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PUC MINAS DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA Instituto de Ciências Exatas e Informática – ICEI QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA Guilherme R. Pereira Edson Braga da Silva 2016 1 SUMÁRIO Capítulos 01 Informações Gerais; 02 Pesquisa de Carbono e Hidrogênio em uma Amostra Orgânica; 03 Determinação da Presença de Nitrogênio, Cloro e Enxofre em Amostra Orgânica; 04 Reconhecimento de funções orgânicas: Alcenos, álcoois e haloalcanos; 05 Reconhecimento de funções orgânicas: Compostos carbonílicos; 06 Temperatura de Fusão do Naftaleno; 07 Solubilidade e característica de solventes orgânicos; 08 Marcha Química; 09 Destilação Simples: Purificação do n-hexano; 13 Destilação Fracionada (Hexano com diclorometano); 14 Destilação por Arraste a Vapor de Água; 15 Temperatura de Fusão do Naftaleno; 16 Cromatografia em Camada Delgada; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APÊNDICES 2 Apresentação O objetivo principal do curso de Química Orgânica é fornecer habilidades e conhecimentos práticos e teóricos suficientes para que o aluno de Engenharia Química crie autoconfiança de trabalhar em áreas a fim com total destreza. Este material tem por objetivo apresentar linhas gerais para as práticas no laboratório. Assim, uma série de práticas simples será realizada ao longo do período, no qual o aluno terá um contato com reagentes químicos, vidrarias e montagens de laboratório. Métodos de purificação de material, técnicas de filtração, algumas sínteses orgânicas, preparo de soluções, propriedades de alguns compostos orgânicos, reconhecimento de funções orgânicas, destilações, propriedades de isômeros, controle de reações por métodos cromatográficos (CCD) serão empregados ao longo deste curso. Todavia, faz importante salientar que o domínio de certas reações orgânicas, demanda um grande período de tempo e durante este curso, somente se fará uma introdução de um laboratório de química orgânica. Note-se que a ordem a ser seguida em laboratório pelo Professor não é necessariamente a deste texto. No início do semestre letivo o aluno receberá um cronograma com o trabalho a ser realizado. Pede-se também que o aluno, ao final do curso, avalie o material e faça sugestões de novas práticas, críticas ou sugestões para o melhoramento do material. Autor 3 CAPÍTULO 01 Introdução Recomendações Gerais Com relação à vestimenta: 1. O uso de sapato fechado e calça comprida são obrigatórios; 2. Os alunos deverão usar jaleco em todas as aulas; 3. Deve-se sempre usar óculos de proteção quando se entra em um laboratório; Postura no laboratório: 4. Não levar qualquer tipo de alimento para dentro do laboratório; 5. Não se deve ingerir qualquer tipo de líquidos no laboratório; 6. Caso algum acidente ocorra, informar imediatamente ao responsável; 7. O manuseio dos equipamentos requer conhecimento prévio, caso o aluno não saiba o que fazer NUNCA tomar qualquer iniciativa antes de perguntar ao professor; 8. Sempre usar a capela para fazer transferência de ácidos e bases, reações e elaborações; 9. Caso seja necessário sentir o cheiro de alguma substância, nunca cheirar diretamente o composto, mas sim direcionar os odores ou vapores com a mão em direção ao nariz; 10. Não jogar compostos orgânicos na pia; 11. Lavar as mãos com sabão sempre que terminar a prática; 12. Limpar a área de trabalho antes e ao término da aula; 13. Lavar toda a vidraria usada e caso seja necessário, descartar o lixo formado incluindo resíduos orgânicos em local adequado; 14. Todos os frascos e vidraria devem estar devidamente limpos e secos antes da prática, (mas caso seja necessário limpar alguma vidraria, lave com água e sabão e posteriormente passe um pouco de acetona, e use o “secador” para remover resíduos de acetona); 15. Nunca deixar frascos perto da chama, tais como vidros de acetona, hexano e etanol; Segurança no laboratório O automatismo de determinadas condutas em um laboratório diminui muito o risco de determinados acidentes. Procure se informar com o professor sobre a forma de se portar em um laboratório de química, sobre os equipamentos de segurança, o uso da aparelhagem, vidraria, reagentes e descarte de substâncias. Em caso de dúvida, SEMPRE pergunte antes de tomar uma decisão. 1. É obrigatório o uso de jaleco no laboratório; 4 2. O jaleco somente deve ser usado dentro do laboratório, sendo que após o término das aulas, o mesmo deve ser guardado dentro de um saco plástico. Nunca devemos transitar áreas de uso comum com um jaleco. Tal prática, infelizmente adotada por profissionais de áreas afins trás sérios riscos a saúde de todos, pois assim, ajudam a disseminar materiais e doenças em locais não de uso geral. 3. Faz-se também necessário o uso de óculos de proteção, (pessoas que usam óculos de grau talvez precisem deste equipamento de segurança); Figura 1. Alguns modelos de óculos de proteção. 4. Sempre coloque as mochilas e demais materiais debaixo da bancada no local designado; 5. É terminantemente proibido o consumo de água ou comida dentro do laboratório; 6. É terminantemente proibido fumar no laboratório; 7. Lave as mãos sempre que as aulas práticas terminarem, para evitar a possível contaminação; 8. Aprenda a usar o chuveiro de segurança: Caso, algum material líquido caia sobre o corpo, o procedimento e remover todas as roupas do corpo e ficar sobre o chuveiro dentro do laboratório até que todo o material tenha sido removido! 9. Equipamento lava olhos: Caso algum material seja derramado nos olhos, o acidentado deve ir para o “lava olhos” e permanecer com o rosto sobre o equipamento ligado por alguns minutos, e em seguida, ir para um hospital. Pisando sobre o dispositivo, água sairá na saída superior. 10. Ligue o exaustor sempre quando for trabalhar na bancada, e em caso de produtos carcinogênicos, ácidos ou bases fortes, trabalhe utilizando uma capela funcional. 11. Em caso de quebra de vidros, inicialmente isole a área e localize os pedações de vidro, depois, usando a vassoura e uma pá, descarte o material no local apropriado, criado para descarte de material. 12. Em caso de acidentes com reagentes químicos, Primeiros Socorros Em caso de queimaduras, lave a área atingida com bastante água e em seguida buscar atendimento médico, se necessário; Em caso de cortes ou ferimentos leves, faça a desinfecção e proteja a área com gase e esparadrapo; 5 Se os olhos forem atingidos com qualquer substância, lave-os com água corrente; Se cair qualquer substância na roupa, retirar a veste atingida e lavar no chuveiro se necessário; Em caso de intoxicações: procurar local arejado para respirar; Em caso de fogo nas bancadas, separar qualquer material inflamável das chamas, apagar o fogo com extintor ou com areia, e em caso de fogo no corpo, usar um pano úmido para abafá- lo; Em caso de descarga elétrica, procurar um material isolante para separar a vítima do local; Normas Gerais A Seguir Durante Os Trabalhos De Laboratório Sempre trazer o material didático a ser usado. Este material impresso é fundamental; O laboratório é fundamental para realização de experimentos práticos, por tanto, desde a primeira aula, procure inteirar-se das normas que regem as práticas, de toda a infraestrutura do laboratório, das limitações deste laboratório e das restrições que terá; Siga rigorosamente as medidas de segurança que serão acrescentadas no inicio de cada trabalho pelo professor de laboratório. As peculiaridades dos trabalhos executados são motivos de preocupação quanto aos riscos a que se expõe quem os escutam. Na fase inicial de trabalhos em laboratórios, os iniciantes têm como características o desconhecimentode situações de perigos a que estão expostos. Isto às vezes ocorre até com pessoal já dito experiente. A seguir citam-se alguns riscos mais comuns: Trabalho com vidro, manuseio do material de vidro Trabalho com temperatura elevada Trabalho com uso de fogo Trabalho usando eletricidade Trabalhos a pressões diferentes da pressão atmosférica Trabalho com substâncias corrosivas, inflamáveis, tóxicas, explosivas, muito voláteis, etc. Quando do início do trabalho, a bancada estará com todos os materiais e reagentes que serão usados, Veja o roteiro do trabalho e verifique se não está faltando algo. Caso isto venha a ocorrer, solicite ao Professor ou ao técnico de laboratório, que estará à disposição, para sanar a falha. 