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Memoriais em Processo Penal

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Aline Schuller e Alana Troian
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUÍZ DE DIREITO DA VARA JUDICIAL DA COMARCA DE PORTÃO/RS
Processo n. XXX
EDER JEFERSON CORREIA DA SILVA, devidamente qualificado nos autos da ação penal que lhe move o Ministério Público, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, através da sua advogada signatária, apresentar
MEMORIAIS
Com base no art. 403, §3º do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos que seguem:
1. BREVE SÍNTESE DA DEMANDA.
O Ministério Público ofereceu denúncia contra o réu, imputando a este a prática do delito previsto no artigo 157, §2º, inciso I, do Código Penal. 
O réu foi citado e apresentou resposta à acusação.
O MM. Juiz designou audiências de instrução, nas quais foram ouvidas a vítima, uma testemunha de defesa, dois policiais miliares que participaram da diligência e interrogado o acusado.
O Ministério público apresentou memoriais, postulando a condenação do réu nos exatos termos da denúncia.
É o breve relato. 
2. DO MÉRITO. 
2.1 DA PROVA PRODUZIDA NOS AUTOS.
O réu Eder, ao ser ouvido em juízo, confessou a autoria dos fatos, mas disse que não falou no posto que era um assalto, ou sequer simulou que estava armado. Afirmou que estava alcoolizado e, ao chegar no posto, lembra que pediu dinheiro e a vítima colocou em uma sacola e o entregou. Disse que ao chegar em casa, sua esposa indagou de onde seria o dinheiro, afirmando que teria que devolver. Quando estavam saindo para devolver, a polícia chegou na residência. O réu disse que nunca tocou em uma arma de fogo na vida. 
A vítima William disse que não viu arma de fogo. Referiu também, que, em nenhum momento o acusado tirou arma de dentro da calça ou efetuou qualquer disparo. Afirmou que, no momento do roubo, o réu falou “passa o dinheiro”. 
A informante Gisele, esposa do acusado, disse que o réu teria saído para comprar cigarros em um posto de gasolina, mas que ele havia bebido. Quando o acusado voltou, não sabia o que tinha feito, e dizia que tinham dado dinheiro para ele no posto. Questionada, disse que o acusado tinha bebido muito e nunca tinha feito nada nesse sentido. 
Os policiais militares disseram que receberam a informação do roubo e foram até o local. Após, começaram as buscas e conseguiram localizar a residência do réu, onde este estava discutindo com a sua esposa, estando a sacola com os materiais jogados dentro do quarto. Referiram que não encontraram qualquer arma de fogo na posse do réu. 
2.2 DA EMBRIAGUEZ POR CASO FORTUITO COMO CAUSA DE EXCLUSÃO DE IMPUTABILIDADE. FATO ISOLADO.
O artigo 28, §1º do Código Penal assim destaca:
§1º É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Para Bitencourt, a embriaguez acidental proveniente de caso fortuito “ocorre quando o agente ignora a natureza tóxica do que está ingerindo, ou não tem condições de prever que determinada substância, na quantidade ingerida, ou nas circunstâncias que o faz, poderá provocar a embriaguez”. 
Conforme dito pela esposa do acusado e pelo próprio acusado, este teria bebido ao ponto de não saber o que estava fazendo. A vítima também relatou que o acusado somente pediu para que ela desse o dinheiro, sem ameaça.
Nessa situação, o acusado não teve a intenção de se embriagar, e, da mesma forma, a sua conduta não foi coroada pela culpa. O agente que comete um crime nessa situação, e, apesar de ter praticado um fato típico e antijurídico, estará isento de pena por falta de culpabilidade, ante a sua inimputabilidade, pois ausente estava sua capacidade de entender e de querer a prática do ato criminoso.
Importa destacar, também, que o réu possui trabalho fixo, trata-se de pessoa íntegra, de bons antecedentes que jamais respondeu a qualquer processo crime conforme certidão negativa que junta em anexo. Possui ainda endereço certo, onde reside com sua família nesta Comarca[footnoteRef:1]. [1: HABEAS CORPUS. PACIENTE PRIMÁRIO E COM BONS ANTECEDENTES. DESNECESSIDADE DE PRISÃO NO CASO DOS AUTOS. CONCEDIDO HABEAS CORPUS DE OFÍCIO, EM FACE DO QUE NA SENTENÇA CONSTA. ORDEM CONCEDIDA.(Habeas Corpus, Nº 70056729726, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nereu José Giacomolli, Julgado em: 17-10-2013)] 
Dessa forma, a absolvição do acusado é medida que se impõe. 
