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AEE para Deficiência Física e Mobilidade Reduzida

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DEFICIÊNCIA FÍSICA E MOBILIDADE 
REDUZIDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEFICIÊNCIA FÍSICA E MOBILIDADE REDUZIDA 
 
 
DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES 
 
editorafamart@famart.edu.br 
 
 
Tutoria online 
 
Segunda a Sexta de 09:30 às 17:30 
Acesse a aba Tutoria EaD em seu portal do aluno 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 2.1 
O sistema nervoso, a função dos hemisférios e a plasticidade neural ... Erro! 
Indicador não definido. 
A plasticidade neural .................................................................................. 11 
2.2 Conceito e definições ........................................................................... 13 
2.3 Classificação ........................................................................................ 15 
2.4 Causas e consequências ...................................................................... 17 
Algumas causas que levam à deficiência física .......................................... 21 
UNIDADE 3 – ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ........... 26 
3.1 Conceito e definição ............................................................................. 28 
3.2 As salas de recursos ............................................................................ 30 
3.3 A sala de recurso para deficiência física ............................................... 33 
3.4 Atribuições do professor no AEE .......................................................... 34 
3.5 A importância da revisão do PPP e do currículo escolar ....................... 36 
UNIDADE 4 – AVALIAÇÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MOTORA .. 37 
UNIDADE 5 – ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS .......................................... 41 
UNIDADE 6 – ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE / AUTONOMIA E 
INDEPENDÊNCIA ...................................................................................... 49 
6.1 Orientação ............................................................................................ 50 
6.2 Recursos de adequação postural e mobilidade .................................... 51 
REFERÊNCIAS BÁSICAS .......................................................................... 57 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
 
Maria Teresa Egler Mantoan ao prefaciar a obra “Manual de Acessibilidade espacial para 
escolas” 
(BRASIL/MEC, 2009) nos lembra que a escola como ambiente educativo inclusivo requer 
condições que garantam o acesso e a participação autônoma de todos os alunos às suas 
dependências e atividades de formação e assegurar tais condições é um dos motes dos 
educadores e demais profissionais que atuam nessas escolas. 
 
 
De imediato e permeando a vida profissional, devemos ter em mente o 
acolhimento às diferenças, sem restrições, limitações e discriminações. 
 
Quando pensamos em inclusão, temos que pensar em diversidade e considerar que todos 
os alunos possuem características próprias e necessidades diversificadas, sejam eles 
deficientes ou não. No entanto, em se tratando de alunos deficientes, tais características e 
necessidades tornam- se acentuadas. 
 
 
Os alunos com deficiência física, por exemplo, precisam ser incentivados e estimulados a 
adquirir a consciência do próprio corpo e, tanto a escola quanto a família, apresentam papel 
fundamental nesse aspecto. A prática de esportes é uma alternativa para favorecer o 
desenvolvimento dessa consciência, bem como de outras competências. Contudo, quando 
o aluno possui deficiência física, é necessária uma série de adaptações para que, tanto a 
prática de esportes, quanto a realização de outras atividades, sejam viabilizadas. 
 
 
Pois bem, as breves palavras acima mostram a que veio a apostila intitulada “Atendimento 
Educacional Especializado para deficiência física e mobilidade”, ou seja, trabalharemos 
esse tipo de deficiência o que passa por conhecermos a definição, entendermos um pouco 
do papel do sistema nervoso central e a plasticidade neural, as causas e consequências 
da deficiência física, como acontece o AEE – Atendimento Educacional Especializado – 
especificamente, a avaliação desses alunos, as adaptações necessárias e orientação, e 
mobilidade para que conquiste autonomia e independência. 
 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser 
científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para 
nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e 
objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é 
uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos 
 
 
clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter 
didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram 
ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar 
lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. 
 
UNIDADE 2 – DEFICIÊNCIA FÍSICA 
 
Segundo Almeida e Coffani (2010), a história do corpo deficiente permite compreender que 
o homem na pré-história dependia quase que exclusivamente do movimento corporal para 
sua sobrevivência. As pessoas com algum tipo de deficiência, os idosos e os doentes eram 
incapazes de se sustentar sozinhos e dependiam da ação da tribo. Em alguns casos, eles 
eram abandonados em lugares longínquos e perigosos. A morte era uma certeza. 
 
Sant’anna (2006) comenta em seus estudos que na antiguidade grega, instalou-se o culto 
aos corpos. A beleza física era sinal de força, inteligência e obra divina. Assim, os gregos 
viam os deficientes físicos como uma aberração, algo que deveria ser desprezado e que 
não poderia estar entre eles. 
 
Para Silva, Seabra e Araújo (2008), na Idade Média, guiados por crenças dogmáticas de 
que o homem deveria ser como a “imagem e semelhança de Deus”, os familiares eram 
responsáveis por esconder seus filhos defeituosos para eles não sofrerem discriminação 
de outras pessoas ditas “normais”, pois eram vistos como seres possuidores de demônios, 
e a deficiência, como algo sobrenatural. A partir da Segunda Guerra Mundial e, em especial, 
com o pleno desenvolvimento das ciências, esse quadro sofreu modificações: viu-se que a 
deficiência não era causada por algum mau espírito e que estava relacionada à saúde. 
 
Percebe-se que a forma como a sociedade vê os deficientes físicos vem mudando ao longo 
do tempo. Na década de 1960 e início de 1970, surge, na Dinamarca, a filosofia da 
integração e normalização, que tem como foco levar o indivíduo a ter uma vida “normal” e 
a integração do aluno no ensino regular (ALMEIDA; COFFANI, 2010). 
 
Inúmeros estudos afirmam que a educação física é parte integrante da formação integral 
do ser humano; no contexto escolar, especificamente, a educação do corpo pelo movimento 
pode abranger a pessoa como um todo. A partir da inclusão das pessoas com deficiência 
física (não exclusivamente estas, mas as demais deficiências) no ensino regular, é 
pertinente também a sua inclusão na disciplina de educação física escolar, pois é 
importante que o aluno com deficiência física participe e vivencie as práticas corporais que 
podem trazer mais autoconfiança e independência, além de favorecer ao estabelecimento 
das inter-relações sociais. 
 
O movimento corporal permite que o ser humano se comunique, estabeleça ações com a 
sociedade e trocas de experiências. Por meio do corpo em movimento, potencializa-se a 
expressão da linguagem, principalmente a cultural, que envolve a dança, os esportes, entre 
outros (ALMEIDA; COFFANI, 2010). 
 
 
 
Nesse contexto, vale citar que a educação física escolar pode possibilitar a construção de 
valores éticos, como o respeito mútuo e a valorização das diferenças, e permite ao aluno 
desenvolver e demonstrar suas capacidades psicomotoras e suasdificuldades, para que 
possam ser trabalhadas juntamente aos demais alunos, estabelecendo, assim, um convívio 
social baseado na cooperação (BRASIL, 2000). 
 
2.1 O sistema nervoso, a função dos hemisférios e a plasticidade neural 
 
O papel primário do Sistema Nervoso (SN) é coordenar e controlar a maior parte das 
funções de nosso corpo. Para fazer isso, o Sistema Nervoso recebe milhares de 
informações dos diferentes órgãos sensoriais e, a seguir, integra todas elas, para depois 
determinar a resposta a ser executada pelo corpo. Essa resposta será expressa pelo 
comportamento motor, atividade mental, fala, sono, busca por alimento, regulação do 
equilíbrio interno do corpo, entre outros. 
 
De acordo com a estrutura do sistema nervoso, temos partes situadas dentro do cérebro, 
da coluna vertebral e outras distribuídas por todo corpo. As primeiras recebem o nome 
coletivo de sistema nervoso central (SNC), e as últimas, de sistema nervoso periférico 
(SNP). 
 
É no sistema nervoso central que está a grande maioria das células, seus prolongamentos 
e os contatos que fazem entre si. No sistema nervoso periférico, estão relativamente 
poucas células, mas há um grande número de prolongamentos chamados fibras nervosas, 
agrupadas em filetes alongados chamados nervos. 
 
O caminho de evolução do SNC percorrido pelo seres humanos se deu em direção à 
crescente intercomunicação entre neurônios, levando ao desenvolvimento de novas 
estruturas neuronais, que nos possibilitam uma mais rica percepção consciente do 
mundo em que vivemos e uma mais efetiva adaptação a diferentes ambientes. O processo 
evolutivo levou (até pela complexidade de suas dimensões e potencialidades) à separação 
de funções entre os nossos hemisférios corticais, criando-nos, de um lado, um “cérebro” 
cognitivo, racional e analítico e, de outro, um 
“cérebro” intuitivo, afetivo e emocional. 
 
Da existência destes dois modos operacionais surge-nos, se soubermos integrá-los 
harmoniosamente, a potencialidade de um processo de consciência bastante ampliado e 
de uma vida mais plena, criativa e amorosa. 
 
 
É preciso também notar que o processo de interação entre os neurônios não é fixo, mesmo 
após o nosso desenvolvimento e maturação iniciais. Ao contrário, dada a plasticidade entre 
as conexões sinápticas e à ação variável de substâncias transmissoras e moduladoras, o 
cérebro deve ser entendido como um conjunto de sistemas funcionais altamente dinâmicos 
com amplas potencialidades de reajuste e até de recuperação. 
 
 
 
 
Finalmente é preciso considerar que o homem não é um organismo acabado. Seu cérebro 
continua em constante evolução biológica adequando-se sempre a novas circunstâncias, e 
em busca do equilíbrio (SCHMIDEK; CANTOS, 2008). 
 