6 Ao final do trabalho a bancada deverá estar como estava no início. Materiais que não estavam na bancada, mas que foram buscados para o trabalho, deverão ser devolvidos no mesmo local da retirada. Peça auxílio aos técnicos e ao Professor. Concentre-se no seu trabalho. Evite conversas em voz alta e especialmente assuntos alheios à tarefa a ser executada. Ao se fazer uma montagem, peça instruções para o professor, pois cada vidraria ou equipamento tem sua forma correta de ser usado. Muito cuidado ao manusear vidrarias para evitar quebras. Selecionar adequadamente a fonte de calor a ser usada (manta ou bico de gás.) Antes de iniciar o experimento, verifique atentamente se todas as vidrarias estão encaixadas corretamente. Ao se fazer uma destilação, fique atento para não se esquecer de colocar as pérolas de porcelana dentro do balão antes de conectá-lo ao sistema a ser montado. Primeiramente prenda as garras ao suporte para só depois colocar o balão ou o condensador nestas garras. Jamais deixe o balão sem garra acoplado ao condensador ou o condensador sem garra acoplada ao balão. O uso de garras que serão usadas para prender o condensador deve ser de tamanho compatível com este condensador. O uso de balões e frascos coletores em uma destilação deve ter de tamanho proporcional ao volume de reagentes utilizados. Se a montagem estiver torta e instável, refaça-a corrigindo estas imperfeições. Considera-se erro grave arrastar a montagem pela bancada após tal montagem pronta. Ao se fazer montagem de destilação, dedicar uma atenção especial à conexão das mangueiras de circulação de água. Colocar corretamente as mangueiras de entrada e de saída de água. Proteja-as de fontes de aquecimentos. Evite fluxo de água muito intenso. Ao se fazer a desmontagem de uma destilação, desconectar primeiramente a mangueira de entrada de água. Os primeiros materiais a serem retirados em uma montagem de destilação, devem ser aqueles que foram colocados por último, ou seja, termômetro, a longa de destilação e funil de adição. - Riscos químicos - Medidas básicas de segurança - Medidas relativas à instalação de laboratório - Produtos químicos incompatíveis (não armazenar próximos) 7 Previsões de instalações para: a) Proteção contra incêndio; b) Chuveiros de emergência; c) Lavadores de olhos; d) Sinalização de segurança. E muitas outras coisas interessantes. PREPARO DO MATERIAL DE NOTAS Inicialmente, deve-se preparar uma folha contendo a reação inicial a ser realizada, seguido de um a tabela contendo os dados dos reagentes (massa molecular, densidade, quantidade em mL ou gramas, mmol, equivalentes usados e origem de cada reagente), seguido de uma descrição detalhada da reação. Outros dados relevantes também serão informados tais como data do procedimento, código da reação, desenho de alguma placa cromatográfica, e artigos usados na reação. 8 Principais vidrarias usadas durante o curso de química Orgânica I Figura 1. Materiais e vidrarias usados em laboratório. 9 Figura 2. Materiais e vidrarias usados em laboratório. 10 CAPÍTULO 02 EXPERIMENTO 01 PESQUISA DE CARBONO EM UMA AMOSTRA ORGÂNICA Objetivos Diferenciar substâncias Orgânicas e Inorgânicas. Montar um pequeno experimento laboratorial qualitativo para determinação de carbono em uma amostra orgânica (algodão). Objetivos Específicos Fazer uma reação de oxirredução tendo como agente oxidante o óxido de cobre II (CuO). Esta reação levará à formação de dióxido de carbono (CO2) e água (H2O). Introdução No século XVIII, acreditava-se que apenas os seres vivos eram capazes de produzir substâncias orgânicas a partir de uma força vital. As demais substâncias, originadas dos minerais, eram classificadas como “inorgânicas”. Posteriormente, experimentos de laboratório mostraram que substâncias inorgânicas, através de reações químicas, poderiam gerar substâncias orgânicas. (ex: formação da ureia, uma substância excretada por mamíferos, a partir do aquecimento de cianato de amônio). Veja equação química 1.1 Esquema 1. Síntese de Friederich Wölher realizada em 1928. A reação mostrou que substâncias inorgânicas (cianato de amônio) podem ser convertidas em substâncias orgânicas (ureia). Pode-se disser que a química orgânica compreende o estudo do elemento carbono constituinte de determinadas substâncias químicas. Existem mais de 16 milhões de substâncias orgânicas, contudo, nem todas as substâncias que contêm carbono são substâncias orgânicas. Algumas propriedades das substâncias ajudam a classificá-las entre orgânicas ou inorgânicas: Características de substâncias orgânicas: São combustíveis ex: octano, etanol, isso octano (gasolina), etc. Formam isômeros ex: etanol e éter dimetílico, 1- butanol e 2-butanol, etc. 11 Formam polímeros ex: borracha, plástico, celulose. Decompõem-se em altas temperaturas (matérias primas, fármacos, alimentos, etc); Possuem geralmente baixos pontos de fusão e ebulição; (metano, propano, éter dimetílico são gases a temperatura ambiente) O que confere as propriedades citadas acima é a forma com que os átomos estão ligados entre si. Esses átomos se ligam a fim de buscar mais estabilidade. Observou que quando o número de elétrons da camada mais externa de cada elemento contém o mesmo número de elétrons da camada mais externa dos gases nobres (Elementos da VIII A ou 18), os mesmos têm grande estabilidade. A distinção entre substâncias ou compostos orgânicos e inorgânicos não é fácil. Mesmo substâncias formadas apenas por átomos de carbonos, conhecidas como formas alotrópicas do carbono, podem ser diferenciadas entre inorgânicas (grafite, e diamante) ou orgânicas (fulereno) devido às suas características finais. Figura 1. Esquema simbólico da “Geração e isolamento do fulereno C60 por vaporização do grafite” pelo aquecimento resistivo. Assim, pode-se dizer que alguns gases como o CO2 ou o CO, alguns sais como bicarbonatos (NaHCO3, Ca(HCO3)2, carbonatos Na2CO3, K2CO3 ou cianetos (NaCN, KCN) possuem o elemento carbono mas não são orgânicos. Reações químicas Quando do aquecimento de um material orgânico (por exemplo, algodão, que apresenta celulose em sua estrutura) juntamente com CuO, este óxido oxida a substância presente no material em análise transformando parte do conteúdo de carbono nele contido em gás carbônico, CO2 e transformando o conteúdo de hidrogênio em água, H2O. O gás carbônico produzido entrando em contado com solução aquosa de hidróxido de cálcio, Ca(OH)2(aq) forma um precipitado branco insolúvel que é o CaCO3s. 12 Reação de Oxidação Amostra Orgânica (algodão) misturadas com CuO(s) produz cobre, (Cus), gás carbônico,(CO2(g)) e água Equação Química da formação de um ácido a partir do respectivo anidrido CO2(g) + H2O(l) → H2CO3(aq) EquaçãoQuímica da Reação de Neutralização H2CO3(aq) + Ca(OH)2(aq) → CaCO3(s) + 2 H2O(l) Equação Química de uma Reação de Dupla Troca CaCO3(s) + 2HCl(aq) → CaCl2(aq) + <H2CO3(aq)> Parte experimental. Faça uma montagem conforme o esquema abaixo Figura 2. Montagem do experimento para determinação de carbono em uma amostra orgânica. Montagem. Prenda o tubo de ensaio em uma garra acoplada a um suporte universal. Depois, já com a montagem feita, coloque o septo de borracha com a conexão de vidro na saída do tubo de ensaio (já contendo os materiais com os quais irá trabalhar, veja itens 1,2,3 e 4 do procedimento). Certifique-se que o sistema esteja totalmente fechado, com apenas a saída em contato com a solução previamente preparada de hidróxido de cálcio, Ca(OH)2(aq) que estará dentro do béquer. Bico de Bünsen- Para este experimento, é importante aprender a usar o bico de Bünsen. Certifique que não tenha nenhuma piceta contendo líquidos inflamáveis nas proximidades da montagem. Gire a válvula de saída do gás, então ajuste a quantidade de saída do gás no bico de bünsen e posteriormente ajuste a entrada de oxigênio pela válvula inferior neste equipamento. Execução do procedimento- Aproxime a chama da parte inferior do tubo de ensaio, tomando cuidado para a chama não atingir a garra. Espere até a reação iniciar, caracterizada 13 por uma chama vermelha intensa dentro do tubo, e a projeção de gás no outro orifício da conexão de vidro. Materiais e reagentes Materiais Suporte Universal Béquer de 50 mL Garra Mufa Espátula Pinça Rolha de borracha Tubo de ensaio Bastão de vidro Bico de bünsen Tubo de vidro curvado Vidro relógio Reagentes Substância orgânica (algodão) Solução saturada de hidróxido de cálcio ou Ca(OH)2(aq) Solução de ácido clorídrico Óxido de cobre II (CuO) Procedimento 1. Pese aproximadamente 0,20 g de algodão, algodão tem celulose, composto orgânico. Coloque esta massa em uma placa de Petri Obs: Verifique se a balança está na posição apropriada, depois use um béquer pequeno para fazer a pesagem. 2. Pese um grama de óxido de cobre II, óxido cúprico, e o adicione sobre o algodão que foi pesado. 3. Misture o algodão com o Oxido de cobre II com auxílio de uma pinça; 4. Insira o algodão com oxido de cobre no tubo de ensaio; 5. Meça aproximadamente 20 mL de uma solução nova (recém preparada) de hidróxido de cálcio; 6. Transfira para um béquer e prenda-o em uma garra (conforme o Figura 2); 7. Adapte o tubo de vidro curvado na extremidade do tubo de ensaio e no outro lado dentro da solução de hidróxido de cálcio; 8. Acenda o bico de Bünsen e aproxime-o da extremidade inferior do tubo de ensaio. Ao usar Bico de Bünsen- Certifique que não tenha nenhuma piceta contendo líquidos inflamáveis nas proximidades da montagem. Gire a válvula de saída do gás, então ajuste a quantidade de saída do gás no bico de bünsen e posteriormente ajuste a entrada de oxigênio pela válvula inferior neste equipamento. Uma chama amarela fuliginosa significa pouco oxigênio em relação à quantidade de gás que está sendo queimando, quanto mais clara a chama, mais eficiente está sendo o trabalho realizado pelo bico de Bünsen 14 Obs: Cuidado para a chama não alcançar a borracha da garra, e lembre-se que após o experimento o tubo estará quente! 9. Observe a formação de um precipitado branco. 10. Após a formação do precipitado, desconecte o tubo de vidro com cuidado para não haver sucção de água. 11. Adicione solução aquosa de HCl à suspensão formada. 12. Desmonte toda a montagem e lave os materiais utilizados. Questionário 1. Mostre as estruturas de Lewis do dióxido de carbono (CO2), CaCO3 e H2CO3. 2. Defina os compostos acima como anidridos, sais, ácidos ou bases. 3. Cite três propriedades dos compostos orgânicos. 4. Por que durante o experimento, houve a turvação da solução de Ca(OH)2? 5. Poderia se usar CaCO3 ao invés da Ca(OH)2 para constatação de CO2? Explique. 6. Qual a diferença de Cloreto de hidrogênio e ácido clorídrico? 7. Como se pode produzir cloreto de hidrogênio em laboratório? 