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1 Universidade Estadual de Campinas Instituto de Química Departamento de Química Orgânica QO623 – Química Orgânica Experimental Análise Orgânica Qualitativa – 1S 2019 Equipe: Profa. Dra. Luciana Gonzaga de Oliveira (Coordenadora) lucianag@unicamp.br - D245/246 Prof. Dr. Sebastião Ferreira Fonseca sffonsec@unicamp.br Hugo dos Santos (PEDC) hugosantos91@gmail.com José Cláudio Serafim (PEDB) jcserafim@gmail.com Moby amassamos coroados . nãooooo manauara 2 1. Ensaios para a determinação da estrutura de uma amostra desconhecida De posse de uma amostra desconhecida, deve-se seguir uma sequência lógica de testes de forma a determinar a sua estrutura. Os ensaios mais comuns estão descritos nesta apostila, mas os alunos devem consultar a bibliografia recomendada para encontrar outros testes, principalmente o livro do Pavia (Parte Quatro: Identificação de Substâncias Orgânicas, p. 401-440). A maioria dos ensaios descritos nessa apostila serão usados para caracterizar os reagentes empregados nos projetos, bem como os compostos extraídos e preparados ao longo de todo o semestre. Os docentes vão informar em sala quais ensaios devem ser feitos em cada projeto. Atenção! Em hipótese alguma efetuar misturas aleatórias de reagentes. Efetuar somente os ensaios descritos na apostila e no livro do Pavia. Caso não encontre algum reagente na bateria, não improvisar! Use os reagentes indicados e nas concentrações estabelecidas. Se não estiver certo de algum nome e/ou estrutura, pergunte aos docentes, auxiliares didáticos e/ou técnicos do laboratório LQ-07. Os descartes devem ser feitos seguindo a recomendação dos técnicos e usando as bombonas disponibilizadas para cada tipo de descarte (ácidos, bases, nitrogenados, clorados, não clorados, metais pesados, resíduos sólidos, descarte de vidros, etc). Lavar bem todo o material na capela (com etanol ou água) antes de proceder a lavagem na pia. 1.1. Observações preliminares 1.1.1. Estado físico. A observação do estado físico de uma substância fornece informações sobre a força das interações intermoleculares nessa substância. Sólidos apresentam forças intermoleculares mais fortes do que os líquidos. Estado físico Sólido Líquido 3 1.1.2. Cor. A observação da cor da amostra orgânica fornece informações sobre a extensão da conjugação na molécula. 1.2. Propriedades físicas de um composto 1.2.1. Ponto de fusão e ponto de ebulição. O valor do ponto de fusão (no caso das amostras sólidas) e do ponto de ebulição (no caso das amostras líquidas, dá-nos informação sobre a força das ligações intermoleculares do composto. A faixa de temperatura obtida nestas medições indica o estado de pureza do composto: intervalos de fusão até 2ºC indicam substancias puras. A medida do ponto de fusão deve ser feita em triplicata usando os aparelhos eletrônicos disponíveis no laboratório. Para o ponto de ebulição, seguir o procedimento descrito no material disponibilizado em aula, retirado do livro do Pavia (efetuar triplicata). 1.2.2. Solubilidade. A solubilidade de uma amostra em solventes orgânicos e soluções aquosas fornece informações importantes sobre a polaridade do composto, tamanho da cadeia carbónica e sobre o grupo funcional principal da amostra (ver figura 1). Estes testes devem ser realizados em todas as amostras desconhecidas, porque são testes simples que requerem pouca quantidade de amostra e que fornecem informações importantes sobre a amostra. Procedimento experimental. Os testes de solubilidade devem ser realizados em tubos de ensaio de vidro, colocando uma ponta de espátula de amostra dentro do tubo, seguida da adição de 1-2 mL do solvente a ser testado. Colocar uma rolha no tubo e agitar vigorosamente. Observe se a amostra solubilizou e anote no caderno. Note que cada solução a ser usada (cada seta do diagrama) tem de ser feita usando uma alíquota nova da amostra. 