Aos nossos propósitos, é preciso saber as funções essenciais do sistema nervoso: ajustar 
o organismo ao ambiente; perceber e identificar as condições ambientais externas, bem 
como as condições reinantes dentro do próprio corpo; elaborar respostas que adaptem a 
essas condições; função sensorial, integrativa e motora. 
 
 
Experiências sensoriais podem provocar uma reação imediata no corpo ou podem ser 
armazenadas como memória no encéfalo por minutos, semanas ou anos, até que sejam 
utilizadas num futuro controle de atividades motoras ou em processos intelectuais. 
A cada momento somos bombardeados por milhares de informações, no entanto, 
armazenamos e utilizamos aquelas que, de alguma forma, sejam significativas para nós e 
descartamos outras não relevantes. 
 
 
Aprendemos aquilo que vivenciamos e a oportunidade de relações e correlações, 
exercícios, observações, autoavaliação e aperfeiçoamento na execução das tarefas fará 
diferença na qualidade e quantidade de coisas que poderemos aprender no curso de 
nossas vidas. 
Piaget afirma que a inteligência se constrói mediante a troca entre o organismo e o meio, 
mecanismo pelo qual se dá a formação das estruturas cognitivas. O organismo com sua 
bagagem hereditária, em contato com o meio, perturba-se, desequilibra-se e, para superar 
esse desequilíbrio e se adaptar, constrói novos esquemas (BRASIL, 2003, p. 19). 
Dessa maneira, as ações da criança sobre o meio: fazer coisas, brincar e resolver 
problemas podem produzir formas de conhecer e pensar mais complexas, combinando e 
criando novos esquemas, possibilitando novas formas de fazer, compreender e interpretar 
o mundo que a cerca. 
 
O aprendizado tem início muito precoce! 
Durante a primeira etapa do desenvolvimento infantil, a criança especializa e aumenta seu 
repertório de relações e expressões através dos movimentos e das sensações que estes 
lhe proporcionam; das ações que executa sobre o meio; da reação do meio, novamente 
percebida por ela. Sensações experimentadas, significadas afetiva e intelectualmente, 
armazenadas e utilizadas, reutilizadas e percebidas em novas relações e, assim por diante, 
vão formando um banco de dados que no futuro será retomado em processamentos cada 
vez mais complexos e abstratos. 
Camargo (1994, p. 20) citando Piaget diz que é a criança cientista, interessada em relações 
de causalidade, empírica ainda, mas sempre em busca de novos resultados por tentativa e 
erro. 
Desta forma, podemos dizer que à medida que a criança evolui no controle de sua postura 
e especializa seus movimentos, sendo cada vez mais capaz de deslocar-se e aumentar 
 
 
sua exploração do meio, está lançando as bases de seu aprendizado, seu corpo está sendo 
marcado por infinitas e novas sensações. 
Desde o nascimento, o cérebro infantil está em constante evolução através de sua inter-
relação com o meio. A criança percebe o mundo pelos sentidos, age sobre ele, e esta 
interação se modifica durante a evolução, entendendo melhor, pensando de modo mais 
complexo, comportando-se de maneira mais adequada, com maior precisão práxica, à 
medida que domina seu corpo (LEFÈVRE s.d. apud CAMARGO, 1994). 
Neste sentido, a criança com deficiência física não pode estar em um mundo à parte para 
desenvolver habilidades motoras. É preciso que ela receba os benefícios tecnológicos e de 
reabilitação em constante interação com o ambiente ao qual ela pertence. É muito mais 
significativo à criança desenvolver habilidades de fala se ela tem com quem se comunicar. 
Da mesma forma, é mais significativo desenvolver habilidade de andar se para ela está 
garantido o seu direito de ir e vir. 
O ambiente escolar é para qualquer criança o espaço por natureza de interação de uns 
com os outros. É nesse espaço que nos vemos motivados a estabelecer comunicação, a 
sentir a necessidade de se locomover, entre outras habilidades que nos fazem pertencer 
ao gênero humano. O aprendizado de habilidades ganha muito mais sentido quando a 
criança está imersa em um ambiente compartilhado que permite o convívio e a participação. 
A inclusão escolar é a oportunidade para que de fato a criança com deficiência física não 
esteja à parte, realizando atividades meramente condicionadas e sem sentido. 
Mesmo sem entrarmos em detalhes sobre o SN, vale saber, de acordo com o quadro 
resumo abaixo, as funções dos componentes desse sistema: 
 
 
 
 
 Córtex Cerebral Pensamento Movimento voluntário Linguagem 
Julgamento Percepção 
 
 
 Cerebelo Movimento Equilíbrio Postura 
Tônus muscular 
Tronco encefálico Respiração 
 
Ritmo dos batimentos cardíacos 
 
 
 
 
 
Mesencéfalo 
Pressão arterial 
Visão 
Audição 
Movimento dos olhos 
Movimento do corpo 
 
 
Tálamo 
Integração sensorial 
Integração motora 
Comportamento emocional 
Memória 
Sistema límbico 
 Apr
endizado 
Emoções 
Vida vegetativa (digestão, circulação, excreção etc.). 
 
 
 
 
Apesar de o nosso cérebro ser divido em dois hemisférios, não existe relação de 
dominância entre eles, pelo contrário, eles trabalham em conjunto, utilizando-se dosmilhões de fibras nervosas que constituem as comissuras cerebrais e se encarregam de 
pô-los em constante interação. O conceito de especialização hemisférica se confunde com 
o de lateralidade (algumas funções são representadas em apenas um dos lados, outras 
nos dois) e de assimetria (um hemisfério não é igual ao outro). 
 
 
Segundo Lent (2002), o hemisfério esquerdo controla a fala em mais de 95% dos seres 
humanos, mais isso não quer dizer que o direito não trabalhe, ao contrário, é a prosódia do 
hemisfério direito que confere à fala nuances afetivas essenciais para a comunicação 
interpessoal. O hemisfério esquerdo é também responsável pela realização mental de 
cálculos matemáticos, pelo comando da escrita e pela compreensão dela através da 
leitura. Já o hemisfério direito é melhor na percepção de sons musicais e no 
reconhecimento de faces, especialmente quando se trata 
 
 
 
HEMISFÉRIO ESQUERDO HEMISFÉRIO DIREITO 
10 
de aspectos gerais. O hemisfério esquerdo participa também do reconhecimento de faces, 
mas sua especialidade é descobrir precisamente quem é o dono de cada face. 
 
 
Da mesma forma, o hemisfério direito é especialmente capaz de identificar categorias gerais 
de objetos e seres vivos, mas é o esquerdo que detecta as categorias específicas. O 
hemisfério direito é melhor na detecção de relações espaciais, particularmente as relações 
métricas, quantificáveis, aquelas que são úteis para o nosso deslocamento no mundo. O 
hemisfério esquerdo não deixa de participar dessa função, mas é melhor no 
reconhecimento de relações espaciais categoriais qualitativas. Finalmente, o hemisfério 
esquerdo produz movimentos mais precisos da mão e da perna direitas do que o hemisfério 
direito é capaz de fazer com a mão e a perna esquerda (na maioria das pessoas). 
 
 
O conceito de dominância hemisférica surgiu para explicar a relação entre a atividade dos 
dois hemisférios, no sentido de que determinadas funções linguísticas exercidas 
predominantemente pelo hemisfério esquerdo exerceriam uma dominância sobre as 
funções do hemisfério direito. Entretanto, estudos mais recentes mostraram que os dois 
hemisférios não interagem através do domínio de um sobre o outro, mas sim através da 
especialização de certas funções, ou seja, um dos hemisférios é encarregado por um grupo 
de funções, enquanto o segundo encarrega-se de outras. O que é importante ressaltar é 
que ambos trabalham em conjunto. Esse novo conceito é chamado de especialização 
hemisférica. 
 
Resumindo, estudos revelaram que o hemisfério direito percebe e comanda funções 
globais, categoriais, enquanto o esquerdo se encarrega das funções mais específicas 
relacionadas com a linguagem. 
 
 
 
11 
 
A plasticidade neural 
 
A plasticidade neural refere-se à capacidade que o SNC possui em modificar algumas das 
suas propriedades morfológicas e funcionais em resposta às alterações do ambiente. Na 
presença de lesões, o SNC utiliza-se desta capacidade na tentativa de recuperar funções 
perdidas e/ou, principalmente, fortalecer funções similares relacionadas às originais 
(OLIVEIRA, SALINA; ANNUNCIATO, 2000). 
 
 
A plasticidade do SNC ocorre, classicamente, em três estágios: desenvolvimento, 
aprendizagem e após processos lesionais. 
 
Desenvolvimento – na embriogênese, tem-se a diferenciação celular, em que células 
indiferenciadas, por expressão genética, passam a ser neurônios. Após a proliferação, 
migram para os locais adequados e fazem conexões entre si (ANNUNCIATO; SILVA, 1995). 
 
 
Os neurônios dispõem de uma capacidade intrínseca sobre sua posição em relação a outros 
neurônios, e seus axônios alcançam seus destinos graças aos marcadores de natureza 
molecular e à quimiotaxia. A secreção de substâncias neurotróficas, neste caso, os fatores 
de crescimento ajudam o axônio na busca de seu alvo (LINDEN, 1993). A maturação do 
SNC inicia-se no período embrionário e só termina na vida extrauterina. 
 
 
Portanto, sofre influências dos fatores genéticos, do microambiente fetal e, também, do 
ambiente externo, sendo este último de grande relevância para seu adequado 
desenvolvimento. 
 