Caso o MM. Juiz não entenda dessa forma, requer que a embriaguez do acusado atue como causa de diminuição de pena, conforme preceitua o §2º do art. 28 do Código Penal.
2.3 SUBSIDIARIAMENTE. DA DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE FURTO. 
Da hipótese de se entender pelo cometimento do delito por parte do réu, deverá haver a sua desclassificação para o crime de furto – art. 155, caput, do Código Penal. Isso porque, não há nos autos qualquer prova que demonstre violência ou grave ameaça empregada contra a vítima. 
O depoimento da vítima se iguala aos dos policiais militares, os quais informaram que não encontraram nenhuma arma de fogo em poder do réu. Ademais, a vítima informou que sequer viu arma de fogo com Éder. 
Se o fato realmente ocorreu, no máximo, poderia se cogitar um delito de furto. 
Sobre o tema, colaciona-se a seguinte ementa:
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE PESSOAS. RÉU LUCIANO. AUTORIA. NÃO COMPROVAÇÃO. ABSOLVIÇÃO. SENTENÇA CONDENATÓRIA REFORMADA, NO PONTO. A condenação criminal só é possível quando durante a instrução processual evidenciarem-se elementos que façam certa a imputação. É bem de salientar que por força do Artigo 155 do CPP é necessário que os conectores que ligam a prova judicializada às investigações policiais se constituam elementos fáticos robustos e não meramente lógicos e que constituam presunção. Ao acusado no processo penal não compete comprovar sua inocência, que é sempre presumida, mas, sim, incumbe à acusação a demonstração da correspondência fático-probatória com a denúncia. Não havendo certeza quanto a adesão de Luciano à conduta de Giovani quando da prática da subtração, a absolvição é medida que impõe, em respeito ao princípio in dubio pro reo. (...). DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE ROUBO PARA O CRIME DE FURTO. POSSIBILIDADE. Reconstituição fático-probatória que autoriza a desclassificação do crime de roubo para o crime de furto, tendo em vista que não ficou demonstrado, em juízo, o emprego de violência ou grave ameaça contra a vítima quando da subtração. (…) APELAÇÃO DO RÉU LUCIANO PROVIDA. APELAÇÃO DO RÉU GIOVANI PROVIDA, EM PARTE.(Apelação Criminal, Nº 70085125714, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Conrado Kurtz de Souza, Julgado em: 26-08-2021) 
1. APELAÇÕES CRIMINAIS. RECURSOS DA DEFESA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. FURTO QUALIFICADO. ART. 155, §4º, INC. IV, DO CÓDIGO PENAL. MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS. DESCLASSIFICAÇÃO OPERADA NA SENTENÇA MANTIDA. AUSÊNCIA DE PROVA DAS ELEMENTARES DO ROUBO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APENAMENTO RATIFICADO. 1. As circunstâncias do caso concreto não são aptas à certeza necessária para um juízo condenatório pela prática do crime de roubo (art. 157 do Código Penal). Na espécie, veja-se que as circunstâncias evidenciam que o acusado subtraiu os pertences da vítima, sendo detido pela polícia ainda na posse de parte dos objetos. Todavia, a simples utilização da expressão “perdeu, perdeu” pelo agente, por si só, não configura a grave ameaça. Logo, diante da ausência de prova segura acerca da violência ou grave ameaça (elementares do roubo), impõe-se a manutenção da desclassificação para o crime de furto. (...) Pena definitiva preservada em 03 anos de reclusão. Regime semiaberto mantido. Pena de multa ratificada em 10 dias-multa, à razão mínima. Inviável a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, nos termos do art. 44 do Código Penal. RECURSOS DESPROVIDOS. (Apelação Crime, Nº 70080854201, Quinta Câmara Criminal,Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lizete Andreis Sebben, Julgado em: 22-05-2019) (grifou-se)
Logo, não havendo prova da ocorrência de grave ameaça ou violência à pessoa, elementares do tipo penal roubo, necessária a desclassificação do fato para o tipo penal de furto simples.