4 Amostra água solúvel insolúvel papel vermelho de tornassol azul bases aminas de baixa massa molar papel azul de tornassol vermelho ácidos ácidos carboxílicos de baixa massa molar não muda de cor neutro compostos neutros de baixa massa molar papel de tornassol solúvel insolúvel NaOH 5% solúvel insolúvel ácidos carboxílicos, alguns fenóisácidos fortes ácidos fracos fenóis NaHCO3 5% solúvel insolúvel HCl 5% bases aminas solúvel insolúvel compostos neutros com heteroátomos ou ligações múltiplas Alcenos, alcinos, álcoois, cetonas, aldeídos, ésteres, éteres, amidas, compostos nitro compostos inertes Alcanos, haletos de alquila, compostos aromáticos H2SO4 Figura 1. Classificação dos compostos orgânicos pela determinação da sua solubilidade. Soluções utilizadas com mais frequência: NaOH 5%, NaHCO3 5%, HCl 5% e H2SO4 concentrado. Explicando os testes de solubilidade: 1. Solubilidade em H2O: 2. Solubilidade em HCl Aminas são protonadas nessa condição: 5 ⇒ Relembrando a química orgânica básica: Porque aminas aromáticas são mesmo básicas do que as alifáticas? 3. Solubilidade em NaHCO3 5% e NaOH 5% Solubilidade em NaHCO3 (base fraca) ⇒ ácido forte Solubilidade em NaOH (base forte) ⇒ ácido fraco e forte 6 4. Solubilidade em Ácido Sulfúrico concentrado 1.3. Testes para determinação de insaturação As funções abrangidas: 7 Testes de Classificação: 1.3.1. Teste de ignição. Este teste indica a razão carbono/hidrogênio/oxigênio de uma amostra desconhecida. Se a razão carbono/hidrogênio é próximo de um (aromáticos), na maioria dos casos será possível observar uma chama amarela com fuligem mesmo que a molécula contenha oxigênio. Procedimento experimental. Colocar uma pequena quantidade de amostra numa espátula de metal e aproximar a espátula do bico de Bunsen até que a amostra esteja em contato com a chama. Observar a cor da chama e a presença ou ausência de fuligem. 1.3.2. Teste de bromo. Este teste consiste em adicionar uma solução de bromo 2% em diclorometano a uma solução da amostra desconhecida também em diclorometano. O teste consiste na adição de Br2 (solução vermelha/marron), a uma ligação dupla ou tripla gerando o produto disubstituido que é incolor. O teste indica a presença de ligação dupla ou tripla, quando a solução vermelha/marron se torna incolor em contato com a amostra desconhecida. Procedimento experimental. Dissolver aproximadamente 50 mg de amostra desconhecida em 1 mL de diclorometano. Adicionar gota-a-gota uma solução de bromo 2%, agitando após a adição de cada gota, e observar as mudanças de cor. Observação importante: nem todas as ligações múltiplas sofrem processos de adição. Como essa reação depende da disponibilidade dos elétrons da ligação múltipla, ligações conjugadas com grupos retiradores de elétrons tendem a não reagir. 8 Por exemplo: De maneira geral, substâncias aromáticas também não dão reação positiva: somente substâncias aromáticas ativadas com grupos doadores de elétrons (fenóis e anilinas, por exemplo), mas a adição do bromo ocorre pelo mecanismo de substituição eletrofílica aromática. OH Br2 OH Br + OH + HBr Br Outra observação importante: Alguns aldeídos e cetonas podem dar esse teste positivo, principalmente se contiverem uma alta concentração da forma enólica. Nesses casos a solução de bromo perde a coloração e ocorre desprendimento de HBr do meio reacional. A reação: 1.3.3. Teste de Baeyer (Permanganato de potássio). Outra forma de se caracterizar a presença de uma ligação múltipla simples. Funciona para ligações duplas e triplas. Não funciona para substratos aromáticos. Um teste positivo não significa necessariamente a presença de insaturações: o permanganato é um oxidante forte e pode oxidar álcoois e aldeídos à ácidos carboxílicos.Consultar o livro do Pavia para o procedimento experimental (p. 418-419). Principio: Reação de adição à ligação múltipla – produto de Oxidação. 9 A reação: 1.4. Testes para determinação dos elementos presentes na amostra Testes para Detecção de Heteroátomos: resumo 1.4.1. Teste de fusão de sódio. Este teste também é chamado de fusão alcalina ou obtenção do licor de Lassaigne (detecção de N, S, Cl, Br, I). Quando uma amostra contém nitrogênio, enxofre ou halogênios, a fusão da amostra com sódio metálico gera uma decomposição redutiva do composto convertendo estes átomos a sais de sódio dos ions inorgânicos CN-, S2- e X-. Procedimento experimental. 