através da coloração azul da Prússia. VERIFICAR ERITROBLÁSTOS COM DEFEITO NO ACÚMULO DE FERRO - No sangue periférico, o defeito na síntese da hemoglobina aparece como ANEMIA HIPOCRÔMICA MICROCÍTICA, frequentemente acompanhada por hemólise leve. - Pontilhado basofílico das hemácias. Patologia Amanda Salema – T14 SNC- CRIANÇAS • A lesão cerebral tende a ocorrer em crianças. • Pode ser muito sutil, produzindo uma disfunção leve, ou pode ser maciça e letal. • Em crianças jovens, deficiências sensoriais, motoras, intelectuais, desenvolvimento psicomotor retardado, cegueira, e, em casos mais graves, psicoses, convulsões e coma • No final mais grave do espectro estão marcados edema cerebral, desmielinização da substância branca cerebral e cerebelar, e necrose dos neurônios corticais. Adultos – Neuropatias periféricas • Em adultos, o SNC é afetado com menos frequência. • Apresentam neuropatia periférica desmielinizante, envolvendo tipicamente os nervos motores dos músculos mais comumente utilizados. - Músculos extensores do punho e dos dedos geralmente são os primeiros a serem afetados - Lesão do nervo radial - queda do punho. - Paralisia dos músculos peroneais - causando lesão do nervo peroneal e queda do pé. Patologia Amanda Salema – T14 TGI e RINS • O trato gastrointestinal também é uma fonte principal de manifestações clínicas. • A “cólica” de chumbo é caracterizada por uma dor abdominal mal localizada e extremamente grave. • Os rins podem desenvolver uma lesão tubular proximal com inclusões intranucleares de chumbo. • Dano renal crônico eventualmente leva à fibrose intersticial e possivelmente a insuficiência renal. • Redução na excreção do ácido úrico pode levar à podagra (“gota saturnina”). DIAGNÓSTICO • O diagnóstico do envenenamento por chumbo requer constante consciência de sua prevalência. • Altos níveis de chumbo causam distúrbios no SNC. • Adultos - Neuropatias periféricas predominam em adultos • Crianças - Suspeitado com base em alterações neurológicase comportamentais- mais permeável à barreira hematoencefálica das crianças - Anemia inexplicável com pontilhados basofílicos nas hemácias. • O diagnóstico definitivo requer a detecção de níveis elevados de: - Chumbo - Protoporfirina livre (ou ligada ao zinco) nas hemácias. Patologia Amanda Salema – T14 Patologia Amanda Salema – T14
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