8. Por que não se pode deixar a solução de Ca(OH)2 aberta durante muito tempo em contato com o ar atmosférico. Qual a reação que ocorre? 9. Mostre o mecanismo da reação do cloreto de hidrogênio com água gerando os íons hidrônio e cloreto. 8. Informações adicionais: 15 Polímeros são macromoléculas formadas a partir de unidades menores, conhecidas como monômeros, que se repetem ao longo da cadeia dos polímeros. Algodão- uma fibra branca obtida dos frutos de algumas espécies nativas das áreas tropicais da África, Ásia e América, tem o principal componente da fibra de a celulose, um polímero natural que representa a maior parte da sua composição química. A cadeia de celulose é constituída por moléculas de glicose (monômero). A glicose, um hidrocarboneto constituído por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio está inserido na classe das hexones (hex- cadeia com 6 átomos de carbono oxe-sufixo para açucares). A celulose tem a fórmula molecular (C6H1005)n, constitunido-se em um polímero de cadeia longa composto de somente um monômero, a glicose. Sua estrutura pode ser assim representada: Figura 3. Estrutura da a glicose (monômero) e do polímero celulose, formado por várias glicoses ligadas pela ligação dos carbonos 1 e 4 dos respectivos monômeros. (Como gerar CO2 em casa.) O dióxido de carbono é um gás produzido que pode ser produzido por fungos (fermentos ou leveduras) para produzir energia. É um composto necessário para o desenvolvimento de plantas. Atualmente, alguns aquaristas inserem dióxido de carbono nos aquários para desenvolver as plantas aquáticas. O mais interessante é que ao invés de comprarem cilindros de CO2, estes usam um sistema muito mais barato e fácil de fazer. Misturam em uma garrafa Pet leveduras e algum tipo de hidrocarboneto (ex; Açúcar, farinha) e essas começam a metabolizar os carboidratos gerando CO2, que por meio de um sistema fechado, pode ser inserido no aquário através de tubos de silicone. A inserção deste gás, além de luz necessária para a fotossíntese, garante a coloração verde das plantas nestes modelos de aquário conhecidos como aquários verdes. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fibra http://pt.wikipedia.org/wiki/Fruto http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81sia http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica http://pt.wikipedia.org/wiki/Celulose http://pt.wikipedia.org/wiki/Glicose 16 CAPÍTULO 03- EXPERIMENTO 02 DETERMINAÇÃO DA PRESENÇA DE NITROGÊNIO, CLORO, E ENXOFRE EM UMA AMOSTRA ORGÂNICA. Objetivos Compreender a formação de complexos inorgânicos; Mineralizar amostras orgânicas (formação do licor de Lassaigne). Fazer a determinação em compostos orgânicos da presença de: a) Nitrogênio; b) Enxofre; c) Halogênios (Cloro). Objetivos específicos Desidratação de um complexo de Cobre penta hidratado; Formação de complexos de enxofre e de nitrogênio. Introdução (Elementos do Bloco d) A química Inorgânica compreende o estudo de um grande número de elementos da tabela periódica incluindo os metais e os metais de transição. Os metais de transição contém uma série de elementos com algumas propriedades em comum. O primeiro cientista que relatou essas propriedades de “complexos” foi Alfred Werner, em 1893, que desenvolveu uma química conhecida como a química dos complexos de coordenação. Durante aquele tempo, Werner focou principalmente em complexos com metal cobalto e posteriormente se estendeu para vários outros metais. Assim, sais de metais de transição como o sulfato de cobre poderiam estar sem ligantes (CuSO4 anidro) ou com ligantes (ligados a 5 moléculas água) (CuSO4 .5H2O). Esquema 1. Esquema 1. Sulfato de cobre anidroe um complexo do sulfato de cobre coordenado por 5 moléculas de água. 17 Naquela época, ainda não se conhecia essas propriedades, e durante muitos anos os cientistas mais tradicionalistas combateram a possível formação de complexos. Após vários relatos observados por Werner com complexos de Cobalto, ficou constatado que os metais de transição formam vários complexos, e isso deu início a química inorgânica dos complexos de transição e posteriormente a química organometálica. Talvez mais de dois terços dos artigos publicados em química inorgânica estão associados á complexos. Esses complexos podem ter uma infinidade de aplicações e durante esta prática, formaremos complexos inorgânicos para evidenciar a presença dos elementos tais como nitrogênio e enxofre a partir de uma amostra orgânica. Contudo, não podemos simplesmente usar a amostra orgânica, pois os elementos C, N, O, S estão ligados entre si por ligações covalentes. Esquema 1. Esquema 2. I. Aminoácidos formando uma ligação peptídica pela perda de uma molécula de água. II. Uma proteína (queratina) que forma a estrutura de um fio de cabelo. Assim, um tratamento prévio consiste na quebra dessas ligações covalentes e transformá-los em substâncias ionizáveis que possam ser identificadas através da formação de complexos. A amostra orgânica, como por exemplo, uma mexa de cabelo ou um pedaço de unha terá um tratamento prévio com sódio metálico a quente para liberar (quebrar as ligações covalentes) desses elementos em forma de sais inorgânicos Esquema 2. 18 Esquema 3. O tratamento deste fio de cabelo com um pedaço de sódio metálico leva formação de sais inorgânicos (método de Lassaigne). Em seguida, uma solução alcalina será obtida desta reação, quando o tubo de ensaio contendo a amostra orgânica reagida for solubilizado em água. Seguindo o roteiro da apostila, será fácil formar complexos em que esses elementos (enxofre e nitrogênio) participarão como ligantes. O interessante é que vários desses complexos se caracterizam por uma coloração intensa quando se ligam as sais de enxofre ou de nitrogênio e usaremos desse artifício para demonstrar a presença desses elementos. Será feito apenas uma análise química qualitativa da amostra orgânica, não se preocupando em quantificar a quantidade de cada elemento nesta amostra (análise quantitativa). Os elementos mais comumente encontrados nos compostos orgânicos são: carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre e os halogênios que são chamados de elementos organógenos. Os menos comuns são: fósforo, arsênio, antimônio, mercúrio, ou outros que possam estar sob a forma de sais ácidos orgânicos. Teste de fusão de sódio (detecção de N, S e X) O teste consiste quebra de ligações covalentes de determinado composto orgânico a partir da reação com excesso de sódio metálico, quando átomos de nitrogênio, enxofre ou halogênios são ionizados, convertendo-se respectivamente em cianeto (CN-), sulfeto m(S-2) ou cloreto (Cl-) de sódio. A reação consiste simplesmente no aquecimento do material 19 orgânico com pedaços de sódio metálico. Deve-se aquecer diretamente o tubo de ensaio, contendo o material orgânico e o sódio metálico, em uma chama a partir de um bico de Bünsen, durante 45 segundos aproximadamente (o material dentro do tubo ficará vermelho). Posteriormente, o material reagido e transferido para um béquer contendo água destilada, que resultará na formação de uma solução contendo os respectivos íons formados com os átomos de nitrogênio, enxofre e cloro. Este material será filtrado, a fim de remover qualquer pedaço de sólido que não reagiu durante a reação, ou até mesmo pedaços de vidro, resultante da quebra do tubo de ensaio. Depois os elementos presentes na forma de íons são detectados mediante ensaios específicos. Reações químicas Sódio Metálico O sódio é um metal da coluna 1A e tem grande tendência para perder 1 elétron e se transformar num cátion Na+. Quando em contato com o ar, se oxida para formar o óxido de sódio, mas quando inerte em um solvente orgânico (tolueno, hexano), fica na forma reduzida por tempo indeterminado. O sódio metálico (Na(s)) quando entra em contato com a água, gera o gás hidrogênio, o uma base (hidróxido de sódio). Essa reação é extremamente exotérmica e a presença do gás hidrogênio, produzido pela reação, pode levar a formação de uma chama de cor avermelhada. A constatação da formação do hidróxido de sódio pode ser feito pela simples adição de um indicador de pH básico. Esquema 4. Formação de hidrogênio e 2 moléculas de hidróxido de sódio pela reação de moléculas de água com o sódio metálico. 20 O excesso de sódio usado durante a formação do licor de Lassaigne reagirá com água destilada do béquer como mostrado no esquema acima. Desta forma, evidenciaremos a formação de uma pequena explosão, com a possível projeção de vidros quebrados do tubo de ensaio. 3.4.2. Teste da presença de Nitrogênio (Formação do complexo azul da Prússia). A primeira equação representa a reação do sódio metálico com a amostra orgânica, representada por [N], pois após a fusão com sódio, forma-se cianeto de sódio. Em seguida, se pega uma pequena alíquota da solução formada para detecção deste íon. Apenas adicionado alguns reagentes contendo sais de ferro, é possível formar um complexo de cor muito intensa, chamado azul da Prússia. Neste caso o complexo formado envolverá o Ferro (Fe2+) e os íons CN- da solução aquosa. O complexo formado terá a fórmula molecular Fe7N18C18. Na verdade esse complexo compreende 6 ânions cianeto ligados ao metal ferro (Fe2+) representado pela fórmula [Fe(CN)6] -4. Na verdade, 3 ânions de [Fe(CN)6] -4 formarão com 3 íons de Fe3+ para gerar o complexo final representado pela fórmula Fe4[Fe(CN)6]3 . Figura 1. Solução contento o complexo do azul da Prússia. A nomenclatura para este complexo é Ferrocianeto férrico, ferrocianeto de ferro(III), hexacianoferrato(II) de ferro(III), hexacianoferrato férrico. Podemos esquematizar a formação deste complexo metálico colorido a partir da reação de dupla troca envolvendo os sais de cianeto de sódio (NaCN(aq)), que foi a amostra preparada com sulfato ferroso (FeSO4(aq)), preparada no laboratório. É necessário que se aqueça o tubo de ensaio contendo esses dois sais, para formação dos produtos. 