1. Limpar e secar o tubinho (chama/pinça de madeira). 2. Cortar e enxugar um pedacinho de sódio metálico (pinça de metal). 3. Colocar 2 ou 3 pequenos pedaços de sódio metálico num tubo de ensaio pequeno com parede de vidro fina. Dependendo do tamanho, um pedaço basta. 10 4. Adicionar rapidamente a amostra a ser analisada (aproximadamente 10 mg) ao tubo contendo o sódio. 5. Aquecer cuidadosamente o tubo contendo o sódio e a amostra com o bico de Bunsen (usar pinça de madeira) no início (durante aproximadamente 20 segundos; depois manter o aquecimento constante até que o tubo fique rubro. 6. Deixar cair o tubo ainda quente num béquer contendo 10-15 mL de água destilada. Se o tubo não quebrar com o choque térmico deve-se quebrar o fundo do tubo soltando o tubo de uma certa altura ou usando um bastão de vidro. Cuidado com esta etapa! O excesso de sódio deve ser destruído nessa etapa e pode reagir violentamente com água. Portanto, execute essa operação com a guilhotina da capela abaixada para se proteger de eventuais labaredas de fogo ou projeções. 7. Aquecer a mistura até a ebulição. 8. Filtrar a solução quente usando papel pregueado. 9. Resfriar a solução até a temperatura ambiente e executar os testes com a solução filtrada. A solução filtrada é o chamado licor de Lassaigne e deve ser incolor. Esta solução será usada para realizar os testes de detecção dos elementos N, S e X. Para cada teste use uma alíquota diferente do licor. Atenção: o sódio metálico reage violentamente com a água. Para evitar acidentes, deve-se realizar a fusão alcalina com o tubo de ensaio SEMPRE virado para o interior da capela (nunca tirar o tubo com sódio fundido da capela). 1.4.2. Ensaio para detecção de nitrogênio 1. Colocar 1-2 mL de licor de Lassaigne num tubo de ensaio. 2. Verificar o pH: se estiver básico pode-se prosseguir com o teste; se estiver áido ou neutro deve-se ajustar o pH para aproximadamente 13 usando hidróxido de sódio 6 M (ou 10%). 3. Adicionar duas gotas de solução saturada de sulfato ferroso amoniacal [Fe(NH4)2(SO4)2] preparada na hora e duas gotas de solução de fluoreto de potássio 30%. 4. Aquecer a mistura até à ebulição por aproximadamente 30 segundos (cuidado!). 5. Acidificar a solução quente usando ácido sulfúrico 30%, gota-a-gota. Esta adição deve ser realizada muito lentamente e deverá ser observado em primeiro lugar a dissolução do hidróxido de ferro, e em seguida a formação de um precipitado azul, o Azul da Prússia, que sugere a presença do elemento nitrogênio na amostra. 11 Nota: a formação de uma solução azul-esverdeada, em vez do precipitado azul, indica que a decomposição original com o sódio foi incompleta. Pode ocorrer também o aparecimento da cor azul sem que ocorra a formação do precipitado. Para aumentar a intensidade da cor ou favorecer a formação do precipitado pode-se concentrar mais o licor e repetir o teste. 1.4.3. Ensaio para a detecção de enxofre: 1. Colocar 1-2 mL de licor de Lassaigne num tubo de ensaio. 2. Acidificar com ácido acético. 3. Adicionar duas gotas de solução de acetato de chumbo (II) 1%. A formação do sulfeto de chumbo como um precipitado preto (PbS) sugere a presença do elemento enxofre na amostra. 1.4.4. Ensaio para a detecção de presença de halogênios 1. Colocar 1-2 mL de licor de Lassaigne num tubo de ensaio. 2. Acidificar com ácido nítrico 5%. 3. Aquecer brandamente a solução até fervura durante 2 minutos. 