O processo da aprendizagem pode ocorrer a qualquer momento da vida de um indivíduo, 
seja criança, adulto ou idoso, propiciando o aprendizado de algo novo e modificando o 
comportamento de acordo com o que foi aprendido. A aprendizagem requer a aquisição de 
conhecimentos, a capacidade de guardar e integrar esta aquisição (MANSUR; 
RADONOVIC, 1998) para posteriormente ser recrutada quando necessário. 
 
 
A reabilitação física, entre outros fatores, tem por objetivo favorecer o aprendizado ou 
reaprendizado motor, que é um processo neurobiológico pelo qual os organismos 
modificam temporária ou definitivamente suas respostas motoras, melhorando seu 
desempenho, como resultado da prática (PIEMONTE; SÁ, 1998). 
 
 
Durante o processo de aprendizagem, há modificações nas estruturas e funcionamento das 
células neurais e de suas conexões, ou seja, o aprendizado promove modificações 
plásticas, como crescimento de novas terminações e botões sinápticos, crescimento de 
espículas dendríticas, aumento das áreas sinápticas funcionais (KLEIM; BALLARD; 
GRRENOUGH; 1997 apud OLIVEIRA, SALINA; ANNUNCIATO, 2000), estreitamento da 
fenda sináptica, mudanças de conformação de proteínas receptoras, incremento de 
neurotransmissores. 
 
 
A prática ou a experiência promovem, também, modificações na representação do mapa 
cortical (ARNSTEIN, 1997 apud OLIVEIRA, SALINA; ANNUNCIATO, 2000). 
 
Pascual-Leone et al (1995 apud OLIVEIRA; SALINA; ANNUNCIATO, 2000) demonstraram 
que a aquisição de uma nova habilidade motora, por exemplo, tocar piano, reorganizava o 
mapa cortical, aumentando a área relacionada aos músculos flexores e extensores dos 
dedos. Em um estudo com leitores de Braille, verificaram que o dedo indicador utilizado 
para a leitura tem maior representação cortical que o dedo contralateral. 
 
 
Jueptner et al (1997) e Grafton et al (1998 apud OLIVEIRA; SALINA; ANNUNCIATO, 
2000), por sua vez, encarregaram-se de mapear as áreas do SNC que são ativadas durante 
o processo de aprendizagem motora, em que eram realizados movimentos com as mãos, 
e verificaram que várias regiões agem em conjunto, como o córtex motor primário, o córtex 
pré-motor, a área motora suplementar, a área somatossensorial, os núcleos da base, 
entre outras. 
 
Após processos lesionais – a lesão promove no SNC vários eventos que ocorrem, 
simultaneamente, no local da lesão e distante dele. Em um primeiro momento, as células 
traumatizadas liberam seus aminoácidos e seus neurotransmissores, os quais, em alta 
concentração, tornam os neurônios mais excitados e mais vulneráveis à lesão. Neurônios 
muito excitados podem liberar o neurotransmissor glutamato, o qual alterará o equilíbrio do 
íon cálcio e induzirá seu influxo para o interior das células nervosas, ativando várias 
enzimas que são tóxicas e levam os neurônios à morte. Esse processo é chamado de 
excitotoxicidade (SILVA, 1995). Ocorre, também, a ruptura de vasos sanguíneos e/ou 
isquemia cerebral, diminuindo os níveis de oxigênio e glicose, que são essenciais para a 
sobrevivência de todas as células (OLIVEIRA; SALINA; ANNUNCIATO, 2000) 
 
 
A falta de glicose gera insuficiência da célula nervosa em manter seu gradiente 
transmembrânico, permitindo a entrada de mais cálcio para dentro da célula, ocorrendo um 
efeito cascata (RAFFINI, 1999). 
 
De acordo com o grau do dano cerebral, o estímulo nocivo pode levar as células nervosas 
à necrose, havendo ruptura da membrana celular, fazendo com que as células liberem seu 
 
 
material intracitoplasmático e, então, lesem o tecido vizinho; ou pode ativar um processo 
genético denominado apoptose, em que a célula nervosa mantém sua membrana 
plasmática, portanto, não liberandoseu material intracelular, não havendo liberação de 
substâncias com atividade pró inflamatória e, assim, não agredindo outras células 
(LINDEN, 1996; VEGA; ROMANO SILVA, 1999). 
 
 
A apoptose é desencadeada na presença de certos estímulos nocivos, principalmente pela 
toxicidade do glutamato, por estresse oxidativo e alteração na homeostase do cálcio. 
 
 
A lesão promove, então, três situações distintas: (a) uma em que o corpo celular do neurônio 
foi atingido e ocorre a morte do neurônio, sendo, neste caso, o processo irreversível; (b) o 
corpo celular está íntegro e seu axônio está lesado; ou, (c) o neurônio se encontra em um 
estágio de excitação diminuído (SILVA, 1995). 
 
 
São vários os mecanismos de reparação e reorganização do SNC que começam a surgir 
imediatamente após a lesão e podem perdurar por meses e até anos (SILVA, 2000). São 
eles: 
 
• recuperação da eficácia sináptica; 
 
• potencialização sináptica; 
 
• supersensibilidade de denervação; 
 
• recrutamento de sinapses silentes; 
 
• brotamentos (ANNUNCIATO, 1994; OLIVEIRA, SALINA; ANNUNCIATO, 2000). 
 
2.2 Conceito e definições 
 
Dentre as diversas definições para a deficiência física, podemos entendê-la como uma 
alteração no corpo que provoca dificuldades na movimentação das pessoas e as impede 
de participarem da vida de forma independente. Ou como uma desvantagem, resultante de 
um comprometimento ou de uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho motor 
do indivíduo. Ou ainda, refere-se ao comprometimento do aparelho locomotor que 
compreende o sistema osteoarticular, o sistema muscular e o sistema nervoso; as doenças 
ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem 
produzir quadros de limitações físicas de grau e gravidade variáveis, segundo o(s) 
segmento(s) corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida. Assim, a deficiência física ou 
motora pode ser considerada um distúrbio da estrutura anatômica ou da função, que 
interfere na movimentação e/ou locomoção do indivíduo. 
 
 
 
 
No Decreto Federal nº 5.296/04, considera-se deficiência física a alteração completa ou 
parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da 
função física. São elas: paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, 
tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, ostomia, amputação ou ausência de membro, 
paralisia cerebral, nanismo, e membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto 
as deformidades estéticas e as que produzam dificuldades para o desempenho de 
funções. 
Essa definição nos leva a entender que a função física pode ficar comprometida quando 
faltar algum membro (quando houver amputação), sua má- formação ou deformação 
(alterações que comprometam o sistema muscular e esquelético). 
Desde que as sociedades foram formadas, as pessoas foram criando conceitos e teorias. 
Às vezes, como o passar dos anos, muitos desses conceitos e dessas teorias foram ou são 
utilizados para discriminar, inferiorizar e distinguir as pessoas umas das outras. Por isso, 
no transcorrer da história da humanidade, as pessoas que não nasciam com o corpo 
perfeito eram tidas como anormais. Isto quer dizer, eram os deficientes. Uma pessoa é 
deficiente quando “tem perda de uma de suas funções, seja ela física, psicológica ou 
sensorial” (SCHIRMER et al 2007, p. 21). 
Então, de acordo com Gil; Santos; Barbato (2010, p. 259), deficiência física, em linhas 
gerais, diz respeito à perda ou redução da capacidade de movimento de qualquer parte do 
corpo em decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares, ortopédicas ou 
malformações congênitas e adquiridas. 
Os autores citam alguns exemplos de patologias que costumam remeter a uma deficiência 
física, as quais veremos detalhes mais adiante: lesão cerebral (paralisia cerebral, 
traumatismo crânio- encefálico); lesão medular (tetraplegias, paraplegias); miopatias 
(distrofias musculares); patologias degenerativas do sistema nervoso central (esclerose 
múltipla, esclerose lateral amiotrófica, Mal de Parkinson); lesões nervosas periféricas; 
amputações; sequelas de politraumatismos; malformações congênitas; distúrbios 
dolorosos, posturais ou sequelas de patologias da coluna ou articulações dos membros 
(cifoses, hérnias de disco, artropatias, reumatismo); sequelas de queimaduras. 
Durante muito tempo, as pessoas nascidas com qualquer tipo de comprometimento físico 
eram excluídas da sociedade, às vezes, de forma arbitrária. Exemplos claros são os casos 
que aconteciam na Antiguidade, principalmente, com os hebreus e egípcios. Estes viam a 
deficiência com uma punição de Deus (deuses). Por isso, limitavam o acesso e o contado 
com pessoas que tinham deficiência. Na Grécia Antiga, principalmente na cidade de 
Esparta conforme Purificação; Souza; Melo (s/d), “as crianças que nasciam frágeis ou 
deficientes, eram lançadas ao abismo ou abandonados nas montanhas. Na Roma antiga 
existia lei que autorizava o pai a matar os filhos defeituosos, jogando-os nos rios”. Dessa 
forma, essas crianças eram privadas de viver, pois elas eram excluídas da sociedade. 
Hoje temos consciência que todas as pessoas fazem parte da sociedade, por isso as 
pessoas com necessidades educacionais especiais (NEE) precisam estar também em 
contato com as outras consideradas “normais”. 
Tunes, Tacca e Bartholo (2005) afirmam que é no convívio social e na experiência 
interpessoal que haverá a possibilidade do processo de elaboração e reelaboração de 
sentidos que organizam e integram a atividade psíquica dos participantes da relação. 
Diante disso, fica claro e evidente que a pessoa com deficiência física contribui também 
 
 
para o desenvolvimento da sociedade na qual está inserida. Mas, para que o atendimento 
educacional especializado (AEE) seja satisfatório, as pessoas ligadas à área educacional, 
como professores, psicólogos, coordenadores pedagógicos, entre outros, precisam 
conhecer/identificar qual deficiência física o educando possui. 
 
