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A Industrialização Japonesa no século XIX

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A industrialização tardia Japonesa no século XIX 
LANDES, David. A Restauração Meiji (cap. 23)
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1. Por que estudar a industrialização tardia do Japão?
Porque tem uma cultura milenar.
Porque é um páis territorialmente pequeno, com somente 10% de seu território próprio para a agricultura 8e outras atividades).
Porque promoveu sua industrialização a seu modo (peculiar).
Porque no espaço de uma geração, e na fase da Era dos Impérios, transformou um Estado pré-capitalista num Estado capitalista.
Questão: Como foi possível? 
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2. A Restauração Meiji e o fim do Shogunato
A Revolução no Japão em 1867-68 o fim do governo do lider militar (e grande proprietário) Xogun , e o retorno do Imperador.
O Xogunato (Bakufo) Tokugawa a ascensão do xogun como principal lider militar e político desde 1603, quando derrotou os outros grandes proprietários (daimyos) e unificou o Japão: a Era Edo.
Xogunato Tokugawa a expulsão dos estrangeiros. 
O Imperador no Xogunato Tokugawa “preso” em Kioto, e uma liderança espiritual. 
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O Mikado (o imperador e corte) em Kioto uma divindade virtual: isolamento cerimonial e infortúnio sagrado.
Os inimigos do Xogun e o Imperador o governante legítimo como alternativa para o governante de facto.
Landes “numa sociedade onde não existia valor mais elevado do que a lealdade pessoal, as elites descontentes podiam colocar a autoridade suprema_ o imperador (Tenno) e a Nação_ acima do seu senhor e do xogunato, sem ser desleais. Podiam fazer uma revolução sem ser revolucionários”.
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Japão e Coréia, c. 1850
Fim dos Tokugawa e começo dos Meiji 
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O declínio do Xogunato Tokugawa anterior de meados do século XIX.
Declínio as antigas regras de lugar e classe social (hierarquia e divisão social) eram abertamente desreipeitadas (a obediência dissolvida).
Exemplos da crise social o casamento de samurais (nobre-guerrreiros com espada) pobres com filhas de negociantes; a ascensão de camponenses ricos como notáveis locais.
Os Han (domínios; “feudos”) mais ricos (Honshu Ocidental e Kyushu Meridional) passaram a cuidar de suas próprias políticas externas sem prestar contas ao xogun. 
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A “independência” dos Han contratação de técnicos e conselheiros estrangeiros, construção de navios e compra de armamentos, e organização de exército com o recrutamento de camponeses (foram proibidos de usarem espadas com o xogunato).
As pressões sobre o Xogunato governo efêmero sem nenhum controle intrigas, assassinatos e rebeliões (interno)
A pressão externa sobre o Japão a expansão do capitalismo com as nações estrangeiras na Ásia e a abertura dos mercados.
A presença maior de estrangeiros no Japão a crescente violência e conflito entre japoneses e estrangeiros.
O caso de Satsuma em 1862 grupo de guerreiros agrediu comerciantes ingleses e atacou uma mulher européia e, face à relutância e incapacidade do bakufu em reprimir o daimio Satsuma o envio de uma frota britânica para bombardear a praça-forte de Kagoshima, o que resultou em Satsuma negociar com os ingleses. 
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A fraqueza do bakufu a assinatura dos tratados com os EUA (1854) e com os Europeus (1858).
Os lideres do movimento por mudanças os grandes Han (“feudos”) Satsuma e Choshu (ex-inimigos) contra o Xogun.
A vitória do movimento contra o Xogun a Restauração do Imperador e da Nação: a Era Meiji (“Paz Iluminada”_ 1868-1912) .
Vitória não significou a vitória de Satsuma, pois o Japão não retornou a Era pré-Xogun
A Guerra Civil (Boshin) a vitoria do Imperador frente a Satsuma.
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Daimyo Satsuma
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A Guerra Boshin janeiro de 1868 e maio de 1869
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Imperador Meiji (Meiji Tennõ)
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Vitória a modernização (o capitalismo) no Japão, “porque essa era a única maneira de derrotar os barbaros (estrangeiros)”. 
Vitória “os autenticos revolucionários assumiram o poder: os rangakusha, os técnicos e burocratas de olhos postos no futuro”.
1868 a abertura de mais portos ao comércio externo.
O Juramento do Imperador a Constituição Japonesa, e a promessa de instituições representativas e a criação de uma “sociedade civil democrática” mais para os estrangeiros.