2 NaCN(s) + FeSO4(aq) Fe(CN)2(aq) + Na2SO4(s) http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferro http://pt.wikipedia.org/wiki/Nitrog%C3%AAnio http://pt.wikipedia.org/wiki/Carbono http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ferrocianeto&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hexacianoferrato&action=edit&redlink=1 21 A presença de excesso de íons de NaCN(aq) resultam na formação de um primeiro complexo: Fe(CN)2(aq) + 4 NaCN(s) Na4[Fe(CN)6](s) Lembre-se que a solução preparada deve estar extremamente básica, pela presença de hidróxido de sódio aquoso. Assim, também teremos uma reação do sal de sulfato ferroso com hidróxido de sódio, resultando na formação de hidróxido Ferroso. 2 NaOH(aq) + + FeSO4(aq) Fe(OH)2(aq) + Na2SO4 (aq) Fe(OH)2(aq) + 6 NaCN(s) Na4[Fe(CN)6] + 2 NaOH(aq) Para a formação do complexo final adicionamos cloreto férrico. Contudo o complexo final só será formado em meio ácido. Assim, é importante diminuir o pH desta solução, acidificando-a com algum ácido (HNO3 ou H2SO4 diluído) e constatando essa mudança com um papel indicador de pH. 3 Na4[Fe(CN)6] + 4 FeCl3(aq) 12 NaCl(aq) + Fe4[Fe(CN)6] 3(aq) Teste da presença de Enxofre (Formação do complexo de cor violeta). A origem do elemento sulfeto é principalmente por aminoácidos como a cisteína que contém a função tioálcool (-RSH). Após o tratamento com sódio, teremos um sal formado chamado d sulfeto de sódio. Desta vez, para formarmosum complexo com cor violeta, usaremos outro complexo já formado, com o metal ferro, 5 ligantes de CN- e um ligante NO. A fórmula final é Na2[Fe(CN)5NO](s), e esse complexo é incolor, e a coloração ficará violeta apenas com a presença dos ânions sulfeto S-2. Figura 2. Estrutura do nitroprussiato de sódio 22 A equação desta reação está representada abaixo: Na2S(s) + Na2[Fe(CN)5NO](s) Na4[Fe(CN)5NOS] O complexo violeta tem o sulfeto nitroprussiato de sódio cuja fórmula química é Na4[Fe(CN)5NOS]. Teste da presença de Cloro (Formação de um precipitado branco). Ao contrário dos dois demais elementos, que foram identificados pela formação de complexos organometálicos, podemos constatar a presença de íons cloreto (Cl-) pela adição de uma solução de nitrato de prata. O metal prata (Ag+) em contato com os íons cloreto gera instantaneamente a formação de um precipitado de cloreto de prata (AgCl(s)). A seguir temos a equação desta reação: NaCl(s) + AgNO3(aq) AgCl(s) + NaNO3(aq) Alguns xampus utilizam cloreto de sódio em suas fórmulas, e possivelmente, essa poderia ser a origem deste halogênio na amostra orgânica. Parte experimental Reagentes Água destilada Sulfato ferroso (FeSO4) Sódio metálico Solução de HNO3 ou H2SO4 Cabelo ou unha Solução de cloreto Férrico (FeCl3) Sódio metálico Solução do nitroprussiato de sódio Na2[Fe(CN)5NO] Cabelo ou unha Nitrato de prata AgNO3 23 Materiais e Vidraria Tubos de ensaio Béquer de 50mL Estande para tubos de ensaio Funil de vidro Pinça de madeira Suporte universal Pinça de aço Papel filtro Vidro relógio Bastão de vidro Piceta (garrafa lavadora) Papel indicador de pH Bico de bünsen Tesoura ou estilete Espátula de metal Balança analítica PREPARO DAS AMOSTRAS Teste de fusão de sódio Preparação do licor de Lassaigne 1. Use uma proporção de 5:1 de amostra de sódio para amostra orgânica; Obs: Podemos pesar cerca de 400mg de sódio previamente cortado e uma mexa de cabelo. 2. Transfira o sódio e a amostra de cabelo para dentro de um tubo de ensaio, e com ajuda de um bastão de vidro, empurre os reagentes para fundo do tubo; 3. Usando uma pinça de madeira, fixe o tubo de ensaio e aqueça o sobre uma chama produzida pelo bico de bünsen até que o material dentro do vidro fique numa coloração vermelha (aproximadamente 45-60 segundos de aquecimento). 4. Espere o vidro esfriar, e com muito cuidado bata o fundo do tubo de ensaio dentro de um béquer de 50 mL contendo água destilada; Obs: O tubo de ensaio deve quebrar-se dentro do béquer, cuidado com estilhaços de vidro! Poderá ocorrer uma pequena explosão devido a presença de sódio metálico que não reagiu durante o aquecimento com o material orgânico. Não deixe o tubo cair!! 5. Descarte o tubo de ensaio quebrado em local apropriado (pergunte ao professor); 6. Usando um suporte universal, prenda um funil de vidro sobre uma haste de metal, e Coloque um papel filtro dentro do funil de vidro; 7. Filtre o material do béquer a fim de remover pedaços de vidro, de material orgânico não reagido, etc; 8. Descarte o papel filtro e guarde com cuidado o material filtrado, pois ele será a solução que usaremos para determinar a presença dos elementos N, S e Cl. Obs: (Essa solução pode ser chamada de Licor de Lassaigne por alguns autores). 24 Determinação da presença de nitrogênio 1. Adicione a um tubo de ensaio 2,00 ml aproximadamente de Licor de Lassaigne. 2. Sobre o licor adicione duas gotas de sulfato ferroso; 3. Acrescente algumas duas gotas de cloreto férrico; 4. Aqueça até à ebulição o tubo contendo o cloreto férrico e sulfato ferroso; 5. Acidifique com algumas gotas de ácido nítrico concentrado ou ácido sulfúrico diluído; 6. O aparecimento de um precipitado de cor azul da Prússia indica a presença de nitrogênio na amostra. Obs: Apesar da solução de HNO3 conter nitrogênio, este está na forma de outro íon e não interfere no resultado deste teste. Determinação da presença de enxofre 1. Adicione a um tubo de ensaio 2,00 mL de Licor de Lassaigne; 2. Sobre o licor, (adicione algumas gotas de solução2 a 3 gotas) de nitroprussiato de sódio de Na2[Fe(CN)5NO].2H2O; 3. O surgimento de uma coloração violeta indica a presença de enxofre na amostra em análise. Determinação da presença de cloreto 1. Adicione a um tubo de ensaio 2,00 mL de Licor de Lassaigne; 2. Acidifique essa solução inicial usando solução concentrada de ácido nítrico; 3. Verifique se está realmente ácido medindo o pH com um papel indicador de pH. 4. Sobre o licor acidificado adicione 3 a 4 gotas de solução aquosa de nitrato de prata. 5. O aparecimento de um precipitado branco (AgCl), indica a presença de halogênio na amostra. Presença de outros haletos ( Br ou I) Obs: outros haletos como o brometo ou iodeto, também reagiriam sobre as condições descritas no item acima, contudo, esses formariam um precipitado amarelado; Amarelado (BrCl) ou amarelo (ICl); 1. Recolha uma ou duas gotas de Licor de Lassaigne em um tubo de ensaio, 25 2. Acidifique-o com algumas gotas (4 ou 5) de ácido nítrico diluído. 3. Sobre o licor, coloque agora uma gota de água clorada e agite o tubo vigorosamente. O surgimento de uma cor púrpura na camada orgânica indica a presença de iodo. Alguns complexos e aplicações biológicas Compostos inorgânicos são importantes para processos biológicos, pois fazem parte funcional do nosso corpo. Por exemplo, o transporte de oxigênio do em alguns seres vivos está relacionado com uma molécula de hemoglobina, constituída de 4 subunidades globina ligadas ao metal Ferro. Em plantas, as clorofilas também são constituídas de um complexo organometálico de que formam pigmentos de coloração verde, contendo magnésio e ligantes orgânicos conhecidos como porfinas, e está relacionado com o processo de fotossíntese. Figura 3. Porfina (ligante) e um complexo (clorofila a). QUESTÕES 3. Por que o sulfato de cobre (CuSO4.5H2O) mudou de cor após o aquecimento? 4. Por que aquecemos uma amostra orgânica com sódio metálico? 5. Qual o motivo da pequena explosão após quebrarmos o tubo de ensaio contendo sódio na água? 6. Qual o gás gerado na reação de sódio com água? 7. Por que formamos complexos organometálicos neste experimento? 8. A constatação da presença dos íons cloreto também é feita pela formação de complexo? 9. Qual a equação de dupla troca para a constatação do íon cloreto? 10. O que é um ligante em um complexo organometálico? 11. Dê um exemplo de ligação peptídica. Mostre duas moléculas genéricas. 12. Qual o pH da solução preparada pela fusão da amostra orgânica com sódio? 13. Como podemos alterar o pH desta solução chamada licor de Lassaigne? 14. Quais os sais formados pela quebra da proteína? 