4. Resfriar a solução acidificada e adicionar gota-a-gota a solução 0,1 mol L-1 de nitrato de prata até que a precipitação cesse. Notas: se houver apenas um único halogênio na amostra, a coloração do haleto de prata formado é um indício da natureza do halogênio: o cloreto de prata é branco, o brometo de prata é amarelo pálido, e o iodeto de prata é amarelo. Quando em mistura, estes haletos podem ser diferenciados pela sua solubilidade em hidróxido de amônio 5%. Ao adicionar 2 mL de solução de hidróxido de amônio 5% ao precipitado, o cloreto de prata será solúvel, o brometo de prata será parcialmente solúvel e o iodeto será insolúvel. Atenção: a acidificação do licor de Lassaigne com ácido nítrico deve ser realizada com cuidado! Mais detalhes sobre o teste: A presença de nitrogênio e enxofre interfere na detecção de halogênios. É preciso, portanto, retirar qualquer contaminante com nitrogênio ou enxofre. Para retirá-los da solução teste, e poder verificar a presente de halogênio, ela deve ser acidificada com HNO3 e fervida por 2 minutos. Isso é suficiente para retirar da solução substâncias nitrogenadas ou sulfuradas. Após o resfriamento da solução adiciona-se algumas gotas de uma solução de AgNO3 à 5%. A presença de um precipitado volumoso indica a presença de halogênio. Uma leve turbidez da solução não pode ser considerada 12 um teste positivo. O precipitado de cloreto de prata (AgCl) é branco, de brometo de prata (AgBr) é bege (“um branco sujo”) e o de iodeto de prata (AgI) é amarelo. O precipitado de cloreto de prata dissolve numa solução concentrada de hidróxido de amônio. Precipitado de AgBr é levemente solúvel nessa solução. 1.4.4. Ensaio para diferenciar os halogênios presentes na amostra Procedimento experimental. 1. Colocar 1-2 mL de licor de Lassaigne num tubo de ensaio. 2. Acidificar com ácido sulfúrico 10%. 3. Aquecer brandamente a solução até fervura durante 2 minutos. 4. Resfriar a solução e adicionar 0,5 mL de diclorometano. 5. Adicionar algumas gotas de água de cloro ou hipoclorito de cálcio. 6. Verificar se a solução ainda está acida. 7. Agitar vigorosamente. 8. Deixar separar as fases e observar as cores. Se a coloração da fase orgânica for laranja/marrom tem-se o indício da presença de bromo na amostra. Uma coloração violeta indica a presença de iodo, e a ausência de cor ou ligeiramente amarela indica a presença de cloro. Atenção: a acidificação do licor de Lassaigne com ácido sulfúrico deve ser realizada com cuidado. Além dos ensaios para detectar halogênios usando o licor de Lassaigne, deve-se efetuar o teste com nitrato de prata, teste com iodeto de sódio e o teste de Beilstein usando a amostra. 1.4.5. Teste com Nitrato de Prata (AgNO3): consultar o livro do Pavia para o procedimento experimental (p. 412-413). 13 O teste distingue haletos reativos dos não reativos – estabilização de carga + ordem de reatividade: 1.4.6. Teste de Iodeto de Sódio: consultar o livro do Pavia para o procedimento experimental (p. 413). Este teste baseia-se na velocidade de uma reação de SN2. A reação: NaI é solúvel em acetona, entretanto o NaCl e o NaBr precipitado. Quanto maior for a possibilidade de ocorrer uma reação de substituição nucleofílica de 2a ordem, maior é a velocidade do aparecimento de precipitado. 1.4.7. Teste de Beilstein - ensaio para detectar halogênios: consultar também o livro do Pavia (p.412). 1. Aqueça um fio de cobre (previamente limpo com lã de aço ou Bombril) na chama de um bico de Bunsen até que não se observe coloração adicional da chama. (Nota: cuidado com o manuseio de bico de Bunsen em laboratório de Química Orgânica: certifique-se que não há solvente inflamável por pertoe na dúvida consulte o professor responsável). 2. Resfrie o fio de cobre mergulhando a ponta do fio em um béquer contendo água deionizada (Não pode ser água destilada). 3. Após, mergulhe a ponta do fio de cobre na amostra a ser analisada e leve a chama do bico de Bunsen novamente. 4. Anote qualquer mudança de coloração observada. (Nota: este teste pode levar alguns minutos para fornecer a coloração esperada, pois é necessário ocorre a formação de um haleto de cobre, o qual é responsável pela coloração verde. 14 1.5. Testes específicos para grupos funcionais 1.5.1. Ensaio para detecção de compostos carbonilados (aldeídos e cetonas) As funções: 1.5.1.1. Teste com a 2,4-dinitrofenilhidrazina: Este ensaio é usado para detectar compostos que contêm o grupo carbonila C=O onde os substituintes são apenas hidrogênios ou grupos alquílicos, ou seja, este ensaio detecta aldeídos e cetonas. 