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A principal mudança a transformação do governo Central.
Transformação a abolição de instituições feudais; a conversão dos han (“feudos”) em prefeituras (ken) administradas por pessoas nomeadas pelo governo; a apropriação pela autoridade central das receitas que antes iam para a antiga elite guerreira/senhorial (daimyos); os camponeses deixaram de pagar tributos aos daimyos, e passaram pagar os impostos ao governo imperial.
A modernização do Japão intensidade e método.
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David Landes os japoneses “estavam preparados para isso (modernização)_ em virtude de uma tradição (recordação) de governo eficiente, de altos níveis de instrução, da sólida estrutura familiar, da ética do trabalho e autodisciplina, do senso de identidade nacional e superioridade inerente”.
Os fundamentos para Landes “os japoneses sabiam que eram superiores e, porque o sabiam, eram capazes de reconhecer a superioridade em outros”.
Modernização a contratação de peritos e técnicos estrangeiros para ensinar no Japão.
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Modernização o envio de agentes japoneses ao exterior para aprender e retornar com relatórios sobre os métodos e processos europeus e americanos.
As informações colhidas no exterior as escolhas e estratégias a serem seguidas para alcançar o êxito . 
O exemplo da organização do exército do Japão “o primeiro modelo militar foi o francês; mas depois da derrota da Franaça para a Prússia (1870-71), os japoneses decidiram que a Alemanha tinha mais a oferecer”.
 
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A delegação japonesa de 1871 e a viagem paraa europa e EUA chefiada pelo príncipe Iwakura Tomomi, incluía o tecnocrata Okubo Toshimichi (ex-samurai de Satsuma, e que foi assassinado em 1878) e outros.
O objetivo da delegação re(adquirir) o controle sobre seus direitos aduaneiros (perdidos desde o final Tokugawa para os estrangeiros) e, com isto, proteger sua incipiente indústria.
A negativa das nações Estrangeiras a delegação continuou sua viagem (regressou em 1873), e fazendo negócios e visitando fábricas e forjas, estaleiros e arsenais, ferrovias e canais a modernização. 
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A missão Iwakura na Europa
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A viagem e os exemplos a serem “copiados” um paralelo da unificação alemã com o Japão Meiji.
David Landes “a Alemanha, à semelhança do Japão, partira de uma posição de inferioridade econômica. Okubo (…) achou seus líderes realistas e pragmáticos: concentrem-se, disseram eles, na construção da potência nacional. Eles eram mercantilistas do século XIX. Okubo regressou e imprimiu uma orientação alemã à burocracia nipônica”
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3. A Industrialização (Modernização) do Japão 
As mudanças promovidas pelo Estado japonês rumo ao Capitalismo:
1. A organização de um serviço postal nacional;
2. Uma nova hora oficial (horas e calendário gregoriano, mantendo o costume de numerar os anos pelas datas do reinados dos imperadores _ Meiji, 1868-1912; Taisho, 1912-1926; Showa, 1926-1989; Heisei, 1999 -… );
3. A instrução pública para homens e, depois, para as mulheres (mínimo de 4 anos, depois 6 anos depois de 1907_ as dificuldades da escrita japonesa, 3 ou 4 anos eram necessários para habilitar um aluno a ler e escrever)
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4. O serviço militar universal.
A escolaridade geral a difusão do conhecimento, como também, a disciplina, obediência, pontualidade e um religioso respeito (adoração) pelo Imperador.
A escola “publica” a identificação nacional que transcendia as lealdades provinciais e as fronteiras de status.
O exército (e a marinha) complemento da ação da escola na criação de uma identidade Nação/Império.
O serviço militar universal
a disciplina e a quebra da disinção de classe e lugar (o “mérito”).
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O problema a resolver com o serviço militar universal o que fazer com os samurais (1,9 milhões de pessoas).
As medidas tomadas para enquadrar os samurais:
1ª. Os tradicionais pagamentos pelos seus serviços militares(com terras e/ou pagamentos, que geralmente eram efetuados em arroz, numa medida denominada koku (200 litros)) foram convertidos em pensões, que , depois, foram transformados em debêntures do Estado (valor do papel era garantia para a política monetária e o valor da moeda iene).
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2ª. Os ex-samurais foram proibidos de perambular com as suas espadas (2).
. O ressentimento dos samurais os assassinatos políticos, como o de Okubo Toshimichi em 1878.
. O ressentimento nada mudou, pois o novo venceu o velho.