 
Gil, Santos e Barbato (2010, p. 260) afirmam que é importante conhecer a patologia com a 
qual o aluno convive, suas manifestações e curso de desenvolvimento, no entanto, essas 
alterações podem implicar singularidades nos modos de mobilidade, alimentação, 
coordenação motora, comunicação oral ou escrita, por exemplo, o que pode remeter à 
necessidade de adaptações para a realização das atividades escolares. Ressalta-se ainda 
que tais dificuldades podem se modificar ao longo do tempo conforme o curso de 
desenvolvimento da pessoa e/o da patologia. 
Dessa forma, nota-se a importância de conhecer bem cada aluno. Fazendo isso, os 
profissionais da educação evitam tirar conclusões equivocadas a respeito do processo 
ensino-aprendizagem do aluno. Os mesmos autores informam ainda que às vezes, o que 
pode parecer uma perda ou piora do quadro em um determinado momento de vida da 
pessoa é o esperado no curso de desenvolvimento da patologia. 
Pode-se dizer em linhas gerais que “concretizar a inclusão escolar de uma criança com 
qualquer deficiência implica uma mudança paradigmática, um deslocamento da ótica da 
falta para o potencial” (GIL; SANTOS; BARBATO, 2010. p. 261). 
 
 
2.3 Classificação 
 
Podemos classificar a deficiência física de várias maneiras. Quanto à natureza, podemos 
dividir as deficiências físicas em: 
 
• distúrbios ortopédicos – referem-se a problemas originados nos músculos, ossos e/ou 
articulações; 
 
• distúrbios neurológicos – que se referem a deterioração ou lesão do sistema nervoso. 
 
 
A deficiência física também pode ser dividida em congênita ou adquirida; aguda ou crônica; 
permanente ou temporária; e, progressiva ou não progressiva. 
 
Quanto às lesões motoras decorrentes de lesão do sistema nervoso, estas podem ser de 
diferentes tipos, como alteraçõesde: 
 
• ordem muscular – hipertonias, hipotonias, atividades reflexas, movimentos 
descoordenados e involuntários; 
 
 
• ordem nervosa, no que diz respeito à sensibilidade e à força muscular – 
hemiparesias, paraparesia, monoparesia e tetraparesia (BRASIL, 1999). 
Quando se trata de alterações funcionais motoras decorrentes de lesão do 
Sistema Nervoso, observaremos, principalmente, a alteração do tônus muscular (hipertonia, 
hipotonia, atividades tônicas reflexas, movimentos involuntários e incoordenados). As 
terminologias “para, mono, tetra, tri e hemi”, diz respeito à determinação da parte do corpo 
envolvida, significando respectivamente, “somente os membros inferiores, somente um 
membro, os quatro membros, três membros ou um lado do corpo” (BRASIL, 1999). 
 
 
Como a deficiência física se refere ao comprometimento do aparelho locomotor, irá 
compreender o sistema Osteoarticular, o Sistema Muscular e o Sistema Nervoso. 
As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em 
conjunto, podem produzir grandes limitações físicas de grau e gravidades variáveis, 
segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida (BRASIL, 2006, p. 28). 
 
 
A paralisia cerebral é uma das causas mais frequentes que encontramos como deficiência 
física e que chega até a escola, portanto, faz-se necessário dar uma atenção especial ao 
seu estudo. As crianças que sofrem dessa patologia são motivo de grande preconceito e 
discriminação na escola, principalmente porque as pessoas pensam que é uma deficiência 
mental, o que é um grande equívoco. Muitas dessas crianças têm dificuldades de se 
comunicar e expressar devido às suas limitações motoras e não cognitivas e demonstram 
um comportamento alheio à realidade, por falta de oportunidades e de mediações que lhes 
auxiliem na expressão de toda sua vontade. 
 
 
A principal característica da paralisia cerebral é o déficit motor, entretanto, quase sempre 
se pode encontrar um ou outro distúrbio decorrente da lesão neurológica como: convulsões 
que podem levar ao déficit cognitivo, alterações oculares e visuais, distúrbios de deglutição, 
comprometimento auditivo, alterações nas funções corticais superiores, distúrbios do 
comportamento (BRASIL, 2007). 
 
 
Importante ressaltar que esses distúrbios que acompanham a paralisia cerebral podem ser 
decorrentes também do meio em que a criança vive, suas condições de higiene, nutrição, 
tratamentos e oportunidades em geral. 
 
 
Como causas da paralisia cerebral que podem ocorrer isoladas ou associadas, Braga (1995 
apud BRASIL, 2007) sintetiza assim: 
 
 
 
 
1. pré-natais – infecções intrauterinas (rubéola, toxoplasmose, citomegalia, herpes e 
sífilis), anóxia fetal, exposição à radiação ou a drogas, erros de migração neuronal e outras 
malformações cerebrais; 
2. perinatais – complicações durante o parto (traumatismo cerebral ou anóxia em 
trabalho de parto difícil ou demorado), prematuridade, nascimento com baixo peso, entre 
outros; 
 
3. pós-natais – traumatismos crânio-encefálicos, infecções do sistema nervoso central 
(encefálicos e meningites), anóxia cerebral (devido a asfixias, afogamentos, convulsões ou 
paradas cardíacas) e acidente vascular cerebral. 
 
 
2.4 Causas e consequências 
 
 
 
As causas são diversas, podendo estar ligadas a problemas genéticos, complicações na 
gestação ou gravidez, doenças infantis e acidentes. São considerados fatores de risco: 
violência urbana, uso de drogas, acidentes desportivos, sedentarismo, acidentes do 
trabalho, epidemias/endemias, tabagismo, agentes tóxicos, maus hábitos alimentares e 
falta de saneamento básico. 
 
 
Enfatizando as causas para deficiência física, temos: 
 
• causas pré-natais – problemas durante a gestação (remédios tomados pela mãe. 
Tentativas de aborto malsucedidas, perdas de sangue durante a gestação, crises 
maternas de hipertensão, problemas genéticos e outras); 
 
• causas perinatais – problema respiratório na hora do nascimento, prematuridade, bebê 
que entra em sofrimento na hora do nascimento por ter passado da hora, cordão 
umbilical enrolado no pescoço e outras; 
 
• causas pós-natais – parada cardíaca, infecção hospitalar, meningite ou outra doença 
infecto- contagiosa ou quando o sangue do bebê não combina com o da mãe (se esta 
for Rh negativo), traumatismo craniano ocasionado por uma queda muito forte e outras; 
• no caso de jovens e adultos, a deficiência física pode ocorrer após uma lesão medular, 
aneurisma, acidente vascular cerebral ou outros problemas. 
 
 
 
Uma das doenças que já foi a maior causa de deficiência física no Brasil é a paralisia infantil 
(poliomielite) que atualmente está erradicada, graças às campanhas de vacinação e à 
tomada 
de consciência dos pais que compreenderam a importância desta vacina. Há, contudo, a 
ocorrência da síndrome do pós-pólio, que deve ser observada com atenção. 
As mutilações e as sequelas motoras (sejam de causas ligadas a moléstias ou acidentes) 
podem ser subdivididas de acordo com os sistemas orgânicos de origem, que foram 
afetados: 
 
• de origem encefálica – neste grupo incluímos a esclerose múltipla, o AVC, Paralisia 
Cerebral; 
 
• de origem espinhal – neste grupo estão incluídas poliomielite, traumatismos com ruptura 
ou compressão medular, má-formação, como espinha bífida, por degeneração, como a 
Síndrome de Werdnig-Hoffmann, etc.; 
 
• de origem muscular – especialmente a distrofia muscular progressiva (ou miopatia) de 
origem osteoarticular: são aqui incluídas a luxação coxo- femoral, artrogripose 
(contração permanente da articulação) múltipla, ausência congênita de membros ou 
partes; 
 
• de formas distróficas como osteocondroses (coxa plana), osteogenesis imperfecta 
(doença que fragiliza o tecido ósseo, sendo popularmente chamada de “ossos de vidro”), 
condodistrofia, amputações, entre outras. 
 
Mais uma vez enfocando a paralisia cerebral (encefalopatia crônica da infância), é um 
distúrbio não progressivo da motricidade, que evidencia-se na movimentação e postura. 
Esse distúrbio é causado por uma lesão ou mal funcionamento do cérebro, o qual ocorre 
antes dos 3 (três) anos de idade. Exemplifica o grupo dos distúrbios neurológicos de 
origem encefálica da deficiência motora. Geralmente refere-se ao portador de “PC” 
(paralisia cerebral). 
Estatisticamente, 86% das causas são provenientes de fatores pré e perinatais e 14% são 
provenientes de fatores pós-natais. A incidência diminui conforme melhora o conhecimento 
e o desenvolvimento dos serviços de saúde. Cada distúrbio é classificado de acordo com 
alguns fatores que são citados no diagnóstico. 
Nesse contexto. podemos dizer que existem três tipos de classificação. 1) Classificação 
fisiológica (ou quanto ao tônus muscular): 
 