1. Colocar aproximadamente 5 mg (ou 2 gotas) da amostra num tubo de ensaio. 2. Adicionar 1 mL de etanol 95%. 3. Adicionar 1 mL da solução etanólica da 2,4-dinitrofenilidrazina e agitar vigorosamente. 4. Se nenhum precipitado se formar imediatamente permitir que a solução descanse por 15 min e observar novamente. 15 Nota: a formação de precipitados com cores entre o amarelo e o vermelho é sugestivo da presença da função carbonila na amostra desconhecida. Algumas amostras demoram até 15 minutos para precipitar. Se necessário o precipitado pode ser recristalizado em etanol 95% e ter o seu ponto de fusão anotado. Atenção: muitos derivados de fenilidrazina são possíveis cancerígenos, evitar contato. A reação: Algumas observações: alguns álcoois alílicos e benzílicos podem dar resultado positivo (oxidados pelo reagente). A cor do precipitado pode variar em função do tipo de composto carbonílico (não é conclusivo para a observação). 1.5.2. Ensaio para detecção de aldeídos – Teste de Tollens. Este ensaio deve ser realizado após o teste para detecção de carbonilados para diferenciar aldeídos de cetonas. Neste teste apenas os aldeídos formam o “espelho de prata”. Cetonas dão resultado negativo para esse teste. Atenção: o reagente de Tollens precisa ser preparado imediatamente antes do seu uso. Preparação do Reagente de Tollens. Misturar 1 mL de solução de nitrato de prata 10% (solução A de Tollens) com 1 mL de solução de hidróxido de sódio 10% (solução B de Tollens). Observar a formação do precipitado preto de óxido de prata. Adicionar gota-a gota a solução de hidróxido de amônio 10% até a completa solubilização do óxido de prata (não colocar excesso de hidróxido de amônio!). Utilizar este reagente tão logo seja preparado. 16 Detecção de aldeídos usando reagente de Tollens 1. Dissolver alguns cristais (ou uma gota) da amostra num tubo de ensaio limpo com a menor quantidade possível de 1,2-dimetoxietano. 2. Adicionar 1 mL de reagente de Tollens recentemente preparado, arrolhar o tubo de ensaio e agitar vigorosamente por um rápido período. 3. Deixar a mistura descansar por alguns minutos. Se não ocorrer nenhuma reação a frio, aqueça brandamente a solução em banho-maria. Atenção: o aquecimento exagerado pode causar o aparecimento de um “falso positivo”. A reação: 1.5.3. Teste do ácido crômico: consultar o livro do Pavia (p. 422-423) para o procedimento experimental. A reação: Importante: Esse teste também funciona com álcoois primários e secundários, entretanto álcoois não dão resultado positivo com 2,4-dinitrofenilhidrazina. 1.5.4. Teste do Iodofórmio: este teste é especifico para metilcetonas. Consultar o livro do Pavia (p. 423-424) para o procedimento experimental. A reação: 17 1.5.5. Teste com cloreto férrico (FeCl3): este teste é especifico para compostos 1,3- dicarbonilados (por quê?). Consultar o livro do Pavia (p.424) para o procedimento experimental. 1.5.3. Ensaio para detecção de ácidos carboxílicos A função: 1.5.3.1. Ensaio Preliminar. Dissolver alguns cristais (ou uma gota) da amostra num tubo de ensaio com 1 mL de etanol 95%. Adicionar 0,1 mL de solução 5% de iodeto de potássio, aquecer em banho maria por 2-3 min, adicionar algumas gotas de uma solução de amido e observar a cor. Se ocorrer a formação de coloração azul intensa a amostra contém um grupo funcional oxidante e o teste descrito a seguir não é aplicável. 1.5.3.2. Ensaio para detecção de ácidos carboxílicos. Na ausência de coloração azul no ensaio preliminar, adicionar 0,1 mL de solução 5% de iodato de potássio à solução anterior e aquecer em banho maria por 2-3 min. Adicionar algumas gotas da solução de amido e observar a cor. O aparecimento da coloração azul após a adição do iodato de potássio sugere a presença de um grupo ácido. 