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A arrancada industrial japonesa baseada nos ramos industriais “tradicionais” japoneses, como a manufatura da seda e algodão, e nos ramos de processamento de produtos alimentares “imunes à imitação estrangeira: saquê, miso (ingrediente tradicional da culinária japonesa feito a partir da fermentação de arroz, cevada e soja com sal), molho de soja (shoyo).
A primeira geração da industrialização (1877 a 1900), baseada na pequena escala os produtos alimentares responderam por 40% do crescimento, os têxteis por 35%_ tabela 1.
A estratégia japonesa a opção pela vantagem comparativa em vez do incremento direto na indústria pesada. 
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Tabela 1: Produção Manufatureira- composição física
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Tabela 2. Produção e Exportação Japonesa de Seda Crua, 1868-1913 (ton)
Fonte: San José State University, Departament of Economics
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A industrialização japonesa da têxtil, seda e alimentos em pequena escala, porém com utilização de grande contingente de trabalhadores.
. As tecelagens de algodão de dois mil fusos (na Europa eram de dez mil e mais fusos).
 David Landes “a explicação usual dos economistas para essa inversão do modelo de industrialização tardia (o que chega por último desfruta do que há de melhor e atualizado) é a escassez de capital: parcos recursos pessoais (qualidade técnica), ausência de bancos de investimento”.
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David Landes “ de fato, alguns comerciantes japoneses (principalmente de Osaka) tinham acumulado grandes fortunas e o Estado mostrava-se disposto a construir e subsidiar usinas industriais”. 
David Landes a grande arrancada não se baseia tanto em dinheiro, “mas em gente pessoas de imaginação e inciativa, pessoas que entendessem economias de escala, que conhecessem não só métodos de produção e maquinaria mas também organização. O capital viria no seu encalço e cresceria.” 
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O protecionismo no período da Grande Depressão o aumento da produção industrial japonesa entre 1886-1894, foram fundadas 33 novas fábricas de algodão em Osaka.
. Em 1886, 62% dos fios de algodão consumidos no Japão vinha do exterior. Em 1902, nada veio do exterior. Em 1913, ¼ das exportações mundiais de fio de algodão provinha do Japão (ameaça aos ingleses e nas suas colônias asiáticas).
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O papel decisivo do Estado na promoção da indústria pesada (e de bens de capital) japonesa através de:
1. Financiamento de viagens de estudos no exterior;
2. Contratação de técnicos e especilistas do exterior;
3. Contrução de instalações e subsidiando inciativas comerciais;
David Landes “o mais importante foi o talento e a determinação de patriotas japoneses, prontos para mudar de carreira em prol da causa nacional; e a qualidade dos trabalhadores japoneses, especialmente os artesãos, com apurada competência e atitudes formadas através da disciplina do trabalho de equipe e supervisão em oficinas artesanais”. 
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O Estado e a liquidação das “empresas estatais” na década de 1880 a venda para o setor privado com grandes facilidades de pagamentos, o que permitiu a consolidação dos conglomerados japoneses: os Zaibatsus.
Zaibatsus conglomerados (“grupo financeiro”) que dominaram os negócios do país até a 2ª Guerra Mundial.
Conglomerados para os ocidentais, eram uma “estranha mistura de dinastias feudais, companhias de comércio antiquadas, agências governamentais, e empresas modernas” (MICKLETHWAIHT & WOOLDBRIDGE, 2003: 140)
. As fortes relações da Mitsubish com a Marinha japonesa; Mitsui com o exército.
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Conglomerados controlados por uma holding (honsha) de propriedade familiar, “que controlava um cacho de outras firmas por meio de propriedade cruzada de ações e diretorias interligadas” (Idem: 140). 
Zaibatsus até 1945, detiveram 40% de todos os depósitos bancários, 60% da indústria têxtil, 60% da indústria militar, a maior parte da energia elétrica, a indústria de papel e a de construção naval relação com o governo.
As principais famílias zaibatsus: Sumitomo, Mitsubishi, Yasuda e Mitsui controlaram ¼ do capital das firmas japonesas (1945).
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Tabela 3: Volume físico da produção industrial japonesa
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O imperador Meiji translando-se de Kioto para Edo (Tóquio)
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Fotografia dos principais membros da missão Iwakura. Foi feito de 1872 em Londres. No meio está sentado Iwakura Tomomi, o líder da diplomacia japonesa.
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Samurai em 1860
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Fonte: San José State University, Departament of Economics
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Fonte: W. W. Lockwood
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