26 CAPÍTULO 04- Experimentos 03 RECONHECIMENTO DE ÁLCOOIS, HALOALCANOS, ALCENOS E ALCINOS Objetivos Compreender reatividade de diferentes funções orgânicas através de simples experimentos práticos; Objetivos específicos Determinação de instauração (Teste de Bayer ou teste com KMnO4/OH -); Determinação de instauração (alquilação pela adição de bromo); Determinação de álcoois (Formação de ésteres com cloreto de ácidos); Diferenciação de álcoois primários, secundários ou terciários; Determinação de haletos de alquila; Introdução O avanço da ciência, na área da química orgânica, possibilitou grandes mudanças no mundo moderno. Atualmente, podem-se produzir vários compostos orgânicos, (fertilizantes, medicamentos, polímeros de diversas utilidades, etc) através de reações químicas. Todo esse processo envolve muitos anos de trabalho, nos quais foi possível determinar como os átomos se ligam entre si, e quais as propriedades dessas ligações. Dependendo da forma que os átomos se ligam, pode se dizer que uma ligação é iônica (formação de íons pelaperda ou ganho de elétrons entre dois átomos) ou covalente (compartilhamento de elétrons entre os átomos). Contudo, alguns elementos (coluna 8A, conhecidos como gases nobres) são encontrados sem se ligar aos outros elementos, mas ainda assim, tem grande estabilidade. Dessa forma, observou-se como a distribuição eletrônica era constituída nestes elementos que não se ligavam, e, observou-se que eles continham um determinado número de elétrons na última camada (camada de valência). Assim, observou-se que os demais elementos tinham tendência a se combinar para buscar essa estabilidade obtendo o mesmo número de elétrons na camada de valência (conhecida como regra do octeto). Essa combinação entre os átomos possibilitou a formação de inúmeras moléculas orgânicas, mas de acordo com o número de ligações e os átomos em que estão ligados, esses compostos passam a apresentar propriedades em comum. Logo, podem-se diferenciar vários compostos orgânicos a partir dos “grupos funcionais” ou tipos de átomos e ligações formadas por eles. Dentre os átomos ligados entre si, podem-se ter vários elementos da tabela periódica, mas 27 os átomos mais comuns que estão ligados ao carbono são o hidrogênio, o oxigênio, o nitrogênio, o enxofre e os halogênios. Quando apenas átomos de carbono estão ligados ao hidrogênio por ligações simples, tem se a função alcanos, (determinado pela fórmula CnH2n+2 para alcanos alifáticos* ou de cadeia aberta) ou compostos com ligações duplas e triplas chamados de compostos insaturados: alcenos (CnH2n para alcenos alifáticos) ou alcinos (CnH2n-2 para alcinos alifáticos) respectivamente. Caso estes compostos formem ciclos, podemos também ter os ciclo- alcanos, ciclo-alcenos ou ciclo-alcinos, e dependendo do número de insaturações, teremos os compostos aromático (ex: benzeno, que tem propriedades diferentes dos outros compostos insaturados). Figura 01. Exemplo de alguns hidrocarbonetos saturados e insaturados. A presença de ligações duplas e triplas em alcenos ou ciclo-alcenos e alcinos e ciclo-alcinos pode ser identificado por alguns testes como teste de Bayer ou adição de “água de bromo”. Outra função muito importante é a função de álcoois, em que um grupo hidroxila (-OH) está ligado ao carbono saturado. Dependendo do tipo de carbono que está ligado à hidroxila, pode-se classificá-la em álcoois primários (hidroxila ligada a um carbono ligado a somente outro carbono ou a apenas átomos de hidrogênio), secundários (hidroxila ligada a um carbono ligado a dois átomos de carbono) ou terciários (hidroxila ligada a um carbono ligado a três átomos de carbono), e a reatividade desses álcoois também é diferenciada. Obs: Quando uma hidroxila está diretamente ligada ao anel benzênico, as propriedades desses compostos são diferentes das do de álcoois estes compostos levam o nome da função de fenóis. 28 Figura 02. Álcool etílico, isopropílico, terc-butílico e fenol. A função chamada haloalcanos ou haletos de alquila consiste na ligação de halogênios (F-, Cl-, Br- e I-) ao carbono. Haloalcanos são compostos muito importantes na química orgânica, e dentre uma das suas aplicações, servem como reagentes para reações de eterificação (reação de Williamson). É importante destacar, que um mesmo composto orgânico pode conter mais de uma função orgânica. Sendo assim, várias moléculas de origem natural ou sintética contêm os grupos descritos acima, assim como outros grupos ainda não descritos neste capítulo. Figura 03. Análogo opióide chamado Nalorfina. Testes para determinação de grupos insaturados, álcoois e tipos. Identificação de grupos insaturados (Teste de Bayer) Alcanos se diferem de alcenos e alcinos, pois hidrocarbonetos saturados são muito pouco reativos, diferentemente dos hidrocarbonetos instaurados que reagem na presença de certos reagentes. A adição de uma solução de permanganato de potássio (KMnO4) em meio básico, na presença de compostos contendo duplas ou triplas, leva a formação de novos produtos. 29 Esquema 01. Reação de Bayer e proposta de mecanismo da reação. Assim, o que se identifica é a formação de um precipitado marrom (MnO2) e o desaparecimento da cor de solução violeta de KmnO4, pois o metal manganês reduz e oxida o composto insaturado. Obs: Apesar de compostos aromáticos serem também insaturados, os mesmos não tem a mesma reatividade de alcenos e alcinos, e por isso dão negativo nos testes para determinação de insaturação. (Teste da água de bromo ou Bromação de alcenos e alcinos) Ligações insaturadas tais como duplas e triplas, são ricas em densidade eletrônica (chama- se de nucleófilos), e esses elétrons podem reagir com determinadas moléculas neutras ou deficientes de elétrons (eletrófilos). A molécula de bromo contém dois átomos de bromo ligados por uma ligação covalente fraca. Quando os elétrons da insaturação “atacam”, resulta em uma quebra da ligação da molécula de bromo, em que os dois elétrons da ligação ficam em apenas um dos átomos (quebra heterolítica). Posteriormente, este átomo que ficou com uma carga negativa, poder reagir novamente, para formar o produto mostrado na equação 03. Esquema 02. Reação de adição e proposta de mecanismo da reação. 30 O resultado é o desaparecimento da coloração vermelhada (coloração das moléculas de bromo) devido à incorporação de dois átomos de bromo na alceno, gerando um brometo que não tem cor. Identificação de Álcoois Haletos de ácidos são funções (RCOX) em que um grupo carbonila está ligado a um halogênio. Essas funções reagem com álcoois, aminas e água para formar respectivamente ésteres (ROOR’), amidas (RONR2) e ácidos carboxílicos (ROOH). O haleto de ácido mais comum é quando se tem um cloro ligado ao grupo carbonila (RRC=O) chamado de cloreto de ácido. Esquema 03. Reação genérica do Teste de Lucas. A reação deste cloreto de ácido (no caso cloreto de acetila) com um álcool inespecífico produzirá um éster e sairá HCl, que pode ser evidenciado aproximando-se um papel tornassol azul no orifício do tubo reacional, que mudará de cor, pela saída de HCl. Equação 03. Diferenciação de álcoois. Teste de Lucas Esquema 04. Reação genérica do Teste de Lucas. Ácido clorídrico concentrado pode ser obtido borbulhando cloreto de hidrogênio (H-Cl) em água, e os produtos obtidos são íon hidrônio e o íon cloreto. Quando se usa uma solução de ácido clorídrico concentrado, na verdade, não existe a molécula H-Cl na solução, pois ocorre uma reação ácido-base com a água, e o equilíbrio é deslocado para formação dos produtos. 31 Esquema 05. Formação do ácido clorídrico a partir do cloreto de hidrogênio. Essa solução de HCl concentrada será usada no teste de Lucas. Assim, a hidroxila de alcoóis será protonada em neste meio pela reação com o íon hidrônio. Esquema 06. Protonação de um álcool em meio ácido. Posteriormente, a ligação carbono oxigênio fica enfraquecida, e dependendo da cadeia carbônica, a quebra de ligação pode ocorrer, resultando na formação de um carbocátion. Como álcoois terciários tem três grupos alquila, são muito mais reativos do que álcoois secundários, que só tem dois grupos alquila diretamente ligados na hidroxila. Esquema 07. Formação de um carbocátion. Esses grupos (alquila) podem doar densidade eletrônica, que resulta na estabilização do carbocátion formado. Álcoois primários não formam carbocátions estáveis e por isso não reagem durante este teste. Posteriormente, os carbocátions vão reagir com o cloreto, resultando na formação de cloretos de alquilas. Esquema 08. Formação de haloalcanos a partir de carbocátions secundários e terciários. 32 Finalmente, os carbocátions reagem com o íon cloreto para levar a formação de cloretos de alquila, que são insolúveis em água, e resultam na turvação finalda solução. Apenas álcoois terciários e secundários formarão esses produtos, e assim, pode-se também diferenciá-los pelo tempo de reação. Tabela 01. Tabela 01. Reatividade dos Álcoois usando o Reagente de Lucas (HCl, ZnCl2) Tipo de Álcool Tempo de formação do Produto Terciário Instantânea Secundário 5-10 minutos Primário Não forma produtos nestas condições O uso de uma solução de Cloreto de Zinco em HCl concentrado pode ser justificada, pois o cloreto de Zinco é um ácido de Lewis, e este, também pode reagir com a hidroxila do álcool, formando um complexo inicial, em que a ligação carbono oxigênio fica enfraquecida. Posteriormente, também se forma o carbocátion. Esquema 08. Reação de um álcool terciário com o reagente de Lucas (HCl/ZnCl2). Diferenciação de haletos de alquila alifáticos e aromáticos Haletos de alquila podem estar ligados a carbonos saturados (haletos alifáticos) ou haletos de alquila aromáticos (quando o halogênio está diretamente ligado a um anel aromático). Esquema 09. Reação de haletos de alquila alifáticos com uma solução alcoólica de nitrato de prata (AgNO3). 