1.5.3.3. Ensaio para detecção de ácidos carboxílicos funcionalizados. Dissolver poucos cristais da amostra em uma quantidade igual de resorcinol com aquecimento brando. Adicionar a esta mistura uma ou duas gotas de ácido sulfúrico concentrado. Aquecer a 130 18 ºC por cinco minutos e resfriar até à temperatura ambiente. Tratar a mistura resfriada com solução de hidróxido de sódio 20% até pH alcalino. Verter o material produzido em um papel de filtro e observá-lo à luz ultravioleta. A reação que se procede dependerá da estrutura do ácido carboxílico. Ácidos carboxílicos hidroxilados ou cetocarboxílicos geram 7-hidroxicumarinas, ou análogos, e apresentam uma fluorescência azul-esverdeada na luz ultravioleta. Por sua vez, ácidos mono- ou dicarboxílicos e anidridos geram xantenonas e apresentam uma fluorescência verde ou amarela na luz ultravioleta. 1.5.3.4. Equivalente de neutralização. Consultar o livro do Pavia (p.426-427) para o procedimento experimental. 1.5.3.5. Ensaio com nitrato de prata. Ácidos carboxílicos dão resultado positivo no teste com nitrato de prata pela precipitação de um carboxilato de prata, o qual é prontamente dissolvido após a adição de ácido nítrico. Portanto, pode-se usar esse teste para confirmar a presença dessa função em uma amostra. 1.5.3.6. Ensaio com bicarbonato de sódio. Consultar o livro do Pavia (p.426) para o procedimento experimental. 1.5.4. Ensaios para detecção de álcoois A função: Testes de Classificação HCl (-); NaHCO3 (-); NaOH (-) Características de Solubilidade H2SO4 (+); Éter (+) Solubilidade em água: < C6 (+) > C6 (-) Cloreto de acetila Teste de Lucas Teste de ácido crômico RCH2OH (1˚) R2CHOH (2˚) R3COH (3˚) 19 1.5.4.1. Cloreto de acetila: Consultar o livro do Pavia (p. 434) para o procedimento experimental. 1.5.4.1. Ensaio com Cerium (IV) Este teste é excelente para detectar grupos hidroxila porque os álcoois primários, secundários, terciários e fenóis formam complexos coloridos com Ce(IV). 1. Adicionar 3 mL de 1,2-dimethoxietano a 0,5 mL de reagente de Cerium(IV) e agitar. 2. Adicionar alguns cristais da amostra diretamente à solução anterior e agitar. 3. Observar a cor da solução resultante. Nota. O aparecimento de cor vermelho-alaranjado ou vermelho intenso indica a presença de fenol. 1.5.4.2. Teste de Lucas. No teste de Lucas é possível diferenciar álcoois primários, secundários e terciários. Os álcoois primários não reagem, álcoois secundários reagem muito lentamente e álcoois terciários, alílicos e benzílicos reagem instantaneamente. Este teste funciona apenas para os álcoois solúveis no reagente. Procedimento experimental. 1. Adicionar 2 mL de reagente de Lucas (ZnCl2 + HCl) num tubo de ensaio contendo 0,1 g (ou 0,1 mL) de amostra. 2. Arrolhar o tubo e agitar vigorosamente. 3. Permitir que o tubo descanse por alguns minutos. Notar se houve a formação de uma segunda fase ou precipitado contendo o cloreto de alquila, e quanto tempo foi necessário para a separação das fases. 20 A reação:Como ocorre: 1.5.4.3. Teste do ácido crômico. Consultar o livro do Pavia (p. 435) para o procedimento experimental. A reação: Derivados de álcoois: 3,5-Dinitrobenzoatos feniluretanas 21 1.5.5. Ensaios para detecção do grupo fenol A função: 1.5.5.1. Teste com Hidróxido de Sódio: alguns ions fenatos são coloridos, principalmente os que apresentam grupos retiradores de elétrons no anel aromático. Consultar o livro do Pavia (p. 428) para o procedimento experimental. 1.5.5.2. Bromo em água: Descoloração da água de bromo. Reação de substituição eletrófilica aromática. Ocorre devido a presença de grupamentos doadores de elétrons. Consultar o livro do Pavia (p. 429) para o procedimento experimental. Por exemplo: 22 Derivados de Fenóis: derivados sólidos (caracterizados pelo p.f.) a) uretanas b) 3,5-dinitrobenzoato 1.5.5.3. Ensaio com cloreto férrico 1. Dissolver alguns cristais da amostra em 1 mL de água, e agitar com a espátula de forma a solubilizar o máximo de amostra possível. 2. Adicionar várias gotas de uma solução aquosa 2.5% de cloreto férrico. 