2.4 DO AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA DO INCISO I, §2º DO CÓDIGO PENAL (EMPREGO DE ARMA DE FOGO)
Conforme os depoimentos prestados em juízo, não ficou devidamente demonstrado que o acusado exerceu o delito se utilizando de arma de fogo. 
A vítima disse que não viu arma de fogo, e que em nenhum momento ameaçou tirá-la do bolso ou efetuar disparo. Os policiais, de igual forma, referiram que não encontraram arma de fogo na posse do réu.
Sendo assim, alternativamente, caso o acusado venha a ser condenado, requer o afastamento da qualificadora prevista no inciso I, §2º, do artigo 157, do Código Penal, diante de tudo que já foi demonstrado.
2.5 DA ATENUANTE DE CONFISSÃO ESPONTÂNEA
Em qualquer caso, há de se considerar a atenuante da confissão. Isso porque, analisando-se a declaração do acusado em juízo, percebe-se a espontaneidade da confissão proferida. Assim, de acordo com o disposto na Súmula 545 do Superior Tribunal de Justiça, “quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal”.
Assim, entende o nosso Tribunal de Justiça em relação à atenuante de confissão espontânea: 
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO TENTADO (ART. 157, CAPUT, C/C O ART. 14, II, AMBOS DO CP). Inequívocas a materialidade e a autoria do delito diante da consistente palavra da vítima e testemunhas, bem como confissão parcial da ré e sua prisão em flagrante delito. PALAVRA DA VÍTIMA. Em delitos como o da espécie, não raras vezes cometidos sem a presença de testemunhas, a palavra da vítima merece ser recepcionada com especial valor para a elucidação do fato, sob pena de não ser possível a responsabilização penal do autor desse tipo de ilícito patrimonial. ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. O Superior Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento de que quando a confissão do acusado for utilizada na fundamentação da sentença, ainda que não seja inteiramente verídica, haverá a incidência da atenuante da confissão espontânea, prevista no art. 65, III, d , do CP (súmula 545 do STJ), a qual vai reconhecida de forma parcial. DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO PARA FURTO. INAPLICABILIDADE. Configurado o emprego de violência e a tentativa de subtração, verifica-se a tipicidade do crime de roubo. APENAMENTO. Reduzido. REDUÇÃO PELA TENTATIVA. Diante do iter criminis percorrido pela acusada, que já havia se apoderado do bem quando foi recuperado, a redução pela tentativa deve ser a de ½. PENA DE MULTA. Manutenção da cobrança. Redução ao mínimo legal. A pena de multa tem caráter cumulativo com a privativa de liberdade, inadmitindo-se seu afastamento da condenação. Contudo pode ser reduzida. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. Diante da insuficiência econômica da ré, cabível a concessão da assistência judiciária gratuita. PRELIMINARES DE OFÍCIO REJEITADAS, POR MAIORIA. APELAÇÃO PROVIDA EM PARTE. (Apelação Crime Nº 70077528859, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Alberto Etcheverry, Julgado em 28/06/2018 – g.n.)
Sendo assim, caso o Réu venha a ser condenado, requer a aplicação da atenuante da confissão espontânea na dosimetria da pena, com base no que dispõe o Artigo 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal.
3. DOS PEDIDOS.
Diante do exposto, requer:
a) a absolvição do réu, com base no artigo 28, §2º do Código Penal;
a.1) subsidiariamente, caso o MM. Juiz não entenda dessa forma, requer que a embriaguez do acusado atue como causa de diminuição de pena, conforme preceitua o §2º do art. 28 do Código Penal;
b) alternativamente, em caso de condenação, a desclassificação do delito tipificado no artigo 157 do Código Penal para o do artigo 155, caput, do mesmo código;
c) a desclassificação da qualificadora prevista no inciso I, §2º do artigo 157 do Código Penal;
d) a aplicação da atenuante de confissão espontânea, com base no art. 65, inciso III, alínea d, do Código Penal;
e) a aplicação da pena em patamar mínimo legal, seguindo os requisitos legais previstos no art. 59 do Código Penal.
Nesses termos, pede deferimento.
São Leopoldo/RS para Portão/RS, 06.09.2021.
Aline S e Alana Troian
OAB/RS XXXX

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