33 Apenas haletos de alquila alifáticos vão reagir na presença de uma solução de nitrato de prata, para formar um precipitado branco, e um respectivo álcool. Haletos aromáticos são inertes nestas condições de reações, pois quando um halogênio está ligado diretamente no anel, à aproximação de nucleófilos é dificultada pelos elétrons do anel, impossibilitando a reação. Parte experimental Materiais e Vidraria Tubos de ensaio Béquer de 50mL Estande para tubos de ensaio Papel tornassol Pinça de madeira Pipeta de 5mL Pinça de aço Rolha para tubo de ensaio Bastão de vidro Conta gotas Piceta (garrafa lavadora) Papel indicador de pH Bico de bünsen Bastão de vidro Reagentes Água destilada Hexano Solução aquosa de KMnO4 Ciclohexeno Solução de HCl conc. Reagente de Lucas Cloreto de acetila Cloreto de Zinco anidro Reagente de Lucas Terc-butanol Solução de 10% de formol Cloreto de Terc-butila Solução de 10% de NaHCO3 Ácido acético Solução de 10% de formol 2,4-Dinitrofenilhidrazina Solução de 10% de cloreto férrico Solução aquosa de tartarato duplo de sódio e potássio (SOLUÇÃO A) Acetona Solução aquosa de CuSO4.5H2O (SOLUÇÃO B) Etanol Preparo da solução de Lucas Colocar 10 ml de uma solução de ácido clorídrico concentrado em um béquer e resfriar com banho de gelo, e depois adicionar 16 gramas de cloreto de zinco anidro (ZnCl2) sobre agitação constante até que todo o sal se dissolva. Estocar um frasco âmbar fechado. (http://pubs.acs.org/doi/pdf/10.1021/ja01365a053) http://pubs.acs.org/doi/pdf/10.1021/ja01365a053 34 DIFERENCIAÇÃO DE ALCANOS, ALCENOS E ALCINOS Determinação da insaturação pelo Teste de Bayer 1. Observe que na bancada, existem vários frascos com substâncias desconhecidas. Transfira uma pequena quantidade (cerca de 1 ml) das soluções contendo os rótulos 1 e rótulo 2 para dois respectivos tubos de ensaio que estão localizados na frente destes frascos; 2. Adicione algumas gotas (3-5 gotas) de uma solução de permanganato de potássio e observe se ouve desaparecimento da cor violeta ou não; 3. Prossiga para o próximo teste usando novos tubos e reagentes; Determinação da insaturação pelo Teste com água de Bromo 1. Novamente, transfira cerca de 1 mL (soluções contendo os rótulos 1 e rótulo 2) para dois novos tubos de ensaio secos e limpos; 2. Adicione gotas de Bromo diluído em diclorometano em cada tubo; 3. Observe qual solução à coloração desapareceu; Obs: O desaparecimento da coloração confirma a presença de hidrocarbonetos insaturados; 4. Descarte todas as soluções finais em local apropriado e prossiga para outros testes. DETERMINAÇÃO DE PRESENÇA DA FUNÇÃO ÁLCOOL Uso do cloreto de acetila (com a formação de cloreto de hidrogênio) O teste na reação do cloreto de ácido (cloreto de acetila) com um álcool é inespecífico é será positivo para álcoois primários, secundários e terciários. 1. Transfira uma pequena quantidade (1 mL) da solução desconhecida para um tubo de ensaio seco; 2. Adicione, usando uma pipeta, cloreto de acetila, gota a gota e com constante agitação; 3. Observe que a reação é muito exotérmica (gera calor); 4. Pegue um pequeno papel tornassol azul, e coloque o orifício do tubo de ensaio, (caso o gás cloreto de hidrogênio esteja sendo formado o papel tornassol azul mudará de cor para vermelho). 35 Teste de Lucas – Teste para diferenciação entre álcoois primários, secundários e terciários. 1. Usando três novos tubos de ensaio, transfira respectivamente uma pequena quantidade (1 ml) das frascos 3, 4 e 5. 2. Usando um conta gotas, adicione algumas gotas (5-8 gotas) do reagente do Lucas, tampe os tubos de ensaio com 3 rolhas de borracha, agite os tubos e coloque os na estande; 3. A partir dos resultados, os álcoois terciários reagiram rapidamente (ou instantaneamente), os álcoois secundários levaram cerca de 5-10 minutos e os álcoois primários não reagirão. Obs: Compostos orgânicos com cadeias maiores que 6 átomos de carbono, serão insolúveis na solução aquosa, e por isso, não se pode fazer este teste. Teste para haletos 1. Pegue um novo tubo de ensaio e adicione cerca de 1mL de frasco 6; 2. Adicione a solução alcoólica de nitrato de prata; 3. Observe se houve turvação ou não (e assim diferencie entre haletos de alquila alifáticos ou aromáticos). 36 Questionário PARTE 1 1. Explique o que é uma função orgânica. 2. Defina as funções alcanos, alcenos, alcinos, álcoois (primários, secundários e terciários),f enóis, haletos de alquila alifáticos e aromáticos, e haletos e ácidos; 3. Explique porque o angulo da ligação de um alceno deve sempre ser de 120° e um alcino deve ser sempre de 180°? 4. O que é do Reagente de Bayer. O que se observa caso exista uma insaturação? 5. O reagende Br2/DCM (diclorometano) serve para determinar qual tipo de função? Qual o produto formado? 6. Qual o teste feito para determinar uma função álcool? 7. Por que o teste de determinação da função álcool gera H-Cl? 8. Qual a diferença de cloreto de hidrogênio e ácido clorídrico? 9. Qual a estrutura do cloreto de etila? Qual a sua função orgânica? Que produto é formado usando etanol como reagente? 10. O que é um carbocátion? 11. Defina carbocátions primários, secundários e terciários? 12. Qual o carbocátion mais estável? Por quê? 13. Qual teste leva formação de carbocátion? 14. Por que se usa ZnCl2 no teste de Lucas? O que se pode constatar durante este teste? 15. Como se pode diferenciar haletos de alquila alifáticos e aromáticos? 16. Qual o produto formado da reação de um álcool com ácido clorídrico (primeira etapa)? 17. Por que se forma um precipitado branco durante a reação do teste de Lucas? 18. Por que se forma um precipitado branco durante a reação do teste de haletos alifáticos? 37 CAPÍTULO 05- Experimentos 04 RECONHECIMENTO DE ALGUNS GRUPOS CARBONÍLICOS Objetivos Identificar os diferentes compostos carbonílicos a partir de reação químicas. Objetivos específicos Reconhecimento de aldeídos e cetonas pelo teste com solução de 2,4 dinitro-fenil-hidrazina; Diferenciação entre aldeídos e cetonas pelo teste de Fehling. Reconhecimento de ácidos carboxílicos; Introdução Vários compostos orgânicos apresentam os átomos de oxigênio e carbono ligados por uma ligação dupla (C=O carbonila) na cadeia carbônica e são denominados compostos carbonílicos. Esse grupo funcional denominado carbonila pode se ligar a vários outros átomos ou grupo de átomos distintos resultando em diferentes reatividades e assim funções orgânicas diferentes. Algumas dessas funções são as cetonas, aldeídos, ácidos carboxílicos, amidas, ésteres e vários outrosnão citados neste capítulo. Produtos obtidos a partir de metabólicos secundários de plantas tais como mentona (uma cetona, presente em enxaguantes bucais), e cinamaldeído (um aldeído, cheiro e sabor da canela), o ácido salicílico (material de partida para formar o ácido acetilsalicílico) e seu respectivo éster, salicilato de metila (um dos componentes de anti-inflamatórios tópicos) são alguns exemplos dessa classe de compostos como representado na figura 1. Figura 1. Compostos carbonílicos de origem natural. A classe de compostos carbonílicos é muito extensa e não é formado a apenas por plantas, mas vários outros seres podem também sintetizar os compostos carbonílicos (fungos e bactérias) e outra fonte importante é a síntese orgânica. Muitos destes compostos fazem parte do nosso cotidiano em alimentos, cosméticos, produtos de limpeza, medicamentos e outros. Por exemplo, o ácido acético, um ácido carboxílico constituído de uma cadeia de dois átomos de carbono é um dos constituintes do vinagre usado na cozinha (representado pela cicla 38 HOAC ou HAc). A acetona (CH3OCH3), e atualmente o acetato de etila (EtOAc), são solventes usados em formulações de removedores de esmalte e de amplo uso em laboratório. Milhares de outros compostos carbonílicos poderiam ser citados, mas isso foge ao escopo deste material introdutório. Uma vez que a reatividade dessas funções não só depende do grupo carbonila, mas dos demais átomos que formam a molécula final, algumas reações com mudanças macroscópicas tais como mudança de cor ou formação de gases servem para diferenciar uma função química das demais. A seguir, temos alguns exemplos dessas reações. Testes de classificação Teste para identificar presença do grupo carbonila em aldeídos e cetonas O teste abaixo, geralmente, reage em sua maior parte com compostos contendo carbonilas de apenas aldeídos e cetonas. Muitos destes compostos carbonílicos, quando misturados com uma solução hidroalcoólica de 2,4-dinitro-fenil-hidrazina vão produz um precipitado insolúvel de cor amarela a vermelha. Esquema 1. Reação da 2,4-dinitro-fenilhidrazina com um composto carbonílico. Preparação do reagente (realizado pelo técnico do laboratório) Em um erlenmeyer adicione 3g do reagente 2,4-dinitro-fenilhidrazina em 15 mL de ácido sulfúrico concentrado. Em outro recipiente, misture 70 mL de etanol e 20 mL de água destilada. Posteriormente, verta cuidadosamente a solução ácida contendo 2,4-dinitro- fenilhidrazina, previamente preparada, na solução hidroalcoólica, sob agitação e após adicionar todo o material, mantenha por mais alguns minutos. Em seguida, realize uma filtração do preparado e realize este procedimento a cada início de teste. Espera-se que a maioria das cetonas e aldeídos formem precipitados coloridos quando misturados com essa solução, mas o mesmo não ocorrerá com ésteres, que não podem ser evidenciados com este teste. Infelizmente, alguns álcoois alílicos e benzílicos também vou formar precipitados, pois o reagente usado é propício para oxidá-los a aldeídos e cetonas, que posteriormente reagem. 