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Tireoide Hormônios tireoidianos T3 e T4: regulam o metabolismo oxidativo em quase todas as células, frequência cardíaca, termogênese e são essenciais para o desenvolvimento e a maturação do SNC, do sistema musculoesquelético e dos pulmões. Estimulam a produção de mitocôndrias, metabolizar gera calor. Calcitonina: ação hipocalcemiante, junto com o paratormônio. Relevância clínica: retardo mental severo observado em crianças com função hormonal da tireoide deficiente durante a gestação, é fundamental para o desenvolvimento do sistema nervoso. Epidemiologia Incidência de doenças da tireoide em Connecticut – EUA (1.544 pacientes – um ano) Abordagem clínica Mundialmente, o principal distúrbio da tireoide é o bócio endêmico ou bócio carencial. Porém, a principal disfunção é o hipotireoidismo primário, quando a origem da disfunção é a própria tireoide. Médico generalista • O tratamento do hipotireoidismo pode ser perfeitamente manejado pelo generalista e consiste na reposição com hormônio sintético (levotiroxina) • Casos de tireotoxicose secundária às tireoidites também pode ser perfeitamente conduzidos por estes profissionais, pois a maioria dos pacientes requer apenas prescrição de anti-inflamatórios e betabloqueadores Médico especialista • Aconselhável que os portadores de doença de graves, bócios uni ou multinodulares tóxicos, ou nódulos malignos sejam encaminhados a um especialista experiente Bócio carencial por deficiência de iodo, desencadeado por hipotireoidismo. Anatomia da tireoide • Glândula endócrina é constituída de células epiteliais, mas a tireoide acumula o precursor do hormônio no folículo e depois secreta no sangue, é uma glândula folicular • Região anterior do pescoço • Adjacente à laringe e à traqueia • Bilobada conectada pelo istmo • Cada lobo: 5cm de comprimento, 2,5cm de largura e 20-30g Folículo tireoidiano É a unidade estrutural da glândula tireoide. O interior do folículo contém principalmente tireoglobulina iodada (TG) e é chamado de “coloide” devido ao alto conteúdo de proteínas, que estão em contato próximo com a membrana apical dos tireócitos. O exterior do folículo é delimitado pela membrana basolateral dos tireócitos e está em contato com uma grande rede de capilares sanguíneos. Tipos celulares 1. Tireócitos (células foliculares ou principais): T3 e T4 2. Células parafoliculares (células C): calcitonina Estrutura dos hormônios tireoidianos T4: tetraiodotionina T3 reverso: não tem atividade Provém da tirosina Regulação da produção de T3 e T4 Em um ciclo de feedback negativo, os níveis de hormônio tireoidiano passam por uma vigilância contínua pelo controle hipotalâmico central da secreção hipofisária do TSH, que ativa os receptores tireoidianos de TSH (TSHRs) para estimular a síntese do hormônio tireoidiano. T4 é convertido em T3 nos tecidos periféricos, principalmente, no fígado. Praticamente, todas células respondem à T3 e T4. Receptores de membrana ou intracelular, depende da natureza do sinalizador químico. Receptores intracelulares geralmente são fatores de transcrição. Os hormônios da tireoide se ligam nos receptores intracelulares e desencadeiam a produção de alguns genes. Eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireoide Através da ativação dos receptores de hormônios da tireoide (TRalfa e TRbeta), o T3 modula a expressão gênica para regular o desenvolvimento e muitos dos fenótipos – crescimento, frequência cardíaca e termogênese – citados anteriormente. Os receptores do hormônio tireoidiano (TR) são fatores de transcrição que ativam ou inibem a transcrição de vários tipos de genes. Além de sua diversidade incomum de funções, os hormônios da tireoide também são incomuns em seu modo de produção. 