 
a) rigidez – os músculos dos membros são tensos e se contraem fortemente quando se 
tenta movimentá-los ou alongá-los, onde mesmo os reflexos exacerbados são inibidos. 
É uma forma severa de espasticidade; 
b) espasticidade – o termo espástico é usado para descrever o tipo de paralisia cerebral 
onde o tônus muscular é muito alto (tenso). Os portadores de PC espástica têm 
movimentos desajeitados e rígidos porque seus músculos são muito tensos. Eles têm 
dificuldade ao modificar sua posição ou ao tentar pegar algo com suas mãos. Este é o 
tipo mais comum de PC. Os autores referem que cerca de 50% a 75% dos portadores 
de paralisia cerebral têm o tipo espástico (Bleck, 1981; Souza, 
1998). Há uma hiper-reflexia dos tendões profundos dos músculos dos membros 
envolvidos. Os indivíduos ficam sujeitos a contraturas e deformidades que se desenvolvem 
durante o crescimento; 
c) atetose – caracterizada por movimentos involuntários e variações do tônus muscular 
resultante de lesões dos núcleos situados no interior dos hemisférios cerebrais(sistema 
extrapiramidal). O tônus muscular flutua gerando movimentos involuntários e os 
movimentos voluntários se deformam, ficando retorcidos; 
d) ataxia – caracterizada por diminuição do tônus muscular, incoordenação dos 
movimentos e equilíbrio deficiente, devido a lesões no cerebelo ou das vias cerebelares. 
Os portadores de PC atáxica parecem muito instáveis e trêmulos; 
e) tremor – aparece apenas na movimentação involuntária. Chamado também de tremor 
intencional; 
f) hipotonia – o tônus muscular é baixo. Também chamada de atonia, flacidez ou 
frouxidão. 
Geralmente evolui para uma atetose; 
g) mista – em alguns casos observa-se uma variação do tônus de acordo com o grupo 
muscular envolvido (em alguns ele é muito baixo e em outros muito alto). A combinação 
mais comum é a PC espática-atetóide. Estima-se que 25% dos portadores de PC 
apresentem um quadro misto. 
2) Classificação topográfica1: 
Com as informações da nota de rodapé, podemos fazer as seguintes 
relações: um aluno que apresenta uma HEMIPLEGIA tem um 
comprometimento motor total 
em meio lado do corpo; um aluno que apresenta uma HEMIPARESIA tem um 
comprometimento motor parcial em 
 
 
meio lado do corpo; um aluno que apresenta uma PARAPLEGIA tem um comprometimento 
motor total abaixo da 
cintura, decorrente de uma lesão medular; são os 
“paraplégicos”; um aluno que apresenta uma PARAPARESIA tem um comprometimento 
motor parcial abaixo da cintura. 
monoplegia – ausência de movimentos em apenas um membro do corpo, como um dos 
braços 
ou uma das pernas; diplegia – ausência de movimentos em dois membros do corpo, como 
os dois braços ou as duas 
pernas; tetraplegia – ausência de movimentos nos quatro membros do corpo, 
braços e pernas, decorrente de uma lesão medular; 
amputações – quando há retirada total ou parcial de um ou mais membros do corpo. 
As pessoas que apresentam paraplegia, ou seja, um comprometimento total abaixo da 
cintura muitas vezes, podem frequentar uma sala regular. 
 
1 Enquanto “Plegia” é a ausência TOTAL de movimentos. “Paresia” é a ausência PARCIAL 
de movimentos. Ou seja, um aluno que apresenta uma “PLEGIA” é muito mais 
comprometido (em nível de movimentação) do que um aluno que apresenta uma 
“PARESIA”. Ter uma lesão “HEMI” significa ter uma lesão em meio lado do corpo. Ter uma 
lesão “PARA” significa ter uma lesão abaixo da cintura. São as pessoas conhecidas como 
“paraplégicos” e usuários de cadeiras de rodas quem chamamos de “cadeirantes”. 
A cada ano, milhões de pessoas em todo o mundo sofrem lesões diretas na medula espinal. 
Frequentemente, nesses casos, a medula espinal é completamente lesionada, deixando a 
vítima sem sensibilidade ou movimento do local da lesão para baixo. As formas mais 
comuns são decorrentes de acidentes de carro, armas de fogo, mergulhos, quedas, entre 
outros. 
Para se lesar uma medula espinal, basta um único trauma que interrompa o mecanismo de 
contato do cérebro com a parte do corpo. Se pelo menos o trauma pudesse ser reparado, 
as funções sensoriais e motaras poderiam ser recuperadas. 
Para deixar mais claro esse conceito, usaremos a metáfora da luz elétrica. Quando 
queremos acender uma luz, um simples toque num interruptor faz com que a lâmpada 
acenda. Por mais que pareça um toque de mágica, não é bem assim. Entre o interruptor e 
a lâmpada, temos um fio que passa por dentro da parede. No caso de ocorrer algum corte 
entre esse sistema, com certeza essa luz não será acesa. É o que acontece com as pessoas 
que apresentam uma lesão na medula, ou lesão medular. Ocorre um trauma entre a ligação 
do cérebro e a parte do corpo que seria movimentada pelo impulso nervoso. 
O problema é que as fibras nervosas não se regeneram após um trauma. Esses obstáculos 
podem ser vencidos de alguma forma? 
Estudos sugerem a possibilidade de induzir o crescimento de fibras neurais após um trauma 
na medula espinal. Por exemplo, se a medula espinal de pintinhos ou de outros filhotes de 
 
 
animais for seccionada nas primeiras duas semanas de vida, ela se regenera e seu 
funcionamento normal é recuperado. 
Provavelmente, se a soma de fatores de crescimento que permitem essa regeneração da 
medula espinal fosse identificada e aplicada em lesões na medula espinal de seres 
humanos adultos, talvez essa mesma regeneração pudesse ocorrer. 
 
 
3) Classificação quanto ao grau de acometimento: 
 
a) leve; 
 
b) moderada; 
c) grave 
 
 
 
Algumas causas que levam à deficiência física 
 
Hidrocefalia – caracterizada por retenção do líquido céfalo raquidiano (LCR) nos ventrículos 
ou no espaço aracnoideano. Pode ser congênita (devido à uma anomalia ou adquirida 
devido à tumores, por exemplo). Resulta numa macrocefalia. Os principais cuidados são 
relativos aos drenos, colocados cirurgicamente, para derivar o excesso de líquor (LCR). 
Mesmo assim, o excesso de líquor pode levar à compressões no encéfalo levando à 
lesões, causando deficiências motoras, sensoriais ou cognitivas e distúrbios 
comportamentais. As principais implicações são: dificuldade de alinhamento corporal, 
alteração na sensibilidade cinestésica, alterações no equilíbrio e postura e dificuldades no 
movimento e alinhamento da cabeça. Esta também relacionase a um distúrbio neurológico 
de origem encefálica. 
Acidente vascular cerebral (AVC) – definido como uma interrupção na circulação cerebral, 
levando à lesão de células de áreas sensoriais e/ou motoras deixando sequelas 
correspondentes à área lesada. Sua classificação topográfica e neuroanatômica é igual ao 
da paralisia cerebral, sendo também um distúrbio neurológico de origem encefálica. 
Poliomielite – é uma doença infecciosa causada por um vírus que ataca o tecido nervoso 
(medula e/ou cérebro), geralmente as células motoras do corno2 anterior da medula. 
Acomete principalmente crianças e adolescentes. Causa paralisia flácida. O vírus entra pelo 
trato intestinal se difundindo pela corrente sanguínea, instalando-se nas células motoras. 
Pode deixar fraqueza muscular, paralisia, chegando a deformidades esqueléticas (atrofias). 
Exemplifica um distúrbio neurológico de origem espinhal. 
A lesão é no sistema nervoso levando a sequelas também no sistema osteomuscular. Há 
permanência da sensibilidade e ausência ou diminuição os movimentos e da força 
muscular. Este sinal é considerado como diferencial da lesão medular congênita ou por 
trauma. 
Lesão medular – um trauma direto com rompimento da medula, pode ocorrer por acidentes. 
Os mais comuns são: lesão por arma de fogo (tiro), acidente automobilístico, mergulho em 
 
 
águas rasas, lesão por erro médico e por acidentes domésticos. O comprometimento vai 
depender de muitos fatores, entre eles, o lugar da lesão e tratamentos necessários. 
Nessa situação a deficiência física é uma condição adquirida resultante de um trauma, lesão 
ou problemas de crescimento e desenvolvimento, também constitui-se de um distúrbio 
neurológico de origem espinhal. 
A maior incidência está entre indivíduos entre 15 e 28 anos de idade (40% em 
consequência de acidentes automobilísticos, 20% por quedas, 40% por disparos, 
acidentes esportivos, industriais e agrícolas). As lesões das vértebras cervicais é a mais 
comum (C5 e C6) e a das vértebras torácicas vem em segundo lugar (T12 a L1). 
Há perda de movimentos e sensibilidade abaixo do nível da lesão. São divididas em lesões 
completas (totais) onde há perda das funções (motoras e de sensibilidade) abaixo do nível 
da lesão; e incompletas (parciais) onde há permanência de alguma função muscular 
residual além do local da lesão. A sensibilidade fica alterada. 
Microcefalia – é representada pela defasagem no crescimento do cérebro, devido ao 
fechamento precoce dos ossos do crânio chamado craniossinosteose. A calota óssea do 
crânio acaba impedindo que o cérebro cresça, trazendo consequências para a saúdee o 
desenvolvimento da criança. 
Essa é a principal causa da microcefalia. Ela não é uma deficiência em si, mas normalmente 
acarreta o surgimento de uma deficiência física, intelectual, entre outras. 
Mielomeningocele – é uma anormalidade congênita do sistema nervoso, que se desenvolve 
nos primeiros dois meses de gestação e provoca problemas na formação do tubo neural. 
Na maioria dos casos, ela é ocasionada por falta de ácido fólico na gestação. A espinha 
bífida, problema no fechamento da coluna vertebral, é um dos mais graves problemas do 
tubo neural, podendo apresentar diversos graus de comprometimento, mas grande parte 
dos casos de mielomeningocele acarreta deficiência física. A mielomeningocele acomete 
pele, ossos, dura-máter, medula espinal e raízes nervosas, que podem se encontrar 
externas ao canal vertebral. 
É a segunda causa mais comum de acometimento de deficiência física, sendo a primeira a 
paralisia cerebral. A incidência varia, em média, de um indivíduo afetado para cada mil 
nascimentos. A maioria dos autores considera que a mielomeningocele tem etiologia 
desconhecida (HONORA; FRIZANCO, 2008). 
Epilepsia – o estado de mal epiléptico é definido como duas ou mais convulsões sem um 
intervalo de retorno à consciência. Representa verdadeira emergência por causa de 
possíveis consequências de convulsões incontroladas, incluindo desidratação, aspiração, 
coma, anóxia e lesão cerebral. O tratamento, além da manutenção das vias aéreas, 
prevenção de outras lesões e reposição de líquido, deve incluir reposição eletrolítica, 
quando conveniente, antibióticos para a infecção e drogas anticonvulsivantes por via 
parenteral. Também não caracteriza uma deficiência motora, mas muitas vezes pode estar 
associada às patologias que lesam o cérebro. 
 