39 Alguns outros álcoois podem ser oxidados lentamente pela reação com oxigênio do ar. A presença dessas pequenas impurezas constituídas das funções aldeídos e cetonas também formará precipitados. O experimento não consegue levar a uma distinção se o grupo carbonila faz parte de um aldeído ou de uma cetona. Para esta distinção podemos fazer uso do teste de Fehling. Este teste consiste em colocar para reagir o material em estudo com o reagente de Fehling. Teste de Fehling O teste criado pelo cientista alemão Hermann Von Fehling consiste na mistura de duas soluções aquosas simples. Uma solução formada apenas por água e sulfato de cobre (CuSO4.5H2O) e outra solução formada pela mistura de um sal orgânico, chamado de tartarato duplo de sódio e potássio (sal de Rochelle) em água. Assim, de maneira simples, trata-se dessas soluções como solução A e solução B sem mencionar seus constituintes. - Solução A: solução de sulfato cúprico - Solução B: solução de tartarato duplo de sódio e potássio; Na hora da realização do experimento, inicialmente se mistura essas soluções e adiciona-se o material que será testado. Uma vez que cobre pode complexar com diferentes ligantes, a mistura deste metal com o sal de Rochelle leva a formação de uma solução de cor azul intensa devido ao novo complexo formado. A mistura resultante é levada à aquecimento usando um bico de Bünsen para constatação ou não da presença da função aldeído na amostra. Abaixo se mostra uma equação da reação genérica para os aldeídos submetidos ao teste em questão. Esquema 1. Equação da reação de oxirredução do reagente de Fehling com aldeído. Este teste consiste simplesmente em uma reação de oxirredução, ou seja, o cobre presente na solução será reduzido e o material orgânico será oxidado de aldeído à ácido carboxílico promovido por aquecimento. O que se pode observar é a presença de um precipitado 40 avermelhado (vermelho tijolo, devido a presença de Cu2O) ou a formação do cobre metálico na parede do vidro (Cus), chamado de espelho de cobre, após aquecimento das soluções A e B com um aldeído qualquer. Se for cetona não corre reação visível. Figura 2. Compostos carbonílicos de origem natural. Teste para identificar presença do grupo carboxílico Os ácidos carboxílicos são constituídos de uma carboxila (COOH) (junção de uma hidroxila –OH com uma carbonila C=O) que é um grupo ácido e reagem prontamente com substâncias básicas. Ao se fazer reagir um ácido carboxílico com um sal inorgânico, tal como o bicarbonato de sódio, NaHCO3, percebe-se com bastante nitidez o desprendimento de um gás, este gás desprendido é o gás carbônico, CO2 por reações subsequentes. Esquema 1. Equação da reação de ácido carboxílico com bicarbonato de sódio levando a formação de carboxilato de sódio e ácido carbónico, que posteriormente forma CO2. Parte Experimental Materiais e Vidraria Tubos de ensaio Béquer de 50mL Estande para tubos de ensaio Papel tornassol Pinça de madeira Pipeta de 5mL Bastão de vidro Conta gotas Piceta (garrafa lavadora) Papel indicador de pH Bico de bünsen Bastão de vidro 41 Reagentes Água destilada Ácido acético Solução de 10% de NaHCO3 Solução de 2,4-Dinitro-fenil-hidrazina Solução de 10% de formol Glicose Solução aquosa de sal de Rochelle Acetona Solução aquosa de CuSO4.5H2O Etanol Identifique em na bancada os três compostos desconhecidos que serão testados na aula. Use apenas a quantidade necessária para realizar os testes (aproximadamente 1mL ou 10 gotas). Transfira essa pequena quantidade para os respectivos tubos de ensaio localizados na frente de cada bancada. Uma vez que se testar um reagente em um determinado composto desconhecido, não se poderá usá-lo para outros testes. O mesmo deve ser descartado em local apropriado especificado pelo professor ou técnico presentes. Procedimento 1. Na bancada, encontram-se três compostos: acetona, glicose e ácido acético em três recipientes não identificados. 1. Transfira uma quantidade mínima de material para três respectivos tubos de ensaio. 2. Adicione algumas gotas solução hidroalcoólica de 2,4-dinitro-fenil-hidrazina. Observe se houve a formação ou não do precipitado ou mudança de cor (indicando a presença de aldeídos e cetonas apenas). Obs: Apenas 2 testes serão positivos. 3. Descarte os materiais usados e pegue dois novos tubos de ensaio. 4. Essa nova etapa servirá para diferencia a acetona da glicose. Prepare a solução do reagente de Fehling como mostrado abaixo: 1 ml do Reagente A e 1 mL do Reagente B e em seguida, para cada um dos dois tubos de ensaio e em seguida, adicione neste mesmo tubo de ensaio o composto que será testado. 5. Aqueça cuidadosamente cada um dos tubos de ensaiopresos a uma pinça de madeira utilizando o bico de bünsen. No tubo que houver o aparecimento de um precipitado vermelho tijolo (espelho de cobre) estará presente um aldeído. 6. O material que não foi identificado como aldeído ou cetona deve ser testado no teste de ácido carboxílico. Adicione o material em um novo tubo de ensaio e adicione algumas gotas de uma solução de bicarbonato de sódio. Se houver formação de gás, o composto testado deve ser um ácido. 42 7. Descarte todo o material no local apropriado. Monte a bancada como foi encontrada no início da aula. Curiosidade- Aplicações do Teste de Fehling Os açúcares são importantes moléculas para produção de energia nos seres vivos. O nível de glicose no sangue conhecida como glicemia é a quantidade de glicose no sangue definida por milimoles miligramas por decilitro (mg/dl). Normalmente, os níveis de glicose no sangue são mantidos dentro de limites estreitos ao longo do dia (72-145 mg/dl). No entanto, levanta- se após as refeições e é mais baixo na parte da manhã antes do desjejum. Pessoas com hiperglicemia e diabetes são caracterizadas por altos níveis de glicose, maiores que o normal o que pode acarretar em vários problemas de saúde. Essas pessoas, geralmente eliminam parte desta glicose não utilizada pela urina. Essa glicose pode ser facilmente identificada pelo teste de Fehling, especialmente em laboratórios que não possuem técnicas mais modernas de identificação. Além do Reagente de Fehling, outros reagentes similares podem ser usados com a mesma utilidade tais como o Reagente de Benedict (solução de sulfato cúprico em meio alcalino (com muitos íons OH-); e pode ser preparado através do carbonato de sódio, citrato de sódio e sulfato cúprico) e o Reativo de Tollens ( solução amoniacal de nitrato de prata com a fórmula química [Ag(NH3)2] OH). https://pt.wikipedia.org/wiki/Sulfato_c%C3%BAprico https://pt.wikipedia.org/wiki/Alcalino https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Don https://pt.wikipedia.org/wiki/Hidroxila https://pt.wikipedia.org/wiki/Carbonato_de_s%C3%B3dio https://pt.wikipedia.org/wiki/Carbonato_de_s%C3%B3dio https://pt.wikipedia.org/wiki/Citrato_de_s%C3%B3dio https://pt.wikipedia.org/wiki/Sulfato_c%C3%BAprico https://pt.wikipedia.org/wiki/Solu%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Nitrato_de_prata 43 Questionário 1. Quais os grupos funcionais que contêm a estrutura da carbonila? 2. Para que serve o teste de 2,4-dinitro-fenil-hidrazina? 3. Qual a estrutura da molécula acima? Qual a estrutura da molécula final, resultante da reação deste teste com a acetona? 4. Qual a função identificada pelo reagente de Fehling? 5. Quais os constituintes do reagente de Fehling? 6. Qual o ácido orgânico que gerou o sal de Rochelle? 7. Por que se usa o este sal no reagente de Fehling? 8. Como se sabe que o teste de reagente de Fehling identificou determinada função? 9. Como se pode identificar um ácido carboxílico? 10. Qual o mecanismo da reação de identificação do ácido carboxílico? 11. Mostre as estruturas de Lewis para o ácido acético, acetona e formaldeído. 12. Mostre abreviações usadas para o ácido acético. 13. Indique por que houve formação de gás no teste de identificação de ácidos carboxílicos. Qual é o gás formado? 14. Mostre o mecanismo da reação indicada no item 13. 15. Quais as funções encontradas numa hexose (açúcar contendo 6 átomos de carbono)? 16. Indique qual o teste que poderia identificar o salicilato de metila, ácido salicílico, mentona e cinamaldeído. Faça o desenho de cada estrutura. 44 CAPÍTULO 06 - EXPERIMENTO 05 - O PONTO DE FUSÃO DO NAFTALENO E DE UMA MISTURA ORGÂNICA Objetivos Aprender a fazer a montagem adaptada a partir de um capilar e um termômetro; Determinar o ponto de fusão de um composto orgânico puro; Constatar a variação do ponto de fusão de uma mistura; Introdução Compostos orgânicos podem se apresentar no estado físico de gases, líquidos ou sólidos, dependendo da composição de suas estruturas, das interações intermoleculares e demais propriedades tais como simetria e grau de pureza. Denomina-se composto com alto grau de pureza ou PA (padrão analítico) uma amostra analisada onde o principal constituinte é o especificado. Caso essa amostra tenha algumas impurezas, a quantidade deve ser mínima e conhecida e não pode interferir em qualquer propósito futuro para sua utilização. Uma amostra pura apresenta temperaturas de fusão (ponto de fusão ou p.f.) e ebulição (ponto de ebulição ou p.e.) bem definidas. Quando uma pequena quantidade de amostra é aquecida lentamente em um aparelho especial (ou uma montagem com termômetro e aquecimento da amostra), em que se permite visualizar esse material e acompanhar o aumento gradativo da temperatura, é possível determinar com precisão a temperatura de fusão. Duas temperaturas são constatadas, a primeira temperatura é registrada quando a amostra começa a fundir, ou seja, uma gota de líquido se forma entre os cristais, a segunda é o ponto em que não existe mais nenhum cristal e todo matéria se transformou em líquido límpido. Pode-se assim, estabelecer o ponto de fusão de uma substância de duas maneiras: Quanto mais puro for o material, maior será o ponto de fusão; Mais estreito será o intervalo do ponto de fusão para uma substância pura. Essa mudança de estado físico, que foi realizada pelo fornecimento de energia para que as partículas no estado sólido, (que se encontram com força de coesão muito intensas, impedindo o movimento livre), ficarão mais soltas, ou seja, estado líquido, e consequentemente com movimentos de modo mais ou menos livres. Quando já se conhece o ponto de fusão de um determinado material orgânico, pode-se constatar seu grau de pureza, simplesmente constatando o seu ponto de fusão. A presença de 45 impurezas nesta amostra