1. A razão para uma exigência de iodo em um composto com atividade hormonal (a única que sabemos) permanece um mistério 2. Uma estrutura que envolve apenas 2 resíduos tirosil, os hormônios da tireoide são sintetizados por tireócitos de vertebrados a partir de uma grande proteína dimérica chamada tireoglobulina (Tg) com monômero contendo aproximadamente 2.750 resíduos de aminoácidos Nos seres humanos, uma vez secretado na corrente sanguínea, o T4 tem vida longa (t1/2 = ~ 7 dias), enquanto o T3, que exibe uma ação hormonal muito mais potente, tem vida curta (t1/2 < 12 horas). Função tireoidiana O monitoramento da função tireoidiana é predominantemente por meio da análise de TSH, pois é o melhor teste de primeira linha na avaliação de hipotireoidismo e hipertireoidismo, uma vez que o teste é mais confiável do que T3/T4 plasmático, que flutua. Se os valores de TSH estiverem fora da faixa de referência de 0,4 a 4,5 Uiu/mL, meça T4 se o TSH estiver elevado ou meça T4 e T3 se o TSH estiver diminuído. Células foliculares (tireócitos) Tireoglobulina Gene da TG – cromossomo 8q24.2-8q24.3 É uma enorme glicoproteína dimérica. Aproximadamente, 30 das 66 tirosinas no monômero TG são iodadas e, dessas, apenas um pequeno número é hormonogênico (ou seja, atua como substrato para a formação de hormônios da tireoide). Na tireoglobulina madura, apenas alguns resíduos de tirosina (Y) – nas posições 5, 130, 1.291, 2.554 e 2.747) estão associados à síntese hormonal (sítios hormonogênico). Metabolismo dos hormônios tireoidianos Saber sobre a TPO (PROVA) – vou falar mais a seguir Síntese dos hormônios tireoidianos 1. Iodeto transportado para a célula pelo simporte (cotransporte) de iodeto de sódio (NIS). Este passo depende da geração de um gradiente eletroquímico gerado pela Na+/K+-ATPase 2. O iodeto é transportado para o lúmen folicular pela pendrina (PDS) 3. A tireoglobulina (TG) é secretada no lúmen folicular, onde serve como matriz para a síntese de T4 e T3 4. A oxidação do iodeto requer peróxido de hidrogênio (H2O2) gerado pela dupla oxidase DUOX2, uma enzima que requer o fator de maturação DUOXA2 para a função normal 5. O iodeto é oxidado pela enzima tireoperoxidase (TPO) – processo de oxidação 6. Iodação: TPO adiciona iodo aos resíduos de tirosina selecionados na TG para formar monoiodotirosinas (MIT) e diiodotirosinas (DIT) 7. Conjugação: as iodotirosinas são então acopladas/conjugadas por TPO para formar T4 ou T3. 8. A TG iodada é endocitada e digerida em lisossomos, e T4 e T3 são secretados na circulação 9. O MIT e o DIT residuais são desiodados no citosol por iodotirosinas-deiodinase (DIO), e o iodeto liberado é reciclado para síntese de hormônio da tireoide Liberação de T3 e T4 • T4 e T3 são liberados da TG por enzimas lisossomais em uma relação de R4 para T3 de 20: 1 • MTC8 – transporte de T3 e T4 para sangue • 70% liga-se à proteína de ligação de tiroxina (transtiretina) • 25% ligas à albumina • 5% de hormônios circulantes livres Nos seres humanos, uma vez secretado na corrente sanguínea, o T4 tem vida longa (t1/2 = ~ 7 dias), enquanto o T3, que exibe uma ação hormonal muito mais potente, tem vida curta (t1/2 < 12 horas). • Apenas os tireócitos (células foliculares) produzem T4 • Maior parte do T3, que é 5x mais ativo, é produzida por meio da conversão de T4 por deiodinase em órgãos como fígado, rins e coração • Uma vez que T4 entra na célula-alvo é convertido rapidamente à T3 pelas deiodinase no citoplasma Desiodinases Uma vez dentro da célula, a concentração do hormônio tireoidiano é fortemente controlada por 3 enzimas iodotironina desiodinase (DIO1, DIO2 e DIO3), que catalisam a remoção de átomos de iodo do anel fenólico (via de ativação) ou no anel do tirosil (via de inativação) de T4 e T3. D1 e D2 são responsáveis pela conversão de T4 em T3. D3 é responsável pela conversão de T4 em T3 reverso.D1: principalmente, no fígado, rins, tireoide e hipófise D2: no SNC, hipófise, tecido adiposo marrom, tireoide, placenta, músculo esquelético e coração D3: no SNC, pele, hemangiomas, fígado fetal, placenta e tecidos fetais O T4/T3 circula ligado às proteínas séricas, incluindo globulina de ligação à tiroxina (TBG), transtiretina (TTR) e albumina. Uma pequena fração do T4 circulante é livre para ser transportada para o citoplasma, onde é ativada para T3 pela desiodação do anel externo, catalisada por DIO1 ou DIO2. Pensa-se que o T3 resultante seja difundido no núcleo para ligar os receptores do hormônio tireoidiano (TR). Ao se ligar aos receptores de hormônios da tireoide, o T3 modula a taxa de síntese de mRNA e, finalmente, os níveis de proteína de milhares de genes em praticamente todas as células. Dinâmica do Iodeto 127I: isótopo normal – absorção estimulada por TSH 131I: isótopo de escolha – emitindo forte radiação beta e gama – na tentativa seletiva de destruir folículos hiperativos, radiotireoidectomia 125I e 123I: radiação de mais baixa energia para autoradiografia de alta resolução Pertecnetato (99TcO4) absorvido do sangue para a tireoide, mas não incorporado nos hormônios e eventualmente excretado. Disfunções da tireoide • Distúrbios funcionais: hipotireoidismo e hipertireoidismo • Distúrbios inflamatórios: tireoidites • Nódulos da tireoide • Bócio • Câncer de tireoide Hipertireoidismo X Hipotireoidismo Foram selecionados aleatoriamente 1.000 pacientes do atendimento de um laboratório particular de análises clínicas que trabalha com endocrinologia, durante o período de agosto de 2013 a agosto de 2014. Dos 938 pacientes, 38,3% (n=359) apresentaram algum tipo de distúrbio tireoidiano. Dos pacientes que apresentaram distúrbio, 83,6% (n=300) apresentaram hipotireoidismo. Hipotireoidismo O hipotireoidismo refere-se à condição patológica comum da deficiência de hormônios da tireoide. Epidemiologia Prevalência • 0,3 a 3,7% EUA • 0,2 a 5,3% Europa • 6,6% São Paulo – estudo transversal • Mulheres > homens • Maiores de 65 anos Mais comum em pacientes com doenças autoimunes (diabetes tipo 1, atrofia gástrica e doença celíaca), podem ocorrer como parte de múltiplas endocrinopatias autoimunes. Risco aumentado em indivíduos com Down e Turner. Problema no hipotálamo → hipófise produz níveis basais, mas T3 e T4 estão baixos Hipotireoidismo primário Origem primária: aumento de TSH e diminuição de T3 e T4 Causas • Ausência congênita de tireoide • Iatrogênico (remoção cirúrgica) • Destruição (autoimune, radiação ou infiltrativa) • Deficiência de iodo • Defeitos enzimáticos • Inibição por drogas (amiodarona, lítio e tionamidas) Em países subdesenvolvidos → ausência de iodo, pode levar a bócio endêmico e cretinismo (desenvolvimento mental e físico restrito devido à deficiência in útero e durante a infância) Em países desenvolvidos → tireoidite de Hashimoto Tireoidite de Hashimoto Atrofia gradual do tecido tireoidiano após invasão da glândula com células linfocíticas, atrofia folicular e hiperemia acompanhada de metaplasia oncocítica das células foliculares. Destroem totalmente a arquitetura normal da tireoide. Isso leva ao desenvolvimento de hipotireoidismo, embora a doença possa ocorrer uma atividade tireoidiana normal. Anticorpos antitireoidianos, especialmente, contra tireoperoxidase (anti-TPO) e antitireoglobulina (anti-TG) e mais raramente anticorpo bloqueador da