 
 
2 Formação de aspecto pontudo existente em diversos locais do corpo. 
 
 
 
Convulsões – são manifestações de disfunção cerebral transitória caracterizadas por 
descargas neuronais hipersíncromas paroxísticas. Uma convulsão, porém, é apenas um 
sinal ou sintoma de uma doença, não caracterizando, portanto, uma deficiência. Elas são 
os distúrbios mais comuns do sistema nervoso e podem ser indicativas de uma condição 
relativamente benigna ou de uma doença fatal. As convulsões se classificam em 
generalizadas ou focais (nas quais o mecanismo básico é a irritação da córtex cerebral e, 
geralmente, indicam patologia estrutural). 
 
 
Esclerose múltipla – é uma doença neurológica de origem encefálica crônica e degenerativa 
que atinge adolescentes e adultos (20-40 anos). Há uma desintegração (lenta) da camada 
de mielina que resulta no endurecimento ou cicatrização do tecido que substitui a bainha 
de mielina. Resulta numa incapacidade motora e eventualmente leva à morte. Apresentam 
sintomas como tremores, problemas sensoriais variados; fraqueza muscular: tonturas; 
distúrbios emocionais leves: paralisias e outras dificuldades motoras. 
Doença de Werdnig-Hoffmann3 – forma de amiotrofia espinhal transmitida de modo 
autossômico recessivo de aparecimento muito precoce (muitas vezes in útero), 
caracterizada por grande hipotonia muscular e paralisias flácidas. Começa por atacar a 
musculatura proximal dos membros inferiores e em seguida todo o corpo. Existem 
perturbações da deglutição por afecção do bulbo raquidiano e uma afecção dos músculos 
respiratórios intercostais. A evolução é rapidamente fatal. 
 
 
Espinha bífida – é um defeito congênito da coluna vertebral onde um ou mais arcos 
vertebrais não se fecham completamente durante o desenvolvimento fetal, constituindo-se 
num distúrbio neurológico de origem espinhal. A natureza e a magnitude da lesão e da 
paralisia dependem da severidade e da localização do defeito. A causa é desconhecida. 
Sabe-se que quando o tubo neural não se desenvolve completamente, acaba fechando-se 
nos primeiros 30 dias de gravidez. 
 
 
Pode ser: a) oculta – marcada por uma “covinha”, sinal ou tufo de pelos. Pode passar 
desapercebida, sem o aparecimento de problemas neurológicos. b) 
meningocele ou c) mielomeningocele. 
Dentro dos distúrbios ortopédicos ou de origem muscular que podem levar à deficiência 
motora podemos destacar: 
Amputação - definida como ausência congênita ou retirada, de um ou mais membros. 
Podemos ter congênita (amielia, dismielia ou focomielia), ou adquirida (cirurgia, traumas, 
etc.). Pode ser ocasionada por: problemas vasculares (traumas); má formações 
congênitas; causas metabólicas e outras; 
 
 
Distrofia muscular – caracterizada pela deterioração progressiva da musculatura 
esquelética voluntária, levando à incapacitação pela dificuldade ou ausência de contração 
muscular. Existem diversos tipos: 
 
a) Duchenne – o tipo mais conhecido, mais incapacitante, severo e precoce. 
Os primeiros sintomas aparecem em torno dos 5 anos de idade e sua estimativa de vida 
não é de alcançar a vida adulta, devido a atrofia da musculatura respiratória; 
b) Becker – mais lenta que o tipo Duchenne, deixando maior estimativa de vida; distal – 
rara, porém menos deletéria; 
c) cintura-membros – inicia na região da cintura escapular e pélvica, depois envolve a 
musculatura paraespinal. O indivíduo não apresenta problemas respiratórios, porém 
pode adquirir deformidades ortopédicas; 
d) ocular – inicia pelos olhos e se espalha pela face, diminuindo a mímica facial; 
e) escápulo-peroneal – inicia na musculatura proximal dos membros superiores (MMSS) 
e na musculatura distal pelos membros inferiores (MMI). Causa diversas deformidades 
ortopédicas. 
 
Artrite – significa inflamação de uma articulação. É uma inflamação articular que causa dor 
intensa na articulação e suas adjacências. Aparece em qualquer idade. A forma mais 
comum é a artrite reumatoide, definida como uma doença sistêmica, onde o principal 
sintoma é o envolvimento dos músculos e articulações. A forma mais grave da doença é a 
artrite reumatoide juvenil que aparece antes dos 7 anos de idade, acometendo mais os 
indivíduos do sexo feminino. Sua causa é desconhecida. Varia na severidade. Apresenta 
uma inflamação leve, inchaço, rigidez articular e do tecido conjuntivo, chegando até a atrofia 
e deformidade articular. 
 
 
 
3 Guido Werdnig, neurologista austríaco. 1844-1919. Johann Hoffmann. neurologista 
alemão, 1857- 1919. 
 
O envolvimento geralmente é simétrico. Inicia-se nas pequenas articulações (mãos e pés) 
com uma sensibilidade extrema chegando à dor. Geralmente ocorrem degenerações 
articulares sendo necessário substituição cirúrgica de algumas articulações. 
 
 
Artrogripose – é uma condição congênita onde algumas articulações estão rígidas e 
deformadas. Pode ser por fraqueza ou ausência de um músculo ou mesmo parte dele. 
Várias articulações podem se tornar fixas ao nascimento. Não causa dor, mas limita os 
movimentos. A correção cirúrgica não é possível. 
 
 
Nanismo – é o crescimento. A condroplasia é uma doença cromossômica autossômica, 
causada por um gene dominante que tem como principal característica a ausência da 
cartilagem de crescimento dos membros. Nestes casos há uma desproporção de tronco, 
membros e cabeça. 
 
 
Osteomielite – é uma infecção óssea, prevalente no ocidente, chamada de doença da 
infância. 
Pode ser causada por “stafilococcus”, “streptococcus” ou “pneumococcus”. Acomete mais 
frequentemente a tíbia, fêmur ou úmero de um só membro. Ela pode ser aguda ou crônica. 
Seus sintomas e severidade variam com o local de acometimento e o tempo de 
acometimento. 
 
 
Osteogeneisi imperfecta – é causada por um gene mutante (herança). O osso se torna leve 
e quebradiço resultando em diminuição da densidade. Ao nascimento podem ocorrer 
fraturas que depois se tornam recorrentes. As deformidades ocorrem como consequência 
das fraturas. Ocorrem muitas contusões que diminuem com a adolescência. Geralmente 
estes indivíduos têm baixa estatura.Utilização da Talidomida – talidomida é a denominação comum da imida do acido n-
ftaliglutamico, substância utilizada por suas propriedades tranquilizantes e 
imunossupressoras. Foi empregada por mulheres grávidas, principalmente entre os anos 
1957 e 1962, no mundo todo, e provocou o surgimento de malformações em crianças que 
chegaram a 15.000 nascidos sem braços e pernas, tendo seu uso proibido em 1961, por 
ser teratogênica para mulheres no início da gravidez. A utilização da Talidomida para 
tratamento de portadores de Hanseníase e AIDS, que podem ter muitos benefícios com 
esta medicação deve ser feita sob rigorosa vigilância e orientação médica (HONORA; 
FRIZANCO, 2008; TEIXEIRA, 2010). 
Vale guardar... 
 
Características do portador de DF: 
 
- movimentação não coordenada ou atitudes desajeitadas de todo o corpo ou parte 
dele; 
 
 
- marcha não coordenada, pisa na ponta dos pés ou manca; 
 
- pés tortos ou qualquer deformidade corporal; 
 
- pernas em tesoura (uma estendida sobre a outra); 
 
- segura o lápis com muita ou pouca força; 
 
 
 
- dificuldade para realizar atividades que exijam coordenação motora fina; 
 
- desequilíbrios e queda constantes; 
 
- dor óssea, articular ou muscular. 
 
 
Como identificar uma pessoa portadora de DF: 
 
Observação quanto ao atraso no desenvolvimento neuropsicomotor do bebê (não firmar a 
cabeça, não sentar, não falar no tempo esperado); 
 
 
- atenção para perda ou alterações dos movimentos, da força muscular ou da 
sensibilidade para membros superiores ou membros inferiores; 
 
 
- identificação de erros inatos do metabolismo; 
 
- identificação de doenças infectocontagiosas e crônico-degenerativas; 
 
- controle de gestação de alto-risco. 
 