3. Observar a cor da solução resultante. Nota. A maioria dos fenóis solúveis em água geram uma cor intensa vermelha, azul, roxa ou verde. O aparecimento da cor normalmente é imediato, mas pode durar pouco tempo, por isso atenção às mudanças de cor durante a realização do teste. Alguns fenóis dão resultado negativo neste teste, então, não considerar um resultado negativo como certeza da ausência de fenol. O complexo de fenóis com esse ácido de Lewis pode conduzir a formação de uma solução de coloração intensa (vermelha, azul, purpura ou verde). A intensidade da cor pode depender dos substituintes do anel aromático. 23 1.5.5.2. Ensaio com Cerium (IV) 1. Adicionar 3 mL de 1,2-dimethoxietano a 0,5 mL de reagente de Cerium(IV) e agitar. 2. Adicionar alguns cristais da amostra diretamente à solução anterior e agitar. 3. Observar a cor da solução resultante. Nota. O aparecimento de cor vermelho-alaranjado ou vermelho intenso indica a presença de fenol. 1.5.6. Ensaios para detecção de ésteres, anidridos ou haletos de acila Ensaio Preliminar. Dissolver poucos cristais da amostra num tubo de ensaio com 1 mL de etanol. Adicionar 1 mL de solução 1.0 mol.L-1 de ácido clorídrico e uma gota de solução 5% de cloreto de ferro(III) e observar a cor. Se ocorrer a formação de uma coloração permanente laranja, vermelha, azul ou violeta o teste descrito a seguir não é aplicável. 1.5.6.1. Ensaios para detecção de ésteres, anidridos ou haletos de acila 1. Num tubo de ensaio colocar alguns cristais da amostra. 2. Adicionar 1 mL de solução 0,5 mol.L-1 de cloridrato de hidroxilamina em etanol 95% e 0,2 mL de solução 6 mol.L-1 de hidróxido de sódio. 3. Resfriar a solução. 4. Adicionar cuidadosamente 2 mL de solução 1 mol.L-1 de ácido clorídrico. 5. Se a solução estiver turva, adicionar um pouco de etanol 95%. 6. Adicionar uma gota de solução 5% de cloreto de ferro(III) e observar a cor. 7. Comparar com a cor desenvolvida no ensaio preliminar. Nota: uma coloração magenta sugere a presença de grupos éster, anidridos ou haletos de acila na amostra desconhecida. 24 A função éster: Teste do Hidroxamato férrico 1.5.7. Ensaios para detecção de grupos nitrilas ou amidas. Este ensaio é semelhante ao anterior. No entanto, como amidas e nitrilas são muito menos reativas que ésteres ou anidridos emprega-se como solvente o propilenoglicol em função de seu maior ponto de ebulição. 25 1. Solubilizar alguns cristais da amostra em uma quantidade mínima de propilenoglicol. 2. Adicionar 2 mL de solução 1 mol.L-1 de cloridrato de hidroxilamina em propilenoglicol e 1 mL de solução 1 mol.L-1 de hidróxido de potássio. 3. Aquecer suavemente até à ebulição e mantê-la por 10 minutos. 4. Após o resfriamento da solução, adicionar entre 0,5 e 1,0 mL de solução 5% de cloreto de ferro(III) e observar a cor. Nota: Uma coloração magenta sugere a presença de grupos amida ou nitrila na amostra. 1.5.8. Ensaios para detecção do grupo nitro – teste do hidróxido de ferro: consultar também o livro Pavia (p.414) para o procedimento experimental. 1. Colocar 1 mL de solução de sulfato ferroso amoniacal num tubo de ensaio. 2. Adicionar 10 mg (ou 5 gotas) da amostra desconhecida. 3. Adicionar 0,7 mL da solução etanólica de hidróxido de potássio. Nota: o aparecimento de um precipitado avermelhado sugere a presença de grupos oxidantes, como por exemplo o grupo nitro. Atenção: realizar um ensaio em branco para descontar a oxidação do reagente pela atmosfera. A reação: 26 1.5.9. Ensaios para aminas: diferenciar aminas primárias, secundárias e terciárias A função: Testes de Classificação HCl (+); NaHCO3 (-); NaOH (-) Características de Solubilidade H2SO4 (+); Éter (+) Solubilidade em água: < C6 (+) > C6 (-) pH de uma solução aquosa Teste de Hinsberg Teste do ácido nitroso RNH2 (primária) R2NH (secundária) R3N (terciária) Teste do cloreto de acetila 1.5.9.1. Teste de Hinsberg: solubilidade de uma sulfonamida em meio básico. 1. Colocar aproximadamente 0,3 g (ou 0,3 mL) da amostra num tubo de ensaio. 2. Adicionar 5 mL de solução de hidróxido de sódio 10% e 0,4 mL de cloreto de benzenossulfonila. 3. Arrolhar o tubo e agitar vigorosamente. 