fará com que seu ponto de fusão diminua de temperatura e que o intervalo seja maior do que quando esta amostra estava pura. Adicionar sucessivas quantidades de impurezas fará com que seu ponto de fusão diminua em proporção à quantidade de impurezas. Pode-se alterar também o ponto de congelamento, uma propriedade coligativa, que é simplesmente o ponto de fusão (solido->líquido) abordado pelo sentido oposto (líquido ->sólido). Obs: Reações a baixas temperaturas podem ser realizadas com banho de gelo em que se acrescenta NaCl ou algum solvente orgânico tal como acetona ou etanol. Assim, podemos atingir temperaturas baixas tais como -30°C com “um banho de gelo”. O ponto de fusão é uma propriedade muito importante, e durante trabalhos de química orgânica, em que novos compostos químicos são sintetizados, sempre se determina a o ponto de fusão daquela amostra, além de outras técnicas espectroscópicas (infravermelho, RMN, espectro de massas). Assim, caso outros grupos sintetizem a mesma molécula, o ponto de fusão pode ser usado também para constatar a obtenção e a pureza daquele composto. Aparelhos de Ponto de Fusão Existem vários aparelhos que facilitam a determinação do ponto de fusão. Esses aparelhos são constituídos de uma parte onde se coloca a amostra à ser analisada (geralmente com uma lamínula ou um capilar), uma lupa para melhorar a visualização da amostra e um marcador de temperatura, em que registra exatamente os pontos inicial e final da fusão do material. Figura 1. Dois aparelhos de ponto de fusão: A imagem da esquerda mostra um aparelho mais antigo, e o aparelho da direita faz até 3 amostras por vez. Como é necessário sempre determinar o ponto de fusão em triplicata, alguns desses aparelhos também são constituídos de um “resfriador”, para melhorar a eficiência do processo. 46 Obs: A amostra analisada, quando resfriada, volta a solidificar é será utilizada novamente durante as demais determinações. Amostrasorgânicas (NAFTALENO E ÁCIDO BENZÓICO) Uma fonte de obtenção de compostos orgânicos é o petróleo. Assim, após o “refino do petróleo”, vários compostos orgânicos podem ser obtidos, incluindo alcanos (parafinas), alcenos (olefinas), cicloalcanos (naftenos) e os compostos aromáticos. Dentre os compostos aromáticos, compostos cíclicos insaturados com determinadas propriedades e reatividade, temos o benzeno, o tolueno como importantes matérias-primas petroquímicas, também temos compostos químicos mais complexos com anéis fundidos, conhecidos como compostos aromáticos poli nucleares. Figura 2. Exemplos de compostos aromáticos poli nucleares. Estes são encontrados nos cortes de petróleo pesado e a presença dele é indesejável, porque causam a desativação do catalisador, além de problemas ambientais quando estão presentes no diesel e em óleos combustíveis. 5.4.1. Naftaleno- O naftaleno é conhecido vulgarmente como naftalina, é um sólido cristalino branco. Quando queimado apresenta uma chama luminosa. Seus pontos de fusão e ebulição esta na faixa dos 80 °C (1atm) e a 218 °C (1atm) respectivamente. Ele é encontrado em pequenas quantidades no petróleo, sendo obtido da destilação do alcatrão do carvão mineral. Figura 3. Estrutura química do naftaleno – C10H8. 47 Tabela 1 – Propriedades físico-químicas do naftaleno Naftaleno Fórmula Molecular C10H8 Massa molar (g/moℓ) 128,1705 Aparência física Sólido branco cristalino Densidade (g/cm3) 1,14 Ponto de Fusão (ºC) 1atm 80,2 Ponto de Ebulição (ºC) 1atm 218 Solubilidade em água (mg/L de H2O) 3,17 5.4.2. Ácido Benzoico ou benzenocarboxílico- A molécula do ácido benzóico consiste num anel aromático diretamente ligado ao ácido carboxílico. O petróleo (óleo cru) quando tem uma exposição prolongada à atmosfera pode ter vários compostos contendo o oxigênio como álcoois, éteres, cetonas, ésteres, anidridos, compostos fenólicos e ácidos carboxílicos. A presença de compostos carboxílicos faz que o óleo cru seja ácido, com consequentes problemas de processamento, como corrosão. O ácido benzoico pode também ser isolado de plantas tais como Styrax benzoin. Figura 4. Estrutura química do ácido benzóico – C7H6O2. Industrialmente, é sintetizado pela oxidação do naftaleno por reações catalisadas por metais ou reação de Friedel Grafts e posterior oxidação ou ainda reações com compostos de Grignard com dióxido de carbono. Possui atividade antifúngica conhecida, muitas vezes sendo empregado na conservação de alimentos, e material de partida para reações de síntese orgânica. 48 Tabela 2 – Propriedades físico-químicas do Ácido Benzóico Naftaleno Fórmula Molecular C7H6O2 Massa molar (g/moℓ) 122,12 Aparência física Sólido branco cristalino Densidade (g/cm3) 1,14 Ponto de Fusão (ºC) 1atm 122,1 Ponto de Ebulição (ºC) 1atm 250 Solubilidade em água (g/L de H2O a 25°C) 3,4 Parte Experimental Reagentes Água de torneira Naftaleno Ácido benzóico Materiais Capilares de vidro Béquer de 100 mL Pistilo Anel para tela de amianto Goma elástica ou tubo látex Almofariz Agitador magnético Espátula Garra metálica Suporte universal Mufla Termômetro de vidro Procedimento Experimental 1. Inicialmente, feche um dos orifícios de um capilar, e através de uma chama produzida por uma lamparina. Obs: O professor ou responsável fará uma demonstração prática de como se proceder para obtenção desse capilar com orifício fechado. 2. Em seguida, transfira uma pequena quantidade de naftaleno para um grau, e usando um pistilo, pulverize esse material, para que o mesmo fique em partículas menores. 3. Transfira quantidade suficiente de naftaleno pulverizado para dentro de um capilar fechado ( preencha cerca de 1cm no capilar fechado). 4. Usando a figura 5. da montagem como padrão, prenda esse capilar a um termômetro, e insira o dentro de uma banho de água. 49 5. Ligue o aquecimento e a agitação do agitador magnético, e comece a aquecer o banho de água. Durante o processo, observe as faixas de temperatura em que o sólido começa a liquefazer, e a temperatura em que todo o material esteja no estado líquido. 6. Repita esse procedimento 2 vezes, sendo que na primeira vez, em que não se conhece a temperatura de fusão, aqueça de maneira mais rápida, pois assim, se pode ter uma estimativa da faixa em que o material se funde. 7. Faça agora o mesmo procedimento para uma amostra impura, em que se misturou ácido benzóico com naftaleno. E repita os procedimentos 1 ao 6. Anote os resultados (p.f. e faixa). Obs: Faça uma média aritmética entre o valor inicial e final das temperaturas de fusão do naftaleno e da mistura. Figura 5. Montagem da prática: capilar preso em um termômetro e inserido dentro de um béquer contendo água sobre um agitador magnético. 50 Questionário 1. O que é o ponto de fusão de uma substância? 2. Por que se obtêm dois valores durante a determinação do ponto de fusão? 3. Uma substância pura possui maior ou menor ponto de fusão? 4. Uma substância pura possui uma faixa maior o menor do ponto de fusão? 5. Por que se joga “sal” (cloreto de sódio) nas estradas de países frios em que se encontra gelo nas pistas? 6. Qual a estrutura do naftaleno? 7. Qual a estrutura do ácido benzóico? 8. Por que não se pode usar banho de água para determinação do p.f. do ácido benzóico? 9. Qual composto é mais solúvel em água? Por que? 10. Por que se deve lavar o grau com algum solvente orgânico, após pulverizar as amostras orgânicas? 51 CAPÍTULO 07 - EXPERIMENTO 06 - INTERAÇÕES INTERMOLECULARES E SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS. Vários solventes orgânicos são usados comumente em um laboratório de química orgânica. Esses solventes são, por exemplo, o hexano, o éter dietítico (ou éter etílico), THF (tetrahidrofurano- um éter cíclico), acetato de etila (EtOAc), diclorometano (DCM ou CH2Cl2) e clorofórmio (CHCl3), a acetona, o metanol, o etanol, o dimetilsulfóxido (DMSO) e a N,N-dimetilformamida (DMF). Uma importante característica de solventes de laboratório e a sua solubilidade em meio aquoso. Alguns fatores interferem diretamente na solubilidade de solventes orgânicos com a água tais como: Tamanho da cadeia carbônica; Presença ou não de funções que formam interações intermoleculares fortes com a água; Quantidade desses grupos presentes nas moléculas orgânicas; Presença de grupos ácidos ou básicos na molécula que permitem a formação de sais; Polaridade final das moléculas. Solventes pouco solúveis geralmente fazem poucas e interações intermoleculares fracas com a água. Esses solventes também podem ter cadeias carbônicas extensas e muitas vezes serem moléculas pouco polares. Assim, denomina-se solventes pouco solúveis em água como APOLARES. Os solventes DCM, clorofórmio, acetato de etila e éter dietílico formam duas fases com a água, pois não são muito solúveis. Já o metanol, etanol e acetona são solventes miscíveis com água como solventes e considerados POLARES. 52 Figura 1. Apesar do éter dietílico fazer ligações de hidrogênio com a água, sua cadeia carbônica diminui a sua solubilidade, e este se separa da fase aquosa. Solventes clorados tais como o diclorometano, clorofórmio e o tetracloreto de carbono (pouco usado devido sua alta toxicidade) são mais densos que a água e quando misturados, formam duas camadas sendo que a camada orgânica será a fase inferior (mais densa). Figura 2- Moléculas polares de clorofórmio e do diclorometano, mas que se formam duas fases quando misturados com água. Estas moléculas não fazem interações do tipo ligação de hidrogênio com a água. Apesar das moléculas terem um vetor resultante (isso forma uma molécula polar), são
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