A Identificação precoce pela família seguida de exame clínico especializado favorecem a 
prevenção primária e secundária e o agravamento do quadro de incapacidade (TEIXEIRA, 
2010). 
 
 
UNIDADE 3 – ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 
 
 
 
O atendimento educacional especializado é uma modalidade de ensino que perpassa todos 
os níveis, graus e etapas do percurso escolar e tem como objetivos, entre outros, identificar 
as necessidades e possibilidades do aluno com deficiência, elaborar planos de 
atendimento, visando ao acesso e à participação no processo de escolarização em escolas 
comuns, atender o aluno com deficiências no turno oposto àquele em que ele frequenta a 
sala comum, produzir e/ou indicar materiais e recursos didáticos que garantam a 
acessibilidade do aluno com deficiência aos conteúdos curriculares, acompanhar o uso 
desses recursos em sala de aula, verificando sua funcionalidade, sua aplicabilidade e a 
necessidade de eventuais ajustes, e orientar as famílias e professores quanto aos recursos 
utilizados pelo aluno (SARTORETTO; SARTORETTO, 2008). 
 
 
O atendimento educacional especializado disponibiliza programas de enriquecimento 
curricular no caso de altas habilidades, o ensino de linguagens e códigos específicos de 
comunicação e sinalização, ajudas técnicas e recursos de tecnologia assistiva, dentre 
outros. Ao longo de todo processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado 
com a proposta pedagógica do ensino comum. 
A inclusão escolar tem início na educação infantil, onde se desenvolvem as bases 
necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nessa 
etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos 
nos aspectos físico, cognitivo, emocional, psicomotor e social e a convivência com as 
diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança. 
Nesse sentido, o atendimento educacional especializado deve estar presente em todas as 
etapas e modalidades da educação básica, e se destina a apoiar o desenvolvimento dos 
alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades/superdotação. De oferta obrigatória dos sistemas de ensino, deve ser realizado 
no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou em centro especializado que 
realize esse serviço educacional. 
O atendimento educacional especializado é realizado mediante a atuação de profissionais 
com conhecimentos específicos no ensino da Língua Brasileira de Sinais, da Língua 
Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do Soroban, 
da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, 
do desenvolvimento dos processos mentais superiores, dos programas de enriquecimento 
curricular, da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização 
de recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e outros. 
Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua formação, inicial 
e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos 
específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional 
especializado e deve aprofundar o caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas 
comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de atendimento educacional 
especializado, nos núcleos de acessibilidade das instituições de educação superior, nas 
classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de 
educação especial. 
 
 
 
 
O atendimento educacional especializado destina-se normalmente aos alunos da escola 
que apresentam algum tipo de deficiência, mas pode estender-se também aos alunos de 
escolas próximas, nas quais esse tipo de serviço ainda não esteja organizado. Pode ser 
realizado individualmente ou em pequenos grupos, em horário diferente daquele em que 
frequentam a classe comum. 
O Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008, além da sua disposição sobre o apoio 
técnico e financeiro aos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, ele tem como finalidade a ampliação da oferta do Atendimento Educacional 
Especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. 
 
 
De acordo com o disposto neste documento, considera-se Atendimento Educacional 
Especializado – AEE – o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos 
organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à 
formação do ensino regular. 
Neste sentido, são objetivos do atendimento educacional especializado: 
 
 
I – prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos 
alunos referidos no artigo 1°; 
 
II – garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; 
 
III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as 
barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e, 
 
IV – assegurar condições para a continuidade de estudos e nos demais níveis de ensino. 
 
 
3.1 Conceito e definição 
 
O Atendimento Educacional Especializado (AEE), segundo Mantoan (2004), refere-se ao 
serviço de apoio para melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência, 
complementando a educação escolar e devendo estar disponível em todos os níveis de 
ensino. 
 
 
A autora diz que a Constituição admite ainda que o atendimento educacional especializado 
deve ser, preferencialmente, oferecido na rede regular de ensino, no entanto, também pode 
ser oferecido fora da rede regular, já que é um complemento e não um substitutivo do ensino 
ministrado na escola comum para todos os alunos. 
Ele deve ser oferecido em horários distintos das aulas das escolas comuns, com outros 
objetivos, metas e procedimentos educacionais. Suas ações são definidas conforme o tipo 
de deficiência que se propõe a atender. O AEE, é de acordo com o MEC e a Secretariade 
Educação Especial, um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza 
recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena 
participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. 
Fávero (2007, p.15 - 16) afirma que: 
[...] o simples fato de referir a pessoas com deficiência e seu direito à educação faz com 
que surja, de imediato, a noção de que é uma diferenciação mais que válida, necessária 
de tão acostumados que todos estão a identificar tais pessoas como titulares de um ensino 
especial. [...] este verdadeiro desafio, que coloca em xeque o costume de associar 
pessoas com deficiência a um ensino diferente apartado, porque as soluções que podem 
surgir disso, além de garantir as pessoas com deficiência o seu direito de igualdade, talvez 
seja uma contribuição para melhoria da qualidade de ensino em geral. 
 
 
 
Pode-se então compreender que de fato o AEE está garantido na legislação, contudo não 
há práticas de ensino específicas para inclusão, a não ser recursos que podem auxiliar os 
processos de ensino e de aprendizagem. O professor, de um modo geral, deve considerar 
as possibilidades de desenvolvimento de cada aluno e explorar sua capacidade de 
aprender. Os alunos com deficiências e condutas típicas, devido às suas particularidades, 
podem necessitar de estratégias, ações e recursos diferenciados para que o seu direito 
à educação seja assegurado. O conjunto desses serviços também é oferecido pelo 
Atendimento Educacional Especializado, que devem ser organizados institucionalmente em 
escolas públicas, mas podendo também atender alunos de escolas particulares, atendendo 
alunos da educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, para apoiar e 
complementar os serviços educacionais comuns de forma a favorecer o desenvolvimento 
desses alunos (BRASIL, 2007). 
 
Assim, o AEE complementa ou suplementa a formação do aluno com vistas à sua 
autonomia e independência na escola e fora dela. E sob o ponto de vista da legalidade, um 
dos pontos de discussão é garantir a aplicação da igualdade de acesso à educação formal, 
assim entramos num dilema que é saber [...] em qual hipótese “tratar igualmente o igual e 
desigualmente o desigual”, fórmula proposta ainda na Antiguidade, por Aristóteles. A 
utilização da fórmula aristotélica, pura e simplesmente, já demonstrou que, em certos casos, 
pode até configurar uma conduta discriminatória. Esta fórmula, em razão de sua sabedoria, 
jamais foi alterada, mas vem sendo constantemente aprimorada. A doutrina e jurisprudência 
existentes oferecem como solução o imperativo de tratamento igual para todos, admitindo-
se os tratamentos diferenciados apenas como exceção e desde que eles tenham um 
fundamento razoável para sua adoção (FÁVERO, 2007, p.13). 
 
 
Portanto, o AEE é um recurso educacional que propõe estratégias de apoio e 
complementação colocados à disposição dos alunos com deficiências e condutas típicas, 
proporcionando diferentes alternativas de atendimento, de acordo com as necessidades 
educacionais especiais de cada aluno, podendo assim de fato garantir o direito à educação 
plena e de qualidade (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010). 
 
 
O Atendimento Educacional Especializado na forma de apoio representa os atendimentos 
que favorecem o acesso ao currículo, podendo ser oferecidos dentro, como apoio ao 
professor relacionado a estratégias em sala de aula, ou fora da sala de aula no contraturno 
da escolarização, no caso para atendimento do aluno. 
 
Segundo Silva e Maciel (2005), o AEE na forma de complementação representa um trabalho 
pedagógico complementar necessário ao desenvolvimento de competências e habilidades 
próprias nos diferentes níveis de ensino, deve ser realizado no contraturno da 
escolarização do aluno e se efetiva por meio dos seguintes serviços: salas de recursos; 
oficinas pedagógicas de formação e capacitação profissional. 
Em linhas gerais, o objetivo do AEE, é o de oferecer o que não é próprio dos currículos da 
base nacional comum, possuindo outros objetivos, metas e procedimentos educacionais. 
 
 
Segundo Silva; Maciel (2005, p. 5), suas ações são definidas conforme o tipo de deficiência 
ou condutas típicas que se propõe a atender, bem como deve contemplar as necessidades 
educacionais especiais de cada aluno, as quais devem estar fundamentadas na avaliação 
pedagógica. 
 
De todo modo, o Atendimento Educacional Especializado não deve ser confundido com o 
reforço escolar nem como atendimento clínico, ou como substituto dos serviços 
educacionais comuns. 
Ressalta-se que a escolarização dos alunos com deficiências e condutas típicas deve ser 
um compromisso da escola e compete à classe comum, que deve responder às 
necessidades dos educandos com práticas que respeitem as diferenças (SILVA; MACIEL, 
2005). 
No que se refere à formação do profissional para atuar na sala de recursos, o professor da 
sala de recursos deverá ter curso de graduação, pós-graduação e/ou formação continuada 
que o habilite para atuar em áreas da educação especial para o atendimento às 
necessidades educacionais especiais dos alunos. Essa formação é específica para cada 
deficiência ou condutas típicas (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010). 
Portanto, o AEE se valida, de acordo com Fávero (2007), por ser um tratamento 
diferenciado, que tem sede constitucional, e que não exclui as pessoas com deficiência dos 
demais princípios e garantias relativos à educação. Assim, o Atendimento Educacional 
Especializado será válido somente se de fato levar o direito à educação. 
3.2 As salas de recursos 
 
Lócus privilegiado do atendimento educacional especializado, a sala de recursos 
multifuncionais torna palpáveis e concretos, em nível de escola, os objetivos da política 
nacional de educação especial, seja pelo conjunto de meios e recursos que nela são 
colocados à disposição do aluno com deficiências, seja, sobretudo, pelo fato de que é na 
escola comum que a sala de recursos multifuncionais deve funcionar (SARTORETTO; 
SARTORETTO, 2010). 
 