4. Garantir que o meio esteja alcalino, agitar mais um pouco e observar. 5. Resfriar a solução, verificar se o meio está alcalino e filtrar o resíduo, se for o caso. 6. Testar a solubilidade do resíduo em ácido clorídrico 10%. 7. Se todo o resíduo se solubilizar, tratar a solução alcalina original com ácido clorídrico 10% e observar se há formação de precipitado. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS. A formação de precipitado somente após a adição do ácido clorídrico à solução alcalina original é um indício da presença de aminas primárias na amostra desconhecida. A formação de precipitado antes da adição do ácido clorídrico à solução alcalina original, sendo este precipitado insolúvel em ácido clorídrico, é um indício da presença de aminas secundárias na amostra desconhecida. Já a formação de precipitado antes da adição do ácido clorídrico à solução alcalina original, sendo este 27 precipitado solúvel em ácido clorídrico é um indício da presença de aminas terciárias na amostra desconhecida. Aminas terciárias ⇒ não funcionam (por quê?). 1.5.9.2. Teste do ácido nitroso: Deve ser feito quando se tiver certeza da ocorrência de uma amina, pois ele funciona com fenóis, cetonas, tióis e amidas. Ele distingue aminas primárias (aromáticas e alifáticas) de aminas secundárias e terciárias. Não distingue uma amina secundária de uma terciária. Aminas primárias alifáticas perdem nitrogênio na temperatura em que o teste é realizado. Aminas aromáticas só perdem nitrogênio se a temperatura for elevada. Os sais de diazônio formados são mais estáveis. A adição de β- naftol forma um azo composto vermelho. Consultar o livro do Pavia (p. 431) para o procedimento experimental. 28 29 Anexo 1: Roteiro de ensaios para determinação da estrutura de uma amostra desconhecida (consultar Apostila + Pavia) 1. Observações preliminares (estado físico; cor) � 2. Propriedades físicas (ponto de fusão; ponto de ebulição) � 3. Testes de solubilidade em água, em ácidos e bases � 4. Testes para determinação de insaturação: � - Ignição (combustão)� - Bromo em diclorometano� - Permanganato de potássio (solução aquosa neutra) � 5. Testes para determinação dos elementos presentes na amostra:� - Beilstein (halogênios) - Fusão com sódio e ensaios com o licor de Lassaigne (nitrogênio, enxofre, halogênios) 6. Testes específicos para detecçãode grupos funcionais: � - Aldeídos e cetonas: 2,4-dinitrofenilhidrazina; iodofórmio (metilcetonas); - Aldeídos: Tollens; ácido crômico (Jones); � - Álcoois: nitrato de cério (IV); ácido crômico (Jones); Lucas; iodofórmio (para 2- alcanois);� - Fenóis: nitrato de cério (IV); cloreto férrico; água de bromo;� - Ácidos carboxílicos: bicarbonato de sódio (solubilidade); nitrato de prata; equivalente de neutralização; iodeto e amido;� - Ésteres e anidridos: hidroxamato férrico (etanol);� - Nitrilas e amidas: hidroxamato férrico (propilenoglicol);� - Grupo nitro: hidróxido ferroso;� - Aminas: Hinsberg; acido nitroso; � Observações:�Os testes iniciais deverão ser realizados nesta sequencia (1-5). Na dúvida, usar amostras conhecidas como padrões positivos, conforme indicado a seguir. 30 Anexo 2. Testes e Padrões Determinações: - Ponto de fusão (p.f.): A1 - Ponto de ebulição (p.e.): B1 (Sugestões: Ácido benzóico e tolueno) Testes 1. Solubilidade 2. Ignição 3. Beilstein 4. Fusão com sódio 5. Nitrato de Prata 6. Br2/CH2Cl2 7. Br2/H2O 8. KMnO4 9. Ácido Crômico (Jones) 10. Hidróxido ferroso 11. 2,4-Dinitrofenilidrazina 12. Tollens 13. Iodofórmio 14. Cloreto férrico 15. Ácido nitroso 16. Hinsberg 17. Lucas 18. Nitrato cérico 19. Hidroxamato férrico 20. Cloreto de acetila Padrões (Testes) Ácido Benzóico (1) Ácido sulfanílico (4) Brometo de n-Butila (2, 3, 5) Bromobenzeno (2, 3, 5) Cloridrato de semicarbazida (3, 4) Fenol (7, 14, 18, 20) Limoneno (10) Anilina (3, 7, 15, 20) Acetofenona (13) Benzaldeído (9, 11, 12) Cicloexanona (11) Butilamina (16) Dietilamina (16) Trietilamina (16) Álcool isoamílico (9, 17, 20) Álcool sec-butílico (9, 13, 17, 18) Álcool t-butílico (17, 18) Benzoato de etila (19)