estimulação do TSH (TSBAb), correlacionam-se positivamente com um aumento da reação inflamatória na tireoide e com o desenvolvimento de hipotireoidismo. Hipotireoidismo secundário e terciário Também chamado de hipotireoidismo central. Origem secundária: diminuição de TSH e diminuição de T3 e T4. Origem terciária: TSH não elevado e diminuição de T3 e T4. • Diminuição de TRH e TSH por tumores (hipotálamo ou hipófise), irradiação e inflamação hipotalâmicas, radiação, cirurgia ou infecção hipofisárias • Menos de 1% dos casos • Metástases hipofisárias de neoplasias malignas primárias e nas mulheres infarto provocado por hemorragias no momento do parto (Síndrome de Sheehan) Hipotireoidismo quaternário Também chamado de hipotireoidismo periférico. • Expressão aberrante da enzima desiodinase-3, que inativa o hormônio tireoidiano nos tecidos tumorais • Embora muito rara, essa super expressão pode induzir hipotireoidismo grave Hipotireoidismo subclínico Subclínico: aumento de TSH e níveis de T3 e T4 dentro da normalidade. Estima-se que a prevalência na população geral seja em torno de 4% a 10%, sendo maior no sexo feminino, em idosos e inversamente proporcional ao conteúdo de iodo na dieta. Causas de elevado TSH • Tireoidite autoimune (Hashimoto) • Tireoidectomia parcial • Ablação radioativa por iodo • Radiação externa na cabeça e pescoço • Doenças infiltrativa da tireoide • Medicamentos (ex: contraste de iodo, amiodarona, lítio, inibidores de tirosina quinase – sunitinibe, sorafenibe), interferon alfa ou moduladores de resposta imune (ipilimumabe, alemtuzumabe, pembrolizumbae) • Deficiência de iodo • Excesso de iodo • Disgenesia da tireoide Tratamento do Hipotireoidismo • Reposição hormonal tireoidiana evitando a tireotoxicose por iatrogenia • Levotiroxina sódica (tiroxina) é a droga de escolha independente da origem do hipotireoidismo (1,8ug/Kg/dia para adultos) • Tratar complicações Hipertireoidismo X Tireotoxicose Hipertireoidismo: aumento da produção de hormônios pela tireoide. Tireotoxicose: quadro clínico decorrente da exposição dos tecidos-alvo ao excesso de T3 e T4 – seja por dano, hiperfunção da glândula ou por ingestão de T3 e T4. Somente em raras ocasiões o hipertireoidismo não leva à tireotoxicose como no caso da resistência aos hormônios tireoidianos, em que os tecidos-alvo não são capazes de responder ao seu estímulo, Declarado: supressão de TSH, aumento de T3 e T4 Subclínico: supressão de TSH e T3 e T4 normais Prevalência • 0,8 casos por mil/ano nas mulheres • Insignificante em homens • 2-3% mulheres e 0,2% nos homens Tireotoxicose: síndrome clínica quando os tecidos são expostos à altas doses de T3 e T4 circulantes. Maioria dos casos é devido à hipertireoidismo. Ocasionalmente, por ingestão excessiva de hormônios ou por produção excessiva devido à tecido tireoidiano ectópico. Causas de tireotoxicose de importância para o generalista: - Doença de graves (hipertireoidismo autoimune): 60- 80% dos casos - Hipertireoidismo nodular tóxico - Tireoidite Hipertireoidismo Etiologia • Doença de graves • Adenoma tóxico (doença de plummer)/bócio multinodular • Hipertireoidismo induzido por iodo (amiodarona) • Adenoma hipofisário secretor de TSH/ gestacional (hCG) • Produção ectópica de hormônio (raro) • Tireoidites (viral/bacteriana/autoimune) • Hormônio tireoidiano exógeno (drogas/alimentos) Doença de graves - Hipertireoidismo autoimune - Auto-anticorpos agonistas de TSH Tratamento • Medicamentoso (DAT – drogas antitireoidianas) • Cirúrgico (tireoidectomia) • Iodo radioativo (I131) Diferença de graves e tireoidite de Hashimoto → um é antagonista e outro agonista
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