As salas de recursos são espaços da escola onde se realiza o atendimento educacional 
especializado de alunos com necessidades educacionais especiais, matriculados na escola 
comum. O atendimento em salas de recursos constitui um serviço educacional de natureza 
pedagógica, feito por professor especializado, num espaço dotado de materiais, 
equipamentos e recursos pedagógicos adequados às necessidades educacionais dos 
alunos da escola que apresentam dificuldades acentuadas em relação à aprendizagem, 
vinculadas a algum tipo de deficiência ou não. 
 
 
A sala de recursos multifuncionais é, portanto, um espaço da escola comum provido de 
materiais didáticos, pedagógicos e de tecnologia assistiva, onde trabalham profissionais 
 
 
com formação específica para o atendimento dos alunos com dificuldades educacionais 
especiais em razão de algum tipo de deficiência (auditiva, visual, motora, cognitiva, verbal), 
de transtornos globais de desenvolvimento ou de altas habilidades/superdotação. 
 
 
Chama-se sala de recursos multifuncionais, precisamente, porque nela se concentram 
materiais didáticos, equipamentos e profissionais aptos a atender, de forma flexível, aos 
diversos tipos de necessidades educacionais especiais (SARTORETTO; SARTORETTO, 
2010). 
 
 
A sala de recursos é parte do Atendimento Educacional Especializado que propõe a 
complementação do atendimento educacional comum. As atividades nesta sala devem 
ocorrer em horário diferente ao turno do ensino regular, para alunos com quadros de 
deficiências (auditiva, visual, física, mental ou múltipla) ou de condutas típicas (síndromes 
e quadros psicológicos complexos, neurológicos ou psiquiátricos persistentes) matriculados 
em escolas comuns, em qualquer dos níveis de ensino, considerando-se que na sala deve 
haver equipamentos e recursospedagógicos adequados às necessidades especiais. O 
agrupamento dos alunos deverá ocorrer por necessidades especiais semelhantes e mesma 
faixa etária. 
 
 
De acordo com Fávero (2007, p.17), elas garantem “[...] o direito a educação, direito 
humano”, fundamental para o desenvolvimento social do aluno com necessidades 
educacionais especiais. Deste modo, os alunos com necessidades educacionais especiais 
têm assegurado na Constituição 
Federal de, 1988, o direito à educação (escolarização) realizada em classes comuns e ao 
atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à escolarização, 
que deve ser realizado preferencialmente em salas de recursos na escola onde estejam 
matriculados, em outra escola, ou em centros de atendimento educacional especializado. 
Esse direito também está assegurado na LDBEN – Lei n° 9.394/96, no parecer do CNE/CEB 
nº 17/01, na Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 
2001, na Lei nº 10.436/02 e no Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. As salas de 
recursos multifuncionais são espaços da escola onde se realiza o atendimento educacional 
especializado para alunos com necessidades educacionais especiais, por meio do 
desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, centradas em um novo fazer pedagógico 
que favoreça a construção de conhecimentos pelos alunos, subsidiando-os para que 
desenvolvam o currículo e participem da vida escolar (ALVES, 2006, p.13). 
 
 
A sala de recursos é um espaço que deve conter materiais didáticos, pedagógicos, 
equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às necessidades 
educacionais especiais. No que se refere ao atendimento, é necessário que o profissional 
 
 
que nela atua considere as diversas áreas de conhecimento, os aspectos relacionados ao 
estágio de desenvolvimento cognitivo dos alunos, o nível de escolaridade, os recursos 
específicos para sua aprendizagem e as atividades de complementação e suplementação 
curricular (ALVES, 2006). 
 
 
No que se refere ao atendimento da sala de recursos, se resume ao número de 15 a 20 
alunos por turma, sendo que o atendimento pode ser coletivo (até 08 alunos por grupo), 
devendo ser individualizado quando o aluno demandar apoio intenso e diferenciado do 
grupo, atendimento organizado em módulos de 50 minutos até 2 horas/dia; atendimento de 
alunos de várias escolas da região (BRASIL, 2007). 
 
 
Podemos concluir então que não é o aluno que tem que se adaptar à escola, mas é ela que, 
consciente da sua função, coloca-se à disposição do aluno, tornando assim a escola um 
espaço inclusivo. A educação especial é concebida para possibilitar que o aluno com 
necessidades educacionais especiais atinja os objetivos propostos para sua educação no 
ensino regular (BRASIL, 2004). 
 
 
A sala de recursos deve ser vista como um espaço organizado com materiais didáticos, 
pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às 
necessidades educacionais especiais. Esse espaço pode ser utilizado para o atendimento 
das diversas necessidades, assim, uma mesma sala de recursos, pode ser organizada com 
diferentes equipamentos e materiais, tendo capacidade para atender, conforme 
cronograma e horários diferenciados, alunos surdos, cegos, com baixa visão, com 
deficiência mental, com deficiência física, com deficiência múltipla ou com condutas típicas, 
desde que o professor tenha formação compatível, além de também poder promover apoio 
pedagógico ao professor da classe comum do aluno. 
Nesse serviço complementar, implica abordar questões pedagógicas que são diferentes 
das oferecidas no ensino regular e que são necessárias para melhor atender às 
especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais, para que os 
mesmos sejam ativos tanto na sala de aula regular quanto em sociedade. Fica claro que a 
abordagem na sala de recursos não pode ser confundida com uma mera aula de reforço 
(repetição da prática educativa da sala de aula), nem com o atendimento clínico, tão pouco 
um espaço de socialização. 
 
 
Reafirma-se o caráter pedagógico desse atendimento, cujo objetivo é suprir a necessidade 
do aluno, assegurando o direito de acesso a recursos que possam potencializar suas 
capacidades, promover o seu desenvolvimento e aprendizagem e, consequentemente, 
levar o aluno à sua própria emancipação, garantindo, assim, uma plena convivência social 
(MINAS GERAIS, 2005), possibilitando a firmação da proposta inclusivista, que é a de 
educar com qualidade, e promover o princípio da equidade. 
 
 
 
 
3.3 A sala de recurso para deficiência física 
 
 
Para as pessoas com deficiência física “[...] faz-se necessário criar condições adequadas à 
sua locomoção, comunicação, conforto e segurança [...]” (BERSCH; MACHADO, 2007, p. 
27). 
 
 
O AEE para pessoas com deficiência física busca promover essas premissas, sendo por 
adaptações estruturais dos espaços físicos, e também ações como a adoção de recursos 
de comunicação alternativa/ aumentativa, principalmente para alunos com paralisia cerebral 
e que apresentam dificuldades funcionais de fala e escrita. 
 
A comunicação alternativa/aumentativa contempla os recursos e estratégias que 
complementam ou trazem alternativas para a fala de difícil compreensão ou inexistente 
(pranchas de comunicação e vocalizadores portáteis). Prevê ainda estratégias e recursos 
de baixa ou alta tecnologia que promovem acesso ao conteúdo pedagógico (livros digitais, 
softwares para leitura, livros com caracteres ampliados) e facilitadores de escrita, no caso 
de deficiência física, com engrossadores de lápis, órteses para digitação, computadores com 
programas específicos e periféricos (mouse, teclado, acionadores especiais). 
São exemplos de material adaptado: 
 
 1) Tesoura adaptada com arame revestido 2) Tesoura em suporte fixo 
 
 
 
 
 3) Aranha mola 4) Órtese 
 
 
 
 
 
 
 
5) Ponteira de cabeça 
 
 
 
 
 
Assim, de acordo com Alves (2006), o atendimento para alunos com deficiência física, deve 
levar em conta a necessidade dos professores conhecer a diversidade e a complexidade 
dos diferentes tipos de deficiência física para definir estratégias de ensino que desenvolvam 
o potencial dos alunos (daí justificamos porque explicamos em detalhes os tipos de 
deficiência e suas características). 
 
 
A autora ainda diz que de acordo com a limitação física apresentada, é necessário utilizar 
recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação, buscando viabilizar a 
participação do aluno nas situações práticas vivenciadas no cotidiano escolar (ALVES, 
2006, p.29). 
 
 
Proporcionando assim sua autonomia, por consequência, podendo oferecer melhor 
qualidade de desenvolvimento, interagindo com o meio social para ter uma melhor 
qualidade de vida. 
 
3.4 Atribuições do professor no AEE 
 
É necessário que o professor que atue na sala de AEE, tenha passado inicialmente por uma 
formação que o habilitou para o exercício da docência e também por outra formação 
específica na educação especial, inicial ou continuada, pois o mesmo terá diversas 
atribuições no AEE. 
 
 
São atribuições do professor no AEE: 
 
 
 
1. elaborar, executar e avaliar o Plano de AEE do aluno, contemplando a identificação das 
habilidades e necessidades educacionais específicas dos alunos; a definição e a 
organização das estratégias, serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade; o 
tipo de atendimento conforme as necessidades educacionais específicas dos alunos; e, 
o cronograma do atendimento e a carga horária, individual ou em pequenos grupos; 
2. implementar, acompanhar e avaliar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos 
pedagógicos e de acessibilidade no AEE, na sala de aula comum e demais ambientes 
da escola; 
 
3. produzir materiais didáticos e pedagógicos acessíveis, considerando

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